Bossa 12 Vezes (1965)

Olá, caríssimos amigos cultos e ocultos! Entramos no sábado no embalo da Bossa Nova. Desta vez temos aqui um disco lançado pelo selo gaúcho Farroupilha, “Bossa 12 Vezes” apresentado o grupo Os Farroupilhas (Conjunto Farroupilhas), a cantora Leny Eversong, o grupo Jongo Trio e também a inusitada presença do cantor e compositor Bobby Mackay que chegou ao Brasil no início dos anos 60, vindo da República da Guiana. Mackay foi um artista que chegou a gravar outros discos e segundo contam atuava também com o pseudônimo de Napoleão, com o qual gravou compactos. Neste lp, que é o toque musical do dia, temos então quatro nomes encarregados de um repertório calcado na Bossa Nova. Mais uma interessante produção daqueles anos 60 que não podemos perder. Confiram no GTM…
 
a resposta – os farroupilhas
aleluia – leny eversong
seu chopin desculpe – jongo trio
bossa nova (i say) – bobby mackay
samba internacional – os farroupilhas
arrastão – leny eversong
ela vae ela vem – jongo trio
cool cool samba – bobby mackay
rio… rio – os farroupilhas
gangazuma – leny eversong
garota moderna – jongo trio
the girl from south zone (balanço zona sul) – bobby mackay
 
 
.

Elebra – Memória 5 (1988)

O TM hoje oferece aos seus amigos cultos e ocultos e associados o quinto volume de uma série denominada “Memórias”, destinada à preservação de nossa memória musical, oferecida como brinde aos clientes da Elebra, uma empresa de informática que não existe mais, e que foi a maior do setor na época em que havia reserva de mercado para o mesmo no Brasil.

A série foi produzida pelo incansável pesquisador João Carlos Botezelli, o popular Pelão, que tem um respeitável currículo no setor fonográfico. Basta dizer, por exemplo,  que ele produziu, em 1974, o primeiro LP do mestre Cartola.  Trabalhos de Nélson Cavaquinho , Adoniran Barbosa, Théo de Barros, Inezita Barroso e Raphael Rabello também estão entre suas mais esmeradas produções discográficas.  E tudo na base da amizade…

Este quinto LP da série “Memórias”, editado em 1988, é dedicado a conjuntos vocais e/ou instrumentais brasileiros de várias épocas e estilos. Para a seleção de repertório, mestre Pelão contou com a colaboração, entre outros, do jornalista Arley Pereira e do autor de novelas Walther Negrão. Seleção esta muito bem feita, com masters cedidos por quatro gravadoras, em que desfilam conjuntos marcantes na história de nossa música popular, interpretando clássicos inesquecíveis. A seleção inclui “Trem das onze”, do mestre Adoniran, com os sempre notáveis Demônios da Garoa, “Gauchinha bem querer”, de Tito Madi, na interpretação impecável e plena de autenticidade do Conjunto Farroupilha, “Forró de Mané Vito”, de Gonzagão e Zé Dantas, com o Quinteto Violado, um raro registro de “Nêga do cabelo duro”, de Rubens Soares e David Nasser, com o Bando da Lua, “Estrada do sol”, de Tom Jobim e Dolores Duran, com o Trio Irakitan, o saltitante “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu, com Os Três Morais, “É com esse que eu vou”, de Pedro Caetano, com seus criadores, os Quatro Ases e um Coringa… A bossa nova vem com o Zimbo Trio, executando “Balanço Zona Sul”, de Tito Madi, o Sambalanço Trio numa releitura de “Pra machucar meu coração”, de mestre Ary Barroso, e o Jongo Trio com “Menino das laranjas”, de Théo de Barros. Os Titulares do Ritmo aqui interpretam “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam. E, para finalizar, “A voz do morro’, de Zé Kéti, com o conjunto de mesmo nome, organizado pelo próprio autor, e no qual despontaram nomes importantes da MPB, como Paulinho da Viola e Élton Medeiros. Repertório de qualidade, conjuntos expressivos, ótimas performances… Que mais se pode querer?

