José Meneses – A Voz Do Violão (1957)

A quem possa interessar… Hoje temos para os amigos cultos e ocultos um belíssimo trabalho. Disco de dez polegadas, lançado pelo selo Sinter, em 1957, apresentando o multinstrumentista das cordas, o grande cearense, José Menezes, também conhecido como Zé Menezes, ‘um velhinho transviado’. Neste lp, como se pode ver pelo título, trata-se de um momento íntimo, solo… temos aqui o talento deste incrível músico ao violão, trazendo oito temas variados, nacionais e internacionais. Muito bom!
Infelizmente, o disco que tenho está com algumas faixas em estado deplorável. Porém, encontrei na rede o mesmo disco e aqui completo o que faltava.

malaguena
un peu d’amour
mafua
a voz do vioão
ponciana
motivos brasileiros
mi oracion
brejeiro
.

Antenógenes Silva, Edú Da Gaita, José Menezes, Waldir Azevedo E Dilermando Reis – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 22 (2012)

Easy listening tupiniquim da melhor qualidade. É o que nos oferece esta vigésima-segunda edição do Grand Record Brazil, apresentando instrumentistas brasileiros que deixaram sua marca em nossa música popular.Começamos com um autêntico mago do acordeão: Antenógenes Silva (1906-2001), mineiro de Uberaba. Ele também exerceu profissões paralelas: comerciante de queijos e químico industrial, tendo sido fundador, no Rio de Janeiro, do Laboratório Creme Marcília, que existe até hoje. Os discos de Antenógenes, quando cantados (gravou com muitos intérpretes, tais como Gilberto Alves, Alcides Gerardi e Jamelão), traziam seu nome em destaque, aparecendo embaixo do de quem cantava, tamanho era seu prestígio popular. Da extensa discografia de Antenógenes, foi escalado para esta edição o disco Odeon 11739, gravado em 19 de junho de 1939 e lançado em julho seguinte, com duas valsas adaptadas por ele próprio. Abrindo o disco, a matriz 6113 apresenta a tradicional “Saudades de Ouro Preto”, gravada e regravada por inúmeros intérpretes, entre eles outro sanfoneiro, o grande Luiz Gonzaga (de quem Antenógenes, aliás, afinava ocasionalmente a sanfona, conforme revelou em entrevista a um programa de rádio). No verso, matriz 6114, vem “Saudades de Uberaba”, de autoria de Oscar Louzada, cuja primeira gravação foi feita ainda na fase mecânica pelo Grupo Vienense, em 1917. O acompanhamento em ambas as faixas é do violonista Rogério Guimarães.Em seguida, aquele que sem dúvida foi o maior virtuose da gaita que o Brasil já teve: Eduardo Nadruz, aliás, Edu da Gaita (Jaguarão, RS, 1916-Rio de Janeiro, 1982). Ele aqui aparece com “Capricho nortista”, uma seleção de baiões compostos por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, numa época em que o baião estava no auge do sucesso. Saiu pela Continental em maio-junho de 1950, ocupando os dois lados do 78 rpm 16192, matrizes 2259 e 2260. O arranjo e a regência do acompanhamento de cordas são de Alexandre Gnattali, irmão de Radamés.Trazemos depois o multi-instrumentista José Menezes de França, cearense de Jardim, nascido em 6 de setembro de 1921. O disco aqui apresentado é o Sinter 00.00-053, lançado em meados de 1951, em que Menezes executa seu cavaquinho à frente de seu conjunto e com a participação ao clarinete de outro grande instrumentista brasileiro, Abel Ferreira. Abrindo o disco, matriz S-107, o choro “Encabulado”, do próprio Menezes em parceria com Luiz Bittencourt, então diretor artístico da Sinter. No verso, matriz S-108, o clássico “De papo pro á”, de Joubert de Carvalho, em ritmo de baião, e lançado em 1931 por Gastão Formenti, com letra de Olegário Mariano. José Menezes, nos anos 1960, criou a orquestra dos Velhinhos Transviados, que tocava músicas atuais com arranjos antigos e vice-e-versa, lançando mais de 15 LPs.O nome seguinte é uma autêntica referência quando se fala em solistas de cavaquinho: Waldir Azevedo (Rio de Janeiro, 1923-São Paulo, 1980). Autor e intérprete de choros que marcaram época (como “Brasileirinho”, “Carioquinha”, “Pedacinhos do céu”, “Vê se gostas” e “Amigos do samba”, além do baião “Delicado”, hit internacional), Waldir aqui comparece com o disco Continental 16428, gravado em 27 de junho de 1951 e lançado entre julho e setembro do mesmo ano. No lado A, matriz 2635, Waldir sola o tango “Jalousie”, clássico de autoria do dinamarquês Jacob Gadé, composto em 1925 e sucesso instantâneo em todo o mundo. No verso, matriz 2637, o choro “Camundongo”, do próprio Waldir em parceria com o pandeirista Risadinha, então músico do conjunto do notável cavaquinista.E, para encerrar com chave de ouro, um violonista que também é referência obrigatória: Dilermando Reis (Guaratinguetá, SP, 1916-Rio de Janeiro, 1977). Ele manteve durante anos na lendária Rádio Nacional carioca o programa “Sua majestade, o violão”, além de ter dado aulas de seu instrumento a Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando este era presidente do Brasil. Dilermando, um autêntico mago do violão, comparece aqui com duas gravações Continental: do disco 17522-A, lançado em janeiro-fevereiro de 1958, matriz C-4075, ele sola sua valsa “Se ela perguntar”, que fora sucesso em 1952 na voz de Carlos Galhardo, com letra de Jair Amorim. E do 78 de número 17604-A, lançado em novembro-dezembro do mesmo ano, matriz 12154, ele apresenta a canção (na verdade, um estudo em mi) “Romance de amor”, de autoria controvertida. Nesse disco, aparece como autor o nome de outro violonista e guitarrista, Vicente Gómez (Madri, Espanha, 1911-Los Angeles, EUA, 2001). Outras fontes atribuem a paternidade de “Romance de amor” a um misterioso Antonio Rovira, de biografia desconhecida, provavelmente um pseudônimo (fala-se até que ele nunca existiu). Ambas as faixas também saíram no LP “Sua majestade, o violão”, o segundo de Dilermando e o primeiro no formato-padrão de doze polegadas. Enfim, uma primorosa edição do GRB, para aqueles que sabem o que é bom e apreciam a arte de nossos maiores músicos. Não deixe de ouvir e guardar! 



