Simone Et Roberto Ribeiro – A Bruxelles (1973)

O TM oferece hoje, a seus amigos cultos e ocultos, um notável trabalho reunindo dois astros de nossa música popular em início de carreira, e bastante promissor: Simone e Roberto Ribeiro. Ambos se apresentaram em Bruxelas, capital da Bélgica, na feira BrazilExport73, juntamente com o violonista João de Aquino, e este álbum de selo Odeon, editado exclusivamente para o mercado externo, documenta alguns dos melhores momentos de suas performances por lá.Simone Bittencourt de Oliveira (Salvador, BA, 25/12/1949), nascida prematura de oito meses (!), foi jogadora de basquete antes de seguir carreira artística. Tem inúmeros sucessos em seu repertório, tais como “De frente pro crime”, “Começar de novo”, “Tô voltando”, “Cigarra”, “Face a face”, “Jura secreta”, “Um desejo só não basta”, “Pão e poesia”, “O amanhã”, “Então é Natal” (versão do clássico natalino “HappyXmas”, de John Lennon), “Tô que tô” etc. Em 1973, Simone tinha acabado de lançar seu primeiro LP, quando participou de uma turnê internacional, organizada por Hermínio Bello de Carvalho, intitulada “Panorama brasileiro”, que passou por várias cidades europeias, incluindo Paris e Bruxelas. É de Simone a primeira parte deste disco, apresentando releituras de “Bamboleô”, “Voltei pro morro” e “Lamento negro”, além de três sambas de roda adaptados e arranjados por ela mesma. Na segunda parte, temos a presença do inesquecível Roberto Ribeiro (pseudônimo de Demerval Miranda Maciel, Campos dos Goytacazes, RJ, 20/7/1940-Rio de Janeiro, 8/1/1996), um dos melhores sambistas que o Brasil já teve. Ex-jogador de futebol, ele foi puxador de samba da Escola Império Serrano, entre 1974 e 1981, e deixou sucessos inesquecíveis, tais como “Acreditar”, “Poeira pura”, “Todo menino é um rei”, “Vazio (Está faltando uma coisa em mim)”, “Propagas”, “Algemas” e “Lágrima morena”.  Infelizmente, ele perdeu a visão de um olho, em razão de uma contaminação por fungo agravada pelo diabetes, e faleceu vítima de atropelamento, no bairro carioca de Jacarepaguá. A carreira de Roberto Ribeiro ganhou impulso a partir de 1972, quando gravou pela Odeon três compactos com Elza Soares, e, mais tarde, também com ela, o LP “Sangue, suor e raça”. Na segunda parte do presente álbum, ele interpreta o clássico “Berimbau”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, acompanhado por João de Aquino, e revive “Manhã de carnaval” e “Não tenho lágrimas”, além de um dueto com Simone em “De uma noite de festa”.  Enfim, é mais um raro e precioso trabalho discográfico que o TM nos oferece, apresentando dois notáveis cantores em promissor início de carreira artística!

bamboleo – simone
voltei pro morro – simone
lamento negro – simone
três sambas de roda – simone
berimbau – roberto ribeiro e joão de aquino
manhã de carnaval – roberto ribeiro
não tenho lágrimas – roberto ribeiro
de uma noite de festa – roberto ribeiro

*Texto de Samuel Machado Filho

Noitada De Samba (1978)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Tenho hoje para vocês uma ‘Noitada de Samba’. Vamos hoje com um disco que certamente passou batido  para muita gente. Coisa fina, coisa rara…
Em 1971 nascia a ideia da Noitada de Samba, um projeto musical criado por Jorge Coutinho e Leonides Bayer. Um encontro de grandes artistas da música popular brasileira que aconteceu no Teatro Opinião por mais de uma década! A Noitada de Samba surgiu em plena ditadura, sendo um foco de resistência, onde os artistas buscavam através de suas músicas expressar seus sentimentos de oposição ao regime militar. O Teatro Opinião foi palco de um espetáculo musical de samba, do artista popular, compositor e intérprete carioca. Um espetáculo que acontecia todas as segundas feiras. Pela noitada passaram dezenas de artistas, grandes nomes do samba como Adelzon Alvea, Ademildes Fonseca, Alcione, Aluisio Machado, Arlindo Cruz, Baianinho, Beth Carvalho, Carlos Lyra, Dona Ivone lara, Leci Brandão, Roberto Ribeiro, Monarco, Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, João Nogueira, Martinho da Vila e tantos outros que nem dá para listar. Não somente os sambistas, mas artistas em geral, tinham no Teatro Opinião im dos poucos espaços de expressão. Foram 617 espetáculos ao longo de 13 anos. A Noitada de Samba durou até 1984, Recentemente virou um documentário, dirigido por Cely Leal, (preciso assistir!).
Este disco, um álbum histórico, reúne um pouco do que do que foi a Noitada de Samba, trazendo registros de Clara Nunes, Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Odete Amaral, Xangô da Mangueira e muitos outros. É uma pena que seja um disco simples. Considerando o tempo que esse projeto durou, a centena de artistas que participaram e certamente as infinitas horas de gravação, poderiam ter gerado, no mínimo um álbum duplo. Mas é compreensível, tem sempre aquela questão dos direitos autorais, contratos de exclusividade e tantos outros obstáculos nesse grande negócio que foi o mundo da música.

