Nonato Luiz – Terra (1980)

O Toque Musical põe hoje em foco um dos melhores violonistas contemporâneos, aplaudido no Brasil e no exterior. Estamos falando de Raimundo Nonato de Oliveira Luiz, ou simplesmente Nonato Luiz. Também compositor e arranjador, ele veio ao mundo na cidade de Lavras da Mangabeira, interior do Ceará, no dia 3 de agosto de 1952. Aos três anos de idade, começou a tocar cavaquinho. Estudou no Conservatório de Fortaleza e, aos 15 anos, já era violinista da Orquestra Sinfônica da capital cearense. Em seguida, optou definitivamente pelo violão como seu instrumento. Aos 21 anos, foi estudar na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, com Turíbio Santos, entre outros professores.  Em 1975, Nonato venceu o Concurso para Violonistas da extinta TV Tupi de São Paulo. Na mesma época, concluiu cursos de corpo coral e violão clássico, além de participar dos festivais de inverno de Campos do Jordão (SP). Em 1978, radicou-se definitivamente no Rio de Janeiro, e excursionou pelo Brasil com o concertistaDarcy Villa Verde. Seu repertório é bastante eclético, contemplando desde valsas, choros , minuetos e prelúdios até blues e flamenco, além dos gêneros tipicamente nordestinos, como baiões, xotes e frevos. Excursionou por diversos países nas décadas de 1980/90, e tem em sua discografia mais de 30 álbuns, gravados no Brasil e no exterior (o mais recente é “Natal feliz com Nonato Luiz”, lançado em 2014). Foi também contemplado com vários prêmios, entre eles o Prêmio Sharp de Música, pela canção “Baião da rua”, que fez em parceria com Fausto Nilo. Suas composições mereceram a publicação de um livro de partituras, “Suíte sexta em ré para guitarra”, editado em Paris. Pois hoje, o TM apresenta, para seus amigos cultos e ocultos, o pontapé inicial da trajetória fonográfica de Nonato Luiz. É o álbum “Terra”, lançado em 1980 pela CBS (selo Epic), e com o qual ele foi revelado ao grande público. Gravado no Rio de Janeiro, com direção artística e de produção de Fagner, e produção executiva de Cacá Moreno, o disco é primoroso, e ainda conta com as participações especiais de João Nonato, Bimba e do próprio Fagner, que ainda assina o pequeno texto de contracapa. São doze faixas, quase todas de autoria do próprio Nonato, sozinho ou com parceiros, e incluindo um arranjo dele para “Muié rendeira”, tema folclórico nordestino. Tudo isso em um disco precioso, em que Nonato Luiz já mostra a que veio, documentando o promissor início de carreira deste notável violonista, sempre sinônimo de alta qualidade musical.

terra
quatro prantos
mosaico
mulher rendeira
minueto em sol maior
micheline
interlúdio
choro acadêmico
contemplação
mourisca
tudo ou nada
reflexões nordestinas

*Texto de Samuel Machado Filho

Nonato Luiz & Pedro Soler – Diálogo (1982)

Bom tarde, amigos cultos e ocultos! Nossa semana está maravilhosamente instrumental e agradando à gregos e também aos troianos. É bom saber que o Toque Musical tem se tornado um espaço de consulta importante, de relevância cultural mesmo na contramão da confusa ‘legalidade’ que vivemos nesses tempos. Sei também que o TM, assim como muitos outros blogs, sobrevive na condição de ‘tolerância vigiada’. Por certo, os patrulheiros cibernéticos estão de olhos bem abertos, não apenas para tentarem coibir ações, mas também para tirarem proveitos da situação. Blogs como o Toque Musical tem servido de ‘termômetro’ para muitos produtores e editoras, que percebendo o interesse do público, procuram reinventar ‘o produto’. Estão fabricando biscoito de araruta e vendendo como ‘cookies’. O foda é que em alguns casos, a gente leva para casa o mesmo produto encontrado nos blogs (as vezes até com uma qualidade inferior). Bom, mas pelo menos tem uma vantagem… (eu só não descobri ainda se é para quem compra ou para quem vende. Acho que é mais para quem produz).
Putz, nem sei porque eu estou tocando nesse assunto… acho que perdi o gancho (o gancho e o tapa olho, hehehe…)
Vamos ao disco do dia. Continuando com os mestres do instrumental, tenho aqui o violonista cearense Nonato Luiz numa dobradinha com o guitarrista flamenco Pedro Soler. O lp é um registro gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles, do Rio de Janeiro, em junho de 1982. De um lado temos o brasileiro e do outro o espanhol (ou catalão? sei não). Na época os dois instrumentistas faziam uma turnê pela Europa. Um trabalho que procurava mostrar as afinidades sonoras entre a música flamenca e a nordestina. Ao final das apresentações europeias eles vieram mostrar também no Brasil esse show.
Este é um disco que embora eu já conhecesse, nunca o ouvi com a devida atenção. Foi só agora, preparando o toque musical que pude percebe-lo na íntegra. Estranhei o fato de que o número das músicas não corresponde aos das faixas. Como não conhecia bem todas as músicas, ficou difícil entender quem é quem. Pelo que eu pude entender, em algumas faixas contam mais de uma música. Fiz então a denominação conforme me parecia a lógica. Como sei que pode haver erros, decidi incluir também no arquivo a digitalização bruta, por inteiro. Daí, aqueles que sabem poderão separar corretamente as faixas. O importante é que está tudo aqui. Disco bonito, músicos excepcionais! Confiram…

malagueñas – pedro soler
granaina – pedro soler
nana – pedro soler
seguirias – pedro soler
qui nem giló
viola violada
dança do ventre
quatro prantos
reflexões nordestinas
o sonho