*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

José Menezes E Seu Conjunto – Música… Amor E Festa (1959)


Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Espero neste fim de semana estar colocando em dia todas a solicitações de repostagem, bem como a correção de alguns links que tiveram de ser refeitos. Sem pressa vamos aos poucos colocando a casa em ordem, ok?

Segue aqui mais um disco de José Menezes e seu conjunto, nos bons tempos do selo Prestige. Como se pode ver pela contracapa, quase todos esses lançamentos da gravadora já foram postados aqui no Toque Musical. O que ainda não entrou, logo eu trarei para vocês. Inclusive o volume 6 da série “Música e Festa”, do Sexteto Prestige (que é também o Zé Menezes e seu conjunto)
Neste álbum vamos encontrar quatro ‘pot pourri’, sendo os dois primeiros (lado A) dedicado ao bolero, gênero que fazia muito sucesso naquele tempo. Recheado de clássicos inesquecíveis. Do outro lado, melhor ainda, duas faixas de ‘pot pourri’ de sambas, dos melhores e também inesquecíveis. Ouvindo rapidamente, acho que algumas coisas aqui foram retiradas de outros discos, principalmente da fase com o Sexteto Prestige. Vale dar uma conferida 😉

pecado
quizas… quizas…
que te parece
yo no se que me passa
hipócrita
eclipse
palabras de mujer
tres palabras
señora tentacion
quando ela passa
da cor do pecado
que é que é
uma noite em são borja
exaltação à magueira
vem meu amor
eu chorarei amanhã
madeira de lei

Boleros, Choros e Baiões (1960)

