Bom dia, amigos cultos e ocultos! Até o momento ninguém se manifestou com relação à postagem de ontem. Ainda continua valendo um doce para aquele que souber informações sobre o Del Norman.
Para hoje eu tenho mais um disco raro, um típico exemplar que vocês só encontram aqui no Toque Musical. Finalmente chegou em minhas mãos o último dos quatro discos lançados pelo selo mineiro MGL. Quem acompanha o Toque Musical já deve saber um pouco da saga e os discos criados por essa gravadora, pioneira no Estado de Minas Gerais. A MGL (Minas Gravações Limitada) nasceu nos primeiros anos da década de 60. Foi criada por Dirceu Cheib, incentivado pelo Maestro Edmundo Peruzzi, o qual estreou o selo com o álbum “O samba visita o clássico“. Naqueles anos de 62 e 63, quando a MGL iniciou os seus trabalhos, segundo Dirceu Cheib, a ideia era a de fazerem apenas um disco. Naquele momento a empresa era apenas um espécie de editora. Ainda não haviam investido em maquinários para um estúdio de gravações. Os quatro discos lançados foram totalmente feitos em São Paulo e com artista desse Estado. Os álbuns lançados foram: “Peruzzi – O samba visita o clássico“; “Xixa e seu conjunto – Hoje é dia de festa“; “Antoninho Pellicciari e seu conjunto – Apresenta sucessos do momento” e este que estou postando agora, “Lauro Paiva – O ritmo é…”. Não sei precisar a ordem de lançamento desses discos que vieram após o do Maestro Peruzzi, mas todos foram lançados em 1963. Provavelmente, o do Lauro Paiva foi o último e talvez seja até de 1964, ano em que a MGL inicia com seu selo Paladium. Este lp demonstra bem isso, a transição, pela capa temos a MGL e o selo já era Paladium. Dos quatro lançamentos este foi o único com gravação estéreo. A partir daí, os discos da Minas Gravações passaram a ser Paladium. A Paladium, como já disse, foi um selo criado para coleções com vendas a domicílio. A razão pela qual seus discos, quando os encontramos por aí, não apresentarem uma ficha técnica, se deve ao fato de que os mesmos faziam parte de caixas como seis lps, que eram vendidas à domicílio por todo o Brasil.
A história da Paldium e por consequência da MGL e Bemol eu ainda penso em contar em um outro blog que criei, mas até hoje não achei um tempo para lhe dar vazão. Só para não perder a ideia de vista, cheguei até a fazer umas duas postagens, mas apenas para lhe dar um corpo. Possívelmente, se tudo der certo, quero transformar essa história num projeto, com apoio institucional ou de leis de incentivo. Já tenho muito material de pesquisa coletado e todo o esquema montado para isso. Só me falta tempo e talvez uma pessoa também interessada no assunto e que queira comigo pegar essa empreitada. Alguém se habilita?
Bom, vamos ao disco… Lauro Paiva, embora hoje em dia seja quase um desconhecido, foi nos anos 50 e 60 um músico e compositor bem conhecido, principalmente em São Paulo, onde ele fez seu nome. Nascido na Bahia, trabalhou no início dos anos 50 na Radio Excelsior baiana. Mudou-se para o Rio de Janeiro logo em seguida e a partir de então vieram as gravações. Pelo que eu pesquisei ele gravou por volta de uns nove ou dez discos ao longo de sua carreira. Estabeleceu-se em São Paulo onde também tocava na noite. Em 1963 ele foi convidado pelo Maestro Peruzzi a gravar este álbum para a então novíssima MGL. Um trabalho muito interessante e super gostoso de ouvir. Do lado A temos uma seleção de sambas, muito bem arranjados, valorizando bem o ritmo, como anunciando no título do lp. São músicas, algumas, bem conhecidas, como “Influência do jazz”, de Carlos Lyra; “Eu sei que vou te amar”, de Tom e Vinicius e “Na cadência do samba”, de Ataulfo Alves. No lado B temos também muito ritmo, contemplando um repertório internacional com outros estilos musicais muito em voga na época, o ‘twist’ e o chá chá chá.
Muito legal o disco, vale a pena dar uma conferida.
influência do jazz
alô verinha
canção do fim
eu sei que vou te amar
e você não dizia nada
na cadência do samba
the jet
hava nagila
tea for two
trumpet chá chá chá
dance avec moi
suave é a noite