Arquivo da categoria: Orlando Silva
Orlando Silva – Relíquias Brasileiras Vol. 1 (1985)
Ataulfo Alves – O Mestre Ataulfo E Seus Convidados (1968)
Sua Excelência O Samba Canção (1957)
Pixinguinha – Vida E Obra (1978)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Estou novamente respostando este disco, pois só agora me dei conta de que havia postando ele parcialmente. Prometi o segundo disco, mas acho que acabei me esquecendo. Não fosse o amigo Denys, este disco teria ficado mesmo pela metade. Por outro lado, por duas vezes eu repus aqui o link para o álbum e completo, só não havia me atinado para isso. Inclusive, os arquivos que circulam pelos ‘torrents’, vieram desta lavra aqui. Então, mais uma vez, temos o álbum Pixinguinha – Vida e Obra, lançado pelo selo Som Livre, em 1978. Este álbum, como foi dito, foi lançado pela gravadora como brinde de fim de ano da Rede Globo de Televisão. Trata-se, portanto de uma edição exclusiva e limitada, que até onde eu sei nunca chegou a ser lançada comercialmente. Uma seleção com vários artistas e também com fonogramas pouco conhecidos. Daí o preciosismo e raridade deste disco que hoje poucos o tem. O álbum duplo ainda traz um encarte/livreto com muitas informações importantes sobre Pixinguinha (vida e obra) em texto do jornalista Sérgio Cabral, este por sinal, também responsável pela produção e seleção musical.
Desta vez, segue completo para a alegria de todos. Confiram no GTM!
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Continental 30 Anos De Sucessos (1973)
Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Olha, vou ser sincero com vocês… estamos em total decadência. Sim, o Toque Musical nunca esteve tão em baixa. E isso se deve a uma série de fatores, a começar por essa plataforma que embora seja perfeita, já não atende aos requisitos que hoje pedem mais interação e imediatismo. As redes sociais, mais especificamente o Facebook e o Youtube passaram a ser a bola da vez. Tudo pode ser encontrado nesses dois ambientes de uma maneira muito mais rápida e interativa e de uma certa forma o interesse do público está mudando, se generalizando. Ampliando os horizontes, mas numa profundidade cada vez mais rasa. Daí, ninguém tem mais saco para acompanhar postagens. O que dizer então quando para se ter acesso ao que se publica aqui precisa antes se associar a um grupo? Sem dúvida, isso é desestimulante e só mesmo que está muito interessado é que encara o jogo. E o jogo hoje se faz muito mais rápido. Demorou, dançou… Por isso, se quisermos nos manter ativos por mais 10 anos, o jeito é acompanhar os novos tempos e implementar novas alternativas. Daí, penso em migrar definitivamente o Toque Musical para o Youtube. Há tempos venho pensando nisso, talvez agora seja a nossa hora. Fiquem ligados, logo o nosso canal vai estar na rede com tudo aquilo que já postamos por aqui. Será um trabalho longo, afinal, repor mais de 3 mil postagens não é moleza. Mas vamos tentar 🙂
Marcando esse momento, eu hoje trago para vocês um álbum triplo comemorativo, da gravadora Continental, lançado lá pelos idos de 1973, ano de uma das melhores safras da indústria fonográfica brasileira. 73 foi o ano em que essa gravadora completou seus 30 anos de atividade e lançou este álbum cujo os discos são de 10 polegadas. São três lps percorrendo todas as fases da gravadora, trazendo os mais diferentes artistas em ordem cronológica. Começa em Vicente Celestino, indo até aos Novos Baianos. São trinta músicas que expressam bem os 30 anos desta histórica gravadora.
Confiram já no GTM 😉
Orlando Silva (1955)
O TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados uma autêntica raridade, bastante difícil de se encontrar por aí. Trata-se de um LP de dez polegadas que reúne oito gravações feitas por Orlando Silva (Rio de Janeiro, 3/10/1915-idem, 7/8/1978) na Copacabana, gravadora com a qual assinou contrato em 1951 (ano em que também foi eleito Rei do Rádio), e onde permaneceria pelos quatro anos seguintes. À época destes preciosos registros, o “cantor das multidões” já tinha voltado aos braços emocionados do grande público brasileiro, que sempre o teve como ídolo, depois de haver superado os problemas particulares, inclusive de ordem amorosa, que foram obstaculizando sua carreira. Os anos 1950 foram, para ele, mais tranquilos, mas nem por isso menos importantes. Seu timbre de voz estava um pouco mais grave, porque esse é o curso natural da voz humana e ele havia surgido para a glória na adolescência dos 18 anos. Mas ainda era o mesmo Orlando Silva de recursos técnicos impecáveis, voz prodigiosa e interpretação comovente. É o que vocês poderão comprovar através deste preciosíssimo vinil de dez polegadas, lançado em 1955, ano em que Orlando Silva retornou à Odeon. São oito faixas originalmente lançadas em discos de 78 rpm, que evidenciam o bom gosto musical do intérprete, afinal ninguém como Orlando para escolher tão bem o repertório. E, como se trata de uma espécie de “edição extraordinária” de nosso Grand Record Brazil, convém relacionar as bolachas de cera em que estas faixas saíram originalmente. Abrindo o disco, o fox -bolero “Aquela mascarada”, de Cyro Monteiro e Dias da Cruz, editado em agosto-setembro de 1953 sob número 5113-A, matriz M-518. O choro “Amanhecendo”, de Cícero Nunes, Arcênio de Carvalho e Rogério Lucas, foi inicialmente lançado em versão instrumental, pelo trombonista Raul de Barros. E coube a Orlando Silva registrar a versão cantada, que a Copacabana lançou em abril de 1954 sob número 5240-B, matriz M-761. A valsa “De que vale a vida sem amor” é dos mesmos J. Cascata e Leonel Azevedo que deram a Orlando, em 1937, os clássicos “Lábios que beijei” e “Juramento falso”, e aqui contam com a parceria de José de Sá Roris. O 78 original saiu por volta de maio de 1954, e levou o número 5254-A, matriz M-814. O samba “Não… e sim”, do flautista Altamiro Carrilho em parceria com Armando Nunes, é o lado B de “Amanhecendo”, matriz M-815. Da parceria Herivelto Martins-Mário Rossi é o samba “Obrigado, Maria”, editado em setembro de 1954 sob número 5302-A, matriz M-914. O ótimo samba “Exaltação à cor”, bem na tradição de seu autor, Ataulfo Alves, aqui em parceria com J. Audi, vem a ser o lado B de “Aquela mascarada”, matriz M-519. “Renúncia”, samba-canção de exclusiva autoria de Marino Pinto, teve lançamento em 78 rpm quase simultâneo a este LP, em março-abril de 1955, sob número 5382-B, matriz M-915. Para encerrar, Orlando Silva homenageia seu grande amigo Francisco Alves, que o lançou em seu programa da Rádio Cajuti, do Rio de Janeiro, em 1934, com a regravação de “Cinco letras que choram (Adeus)”, samba-canção de Silvino Neto, que o Rei da Voz lançou em 1947 e seria a música mais tocada pelas rádios quando do trágico falecimento dele em acidente rodoviário, em 1952. O registro de Orlando foi lançado logo em seguida, em outubro-novembro desse ano, sob número 5010-A, matriz M-261. Enfim, uma seleção primorosa e imperdível, que mostra um Orlando Silva com os pés no presente, com força para trilhar e projetar o momento em que vivia. É ouvir e confirmar.
