Para completar o dia do independente, aqui vai um compacto, também independente, de boa noite. Na década de oitenta eu morei numa espécie de república estudantil. Êta fase doida aquela! No auge da loucura e perdição, vivi momentos inesquecíveis. Foi por lá que eu tive contato com um grupo de rapazes que tocavam à noite. O irmão de um deles nos levava às apresentações e ensaios do grupo. Esses encontros eram ótimos, melhores ainda que os shows em churrascarias e restaurantes com público mal educado. O grupo se chamava Quadro Negro, um nome bem sugestivo para aqueles musicais anos 80. Se não me falha muito a memória eles faziam ‘covers’ de tudo o que rolava de sucesso naquela época. Ainda era um tempo onde gravar um disco se fazia um sonho para qualquer artista e também uma grande dificuldade. Me lembro quando o pessoal do Quadro Negro gravou este compacto. Aquilo foi para eles uma glória, uma vitória de verdade. Apenas duas músicas, mas que deram muito trabalho e foi motivo de muito orgulho para o grupo. Naquela época eu estava com a minha cabeça em outros ‘blues’. Aquela música tinha um certo ranço de Clube da Esquina. Digo ranço, porque naqueles dias, tudo que a gente queria ouvir era algo diferente daquilo que havia virado uma chatice. Os anos oitenta prometiam muitas novidades e a nossa macaquice foi até bem criativa. Mas naqueles dias eu achava o compacto meio sonso, não via muita graça nas duas músicas. Foi preciso mais de vinte anos para que, como um vinho, seu sabor se modificasse. Hoje posso dizer que ele tem um certo ‘buquê’.
Quadro Negro – Signo Do Sol (1985)
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signo do sol
rabo de foguete