Samuel Machado Filho
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José Tobias – Poema Triste (1965)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos. Hoje é Dia de Finados e talvez, para muitos, não fosse apropriado falarmos de música. Muitos talvez prefiram o silêncio, um momento de reclusão e respeito aos nossos que já se foram. Também compartilho desse momento, penso nos meus pais, irmã, tia, avós e amigos. Mas procuro pensar não quando eles se foram, mas quando eles ainda estavam presentes em minha vida. Daí, não há tristeza. Há, sim, uma saudade e essa vem das boas lembranças. Inevitavelmente, não há como desvincular, na nossa cultura, o dia de hoje com um sentimento de tristeza. Faz parte. Por essa razão, eu procurei trazer nesta postagem um disco com um espírito mais contemplativo.
José Tobias – Rapsódia Brasileira (1984)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Esse pessoal do Blogger tá de sacanagem com a gente, só pode… Sua ferramenta ‘anti spam’ só detecta os meus toques celestiais. De agora para frente vai ser assim, terei que verificar, horas depois, se o ‘toque musical’ permanece no comentários. Não adianta certificar isso na hora, só fico sabendo quando alguém dá o grito.
Continuando nosso sortimento musical da semana, vamos hoje com mais um pernambucano, o grande cantor José Tobias, acompanhado por Radamés Gnattali, Octeto Brasilis e a Camerata Carioca. Um disco com um time desses só podia mesmo ser uma produção de Hermínio Bello de Carvalho. Em sua apresentação, no texto da contracapa, ele nos conta que a ideia foi produzir num disco “uma rapsódia, despudoradamente ufanista e romântica”, a qual seria entregue a um grande cantor. Uma rapsódia em dois movimentos, reunindo algumas das mais conhecidas melodias do nosso cancioneiro, interligadas tematicamente (no disco, não há pausa entre uma música e outra). Hermínio então escalou José Tobias, “um cantor de mil cantorias”, Radamés Gnattali para os arranjos e regência, o Octeto Brasilis (formado por Radamés – piano; Aloisio de Vasconcelos – teclados; Rafael Rabello – violão 7; Helio Capucci – violão 6; Wanda Cristina Eichbauer – harpa; Braz Limonge Filho – oboé; Zeca Assumpção – contrabaixo e Wilson das Neves – bateria) e a Camerata Carioca (formada por Joel Nascimento – bandolim; Joaquim dos Santos Neto – violão; Maurício Carrilho – violão baixo; Luiz Otávio Braga – violão 7; Henrique leal Cazes – cavaquinho; Dazinho – flauta e Beto Cazes – percurssão). Com um time desses, não precisa nem ficar na dúvida, é ouvir e gostar. Não é um trabalho comercial, ou ainda, feito para tocar no rádio. Segundo Hermínio, “feito para tocar os corações”. Ele realmente conseguiu. Uma bela produção independente que teima em aparecer no TM antes da sexta feira. Confiram a pérola…
O Rio Grande Do Sul – Postais Sonoros 1 (1962)
Bom dia, amigos cultos e ocultos. Apesar do meu fim de semana não ter sido lá uma maravilha (o domingo então, nem se fala), vou tentar manter a linha… Cada vez percebo mais que a minha fixação com o blog está intimamente ligada aos meus problemas e aflições. O Toque Musical é às vezes, para mim, uma ‘válvula de escape’. Ou melhor dizendo, o local para onde eu fujo quando as coisas não estão muito boas. Como a minha vida é cheia de oscilações, acabo sempre ensaiando uma fuga diária. Falar de música não seria tão bom se não se pudesse ouví-la, eis a minha terapia contra a depressão.
Mas vamos deixar de lado essas minhas lamentações. Vamos ao que realmente lhes interessa… Para a semana que se inicia eu estou programando alguns discos do pessoal do Sul. Injustamente, eu não tenho dado a devida atenção à música brasileira feita no sul do país. De uma certa maneira, o que me falta são os discos. Às vezes eu tenho a impressão de que o sul do Brasil é um outro país. Existe uma certa falta de integração que mais parece partir deles próprios. Há um certo isolamento, sei lá… Mas independente de qualquer coisa, essa terra também chama Brasil e por lá também se faz uma boa e genuína música popular brasileira.