aquela máscara
amanhecendo
de que vale a vida sem amor
não é sim
obrigado maria
exaltação a cor
renúnica
adeus
* Texto de Samuel Machado Filho
A Música De Dunga – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 143 (2015)
E aí vai mais uma edição do Grand Record Brazil, o “braço de cera” do TM, com o número 143, para seus amigos, cultos e associados. Desta vez, focalizamos a obra musical do compositor e pianista Waldemar de Abreu, o Dunga. Nosso focalizado veio ao mundo no dia 16 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Ganhou o apelido de Dunga aos sete anos de idade, de sua professora, que o considerava o mais querido da turma. Fez o curso primário na escola pública do subúrbio de Haddock Lobo, e o ginásio (até o quarto ano) no Instituto Matoso. Em 1928, começou a jogar futebol, em Petrópolis, região serrana fluminense. Em 1930, ingressou na Leopoldina Railways, trabalhando como conferente, e sempre jogava nos times de futebol e basquete da companhia, sendo campeão da Liga Bancária diversas vezes. Em janeiro de 1935, sai a primeira música gravada de Dunga, para o carnaval do mesmo ano: o samba “Amar pra quê?”, na voz de Sílvio Pinto. Ainda em 35, acontece o enlace matrimonial de Dunga com Zaíra Moreira, que tiveram dois filhos. Em 1940, entrou para a SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), exercendo a função de cobrador junto aos teatros, e , um ano depois, ingressou na UBC (União Brasileira de Compositores), onde permaneceria durante anos. Em 1960, assumiu a vice-presidência da ADDAF (Associação Defensora de Direitos Autorais e Fonomecânicos), sem no entanto abandonar a atividade musical. Ao longo de sua carreira, teve mais de oitenta músicas gravadas, nas vozes de grandes astros da MPB, tais como Orlando Silva, Jamelão, Dircinha Batista, Cyro Monteiro, Déo, etc. Basta lembrar, por exemplo, de “Conceição” (1956), eterno sucesso de Cauby Peixoto, cuja melodia é de Dunga, com letra de Jair Amorim. Eles também fizeram juntos “Maria dos meus pecados”, hit de Agostinho dos Santos em 1957. E Dunga continuaria compondo até sua morte, em 5 de outubro de 1991, aos 83 anos, em seu Rio de Janeiro natal.
Para esta edição do GRB, foram escolhidas músicas de exclusiva autoria de Dunga, ou seja, obras que ele compôs sem parceria. São 29 faixas, interpretadas pelos melhores cantores e instrumentistas de sua época, quase todas sambas. (Uma boa lembrança e colaboração do amigo Hélio Mário Alves, quem nos enviou boa parte desse material). Para começar, temos “Antes tarde do que nunca”, do carnaval de 1940, gravado na Victor por Odete Amaral em 23 de outubro de 39 e lançado ainda em dezembro, disco 34537-B, matriz 33187. Em seguida, um sucesso inesquecível de Orlando Silva, “Chora, cavaquinho”, outra gravação Victor, esta de 27 de agosto de 1935, lançada em dezembro do mesmo ano, disco 33998-B, matriz 80011. Edna Cardoso, cantora que só gravou dois discos com quatro músicas, pela Continental, aqui comparece com as três obras de Dunga que constam dos mesmos. Para começar, temos “Confessei meu sofrer”, lado A do disco 15428, o segundo e último de Edna, lançado em setembro de 1945, matriz 1199. Depois desta faixa, Aracy de Almeida comparece com “Dizem por aí”, gravação Victor de 20 de abril de 1938, lançada em junho seguinte sob número 34321-B, matriz 80761. Em seguida, o delicioso arrasta-pé “Espiga de milho”, executado pelo regional do violonista Canhoto (Waldiro Frederico Tramontano), em gravação RCA Victor de 21 de maio de 1954, lançada em agosto do mesmo não, disco 80-1325-B, matriz BE4VB-0462. Depois, mais três imperdíveis faixas com Orlando Silva. “Esquisita” é da safra do Cantor das Multidões na Odeon, por ele gravado em 23 de junho de 1947 e lançado em setembro do mesmo ano, disco 12797-A, matriz 8246. Voltando à Victor, temos um verdadeiro clássico da carreira de Orlando: o samba-canção “Eu sinto vontade de chorar”, que ele canta acompanhado pela Orquestra Carioca Swingtette, sob a direção de Radamés Gnattali. Gravação de 13 de junho de 1938, lançada em setembro seguinte sob número 34354-B, matriz 80826. “Foi você”, outra das melhores gravações de Orlando, foi feita em 17 de setembro de 1936 e lançada pela marca do cachorrinho Nipper em outubro seguinte com o número 34100-A, matriz 80221. O samba-canção “Justiça”, grande sucesso na voz de Dircinha Batista, foi por ela gravado na Odeon em 20 de junho de 1938, com lançamento em agosto do mesmo ano, disco 11628-B, matriz 5871. Logo depois, temos “Meu amor”, samba do carnaval de 1949, na interpretação de Jorge Goulart, lançada pela Star em fins de 48 sob número 79-A. Nuno Roland interpreta, em seguida, o samba-canção “Meu destino”, gravação Todamérica de 8 de março de 1951, lançada em abril do mesmo ano, disco TA-5053-A, matriz TA-101. Dircinha Batista volta em seguida com “Moleque de rua”, lançado pela Continental em setembro de 1946, disco 15691-A, matriz 1639. Roberto Paiva interpreta depois “Não sei se voltarei”, em gravação Victor de 13 de julho de 1944, lançada em setembro do mesmo ano, disco 80-0211-A, matriz S-078018. Déo lançou em janeiro de 1945, na Continental, para o carnaval desse ano, o samba “Nunca senti tanto amor”, matriz 912. Em junho do mesmo ano, ele lançou pela mesma marca outro samba de Dunga, “Orgulhosa”, disco 15356-A, matriz 1128. Em seguida, volta Edna Cardoso, desta vez cantando “Pandeiro triste”, lançado em agosto, também de 1945, e pela mesma Continental, abrindo seu disco de estreia, número 15408, matriz 1201. Alcides Gerardi aqui comparece com “Perdoa”, gravado por ele na Odeon em 29 de agosto de 1946, com lançamento em outubro do mesmo ano, disco 12730-A, matriz 8092. “Quando alguém me pergunta”, samba destinado ao carnaval de 1939, tornou-se um clássico na voz de Castro Barbosa, que o gravou na Columbia em 12 de janeiro desse ano, com lançamento bem em cima da folia, em fevereiro, disco 55015-B, matriz 125. Cyro Monteiro, em seguida, interpreta “Que é isso, Isabel?”, gravação Victor de 3 de junho de 1942, lançada em agosto do mesmo ano, disco 34950-B, matriz S-052544. Poderemos apreciá-lo ainda em “Quem gostar de mim”, que gravou na mesma Victor em 8 de julho de 1940, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34646-B, matriz 33461. Janet de Almeida, irmão de Joel de Almeida, falecido ainda jovem, interpreta depois “Quem sabe da minha vida”, batucada do carnaval de 1946, lançada pela Continental em janeiro desse ano, disco 15582-B, matriz 1397. Em seguida, Aracy de Almeida interpreta “Remorso”, gravação Odeon de 30 de março de 1943, lançada em maio do mesmo ano, disco 12305-B, matriz 7244. Temos depois novamente Edna Cardoso, desta vez interpretando “Se ele me ouvisse”, lado B de seu segundo e último disco, o Continental 15428, lançado em setembro de 1945, matriz 1198. Orlando Silva registrou “Soluço de mulher” na Odeon em 6 de agosto de 1944, com lançamento em outubro do mesmo ano, disco 12503-B, matriz 7645. A bela valsa “Sonho” é executada pelo clarinetista Luiz Americano, acompanhado por Pereira Filho ao violão elétrico, em gravação lançada pela Continental em maio de 1945, disco 15337-B, matriz 1105. O choro “Tic tac do meu relógio” foi lançado pela Continental, na interpretação de Carmélia Alves, ao lado do Quarteto de Bronze, acompanhados por Fats Elpídio e seu Ritmo, em março-abril de 1949, sob número de disco 16048-B, matriz 2067, por sinal marcando o início definitivo da carreira fonográfica de Carmélia, seis anos após sua estreia na Victor. O samba “Trapaças de amor” foi gravado na RCA Victor por Linda Batista em 5 de maio de 1947, com lançamento em junho do mesmo ano, disco 80-0519-A, matriz S-078750. Primeiro ídolo country brasileiro, Bob Nélson aqui comparece com “Vaqueiro apaixonado”, marchinha do carnaval de 1951, devidamente acompanhado de “rancheiros” músicos que, mais competentes, não existiam nem mesmo no Texas ou na Califórnia. Gravação RCA Victor de 12 de outubro de 50, lançada ainda em dezembro, disco 80-0726-A, matriz S-092786. Para encerrar, temos “Zaíra”, valsa cuja musa inspiradora foi certamente a esposa de Dunga. É executada ao saxofone por Luiz Americano, em gravação Continental de 5 de abril de 1948, só lançada em março-abril de 49, disco 16015-A, matriz 1831. Enfim, esta é uma justa homenagem do GRB a um dos maiores compositores que o Brasil já teve: Waldemar “Dunga” de Abreu!