seca do nordeste – clara nunes
tom maior – conjunto nosso samba
em cada canto uma esperança – dona ivone lara
tempos idos – odete amaral e cartola
ao amanhecer – cartola
estrela de madureira – roberto ribeiro
folhas caídas – odete amaral
eu e as flores – nelson cavaquinho
jurar com lágrimas – paulinho da viola
moro na roça – clementina de jesus
meu canto de paz – joão nogueira
verdade aparente – gisa nogueira
ah, se ela voltasse – baianinho
isso não são horas – xangô de mangueira
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Brazilian Music Now (1977)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Mais uma vez eu estou chegando no fim do dia, aproveitando a brecha, ou talvez os poucos minutos livres que antecedem ao sono. Escolhi este disco para ser a estampa da próxima semana. Quero dizer, VOU DAR UMA PAUSA por alguns dias. Preciso descansar minha cabeça e me afastar de alguns problemas. Portanto, já fiquem os amigos avisados da minha ausência na próxima semana, ok? Espero voltar antes do Natal, vamos ver…
Segue assim mais um exemplar da série, promocional criada pela Funart para o então Departamento de Cooperação Cultural, Científica e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, a partir de 1978. A ideia era a de propagar a diversidade musical brasileira pelos cinco continentes, em vários países, dando a esses a oportunidade de conhecer melhor o variado leque musical produzido originalmente em nosso país. Ao que tudo indica, esse trabalho teve bons resultados, o que acabou gerando uma segunda versão, a qual passou-se a chamar “Projeto Ary Barroso” e sendo coordenado por Hermínio Bello de Carvalho.
Neste álbum, o número 3, iremos encontrar uma excente e variada coletânea com alguns de nossos melhores artistas, contratados da EMI – Odeon desde a década de 50. As músicas interpretadadas por eles foram sucesso que é muito bom relembrar. Confiram…

marinheiro só – clementina de jesus
foi um rio que passou em minha vida – paulinho da viola
canto de areia – clara nunes
mineira – noão nogueira
estrela madureira – roberto ribeiro
ponto de caboclo desengano – joão de aquino
quadras de roda – ivan lins
gota d’agua – simone
moleque – luiz gonzaga jr
dentro de mim mora um anjo – sueli costa
das rosas – dorival caymmi
1×0 – pixinguinha

Aniceto do Império – Partido Alto Nota 10 (1984)

Vou aproveitar o fim de semana para atender aos pedidos. Ontem foi a coletânea de compactos da RCA, hoje vamos com o Aniceto do Império e seus convidados. Depois de haver postado aqui o raro lp “O Partido Alto de Aniceto e Campolino“, alguns de nossos frequentadores pediram mais. Daí, vamos como este “Partido Alto Nota 10”, um álbum lançado pela CID em 1984, hoje tão raro quanto o primeiro e como o outro, um discaço! Temos aqui Aniceto muito bem acompanhado pela nata da música negra e do samba. Não precisa nem repetir nomes, tá na capa! Não devemos também esquecer da cozinha que traz José Menezes na viola, violão e cavaquinho, a turma do Conjunto Nosso Samba e o grupo vocal As Gatas.
Taí, um disco nota 10 para um domingo ensolarado (pelo menos para as bandas de cá). Agora é mandar descer a cerveja, os tira gostos e aumentar o volume do som. “Quem fugir dos preceitos vai ficar ‘enquizilado’ e ‘quizila’ de Aniceto não sai com engambelo”.

partido alto
desaforo
é fogo
chega devagar
difícil
ginga de yayá
quando louvar partideiro
enterevista
és partideiro?
quem é teu pai
mulher na presidência
dona maria luiza