Aristeu Queiroz – Canta Bahia (1953)

Olá amigos cultos e ocultos! Enquanto eu começo esta postagem, lá fora o céu desaba numa chuva que parece o fim do mundo. Só espero que a energia elétrica não vá embora, pelo menos até que eu termine a parada aqui.
Hoje eu estou trazendo um disco bem raro e antigo. Gosto de postar discos como este, não pela exclusividade, mas por serem eles peças importantes para um determinado público. Não são, talvez, discos de grande sucesso e, as vezes, nem seus artistas são ainda lembrados. Mas são exemplos que merecem ser resgatados, retirados do imenso ‘limbo’ fonográfico nacional. Meu maior prazer é receber um e-mail ou comentário de alguém, agradecido e emocionado por encontrar aqui algo que ele jamais esperava ver ou ouvir novamente. Isso é muito bacana.
O presente disco faz parte do lote que arrematei do catador de papel. Estou postando ele por ser, para mim, também uma curiosidade. Aristeu Queiroz, era até então um ilustre desconhecido. Na contracapa temos logo uma pequena apresentação, mas eu não me dei por satisfeito e fui procurar outras fontes. Fiquei sabendo que o nosso artista era baiano, criado na cidade de Jacobina, era também conhecido pelo nome de Bob Silva. Sua história de vida me fez lembrar o João Gilberto. Um tipo meio errante, um homem apaixonado pela música, boêmio e como seu conterrâneo, viveu correndo atrás de sonhos, porém sem a mesma sorte e genialidade do dono da Bossa. Saiu de casa cedo para tentar a vida de artista. Foi para o Rio de Janeiro, chegou a ser contratado por uma rádio, onde se apresentou por um bom tempo. Mas pelo que contam, ele era um cara sem apego, vivia apenas o presente. Não segurou a barra… Gravou apenas três discos pela Sinter em 53, duas bolachas de 78 rpm e este lp de 10 polegadas. A história de Aristeu Queiroz, Bob Silva ou ainda Teteu, pode ser conferida num texto do site Notícia Livre, ou ainda em anexo ao arquivo do disco.
“Canta Bahia” é um disco diferente, foge do esperado ou convencional da época. Sua música é de um gênero híbrido e confuso, que para não errar, eu classificaria apenas por canção. Isso se deve muito ao fato de que no lp temos apenas ele e o violão. Não há, se quer, um acompanhamento rítmico ou orquestração, o que também me leva a crer numa certa contenção de despesas na produção, aliada a uma áurea maldita, que o isola até mesmo na hora da gravação. Será impressão minha? Confiram e dêem também as suas opiniões…

jangadeiro de itapuã
pajussara
a ceguinha
uma estrela no céu
simplicidade
zefinha
minha infância em jacobina
cais do porto