Junia Horta – Não Me Lembre Demais, Nem Me Esqueça (1983)

Já faz um tempo que não escuto falar mais na cantora e compositora Junia Horta. Me parece que ela trocou a carreira de artista pela burocrática. A última informação que tive dela foi que estava trabalhando na Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais. Junia, para os que não sabem é parente (prima ou tia?) do guitarrista Toninho Horta. Com ele, ela compôs ainda na adolescência a letra para a música “Flor que Cheira Saudade”, gravada por Aécio Flavio e seu conjunto. Em 1967, outra criação dos dois, “Maria Madrugada”, esteve na primeira eliminatória do II FIC e foi um dos passaportes de Toninho para Rio de Janeiro, que no início dos anos 70 se mudaria em definitivo para lá.

“Não me lembre demais, nem me esqueça” foi gravado na Bemol e contou com um time de feras mineiras nesta produção independente. Me parece que foi seu primeiro e único disco. Não sei se ela chegou a gravar outros e nem os encontrei na rede. Ironicamente, com este título, o álbum chega a ser quase um prenúncio. Mas a sua música tem qualidades que estão no sangue. Além de letrista e compositora ela também tem uma bela voz. Há algo de Sueli Costa… sei lá… Só sei dizer que o disco é bom e vale uma conferida.

memória
veneno
corpo e alma
caldeirão
loucura
de sol a sol
verdade submersa
canto de desalento
contradança
fantasmas
mariana
velas ao mar

Quarteto Em Cy – Resistindo Ao Vivo (1977)

Como sei que hoje eu não terei muito tempo disponível, vou recorrer para a segunda postagem à minha gaveta de reservas. As vezes, quando percebo que o disco que preparei já foi postado em outro blog, prefiro deixá-lo de fora. Ou melhor, dentro da gaveta esperando um novo momento.
Se em 1977 as baianinhas de Vinícius já haviam conseguido resistir à todas mudanças de ventos e marés com muita garra, segundo Aldir Blanc. Eu posso agora afirmar que elas foram muito além. O Quarteto Em Cy resistiu e foi enfrente. Tornou-se um cristal precioso que faz parte da história da música brasileira e continuam até hoje resistindo, com muita garra fazendo história.
“Resistindo” foi um álbum que registra alguns dos melhores momentos do show realizado no Teatro Fonte da Saudade, no Rio em 1976. Muito bom, confiram…

eu vim da bahia
filhos de gandhi
viola violar
capricho
memória
samambaias
favela
arquitetura de pobre
o ronco da cuíca
resitindo
o rancho da goiabada
funeral de um lavrador
mulheres de atenas
canta, canta mais

Abel Ferreira E O Choro – Nova História Da Música Popular Brasileira (1978) 2

Como eu havia anunciado, esta semana é dedicada à voz feminina. Porém, eu também disse que teríamos, semanalmente, um volume da coleção Nova História da MPB. Dessa forma e excepcionalmente teremos hoje duas postagens (oooba!). Estou afirmando isso, mas ainda nem tive tempo de preparar nossa artista do dia. Eu bem que poderia ter escolhido uma representante feminina da série, mas a participação das mulheres nesta coleção é quase insignificante, se limitando a Dolores Duran e Rita Lee, que ainda por cima dividem discos, respectivamente, com Tito Madi e Secos & Molhados. Além do mais, a ordem de apresentação dos volumes, eu achei por bem fazê-la na ordem alfabética, visto que não há uma numeração expressa para cada álbum lançado.
Temos então o disco do Choro, sendo o clarinetista Abel Ferreira o seu representante. Não entendi muito bem o motivo, visto que das oito faixas apenas em duas ele é o solista. De qualquer maneira é um disco que nos dá uma pequena amostra do que é o chorinho e alguns de seus chorões.

numa seresta – abel ferreira
dinorá – altamiro carrilho e seu regional
quando a minha flauta chora – dante santoro e regional
chorando baixinho – abel ferreira e regional
espinha de bacalhau – severino araújo e orquestra tabajara
andré de sapato novo – carlos poyares
na glória – raul de barros e regional
eu quero é sossego – paulo moura e conjunto

Maria Martha – Flor Amorosa (1977)