* Texto de Samuel Machado Filho
Orlando Silva – Músicas Famosas De Ary Barroso E Custódio Mesquita (1958)
Boa noite, caríssimos amigos cultos e ocultos! Como um fã incondicional do Orlando Silva, eu sempre que posso, procuro postar aqui algum de seus discos. Hoje eu trago este lp, lançado pelo selo Audiola, da Musidisc, em 1958. Trata-se de uma coletânea que reúne músicas de dois discos de 10 polegadas de Orlando Silva, um com músicas de Ary Barroso e outro com músicas de Custódio Mesquita, lançados originalmente em 1953. Infelizmente ficaram de fora duas faixas do segundo disco, com músicas de Custódio Mesquita. Mas, numa próxima oportunidade, eu postarei aqui o disquinho original e completo. Fiquem sempre ligados…
A Música De Lupicinio Rodrigues – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol.117 (2014)
A Música De Alvaiade E De Djalma Mafra – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol.108 (2014)
Orlando Silva – 25 Anos Cantando Para As Multidões (1968)
Olá amigos cultos e ocultos! Atendendo a um pedido muito especial, estou postando aqui este álbum do Orlando Silva. Trata-se de uma coletânea relançada pela Odeon através de seu selo Imperial, em 1968. Originalmente este lp se chama “25 Anos Cantando Para As Multidões”. Um seleção com o melhor de Orlando Silva pela Odeon.
Como se trata de uma postagem extra, fiz meio que as pressas. Nem a capa eu recortei direito…
Francisco Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva & Carlos Galhardo – Os Quatro Grandes (1958)
Carnaval B – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 92 (2014)
O carnaval continua aqui no Grand Record Brazil. Apresentamos nesta semana mais 14 músicas destinadas à folia de Momo, gravadas na era das 78 rotações por minuto. Várias delas clássicos inesquecíveis. E começamos com o pé direito, apresentando um clássico inesquecível: “Pastorinhas”, de João “Braguinha” de Barro e Noel Rosa. Esta composição havia sido lançada originalmente para o carnaval de 1935, na voz de João Petra de Barros, com o nome de “Linda pequena”, sem no entanto repercutir. Após o falecimento prematuro de Noel, em 1937, Braguinha resolveu relançar esta bela marcha-rancho para a folia do ano seguinte, fazendo uma ou outra alteração na letra e rebatizando-a “Pastorinhas”. Sílvio Caldas a imortalizou na Odeon em 13 de dezembro de 1937, com lançamento em janeiro de 38 sob n.o 11567-A, matriz 5733. E “Pastorinhas”, além de ser um sucesso inesquecível, venceria o concurso oficial de carnaval da prefeitura do Rio de Janeiro. A vencedora na categoria marcha tinha sido “Touradas em Madri”, também de Braguinha com Alberto Ribeiro, mas acabou sendo desclassificada sob a alegação de que se tratava de um passo-doble espanhol. Evidentemente, Braguinha não ficou sem o primeiro lugar entre as marchas, pois “Pastorinhas” subiu do segundo para o primeiro lugar! A faixa seguinte é mais uma clássica marchinha, esta do carnaval de 1932: “Teu cabelo não nega”, adaptação feita por Lamartine Babo para o frevo-canção “Mulata”, dos irmãos Raul e João Valença. Castro Barbosa levou a música a disco, tornado-a um sucesso permanente da folia de Momo, e a regravaria outras vezes. A versão desta edição, também gravada na RCA Victor, é de 17 de outubro de 1952, lançada em dezembro do mesmo ano sob n.o 80-1072-A, matriz SB-093524, e mantém sua famosa introdução instrumental. E tome marchinha clássica! Agora é “Mamãe, eu quero”, de Jararaca e Vicente Paiva, do carnaval de 1937, um sucesso que é lembrado até hoje e ultrapassou as fronteiras do Brasil (tocou até em desenho animado de Tom e Jerry!). O próprio Jararaca imortalizou a marchinha na Odeon em 17 de dezembro de 1936, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 11449-A, matriz 5499. Destaque, na gravação, para o hilariante diálogo inicial, em que o papel da mãe é feito por Almirante. Prosseguindo nosso desfile de clássicos carnavalescos, Orlando Silva, o eterno “cantor das multidões”, nos brinda com a impecável marcha-rancho “Malmequer”, de Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar, o “amigo velho”, hit inesquecível do carnaval de 1940. Gravação Victor de 4 de novembro de 1939, lançada um mês antes do tríduo momesco, em janeiro, sob n.o 34544-A, matriz 33248. O eterno e sempre bem-humorado Lamartine Babo volta à cena neste retrospecto carnavalesco, agora com a marchinha “Linda morena”, absoluta no carnaval de 1933, que ele próprio interpreta ao lado de Mário Reis. Gravação Victor de 26 de dezembro de 1932, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 33614-A, matriz 65631. Destaca-se no coro, deste registro, uma voz feminina que parece ser a de Cármen Miranda. E falando em Cármen Miranda, ela aqui comparece com duas faixas. A primeira, da parceria Braguinha-Alberto Ribeiro, muitos conhecem na interpretação de Gal Costa: é a famosa marchinha “Balancê”, de João “Braguinha” de Barro e Alberto Ribeiro, do carnaval de 1937. Cármen a gravou na Odeon em 19 de novembro de 1936, com lançamento um mês antes do carnaval, em janeiro, sob n.o 11430-A, matriz 5457. Apesar de ter obtido alguma aceitação, “Balancê” ficou esquecida com o passar do tempo, até que Gal Costa, mais de 40 anos depois, a tirasse do esquecimento no LP “Gal tropical” e a transformasse em hit permanente de todos os carnavais a partir de 1980. A outra marchinha com Cármen Miranda nesta edição é a maliciosa “Eu dei…” (“O que foi que você deu, meu bem?”), do carnaval de 1938. Gravação Odeon de 21 de setembro de 1937, lançada ainda em dezembro com o número 11540-B, matriz 5670. No fim, descobre-se que a personagem havia dado um beijo, e quem canta os versos finais (“guarde para mim unzinho, que mais tarde pagarei com um jurinho”) é o próprio Ary Barroso! Aurora Miranda, irmã de Cármen, aqui comparece com outras duas marchinhas, ambas do carnaval de 1940, e em gravações Victor. A primeira é “Que horas são estas?”, de Antônio Almeida e Oswaldo Santiago, do carnaval de 1940. Foi gravada em 18 de outubro de 1939, e lançada ainda em dezembro sob n.o 34530-A, matriz 33191. Dias antes, a 3 de outubro de 39, Aurora já havia gravado “Não vejo jeito”, de Ismael Silva, lançada em novembro seguinte com o n.o 34519-B, matriz 33170. A carioca Dora Lopes (1922-1983), grande compositora e intérprete de sambas, comparece aqui com a divertida marchinha “Fila do gargarejo”, dela própria em parceria com José Batista e Nilo Viana. É do carnaval de 1958, lançada em fins do ano anterior pela Mocambo, gravadora do Recife que pertencia aos irmãos Rozenblit, sob n.o 15196-A, matriz R-910. As Irmãs Pagãs (Elvira e Rosina, esta falecida recentemente, anos depois de Elvira) apresentam-nos “Água mole em pedra dura”, marchinha do carnaval de 1940, de autoria de Sátiro de Melo e Manoel Moreira. Foi gravada na Columbia em 24 de outubro de 1939, e lançada