Olá amigos cultos e ocultos! Neste próximo sábado vai ter feira do vinil em Belo Horizonte. É mais uma oportunidade para aqueles que apreciam a bolacha preta. Há sempre por lá uma variedade muito grande de discos, que atende ao gosto de qualquer um. Raridades por lá não faltam. Para aqueles que estiverem na cidade, a feira do vinil fica na galeria de um prédio (esqueci o nome) na esquina de Rua Inconfidentes com Pernambuco, na Savassi. É bem fácil de achar. Apareçam…
Para hoje eu reservei este disco do selo Prestige, um álbum muito agradável, que já pela capa atrai a gente. Trata-se de uma seleção musical extraída de dois outros discos deste selo: o “Sucessos Em Ritmo De Tango E Outras Bossas” e “Música, Amor E Festa”. Um álbum que podemos entender como sendo uma versão econômica criada pela gravadora, com um preço mais barato, sendo também uma forma de promover suas produções. O texto da contracapa é todo essa justificativa. Seria mesmo um disco ao alcance dos menos abonados ou aquilo que logo a diante se tornaria um disco de coletâneas, que geralmente são mesmo mais baratos. Em virtude disso eles economizaram na lista das músicas e na ficha técnica. Quem pega no álbum fica a mercê das limitações. Mas, fora isso, a qualidade de gravação e o disco no seu conteúdo são ótimos. O que temos aqui na verdade é o Zé Menezes e seu conjunto e supostamente o Sexteto Prestige. Taí um conjunto lendário e misterioso. Até hoje eu não descobri quem fazia parte desse sexteto. Já ouvi mil e uma suposições, mas nada de concreto. Por isso mesmo é que não dei sequência à publicação da série “Música e Festa“, creditado a eles. Não se tem em nenhum desses os nomes dos músicos. Por outro lado, ou, de um outro lado (do disco) temos um nome que eu logo identifiquei, o guitarrista Zé Menezes (e seu conjunto). O disco “Música, Amor e Festa (que por acaso eu não tenho) é dele! Cabe aqui também uma informação pertinente ao Zé Menezes. Eu que tinha, para mim, a suposição de que este grande guitarista – que já havia tocado com Radamés e lançado diversos discos por trás de seus Velhinhos Transviados – já havia falecido, fiquei feliz e surpreso ao saber que ele, ao longo dos seus noventa e uns anos, ainda estava na ativa. Descobri o site da Artbraz (ABZ Produções), que lançou a pouco tempo atrás novas gravações do Zé Menezes, com direito a um site exclusivo para o artista. Fiquei realmente emocionado. Quero logo adquirir esses discos (me parece, são três cds).
Bom, quanto ao nosso disco aqui, não precisamos dizer muita coisa. Se divide em faixas longas, feitas para dançar, em forma de ‘pot-pourri’, destacando o bolero e o choro-samba, com leves pitadas de baião na passagem de uma música para outra.
Não deixem de conferir 😉

pecado
quizas… quizas… quizas…
que te parece
yo no se que me passa
hipócrita
eclipse
palabras de mujer
tres palabras
señora tentacion
vem
xô sabiá
pau de arara
aproveita a maré
uma farra na churrascaria
eu vou te contar, heim
um chorinho pro gilberto
vem amor

Parada De Sucessos Sinter (1951)

Para justificar a permanência do Toque Musical, eis aqui um disquinho bonito e raro. Coisa que só mesmo os blogs poderiam fazer, pois se depender da indústria fonográfica e seus dirigentes, este disco já teria sido varrido da memória. Na verdade ele já foi. Se você for procurar onde estão os arquivos e memória da Sinter, provavelmente muito pouca coisa irá encontrar. Nossos arquivos sonoros (me refiro às fitas masters), os antigos e mais importantes já foram para o lixo ou estão nas mãos de colecionadores (principalmente japoneses). Quem está por dentro dessa “estória” não fala nada, fica de bico calado, pois já ganhou ou mensalmente ganha o seu quinhão. O Brasil, infelizmente, ainda é um país de vendidos. Nos gabamos da nossa cultura, mas ela já não nos pertence. O que nos sobrou foi migalhas e macaquices. Axé Brasil!

Mas voltando ao disco, este pequeno álbum lançado em 1951 foi o segundo ‘LP’ lançado no Brasil. A Sinter foi a pioneira no lançamento de discos de microsulcos. Até então só se ouvia as famosas bolachas de 78 rpm com apenas duas músicas. O surgimento dos microsulcos permitiram a criação de discos com tempo de execução mais longos e assim foi possível introduzir mais faixas ou músicas, no caso. Para este 10 polegadas a Sinter reuniu alguns de seus artistas de maior sucesso na época. A qualidade do áudio aqui supera as expectativas, considerando os 58 anos do vinil e as milhares de rotações na agulha. Mais um bom trabalho de recuperação do Chris para nós. Confiram a baixo a parada de sucessos.

de papo p’ro á – josé menezes
na baixa do sapateiro – orquestra copacabana
senhora tentação – milita meireles
baionando – carolina cardoso de menezes
tim tim por tim tim – os cariocas
não interessa não – josé menezes
afinal – heleninha costa
pedro do pedregulho – geraldo pereira