Tenho aqui um disco, o qual eu não consegui encontrar a data, uma produção independente, possivelmente do início dos anos 60, pelo obscuro selo Madrigal. Aparentemente, pelo título, supõem-se ser um disco de coleção. Mas eu não encontrei nenhum outro volume e muito menos informações sobre a coleção, além de uma pequena referência (por sinal errada) no Dicionario Cravo Albin de MPB. Como a contracapa também não traz essas informações, fui investigar as origens através do nome que mais se destaca no disco, o folclorista paulista/gaúcho Barbosa Lessa. Eu já conhecia alguma coisa do trabalho dele, como a trova “Nau Catarineta” e a toada “Negrinho do Pastoreio”, principalmente através do Conjunto Farroupilha, que gravou dele muita coisa. Barbosa Lessa era compositor, folclorista, radialista, publicitário e escritor. Este álbum, ao que tudo indica, foi um trabalho dele. A direção é de sua produtora e praticamente todas as músicas são de sua autoria, sendo duas delas interpretadas pelo seu conjunto. Como outros intérpretes temos nomes como José Tobias, Carla Diniz, Geraldo Príncipe, Chico Raymundo e Carlito Gomes, este último confundido pelo Cravo Albin com um homônimo atual de estilo brega romântico (nada a ver). Ao chegar já ao final do texto, descubro outra peça do quebra cabeça gaúcho. Este álbum, com certeza é de 1962. Pelo que eu pude entender do confuso (e errado) texto do Dicionário Cravo Albin, Barbosa Lessa produziu um disco com este nome naquele ano de 62, com o grupo vocal Titulares do Ritmo. Acontece que na discografia do grupo não consta este disco. Eu imagino que no final, por algum motivo que desconheço, os intérpretes foram mudados. Seja lá como for, o certo disso tudo é que se trata de um excelente trabalho e um disco dos mais importantes e raros. Merece toda a atenção, confiram…
Bamba Brasil (1986)
Olá amiguinhos cultos e ocultos! Putz, não há como esconder, estou feliz demais com a vitória do Brasil. Espero que a Seleção repita placares semelhantes nos próximos jogos. Viu só como eu sou confiante? (não confunda com pretensioso) Já estou falando como se a Holanda não fosse dar trabalho. Mas espero realmente que não dê mesmo. A gente vai chegar lá… 😉 se o Dunga quiser e a Globo deixar.
Em homenagem a todos nós brasileiros e em especial aos nossos jogadores, quero postar hoje um disco de samba. Afinal o Samba e o Futebol tem tudo a ver, são irmãos, filhos e paixão do nosso povo. Assim como no futebol, o samba também está presente em todos os cantos do Brasil. Por certo que o samba tem lá suas origens, mas num país como o nosso, sua essência já se impreguinou e se espalhou de norte a sul, de leste a oeste. Entre tantos ritmos e estilos musicais ele é, sem dúvida, o que mais se destacou e melhor soube nos representar para o resto do mundo. O samba é do morro carioca e das ladeiras baianas, mas também pode ser nortista, sulista, mineiro ou paulista. O batido tem sotaque, mas leva jeito e é verdadeiro. Quem duvida, pode conferir neste álbum lançado pela RGE nos anos 80. Nele encontramos seis diferentes artistas do samba, nomes talvez mais conhecidos em suas regiões. Temos reunidos Serginho BH de Minas Gerais; Maria Helena do Rio Grande do Sul; Bidubi do Rio de Janeiro; Tobias de São Paulo; Dona Lindaura da Bahia e Edu do Banjo do Amazonas. Este lp, embora se pareça mais com uma coletânea, tipo mostruário da gravadora, tem um carácter muito mais nobre que é o de apresentar ao público artistas regionais inéditos, que trazem em comum o gosto pelo samba.