Olá a todos! Como eu havia informado, esta semana será dedicada à postagens de álbuns de cantoras. Existem (e existiram) diversas artistas da música brasileira que são excelentes e que por um ou outra razão ficaram (ou estão) um pouco a sombra. São artistas que não receberam a devida atenção do público e da crítica especializada. Sem querer desmerecer o talento de nossas novas interpretes, acho que já não tenho mais saco para ouvir aquelas que lembram a Gal Costa, a Elis, a Clara Nunes e tantas outras que a cada dia surgem como a nova sensação. Sinceramente, não vejo muita graça em artistas formatados. Tá faltando originalidade!
Eis aqui uma cantora e compositora a qual merece o meu respeito. Um desses raros talento que a gente percebe já na primeira faixa. Eis aqui Maria Martha, uma cantora com um timbre suave e sem oscilações. Uma cantora que sabe domar sua voz, numa naturalidade e clareza muito agradável de se ouvir. Embora seu talento já fosse conhecido desde o início dos anos 70, só 1977 ela conseguiria gravar seu primeiro disco. “Flor amorsa” foi lançado pela RCA Victor. Um álbum verdadeiramente muito bonito e bem produzido. O repertório foi, como diz o texto da contracapa, “escolhido a dedo” por Walter Silva e Zuza Homem de Mello, responsáveis pela produção em estúdio. As músicas são composições de Maria Martha e também de outros autores consagrados . Os arranjos e regência, que deram ao disco um toque ainda mais especial, ficaram por conta dos maestros Luis Arruda Paes e Élcio Alvares. A música “Flor amorosa” de Catulo da Paixão Cearense e A. S. Callado, que dá nome ao disco, fez parte da trilha sonora da novela Nina, da Rede Globo.

a morte do josé
álbum de família
esses moços (pobres moços)
ausência
não pago o bonde
o dia
flor amorosa
soneto
hei de ver-te um dia
faz de conta
seresta
por um beijo

Miltinho – As Mulheres De Miltinho (1968)

Olás! Como vocês devem ter percebido, eu retirei o ‘autoplay’ da música de fundo do blog. Ou seja, as músicas que selecionei continuam lá, mas agora fica por conta do freguês. Se estiverem afim de ouvir, basta clicar lá na fita cassete, ok?
Com este álbum eu anuncio a semana das mulheres. Acho que não tenho dado a devida atenção às nossas cantoras. Vou selecionar algumas inéditas e amanhã elas começarão a chegar.
Hoje o dia é do Miltinho cantando para nós alguns dos mais conhecidos sambas e cujos títulos são nomes próprios femininos. Um disco bem bacana, dedicado às mulheres, com direção musical de Lyrio Panicali e regência do maestro Nelsinho (dos Santos). É sempre muito agradável ouvir a voz nasalada deste grande cantor. Se você ainda não ouviu esse álbum por aí, vem e toque aqui… 😉 Mas não deixe de passar pelo Comentários. É lá que mora o toque…

rosalina – faceira – maria boa
a rita
botões de laranjeira
helena, helena
emilia
eu não posso ver mulher – ora vejam só – odete
doralice
bolinha de papel
madalena
izaura

Quinteto Armorial – Do Romance Ao Galope Nordestino (1974)

Olá! Hoje serei breve. Estou aproveitando o momento do lanche para a postagem do dia. Como estou meio sem tempo, usarei de minhas reservas de gaveta 🙂
Trago para vocês este, que para mim, é um dos discos mais lindos que eu já ouvi. Se tivesse que escolher meus 100 discos mais importantes, “Do Romance Ao Galope Nordestino”, sem dúvida, estaria entre eles. O quinteto foi a mais clara manifestação musical do homônimo “Movimento Armorial” idealizado e sob a inspiração do escritor Ariano Suassuna.
Este cd do Quinteto Armorial, pelo que me parece, ainda pode ser encontrado para venda e em seu último lançamento veio em dobradinha com outro disco do grupo. Fique atento a isto ao comprar o seu 😉

revoada
romance da bela infanta
mourão
toada e desafio
ponteio acutilado
repente

Valsa Brasileira – Nova História Da Música Popular Brasileira (1976) 1

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Como eu havia prometido para este novo ano, estarei postando os discos da coleção “Nova História Da Música Popular Brasileira” que me foi gentilmente doada pelo amigo Carlos Moraes. Esta é aquela coleção que todo mundo tem, mas ninguém tem ela completa. Agora, durante o ano, uma vez por semana, estarei postando um volume dessa série super bacana. Procurarei seguir as postagens por ordem alfabética, já que esta coleção não é numerada. Agora chegou a chance de completar a série. A coleção da Abril Cultural, me parece, saiu umas três vezes. Esta, creio, seria a segunda.
Sobre o conteúdo de “A valsa brasileira”, assim como os demais discos da série que virão, eu não irei me ater. Todas as informações estarão incluídas no ‘pacote’. Vocês sabem, aqui é serviço completo, barba e cabelo. 🙂

torturante ironia – silvio caldas
boa noite amor – francisco alves
ciúmes sem razão – orlando silva
e o destino desfolhou – carlos galhardo
só nós dois no salão… e esta valsa – francisco alves
mais uma valsa… mais uma saudade – carlos galhardo
caprichos do destino – orlando silva
torre de marfim – carlos galhardo