Como eu havia dito anteriormente, ainda temos os bônus. O baile ainda não acabou, vejam vocês… Procurando algumas informações complementares sobre a Orquestra Continental de Jaú, fui descobrir que os dois discos gravados naquela época foram relançados em formato digital, numa coletânea publicada em cd em 1996.
A mais famosa orquestra de danças do interior paulista apresentou-se em quase todos os clubes, estâncias hidrominerais e hotéis importantes, nos seus principais bailes de gala – formaturas, coroação de misses, desfiles de moda, comemorações e aniversários de cidades. O som da Orquestra Continental de Jaú, época romântica nos “anos dourados”, inspirou muitos casamentos. Era conjunto moderno, formado por 19 músicos-professores, instituído pelo sistema de cooperativa, onde cada componente era sócio, como as existentes nos Estados Unidos. Teve como exemplos as orquestras dos saudosos Glenn Miller, Tommy Dorsey e as de Ray Anthony, Les Brown, Les Elgart. Os equipamentos, de poucos recursos técnicos, e até o ônibus pertenciam ao grupo. Os críticos especializados exaltavam como uma das melhores, mais bem organizadas e duradouras (26 anos) orquestras do Brasil. Em 1956, atingiu o auge da atividade ao abrilhantar 110 bailes. Entre dezembro daquele ano e janeiro de 1957, bateu o próprio recorde abrilhantando 34 bailes de formatura, quando executou cerca de 250 músicas por noite. Os contratos desses bailes eram firmados com antecedência de até um ano. A Orquestra apresentou-se em mais de 300 cidades de seis estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Ganhando fama, a Continental participou de shows nos programas das rádios Nacional (na época, a catedral da música popular brasileira) e Mayrink Veiga (Rio), na TV Tupi (Rio e SP) e boates. Suas gravações fizeram muito sucesso no Brasil e no exterior. Em diversas cidades, cantores famosos na época foram acompanhados pela Orquestra Continental de Jaú, tais como: Jamelão, Lúcio Alves, Elza Soares, Maysa, Ivon Cury, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Dóris Monteiro, Miltinho, Marta Mendonça, Anízio Silva, Francisco Alves, Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Hebe Camargo, Inezita Barroso, Marlene, Blecaute e os internacionais Gregório Barrios, Pedro Savedra, Lolita Rios, Lilian Roy e Chiquito. Em duas décadas de existência, dezenas de músicos profissionais tocaram na orquestra. Destacamos os componentes que participaram das gravações no Rio de Janeiro. Saxofones: Domingos, Joaquim, João, Milton e Romeu. Trompetes: Carmelo, Luiz, Danilo e Ariovaldo (Tite). Trombones: João, Jesus e Firmo. Tuba: João Antonio. Piano: Charles. Violão: Alceu e Lima. Guitarra havaiana: José Lima. Contrabaixo: Giácomo. Bateria e bongô: Geraldo e Rubens.
Regência: maestro e “crooner” Antonio Waldomiro de Oliveira, que, pelo idealismo, perseverança e destacada atuação nos movimentos musicais da cidade, foi responsável por mais esse trabalho. Supervisionou todos os passos da produção e financiou com recursos próprios a edição deste CD, lançado no final do semestre de 1996.