Roberto Faissal – Canção Da Mulher Amada (1961)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo um disquinho aqui que tem a minha idade e somente hoje é que eu vim a conhecê-lo, ou melhor dizendo, ouví-lo. Eu sempre achei que fosse este um disco de poesia, pois pelo pouco que sei, Roberto Faissal era um rádio-ator da Rádio Nacional. Nunca tive a curiosidade nem de ler a contracapa, embora o álbum já tivesse passado pelas minhas mãos várias vezes. Pois é, mas tudo tem seu tempo e sua hora. Eis que chegou a vez…
Este lp foi lançado em 1961 pela Columbia. Um disco diferente até então. Mal recebido pela crítica, que não pôs muita fé no ator como cantor. Segundo uma nota do jornal carioca A Noite, Roberto Faissal forçava muito a voz nos tons graves ‘sem ter o necessário preparo técnico para tanto’. Mas, distante há mais de meio século, ouvindo hoje eu não tenho essa impressão. Acho mesmo diferente, principalmente porque se trata de uma gravação fora dos padrões da época. Um disco gravado apenas por voz e violão. Coisa que só se ouvia e à maneira da turma da Bossa Nova. Eis aí a ‘canção’ como um estilo. “Canção da mulher amada” é um disco bacana, romântico e sensível. Traz em seu repertório composições muito boas de Roberto Faissal, que surpreende como compositor. Há também canções de autoria de Luiz Antonio, Antonio Maria, da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Este último também é figura importante no disco. É Evaldo Gouveia quem acompanha, ao violão, o cantor.

canção da mulher amada
canção pra saudade ir embora
cantiga de quem está só
canção de onde vem a saudade
canção de eu e tu
canção do amor que volta
canção do amor que lhe dou
canção pra ninar gente grande
canção da rosa que te dou
canção do amor que não vai
canção da procura de mim
canção do que não pode esquecer
.

 

Coletânea Do Lindenor – Hipopótamo Zeno (2007)

Muito bom dia a todos, amigos cultos e ocultos. Infelizmente, para alguns ocultos (metidos a cultos), o dia vai ser babando e roncando na cama (e sozinho), recompensando a noite amarga que passaram como raposas desprezando as uvas. É foda, a inveja é mesmo uma merda! Por certo, não há desculpas para erros, pelo menos para aqueles que conseguem ver uma espinha no rosto na Gisele Bundchen. Depois que inventaram um corretor automático de textos, tem nêgo aí se achando… Eu, não tenho nem como negar, sou um analfabeto buscando aprender a escrever. Mas nessa ‘escolinha’, que mais parece a do professor Raimundo Canabrava (digo, Canavieira), o que tem de aluno ‘colando’ os meus exercícios, não é pouco. Outros, invejando o meu progresso, vão jogando pedras. Mas fazem isso de maneira covarde, ocultos em seus anonimatos. Fazem críticas dessa natureza porque não sabem nada além da espinha na Gisele Bundchen. Mesmo sendo ‘crititica’, não deixam de estar me prestando um favor. Vão aí apontando os meus erros, que eu de cá irei corrigindo. No final, quem fica mesmo ‘bem na fita’ sou eu 😉
Mas, mudando de pau para cacete (ou vice versa), eu quero mesmo é chocolate! Levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima…
Hoje, nosso encontro é com as coletâneas e convidados. Como eu já havia informado anteriormente, os sábados por aqui (até segunda ordem) passaram a ser dedicados às coletâneas, minhas e dos meus convidados. Estou, aos poucos, convidando os parceiros de blogs musicais para nos brindarem com suas seleções. Acho essa ideia bem legal, pois abre um diálogo maior com os colegas, uma forma de interação do grupo e compartilhamento das nossas afinidades. Se você, amigo blogueiro, ainda não recebeu o meu convite, aguarde… eu chego já 😉
Estou trazendo para vocês uma seleção musical feita pelo amigo DJ Mandacarú, do site Hipopótamo Zeno. Ao convidá-lo, por sorte, de imediato ele já tinha uma coletânea prontinha, que fez em homenagem ao seu   falecido pai. Ele até já a havia postado no HZ e fez muito sucesso. Pelas circunstâncias e mais ainda pelo repertório, bem ao gosto do Toque Musical, eu não tive a menor dúvida. Tomei a liberdade de criar essa capinha, usando o nome do Seu Lindenor. É esta mesma a postagem do dia. Reproduzo a baixo a lista das músicas relacionadas conforme a maneira bem original feita pelo nosso amigo. 
1 – Coqueiro Velho, mega sucesso de Orlando Silva em 1940.
2 – Camisola do Dia, ouvida em primeira mão uns seis meses antes de ser gravada, com o próprio Nelson Gonçalves no Clube Recreativo Iguatuense.
3 – Aqueles Olhos Verdes, boleraço com o Trio Irakitan.
4 – You’ll Never Know, com o invejadíssimo Dick Haymes – pela voz e por ter sido marido da Rita Hayworth.
5 – September Song e 6 – Days of Wine and Roses, com o preferido acima de todos Frank Sinatra.
7 – Basin Street Blues, com a preferida acima de todas Ella Fitzgerald.
8 – Canção da Mulher Amada, do único disco do rádio-ator Roberto Faissal, acompanhado pelo Evaldo Gouveia.
9 – Eu e o Rio, com o Miltinho acompanhado apenas pelo violão do Baden Powell.
10 – Canção de Amor, da paixão da vida toda, Elizeth Cardoso.
11 – Go Down Moses, com o Louis Armstrong largando o hot jazz e caindo de cabeça em hinos religiosos.
12 – Devagar Com a Louça, com Os Cariocas, dando roupa nova aos sambas da antiga.
13 – Desafinado, com o Tamba Trio entortando mais ainda a bossa nova.
14 – Saudade do Brazil, pela beleza atemporal da música de Tom Jobim.