ainda em dezembro com o número 55181-A, matriz 224. Dois inesquecíveis intérpretes se reúnem na faixa seguinte: Francisco Alves, o Rei da Voz, e Dalva de Oliveira, o Rouxinol do Brasil, interpretam a belíssima marcha-rancho “Andorinha”, de Herivelto Martins (então marido de Dalva) e Haroldo Barbosa, um dos sucessos do carnaval de 1946, conhecido como o “carnaval da vitória” por ter acontecido após o término da Segunda Guerra Mundial, com a vitória dos países aliados sobre os do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A dupla a imortalizou na Odeon em 5 de dezembro de 1945, e o lançamento se deu um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 12660-A, matriz 7954. Para finalizar, trazemos a cantora Lolita França, sobre a qual pouquíssima coisa se sabe. Aqui ela revive a “marcha-canção” (como foi editada originalmente)“Taí” (cujo título original era “Pra você gostar de mim”), de Joubert de Carvalho, com a qual Cármen Miranda despontou para o estrelato em 1930. A regravação de Lolita é de 7 de julho de 1939, lançada pela Victor em setembro do mesmo ano, disco 34486-B, matriz 33116. Lolita França gravou, entre 1939 e 1942, onze discos com vinte e duas músicas, e suas gravações obtiveram algum sucesso na Argentina. Enfim, esta é a segunda e última parte do retrospecto carnavalesco do Grand Record Brazil, por certo expressiva contribuição para a preservação da memória musical do Brasil. Divirtam-se!
* Texto de Samuel Machado Filho
A Música de Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 86 (2014)
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
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Orlando Silva – Compacto Odeon (1959)
Especial De Natal Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 83 (2013)
Nesta que é a semana do Natal, o Grand Record Brasil apresenta a segunda parte de sua seleção de músicas do gênero, gravadas na era das 78 rotações por minuto, feita a partir de uma compilação realizada em 2006 por nosso amigo e colega Thiago Mello, para seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). São as últimas onze gravações de nosso retrospecto, perfazendo um total de vinte.
Orlando Silva (1915-1978), o sempre querido e lembrado “cantor das multidões”, abre esta segunda parte com o fox-canção “Noite de Natal”, de Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho, lançado pela Copacabana em outubro-novembro de 1952 sob n.o 5010-B, matriz M-260. Nessa época, Orlando retornara ao convívio do grande público, após um período marcado por problemas de ordem pessoal, inclusive amorosa, e substituiu Francisco Alves, morto em acidente rodoviário naquele ano, em seu programa de domingo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em seguida, as duas partes de “Cantigas de Natal”, pot-pourri de conhecidas músicas do gênero (“Noite feliz”, “Tannenbaum”, “Jingle bells”, “Amanhã vem o Papai Noel”, etc.), com arranjo de Radamés Gnattali e Paulo Tapajós, e interpretadas pelos trios Melodia (do qual Tapajós fazia parte, junto com Albertinho Fortuna e Nuno Roland) e Madrigal (Edda Cardoso, Magda Marialba e Lolita Koch Freire). Esta seleção saiu pela Continental em 1951 com o número 20106, matrizes 2720 e 2721. Já que falamos em Francisco Alves (1898-1952), o eterno Rei da Voz aqui comparece com duas faixas. A primeira é a marchinha “Meu Natal”, parceria sua com Ary Barroso, em gravação Victor de 19 de outubro de 1934, lançada em dezembro seguinte sob n.o 33857-A, matriz 79762. No acompanhamento a orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. A outra é a canção-marcha “Natal”, de Herivelto Martins e Rogério Nascimento, gravação Odeon de 23 de outubro de 1945, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12650-B, matriz 7926. Junto com ele está o Trio de Ouro em sua primeira formação, com Herivelto, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas, todos acompanhados plea orquestra de Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro). Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, vem com outras duas faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é a singela canção “Feliz Natal”, de Peterpan (cunhado da cantora Emilinha Borba, que regravaria a música um ano mais tarde) e Giuseppe Ghiaroni, gravada por Galhardo em 4 de agosto de 1950 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o 80-0697-A, matriz S-092728 (na verdade a música fora lançada um ano antes, na Star, pelo coral da Rádio Nacional do Rio). O registro de Galhardo, curiosamente, seria reeditado com o n.o 80-1061-A, em dezembro de 1952. A outra faixa dele aqui é exatamente a música que inaugurou entre nós o gênero natalino: a marcha “Boas festas”, de Assis Valente, aqui em seu registro original, de 17 de outubro de 1933, lançado em dezembro seguinte pela então Victor com o n.o 33723-A, matriz 65864. Foi, aliás, o primeiro grande hit nacional do cantor, que a gravaria mais duas vezes. Em seguida, vem o grande Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira, Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), com a conhecidíssima “Natal das crianças”, de sua autoria, lançada pela Copacabana em dezembro de 1955 sob n.o 5502-A, matriz M-1273, Blecaute rotulou a música, modestamente, como “valsinha de roda”, sem ao certo imaginar que seria um dos maiores hits do cancioneiro natalino brasileiro em todos os tempos! Temos depois outra “Noite de Natal”, desta vez uma valsa de Newton Teixeira em parceria com (Murilo) Alvarenga, que a gravou na Odeon com Ranchinho (Diésis dos Anjos Gaya) em 30 de outubro de 1941 com lançamento em dezembro seguinte, disco 12079-A, matriz 6826. Para encerrar, temos Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva, Rio de Janeiro, 1921-São Paulo, 1987), interpretando “Feliz Natal”, singela canção da festejada dupla Armando Cavalcanti-Klécius Caldas, lançada pela Continental entre outubro e dezembro de 1949 sob n.o 16123-A, matriz 2173, com acompanhamento da orquestra do também compositor José Maria de Abreu. Curiosamente, este registro teve reedição em 1955, sob n.o 17230-B. A todos os amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical , os nossos mais sinceros votos de um Natal maravilhoso e um ano novo de 2014 repleto de alegria, paz, saúde e realizações positivas!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
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A Música De Geraldo Pereira – Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 81 (2013)
Orlando Silva / Nelson Gonçalves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 42 (2012)
Já em sua quadragésima-segunda edição, o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil homenageia dois intérpretes inesquecíveis que deixaram inestimável contribuição para a história de nossa música popular: Orlando Silva e Nélson Gonçalves.
