Boa noite, amigos cultos e ocultos! Por favor, não percam a esperança como o Toque Musical. Temos ido devagar-quase-parando, mas continuamos ativos. Não somos mais diários, mas estamos sempre presente. E por falar em presente, aqui vai um, este compacto lançado pela RCA Victor em 1966 do velho maldito, Jorge Mautner. Creio que este foi o primeiro disco ele (ou estarei enganado?). Meu tempo é curto, daí não dá tempo de pesquisar. Mas achei um texto de uma entrevista do artista falando sobre o disquinho. Nada melhor, né?
“Em 1965, eu gravei um compacto pela RCA-Victor, com a produção de Moracy Do Val, e acompanhado pelo grupo de folk-rock The Vikings (eram dois irmão que cantavam músicas deles e dos Everly Brothers). Este disco, juntamente com o livro Vigarista Jorge, motivaram a incursão do meu nome na lei de segurança nacional. Dois meses depois de lançado o compacto, cronistas de jornais, inclusive pelo falecido Sergio Bittencourt, filho do Jacob do Bandolim, e que era, junto com Nelson Motta, juri do Flávio Cavalcanti, denunciaram tanto ele como o meu livro como perigosa subversão trotzkista. Apesar disso, por ocasião da minha volta do exílio em 1971, fui encontrar Sergio Bittencourt, eu o perdoei, ele também, e nos abraçamos. A faixa “Radioatividade”, que fala sobre a Terceira Guerra Mundial e da bomba atômica, causava muita estranheza pela sua temática, até por pessoas geniais e bem-pensantes, como Nara Leão, que disse a respeito: “o que tem o Brasil a ver com a bomba atômica?”
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Jorge Mautner – Bomba De Estrelas (1981) REPOST
Jorge Mautner – Para Iluminar A Cidade (1972)
Jorge Mautner – O Anti Maldito (1985)
Olhando a trajetória artística de Jorge Mautner, que começa no fim dos anos 50, fica difícil entender como um cara como ele ficou sempre à margem do que podemos chamar de “música popular”. Seu maior sucesso até hoje continua sendo “Maracatu Atômico”, eternizados na voz de Gilberto Gil e reciclado através do Chico Science. Acho que Mautner foi realmente um ‘maldito’ (no bom sentido), como tantos outros artistas que a crítica e o povo não souberam classificar. Ou por outra, classificaram-no como maldito, talvez por ser fora do padrão, não aceitando que sua arte se transformasse em ‘fragmentos de sabonetes’ (isso considerando que sabonete é algo que se usa e acaba – descartável). Mautner é bem mais que isso e nunca vai acabar. Em 1985, produzido por Caetano Veloso, ele gravou este disco, pelo selo independente Nova República, que celebra uma nova fase. Nada que mudasse a figura que tanto gostamos, mas dando a ele um impulso. Neste disco, foram gravadas pela primeira vez, músicas como “Iluminação” e “A Bandeira do Meu Partido”, compostas em 1958. Como todos os outros trabalhos, este também é muito bom!
2 – Cachorro louco (Relâmpago dourado) (Jorge Mautner)
3 – Zona fantasma (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
4 – Rock comendo cereja (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
5 – Fado do gatinho (Jorge Mautner)6 – Índios tupy guarany (Jorge Mautner)