pra machucar meu coração – sambalanço trio

tico tico no fubá – os três morais

balanço zona sul – zimbo trio

o menino das laranjeiras – jongo trio

forró do mané vito – quinteto violado

estrada do sol – trio irakitan

nega do cabelo duro – bando da lua

gauchinha bem querer – conjunto farroupilha

é com esse que eu vou – quatro azes e um coringa

ponteiro – titulares do ritmo

trêm das onze – demônios da garôa

a voz do morro – conjunto a voz do morro

.* Texto de Samuel Machado Filho

Jongo Trio – Compacto (1965)

Pois é, meus prezados amigos cultos e ocultos, segue agora o compacto de bônus ou, o toque extra para começarmos uma outra comemoração. Vejam vocês como uma coisa leva a outra. Falamos de Dick Farney Trio e vamos na sequência novamente com Toninho e Sabá, ao lado do pianista Cido Bianchi. Juntos eles formavam o Jogo Trio. O grupo foi formado em São Paulo, em 1965. Fizeram diversos shows, tocando no Teatro Arena, Paramount, na boate Cave e na TV com ‘Hélice’ Regina e Jair Rodrigues, no histórico programa “O Fino da Bossa”. Foi nele que surgiu a oportunidade do trio gravar um disco pelo selo gaúcho Farroupilha. Veio primeiro o compacto duplo, para anunciar a chegada do lp, que foi lançado naquele mesmo ano de 65.
Como eu dizia, uma coisa leva a outra e mais outra… Nesta semana o Toque Musical está também comemorando os seus 4 anos de vida. Sinceramente, eu não esperava chegar até aqui. Não que me falte munição. A verdade é que muita coisa aconteceu ao longo desse tempo, alegrias e também frustrações, ânimos e desânimos. Muita pressão, pouco tempo, mas acima de tudo um desejo incontrolável de tratar de um assunto que é uma das minhas paixões: a música, seus artistas e seus discos. Vejo que todo esse tempo não foi em vão, por isso mesmo ainda e cada vez mais rico fica este nosso Toque Musical. O administrador aqui, também ficou rico, mas não foi pedindo doações e nem alugando espaços para propaganda (na cara e ocultas). Eu me enriqueci foi conhecendo mais sobre a música brasileira. Foi tendo a honra de conhecer e ser reconhecido por esses artistas maravilhosos que em sua maioria sempre aprovaram a minha conduta. Foi levando alegria àqueles que por conta do progre$$o da indústria fonográfica se viram iludidos pelo brilho falso de uma coisa chama ‘compact disc’, que deixou para trás (ou passou  para os de fora) o momento mais importante da nossa música popular brasileira. Sucateados fomos todos nós, que a custa do anarquismo e de uma suposta ilegalidade, tivemos que recorrer ao uso da mesma tecnologia para recuperar um pouco a nossa dignidade musical. Vocês já pararam para pensar onde estaríamos se essa revolução do compartilhamento não tivesse existido? O que estariam produzindo os nossos novos artistas, sem referências ou influências históricas? Talvez estaríamos agora totalmente dominados por macaquices, tolices e outros lixos que ‘eles’ tentam nos vender como a nova música brasileira de qualidade (no máximo curiosidade!). O popular não precisa necessariamente ser pobre, copiado, obtuso e obsceno. É preciso que haja luz para iluminar o caminho dos que chegam e uma cultura musical descente, própria do nosso povo! Viva o Brasil, meu irmão!
Para finalizar a minha prosopopeia, irei nesta semana de aniversário fazer postagens como a de hoje, ou seja, um lp e em seguida um compacto. É o meu presente de aniversário 😉

feitinha pro poeta
seu chopin, desculpe
terra de ninguém
eternidade