Orlando Garcia da Silva era carioca do Engenho de Dentro, nascido a 3 de outubro de 1915 na Rua General Clarindo, hoje Rua Augusta. Era filho do violonista José Celestino da Silva, que participou de serenatas, peixadas e feijoadas junto com o mestre Pixinguinha, ambiente em que também viveu Orlando por três anos, até o falecimento do pai, vitimado pela gripe espanhola. Orlando teve uma infância normal, sempre gostando muito de violão e já fã, na adolescência, de Carlos Galhardo e Francisco Alves. Seu primeiro emprego foi como estafeta da Western, indo depois para o comércio, onde foi sapateiro, vendedor de roupas e tecidos e trocador de ônibus. Quando era “office-boy”, ao saltar de um bonde para entregar uma encomenda, sofreu grave acidente que causou o amputamento de parte de um dos pés, ficando inativo por um ano. Estimulado por amigos, Orlando começou sua peregrinação pelas rádios, querendo ao menos ser ouvido, sem conseguir, dada sua aparência de moço pobre e mal trajado, que mancava. Quando já estava a ponto de desistir, foi ouvido pelo compositor Bororó (autor do clássico “Da cor do pecado”) nos corredores da Rádio Cajuti. Impressionado, Bororó arranjou uma audição com Francisco Alves, que aconteceu dentro de seu carro! E Chico, encantado com a voz de Orlando, o escalou imediatamente para seu programa dominical na Cajuti, e sua estreia aconteceu em 24 de junho de 1934. Em janeiro do ano seguinte, lançava seu primeiro disco, pela Columbia, para o carnaval, interpretando a marchinha “Ondas curtas” e o samba “Olha a baiana”. Ainda em 1935, foi para a RCA Victor, onde ficaria até 1942, lançando sucessos sobre sucessos (‘A última estrofe”, “Lábios que beijei”, “Carinhoso”, “Rosa”, “Abre a janela”, “A jardineira”, “Meu consolo é você”, recebendo do locutor esportivo Oduvaldo Cozzi o apelido de “cantor das multidões”, após o retumbante êxito de sua primeira apresentação em São Paulo, em janeiro de 1938. Um fenômeno de popularidade como poucos. Gravou também na Odeon, na Copacabana e na Mocambo, voltando definitivamente à RCA Victor em 1960. Morreu em 7 de agosto de 1978, em seu Rio natal, vitimado por uma trombose.
Para esta edição do GRB, foram selecionadas gravações de Orlando na Odeon, na Victor e na Copacabana. Da Copacabana temos: do disco 5067, lançado em maio-junho de 1953, os dois lados: no lado A, faixa 8 de nossa sequência, matriz M-392, o samba-canção “Meu lampião”, de Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho e, no verso, matriz M-393 e faixa 7 de nossa sequência, o samba “Escravo do amor”, de J. Cascata, Leonel Azevedo (autores dos clássicos “Lábios que beijei” e “Juramento falso”, também gravados por Orlando) e Lilinha Fernandes. Ainda dessa marca, o lado B do disco 099, lançado em agosto de 1952 e faixa 9 de nossa sequência, apresentando o choro cantado “Moreninha”, de autoria do descobridor de Orlando, Bororó (de quem o cantor também gravou o hit “Curare”, em 1940). A faixa 10, da primeira fase de Orlando na Victor, tem outro choro cantado: “Mentirosa”, de Custódio Mesquita e Mário Lago, gravado em 9 de junho de 1941 e lançado em agosto seguinte, disco 34783-B, matriz S-052240. Por fim, apresentamos, da Odeon, a canção-marcha “A carta”, de Custódio Mesquita, que é, como o nome indica, uma carta escrita por um expedicionário da FEB, então lutando na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, a sua mãe no Brasil. Gravação de 21 de julho de 1944, lançada em setembro seguinte com o número 12487, ocupando os dois lados do disco, matrizes 7613 e 7614.
