Olás! Hoje eu vou cutucar os amigos nortistas. Sei que muitas vezes eu não tenho dado a eles a devida atenção. Mas, aqueles que já me conhecem, sabem o que eu estou passando. A minha rapadura é doce, mas não é mole não. O bicho por aqui também tá pegando!
Foi pensando no norte que eu acabei indo de encontro ao Carimbó. Este ritmo, de origem amazônica e indígena é considerado por muitos pesquisadores como a base da música paraense. Como tudo e principalmente na música, o ritmo do carimbó, ao longo de sua existência sofreu diversas transformações e influências. Como o samba, o carimbó se adapta a diferentes estilos de música. Daí, muita coisa que a gente ouve pensando ser regional, na verdade não tem nada de original. Ou por outra, muito do que parece carimbó, tem apenas seu sotaque. O carimbó, nesse sentido, foi bastante explorado comercialmente por artistas que muitas vezes nem sabiam de onde veio aquilo. O cantor Waldick Soriano, por exemplo, teve a cara de pau de dizer certa vez em um programa de televisão que foi ele o inventor do carimbó. Mesmo apesar de ter sido ‘deturpado’ nacionalmente e de forma tão comercial, houve um aspecto positivo, que foi o de levar a música nortista para outros cantos do Brasil. Um dos nomes que mais ajudou a divulgar o carimbó foi o músico paraense Pinduca, considerado um dos precursores do carimbó elétrico, ou carimbó moderno, onde entram instrumentos como guitarras e teclados. É nessa linha e com quase nada de verdadeiro carimbó que o grupo “Os Bambucas” monta seu repertório. Temos aqui um lp lançado pelo selo Imperial em 1975, onde estrategicamente eles prepararam uma seleção musical variada, em sua maioria com temas de sucesso popular da época, que nada tinham a ver com o carimbó. Foram músicas adaptadas ao ritmo do batido do carimbó. Conforme frisou o pesquisador José Ramos Tinhorão, a única coisa boa nisso tudo foi “comprovar que o carimbó é uma batida aberta, uma forma livre de tocar qualquer outro ritmo popular”. Além do quê, não deixou de ser uma “boa tentativa de massificar um ritmo brasileiro”.
Falando apenas como um ouvinte festivo e curioso, acho este lp muito interessante. Vai cair muito bem em festas de despedidas de fim de ano. Eu mesmo já selecionei algumas daqui para alegrar e contrabalancear a euforia etílica da turma que trabalha comigo, em nossa festa que está para acontecer (glup!). Confiram o som…
severina xique xique – é proibido cochilar
acorda maria bonita – marinheiro só
sinhá pureza – carimbó no mato
forró de carimbó
no calor do carimbó
um a um – sebastiana
você zombou de mim – procurando tu
sapo cururu – morena eu caio
lobisomem no quintal – capim gordura
vô batê pá tu – eu só quero um xodó
vou me enforcar
ovo de codorna – o vira