Bom dia, amigos cultos e ocultos. Somente ontem, através de um comentário feito no blog foi que eu fiquei sabendo do falecimento do Manito, grande músico multinstrumentista dOs Incríveis, Som Nosso de Cada Dia e com passagem pelos Mutantes. Fiquei chateado, pois era um músico que eu admirava muito. Andava meio sumido, eu não sabia que ele estava doente e sofrendo, como relataram alguns amigos. Poxa, fiquei mesmo pesaroso. Sempre corri atrás de seus trabalhos, principalmente os solos e incursões em outros gêneros, como o jazz. Sei também que ele foi pau para muita obra em discos dos mais diferentes artistas. Emprestou seu talento para enriquecer o trabalho de outros artistas e nem sempre recebeu os méritos e créditos. Foi, sem dúvida, uma grande perda para a música brasileira.
Em homenagem ao Super Manito, eu estou postando aqui este registro, ao lado do Som Nosso De Cada Dia, numa apresentação ao vivo no Centro Cultural de São Paulo, em 1994. “Live ’94” foi lançado em formato cd pelos produtores Márcio de Mello Moreira e Cláudia Vidal, do selo Progressive Rock Worldwide, responsável pelo lançamento e relançamento do há de melhor no rock progressivo nacional. O clássico álbum “Snegs“, já postado anteriormente aqui no TM, foi também um relançamento da turma do PRW.
“Live ’94” nos mostra um Som Nosso um pouco diferente dos idos anos 70, o que é natural, afinal os caras amadureceram, ganharam mais experiência, porém, perderam aquele fôlego e o espírito setentão. A banda traz além dos membros originais (Manito, Pedrinho e Pedrão), Jean Trad nas guitarrras e Homero Lotito nos teclados. O som é um pouquinho diferente, mas tudo bem, ainda assim faz qualquer fan feliz, ou pelo menos numa vontade danada de ouvir “Snegs”, ou mesmo quem sabe o “Sábado/Domingo“, outro álbum também já postado por aqui (e muito bom, diga-se de passagem).
Fica então a minha homenagem à esse grande músico, que agora vai tocar no céu. Dizem que do lado de lá, a qualidade musical está cada vez melhor. Um dia eu ainda confiro… Ah, e por falar em conferir, não deixem de ver e ouvir o disco solo do Incrível Manito, que também foi postado aqui no nosso Toque Musical. Salve o Manito! Descance em paz.
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Som Nosso De Cada Dia – Snegs (1977)
Olá, meus prezados! Dando continuidade às nossas postagens e ainda no espírito do ecletismo musical, iremos hoje de rock. Mais exatamente rock progressivo dos saudosos anos 70. Tenho para hoje um disco que me acompanha desde o seu lançamento e está entre os meus ‘1001 discos para ouvir antes de morrer’. Tenho o vinil comprado em 1977 e sua versão em cd, lançado em 93. Tenho por este álbum um apego que vai além de sua raridade e beleza. Este disco foi a trilha sonora da minha louca adolescência. Desbundei ao assistir no antigo Cine Brasil, um dos maiores e mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o show da banda. Foi a primeira vez que eu fui ver um show de rock ao vivo. Fiquei muito impressionado com toda aquela loucura, tanto no palco como na platéia. Numa época onde ainda reinava o poder ditatorial se refletindo em todas as instâncias, inclusive a policial. O show do Som Nosso não durou muito tempo. A polícia militar e civil foram acionadas, cercando todas as saídas do prédio. Invadiram o espaço com a sua peculiar truculência, fazendo o “Sinal da Paranóia” se tornar uma realidade. Tomei um baita susto quando as luzes se acenderam entre muita fumaça e um acorde incompleto. Estávamos todos presos, foi esta a frase que ouvimos. Foi um rebú geral. Aliás foi uma ‘puta geral’, todos de mãos na parede, revistas e algumas porradas. Tinha na porta até ônibus fretado para levar o público em massa para a prisão. Tudo isso por conta dos diversos baseados que se acenderam logo depois que as luzes se apagaram e a banda entrou. Nesta época, pelo menos em Belo Horizonte, a tolerância com atitudes jovens era zero. Cabelo grande já colocava o sujeito como um maluco, um suspeito em potencial. E maconheiro era sinônimo de marginal, uma chaga para a sociedade. “A juventude está perdida”, foi uma frase comum de se ouvir naquele tempo. Eu só me livrei da ‘cana’, talvez porque ainda era de menor e no teste do “cospe aí” eu passei com louvor. Levei apenas um tapa nas costas que me fez sair correndo assustado pela avenida Afonso Pena até a altura do Parque Municipal. Meus amigos, todos de maior idade, ficaram por lá. Foram passear de ônibus e conhecer de perto a Metropol. Mas não foi nada traumatizante. No dia seguinte já estávamos todos reunidos contando cada qual a sua versão do fatos. Juntei meus poucos ‘cruzeirinhos’ e fui logo cedo na loja de discos Pop Rock comprar o último “Snegs” que havia na estante. Ao longo do tempo essa história foi tomando um outro sabor. Se tornou uma boa lembrança que só mesmo quem a viveu pode saber. Bons tempos aqueles…
Som Nosso De Cada Dia – Sabado/Domingo (1977)
Outro disco e banda para quem eu tiro o chapéu é o Som Nosso. Tenho boas e loucas recordações dessa que foi, para mim, a banda que fez o melhor disco de rock progressivo brasileiro (falo de Snegs). Depois, com a saída de Manito (ex-Incríveis), veio este segundo álbum, o ‘meia-lua’, quer dizer, um disco para sábados e domingos. Ou seja, sábado é funk e domingo é progressivo. Um álbum que mesmo sem a presença do incrível Manito, se manteve no agrado de fans como eu. Infelizmente os caras não investiram na banda e ficaram apenas em dois álbuns de estúdio. A pouco mais de dois anos foi lançado um álbum duplo com registros ao vivo feitos naquela época. Com certeza meus assovios também estão lá gravados. Mas essa é uma outra estória que eu conto quando postar o Snegs. Vamos nessa que é legal a bessa!
PS.: Inclui duas faixas bonus que não fazem parte do álbum original.