As 6 primeiras faixas desta nossa edição foram destinadas a Nélson Gonçalves, nome artístico de Antônio Gonçalves. O “gogó de ouro” nasceu na cidade gaúcha de Santana do Livramento, em 25 de junho de 1919, filho dos portugueses Manoel e Libânia, que ganhavam a vida vendendo cortes de tecidos a domicílio, de porta em porta. Era o irmão mais velho de Joaquim, o Quincas, que também seria cantor, gravando alguns discos de fados lusitanos. Conforme documentos disponíveis, a família mudou-se para São Paulo em 1926, morando primeiro no Canindé, e depois fixando-se no Brás. Ali Nélson e o irmão começaram a estudar, no Liceu Eduardo Prado. Para reforço da economia familiar, “seu” Manoel levava os filhos para cantar nas feiras livres, em cima de caixotes, acompanhando-os ao violão. Nélson (para a família apenas Nico) , apesar de ser gago (ou “taquilárico”), cantava com dicção normal, desenvolvendo seus dotes em bares, restaurantes, festas e rodas de amigos. Logo ele iria conhecer momentos de trabalho duro: primeiro como operário numa fábrica de tamancos e depois como polidor de metais na Wolff, atividades de fato insalubres, chegando até a praticar pugilismo amador. Em 1937, numa festa de casamento no Brás, é ouvido pela cantora Sônia Carvalho, que deixara a carreira para se casar, e, encantada, deu-lhe o nome artístico que o eternizou: Nélson Gonçalves. Sônia deu-lhe aulas de canto em sua casa por cerca de 4 meses, e o levou para um teste na Rádio São Paulo, PRA-5 (“a voz amiga”), então dirigida pelo maestro Gabriel Migliori, sendo aprovado e contratado, pedindo dispensa da Wolff. Em um período que ficou afastado do rádio, Nélson foi garçom no bar do irmão Quincas, na Avenida São João e, em 1940, cantou em programas da PRE-4, Rádio Cultura (“a voz do espaço”), com auditório na mesma avenida. Em 1941, vai ao Rio de Janeiro tentar a sorte em programas de calouros, sendo várias vezes reprovado. Dois meses mais tarde, volta ao Rio, agora com um acetato gravado na Rádio Record, onde cantava a valsa “Se eu pudesse um dia” e a canção “Os anos carregaram”, ambas de Orlando Monello e Oswaldo França, aprovado pelo diretor da Cássio Muniz, então representante da RCA Victor em São Paulo. Nélson vai até à gravadora apresentar o acetato para o diretor artístico Vittório Lattari, que o ouve mas não acredita ser ele o cantor, e que ele tinha “roubado” essa prova de alguém, dada sua gagueira. Com o ambiente pesado, Nélson só volta para pegar o acetato de volta no dia seguinte, e para sua sorte lá estava o compositor e flautista Benedito Lacerda, que resolve tirar a prova acompanhando Nélson com seu regional. Provado que o cantor era ele mesmo, e com a profecia de Benedito (“esse vai ser o maior cantor do Brasil!”), Nélson Gonçalves é finalmente contratado pela RCA Victor, que seria sua primeira, única e última gravadora. Sua primeira sessão de gravação acontece em 4 de agosto de 1941, com as músicas “Se eu pudesse um dia”, “Sinto-me bem” (primeiro disco), “Formosa mulher” e “A mulher dos sonhos meus” (segundo disco). Em quase 60 anos de atividade, Nélson gravaria 869 músicas, e seria um dos maiores vendedores de discos da RCA Victor em todo o mundo: mais de 50 milhões de cópias! Apresentou-se também nos EUA, mais precisamente em Nova York, no Radio City Music Hall, em novembro de 1960. Entre seus maiores sucessos estão: “Quem mente perde a razão”, “Deusa do Maracanã”, “Maria Betânia”, “Normalista”, “A volta do boêmio” (certamente o maior de todos), “Deusa do asfalto”, “Escultura”, “Fica comigo esta noite” e muitos, muitos mais. O envolvimento com cocaína prejudicou em muito sua carreira, mas ele conseguiu se recuperar do vício após um tratamento de choque no qual ficou quatro meses enclausurado em seu quarto (até batia na mulher!). Seu último trabalho em disco foi o CD “Ainda é cedo”, uma homenagem a cantores e compositores de nossa música pop surgidos nos anos 1980, lançado em 1997. Nélson morreria em 18 de abril do ano seguinte, 1998, no Rio de Janeiro, e vários episódios de sua vida e carreira só se esclareceram com a publicação, em 2002, do livro “A revolta do boêmio – A vida de Nélson Gonçalves”, escrito por Marco Aurélio Barroso.
Nesta edição do GRB, temos seis gravações de Nélson Gonçalves, todas, claro, pela RCA Victor: “Primeira mulher”, de Kid Pepe e Theo Magalhães, gravado em 30 de maio de 1944 e lançado em agosto seguinte (80-0198-B, matriz S-052969), “Ciúme”, de Nóbrega de Macedo e José Batista, gravação de 4 de março de 1947 lançada em maio seguinte (80-0511-A, matriz S-078729), “Dona Rosa”, nostálgico e divertido dueto com Isaura Garcia, de autoria dos irmãos Aloysio e Armando Silva Araújo, gravação de 21 de novembro de 1946, lançada em março de 47 (80-0493-B, matriz S-078644), sendo as três músicas sambas. Depois, vem a canção “Os anos carregaram”, de Oswaldo França e Orlando Monello, que Nélson gravou em seu acetato de apresentação e registraria comercialmente em 13 de janeiro de 1942 com lançamento em seu quinto disco, em maio seguinte, com o número 34879-A, matriz S-052452. Para encerrar, mais dois sambas: “Seus olhos na canção”, de Marino Pinto e Waldemar Gomes, gravação de 29 de janeiro de 1946 lançada em maio seguinte (80-0400-A, matriz S-078427) e “Ela me beijou”, de Herivelto Martins e Artur Costa, gravado em 10 de agosto de 1944 e lançado em outubro seguinte sob número 80-0218-B, matriz S-078033. Desta gravação participa o Trio de Ouro original (Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas), não creditado no selo certamente por serem então contratados da Odeon.
Enfim, dois cantores inesquecíveis, de vozes privilegiadas, que o GRB agora oferece para os amigos cultos, ocultos e associados do TM. Ouçam e recordem!
* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO
Orlando Silva – Serenata (1957)
Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Aqui estamos já numa quarta feira. Como a semana passou de pressa! Acho que tenho andado no automático, só pode… Eu havia preparado uma outra postagem para o dia de hoje, mas acabei esquecendo o ‘pendrive’ espetado no outro computador. Daí fui obrigado a puxar um outro dos meus sempre prontos, ‘discos de gaveta’. No final estou achando que a emenda ficou melhor que o soneto. Ouvindo aqui agora o Orlando Silva, acho que esta foi mesmo a melhor pedida.
Temos aqui ‘o cantor das multidões’ neste belo álbum lançado pela Odeon em 1957. Trata-se de um disco onde a gravadora e o cantor procuram prestar uma homenagem ao compositor carioca Freire Junior, um ano após a sua morte. Freire Junior é o autor de músicas como “Malandrinha”, “Luar de Paquetá” e “Olhos Japoneses”. Francisco José Freire Junior era também um pianista, sendo considerado um dos mais importantes autores do teatro de revistas.
“Serenata” é verdadeiramente um álbum muito bonito. Não bastasse um grande cantor, o que me chama também muita atenção são os arranjos… uma maravilha. Gostaria de saber de quem são… Confiram comigo…
Orlando Silva – Pixinguinha E Sua Orquestra Diabos Do Céu (1985)
Boa tarde amigos cultos e ocultos! Eu não me esqueci das últimas solicitações de alguns de vocês. Não se preocupem, pois assim que eu tiver um tempinho (o que não vai demorar), atenderei a todos, ok? Infelizmente, nesses últimos dias andei meio agarrado de serviço, mas na semana que vem, acho, vai dar uma aliviada.
Apesar da correria, não deixo a peteca cair. Mantendo sempre a tradição, aqui vai mais uma inédita raridade, Orlando Silva e Pixinguinha, em gravações raríssimas, lançadas em 33 rpm pela primeira vez em 1985. São registros da década de 30, de Orlando Silva acompanhado na maioria das vezes pela Orquestra Diabos do Céu, de Pixinguinha. Registros que até então nunca chegaram a ser relançados. Por iniciativa da Rádio América de Belo Horizonte e produtores associados, um grupo de fãs, colecionadores e radialistas resgataram essas músicas, lançando-as em uma produção quase independente e de tiragem limitada. Mesmo após esse ‘relançamento’ essas gravações ainda continuam raras. Tenho quase a certeza de que nunca mais vieram a ser ‘tocadas’, relançadas em formato cd. Só mesmo aqui, num blog como o Toque Musical, isso poderia acontecer. Não deixem de conferir 😉
primeira mulher
céu moreno
não foi por amor
cancioneiro
tenho amizade a você
quem pela vida passou
cidade do arranha céu
amar uma mulher
mulher fingida
dom quizote
ponto de interrogação
Coletânea Bolachão (2011)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! O dia hoje foi longo e bastante atarefado, mas ainda assim cheguei a tempo de marcar o ponto. Como hoje é (ainda) dia de coletânea, aqui vai uma seleção extraída de gravações das décadas de 20, 30 e 40. Esta coletânea já estava pronta há algum tempo atrás. Ficou na reserva, mas acabou sendo aproveitada hoje por já estar prontinha para a publicação.