Bidubi é um sambista carioca autor de sambas gravados por Almir Guineto e Zeca Pagodinho. Maria Helena foi porta bandeira e uma das fundadoras da Academia de Samba Praiana, uma das principais escolas de samba de Porto Alegre. Serginho BH é um dos sambistas mineiros de maior destaque, compositor de talento, tem sambas gravados por Agepê, Lecy Brandão, Demônios da Garoa, Dominguinhos do Estácio e muito outros. Tobias, de São Paulo, também conhecido como Comandante ou Tuba foi presidente da escola de samba Camisa Verde e Branco e fundador da Liga Independente das escolas de samba de São Paulo. Edu do Banjo é um músico amazonense, figura sempre presente em todos os eventos musicais da sua região. Não sei nada sobre ele e nem encontrei informações na rede. Faltou também Dona Lindaura, da Bahia. Essa é outra que eu vou deixar para o complemento de vocês. Às vezes, o próprio artista ou familiares se manifestam, nos dando as informações necessárias. Estamos aí… Comentem e complementem 😉
Miguel Gustavo – MPM Propaganda (1972)
Em 1950 começou a compor jingles tendo se notabilizado nesta atividade com vários jingles de grande repercussão podendo ser destacado o que foi composto para as Casas da Banha com aproveitamento da melodia de Jesus, alegria dos homens de Johann Sebastian Bach. Sua primeira música gravada foi Primeiro amor, interpretada por Luiz de Carvalho, Os Tocantins e Dilu Mello em gravação Continental lançada em julho/agosto de 1946.
Em 23 de setembro de 1947, Ataulfo Alves gravou na Victor o samba O que é que eu vou dizer em casa, de sua autoria e Miguel Gustavo. Foi seu primeiro sucesso musical.
Em 1953 voltou a fazer sucesso com É sempre o papai, um baião de sua autoria que Zezé Gonzaga gravou na Sinter.
Mais tarde veio o ciclo dos sambas de breque com Moreira da Silva: O conto do pintor, O rei do gatilho, O último dos Moicanos, O sequestro de Ringo, O rei do cangaço e Morengueira contra 007.
Em 1963 compôs um jingle para o Leite Glória que até hoje é lembrado por muita gente pela forma moderna e criativa que a letra falava sobre as características do produto.
A música A dança da boneca, gravada pelo Chacrinha para o carnaval de 67 foi, depois, transformada no prefixo do Programa do Chacrinha com ligeiras modificações na letra e se popularizou pelo Brasil inteiro.
Para a Copa do Mundo de 1970, no México, ele criou o extraordinário Pra Frente Brasil ao participar de um concurso organizado pelos patrocinadores das transmissões dos jogos. O sucesso foi tanto que no carnaval do ano seguinte a música figurou entre as mais cantadas e até hoje é lembrada com carinho pela torcida brasileira.
Umas das principais características dos jingles de Miguel Gustavo eram as introduções marcantes que muitas vezes se tornavam um prefixo do próprio jingle e podiam ser consideradas melodias independentes dentro da peça, de tão bem estruturadas e fortes.
*Fábio Dias com dados fornecidos pela collectors.com.br
Jane Vaquer (Duboc) & José Tobias – Acalantos Brasileiros (1976)
Para finalizar a noite e propositalmente, estou trazendo este álbum para ninar vocês. Não sou “a mãe”, embora em sinal de agradecimento, muitos me tratem assim. Depois deste, vamos todos dormir, ok? Pois bem, temos aqui mais um lp lançado pelo selo Marcus Pereira, o “Acalantos Brasileiros”. Uma selção dos mais variados acalantos brasileiros reunidos e cantados na voz de José Tobias e a vocalista do grupo de rock progressivo Bacamarte, Jane Vaquer, também conhecida como Jane Duboc. Agora é baixar, ouvir e dormir. Toque dado, boa noite!