Roberto Faissal – Sonetos De Olavo Bilac (1957)

Olá amigos cultos e ocultos! Inicialmente quero desejar a todos uma boa Páscoa. Mas não abusem do chocolate! Que seja um domingo feliz para todos. De renascimento e renovação. Vamos tentar…
Para este domingo especial eu decidi fazer uma postagem especial. Hoje o nosso toque vai ser para a poesia. Nada necessariamente alusivo à Páscoa, mas com o mesmo espírito, o poético. Estou trazendo um disco muito bacana com poesias de Olavo Bilac na interpretação de Roberto Faissal. Este trabalho foi lançado originalmente em 1957 pela Musidisc. No início dos anos 60 ele foi novamente editado pelo Stereo Hi-Fi Club, um selo dedicado à coleções, clássicos populares, poesia e orquestras. As vendas eram feitas apenas para associados com remessas através do correio. Estão reunidos neste disco alguns dos sonetos mais famosos de Bilac, entre eles “Via Láctea”, musicado por Belchior. A interpretação comovente de Roberto Faissal assemelha a uma oração, pricipalmente tendo ao fundo musical um orgão de capela. Confiram já esse Ovo de Páscoa!

tema
via láctea
maldição
benedicite
no cárcere
nel mezzo del camin…
virgens mortas
deixa que o olhar do mundo…
respostas na sombra
alvorada
do amor
in extremis
tercetos
beijo eterno
tema

Roberto Faissal – Sermão Da Montanha (1962)

É… pelo jeito que vão as coisas por aqui, só mesmo pagando um sermão para os desajustados. Vamos com calma, moçada! Para quê pegar pesado quando se anda nas nuvens. Quem faz assim sempre acaba afundando e voltando para o lugar de onde veio.

Para ouvir, benzer, refletir e orar junto, vou deixando aqui para vocês o “Sermão da Montanha”. As vezes é bom ouvir coisas assim. Parar um pouco e refletir sobre a nossa conduta. Afinal, não são somente os atos, mas também as palavras que agridem. Eu posso falar de cadeira. Eu também sou um desajustado, mas tenho ao meu favor a consciência e ela me faz refletir e mudar a cada dia. Posso dizer que a cada minuto eu sou um novo homem. Me sinto mal quando repito erros, mas vejo nisso um momento de uma nova tentativa de recuperação. Se não consegui me libertar de um mal é porque ainda estou doente. Mas eu não quero ser doente a minha vida toda. Por isso procuro melhorar. Não é exatamente o Sermão da Montanha que me fará ser um novo homem, porém ele me serve como um ponto de reflexão. Acho que isso pode ajudar vocês também. Como escreveu Dom Elder Câmara no texto da contracapa, “há discos para estudo, discos para dança, disco para repouso… Este é um disco para ligar-nos com o céu e por-nos em contato direto com o Senhor.”
Para um entendimento objetivo sobre esta gravação, eu recorro novamente ao padre. Segue a baixo o seu texto integral da contracapa:
“A quem muito é dado, muito será pedido. Ouvir o Sermão da Montanha, com fundo musical de Bach é privilégio que exige compromisso, exige resposta.Não basta deliciarnos com essas Bem avenuranças: cada uma delas encerra uma lição de sabedoria, válida para todos os tempos e utilíssima para todos nós. Ouvir o Mestre chamar.nos sal da terra e luz do mundo põe.nos em brio: como reclamar, depois, contra a sociedade que apodrece e contra o mundo em trevas sem indagar primeiro se estamos sendo salvos , se estamos sendo luz?… Já pensaram no que seria a terra se ao menos os cristãos superássemos a lei antiga, não fôssemos cristãos de nome e pagãos de verdade, vivêssemos uma religião larga, aberta, areada, tal como nos é sugerida no Sermão da Montanha? O perigo é parar no esteticismo religioso, contentândomos em achar belas e incomparáveis as palavras de Cristo. Não ouçamos este disco como um disco qualquer. Êle é diferente. Deve ser ouvido em atitude de humildade, como quem escuta a voz de Deus. Do Santo Evangelho irrompe uma força própria, mas força que não é captada pelos orgulhosos, pelos que acreditam no próprio valor. Há uma experiência que pode ser testada: escute.se o Sermão da Montanha em dias diferentes. Sua Mensagem eterna será recebida em graus diversos conforme a maior ou menor pureza, a maior ou menor humildade. Há discos para estudo, discos para dança, discos para repouso. . . “