Como podemos ver na lista a baixo, temos aqui um time variado de artistas em gravações raras, reunidas em 26 músicas, que equivalem à 13 bolachas de 78 rpm, que juntas dão um bolachão.
Desculpem, mas amanhã (hoje) vai ser um dia duro. É domingo de Páscoa, mas eu vou trabalhar. Trabalho bom, com certeza, senão eu não estaria nessa… Boa Páscoa a todos!
Noel Rosa – RCA Camden (1967)
Bom dia! Hoje eu acordei com vontade de ouvir músicas de Noel Rosa. Já faz um bom tempo que não escuto nada dele, desde a semana passada 🙂 Vou colocando para fora (no bom sentido, claro) alguns álbuns que ficaram lá no fundão da gaveta, esperando uma hora, assim como essa, em que eu estou mais corrido e automatizado que o Charles Chaplin em “Tempos Modernos”. Hoje eu juntei a fome com a vontade de comer. Então vamos saborear…
Temos aqui um álbum lançado em 1967, pelo selo RCA Camden. Segundo o texto da contracapa, ‘associado às comemorações do 30º aniversário da morte de Noel Rosa…’. Sinceramente, eu preferia dizer ‘relembrando’, pois ‘comemoração’ sempre me soou mais como uma situação alegria, e em ‘aniversário da morte’ fica então como um trocadilho infame. Mas quem sou para corrigir o proposto. Tomo isso apenas como uma observação curiosa. O importante é que temos aqui uma seleção bem bacana, já conhecida por todos. Uuma coleção musical extraída de antigos discos e gravações da RCA Victor, com alguns dos seus mais importantes artistas, como se pode ver na capa ou logo a baixo na lista das faixas. Possivelmente, acho que quase todas essas gravações podem ser encontradas em outros discos postados aqui. Mas uma coletaneazinha sempre caí bem , não é mesmo. Por tanto, vamos a ela…
Coletânea Do Lindenor – Hipopótamo Zeno (2007)
2 – Camisola do Dia, ouvida em primeira mão uns seis meses antes de ser gravada, com o próprio Nelson Gonçalves no Clube Recreativo Iguatuense.
3 – Aqueles Olhos Verdes, boleraço com o Trio Irakitan.
4 – You’ll Never Know, com o invejadíssimo Dick Haymes – pela voz e por ter sido marido da Rita Hayworth.
5 – September Song e 6 – Days of Wine and Roses, com o preferido acima de todos Frank Sinatra.
7 – Basin Street Blues, com a preferida acima de todas Ella Fitzgerald.
8 – Canção da Mulher Amada, do único disco do rádio-ator Roberto Faissal, acompanhado pelo Evaldo Gouveia.
9 – Eu e o Rio, com o Miltinho acompanhado apenas pelo violão do Baden Powell.
10 – Canção de Amor, da paixão da vida toda, Elizeth Cardoso.
11 – Go Down Moses, com o Louis Armstrong largando o hot jazz e caindo de cabeça em hinos religiosos.
12 – Devagar Com a Louça, com Os Cariocas, dando roupa nova aos sambas da antiga.
13 – Desafinado, com o Tamba Trio entortando mais ainda a bossa nova.
14 – Saudade do Brazil, pela beleza atemporal da música de Tom Jobim.
Orlando Silva – Olhos Magos E Outros Clássicos (2010)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos em mais uma ‘sexta independente’. A semana passou tão rápida que não deu nem tempo para eu programar a postagem de hoje. Ainda bem que eu sempre tenho à mão aqueles meus famosos ‘álbuns de gaveta’, prontos para as eventualidades. Tinha, inclusive, diferentes opções de artista e discos independentes, mas optei por essa coletânea do Orlando Silva para manter o clima da semana.
Aproveito, inclusive, o momento para informar aos artistas independentes que enviaram material para ser divulgado no Toque Musical, que seus discos irão entrando conforme a temática da semana. Ainda quero fazer aqui uma semana inteira (ou mais) dedicada ao disco e artista independente. Há cada coisas que vocês nem imaginam, mas sempre interessantes e de qualidade (ou no mínimo curiosas). Vamos ver…
Segue então na postagem de hoje uma coletânea de Orlando Silva, que não é exatamente um álbum independente, mas sim uma produção amadora, com capinha e lista das músicas, que me foi enviada como uma colaboração, pelo amigo culto José Carlos Martins. Na coletânea temos 24 músicas interpretadas por Orlando Silva, extraídas de seus diversos discos de 78 rpm lançados na década de 40 pela Odeon. São gravações raras, remasterizadas e relativamente em ótimas condições. Tenho certeza que vocês irão gostar 😉
Orlando Silva – Uma Lágrima, Uma Dor, Uma Saudade (1989)
Olá amigos cultos e ocultos! Eu ainda não tive tempo de arrumar toda a casa, algumas postagens continuam com seus respectivos ‘toques’ desatualizados. Por isso, peço aos interessados que tenham um pouco de paciência, faremos tudo gradativamente, ok?
Hoje, sexta feira, é dia de disco/artista independente e também véspera do aniversário do nosso blog Toque Musical. Pode até parecer uma chatice essa de ficar o tempo todo lembrando o aniversário do blog, mas aqui o negócio foi sempre assim, eu naturalmente sou assim. Adoro anunciar a felicidade, a vitória e o sucesso. Até aqui temos ido muito bem. Alguns tropeços, algumas falhas, alguns desencantos… mas vamos resistindo. O Toque Musical cresce a olhos vistos e diariamente. E se ele chegou até aqui, foi graças à participação e incentivo de vocês. São nos comentários, nos e-mails e mensagens, são também pelos amigos seguidores registrados, que este encontro diário continua acontecendo. Se não houvesse o tal ‘feed back’ eu já não estaria mais aqui. Obrigado a todos pela participação 🙂
Mas voltando à sexta independente, hoje e especialmente, estou trazendo um disco muito raro do “Cantor das Multidões”, Orlando Silva. Este álbum me foi enviado como uma colaboração, por um de nossos amigos cultos, o Sr. José Carlos Martins. Ele foi o produtor e um dos responsáveis pelo lançamento do lp em 1989. Segundo ele, o disco teve uma tiragem muito pequena e foi distribuído entre os fãs do cantor. Em seu texto, na contracapa, ele nos fala do repertório selecionado, onde constam oito músicas da fase áurea do artista na RCA Victor, até então inéditas em lp. A canção “Despacho”, samba inacabado de Ary Barroso, foi gravado particularmente para o Laboratório Fandorine que a utilizava nos programas em que patrocinava apresentações do cantor. As palavras omitidas na música pelo Orlando Silva se constituíam em um desafio para que os ouvintes as adivinhassem. Esta música nunca chegou a ser gravada e ouvida novamente. Outra música de destaque é a famosa marcha de carnaval “A jardineira”, gravada por Orlando em 1938. Na ocasião, ele gravou a música por três vezes. Todas foram editadas, porém somente duas foram usadas. A gravação que temos aqui é justamente a que não foi publicada. O nosso colaborador teve também a generosidade de incluir no arquivo a letra original e completa do samba “Despacho”, de Ary Barroso. Isso é que é um presentão de aniversário, né não? E eu o compartilho com vocês 🙂
Velhos Sambas, Velhos Bambas (1985)
Olá amigos cultos e ocultos! Vocês não podem imaginar, recuperei o meu carro! Após haver passado quase 70 horas, recebi um telefonema da Polícia Militar avisando que o haviam encontrado. Corri imediatamente para o local. O carro foi abandonado em um bairro afastado de classe média alta, longe de favelas ou oficinas de desmanche, o que nos levou a acreditar que o ladrão o pegou apenas para dar umas voltas. Só sei que nessas voltas, me levou tudo que havia dentro do carro. Levaram o meu Ray Ban original, uma blusa daquelas que a gente adora, meu IPod com a coleção completa da série História da Música Popular Brasileira e uma pasta com alguns cheques e documentos. Fora isso, levaram também os quatro pneus, o estepe e ferramentas. Bacana…, me deixaram o carro todo depenado. Mesmo assim, fiquei mais feliz ao reencontrá-lo do que quando eu o comprei. Passei o dia de ontem e hoje recuperando um pouco os estragos. Pelo menos agora não fico a pé. Vou aproveitar meus dias de férias e dar uma boa recuperada nesse carro, que cada vez me convenço mais ter nascido para ser meu 🙂 Quero mais uma vez agradecer a todos o apoio e o carinho. Tenho certeza que meu carro apareceu graças à soma de todos esses pensamentos positivos. Muito obrigado! Os outros problemas permanecem e até se agravam, mas há momentos em que quando não se é possível remediar, remediado está. Portanto, apenas rezo e observo. Viver é sofrer. A felicidade é um estado imaginário.
Como eu fiquei ontem sem postar o disco do dia e este deveria ser um álbum/artista independente, farei hoje uma postagem especial. Temos aqui um álbum triplo independente, lançado pela FENAB – Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil. A FENAB vinha desde 1979 produzindo discos como este, os quais eram oferecidos aos seus parceiros e associados. O grande barato desses discos é a edição de material inédito e raro, coisa que não se encontra facilmente por aí. No caso de “Velhos sambas, velhos bambas”, encontramos em seus três lps dois momentos distintos. Fonogramas raros e inéditos datados a partir de 1919 e regravações feitas em 1985, reunindo um destacado grupo de artistas e músicos. Como intérpretes temos Violeta Cavalcante, Roberto Paiva, Ademilde Fonseca, Roberto Silva, Zezé Gonzaga e Gilberto Milfont. Para acompanhar essa turma temos o Conjunto Época de Ouro, o Quarteto de Cordas da UFRJ, Altamiro Carrilho, Déo Rian, Orlando Silveira, Zé Bodega, Wilson das Neves e mais uma dezena de outros músicos talentosos, que poderão ser conferidos no encarte que vem anexo. É sem dúvida, um álbum especial e imperdível. Não deixem de conferir…
Filigranas Musicais Volume XI – Carnaval da RCA (1988)
Olá! Como vocês podem ver, meu desejo de postar aqui alguns gaitistas teve que ser adiado Problemas, problemas, problemas… Como se já não bastasse o caso do meu HD, que aos poucos eu vou recuperando, agora veio mais uma merda. Como diz o pessimista, nunca está tão ruim que não possa ficar pior. Bela merda esse domingo! Não é atoa que nesse dia eu tenho a tendência de ficar deprimido. E hoje a bruxa está solta para o meu lado. Eu nem me arrisco a botar o pé para fora de casa. Hoje tá foda! Perdi a hora ao acordar, atrasado para um compromisso familiar, deixei a turma toda p… da vida. Perdi a hora e o almoço combinado. Na minha rua, a Cemig, estava fazendo um serviço de manutenção da rede elétrica, estávamos sem energia. Daí resolvi sair de bicicleta, dar umas voltas e espantar o mau humor. Longe de casa, já a uns cinco quilometros, o pneu furou. Não havia nas imediações nenhum borracheiro. Voltei, parei em um posto de gasolina e tentei enchê-lo para pelo menos não voltar carregando a bike. Não adiantou muita coisa, o pneu estava rasgado. Isso nunca aconteceu comigo. Voltei zangado, cheguei mais que suado, cansado. Nessa altura a luz já havia voltado, o que me poupou ter que subir cinco andares de escadas carregando a ‘magrela’. Tomei um banho, tomei um café e fui então preparar a postagem do dia. Foi aí que eu me lembrei que havia esquecido o computador ligado desde a noite anterior. Me dei mal… acho que como a manutenção da rede, uma sobrecarga talvez ao voltar, detonou alguma coisa nele. O fato é que não consegui fazer o computador funcionar. Ele liga, mas não abre. Fica apenas tentando acessar o ‘RWindows’. Tentei de tudo, passei o dia todo tentando resolver e nada… PQP!!! É hoje! Diante a merda, só me restou ligar o computador do meu filhote, aproveitando que ele não está por perto. Pensei em não fazer nenhuma postagem hoje, aliás eu não estou como o menor pique. Perdi mesmo o tesão.
Porém, já que tenho alguns ‘discos de gaveta’, para não perder também o dia, resolvi usar um deles. Escolhi entre as poucas opções este disco da série “Filigranas Musicais”. Embora a capa nos faça entender que seriam composições de Lamartine Babo e Haroldo Lobo, percebemos logo que a coisa não é bem assim. Na verdade o disco (pelo selo) chama-se “Carnaval da RCA” e nele estão reunidos diversos temas carnavalescos das décadas de 30 e 40. Necessariamente não são só músicas de autoria de Lalá e Haroldo. Confesso que eu não entendi qual era a razão de termos os dois estampados na capa. Mas tudo bem, não deixa de ser um disco bacana, que atende aos desejos daqueles que haviam me pedido discos da carnaval. Taí, caiam na folia… eu vou me guardando para fevereiro. Amanhã eu levo o computador para o conserto. Tomara que não seja nada sério. Eu já havia preparado alguns discos de gaitistas, mas até segunda ordem, ficaremos na gaveta. Torçam por mim, torçam por nós.
Orlando Silva – Funart (1985)
Orlando Silva – Orlando Silva, Hoje (1973)
Muito bem… vocês devem ter notado que as postagens estão com um pequeno atraso. Isto se deve a uma série de problemas aqui pelos meus lados. Falta de energia elétrica, falta de ânimo, falta de humor e principalmente falta de tempo. Comecei esta postagem hoje a tardinha, mas só agora estou tendo tempo para terminá-la. Acho que agora vamos regularizar…
Taí um álbum muito esperado, “Orlando Silva, Hoje”. Este disco, gravado em 1973 traz o “Cantor das Multidões”, já em fim de carreira, interpretando pela primeira vez compositores contemporâneos. Nomes como Taiguara, Caetano Veloso, Giberto Gil, Edu Lobo, Antonio Carlos & Jocafi, entre outros, formam o repertório deste disco singular na carreira de Orlando Silva. Curiosamente, entre seus discos, inclusive os mais antigos, este se tornou um dos mais procurados. Talvez por ter sido seu último álbum em vida. Fala-se muito no processo degenerativo de sua voz, devido ao álcool e a morfina. Mas, cá prá nós, seja ontem ou seja hoje, Orlando Silva foi sempre um grande cantor e intérprete. Este disco é uma prova de suas qualidades, mesmo já bem debilitado. Pessoalmente, acho o álbum nota 10! Confiram…