Brasil Selo Exportação (1978)

No decorrer dos anos 1970, com o sucesso obtido pela Som Livre, gravadora vinculada à Rede Globo de Televisão, as emissoras concorrentes decidiram criar seus próprios selos fonográficos. Dessa maneira, surgiram a Bandeirantes Discos, a Seta (vinculada à Record)e a GTA (Gravações Tupi Associadas). Esta última, vinculada à Rede Tupi, grande rival da Globo na época, surgiu em 1976, e seu primeiro lançamento foi a coletânea “Sucessos pop Difusora”, recheada de hits internacionais, e produzida pela rádio AM paulistana de mesmo nome, que também pertencia ao grupo Diários Associados e tinha uma programação para a juventude, embrião do que as FMs teriam bem mais tarde. O disco (que tinha na capa o desenho de uma macaca vestida de Mona Lisa) foi um sucesso, sendo logo seguido de um segundo volume. A GTA fazia praticamente o mesmo que a Som Livre, ou seja, trilhas sonoras das novelas da Tupi e compilações nacionais e internacionais de gêneros diversos, a partir de fonogramas cedidos pelas co-irmãs. Mas, com a falência da emissora, em 1980, acabou também sumindo do mercado fonográfico, o mesmo acontecendo com a Seta e a Bandeirantes Discos, que também não foram muito longe. A Som Livre, vocês sabem, continua na ativa. É justamente uma coletânea da GTA que o Toque Musical está oferecendo hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados. Trata-se de “Brasil selo exportação”. Com seleção de repertório a cargo de Ana Maria Mazzocchi, cujo nome está ligado ao extinto Sebo de Elite, uma loja de discos raros que comandou por mais de quinze anos em São Paulo, o álbum reúne vários nomes da MPB de então, a maior parte bastante conhecidos. A exceção fica por conta de Neuber, um cantor-compositor que a própria GTA tentou emplacar sem êxito, aqui com a faixa “Análise”, que encerra o LP. No mais, verdadeiras “feras” da MPB batem ponto neste disco: Maria Bethânia, logo de saída, vem com “Terezinha”,  cujo autor, Chico Buarque, aparece logo em seguida com a não menos antológica “Basta um dia”, também composição sua. Temos ainda a inesquecível Elis Regina com “Sentimental eu fico”, de Renato Teixeira, Lula Carvalho com “Portão antigo”, releitura de uma composição de Antônio Maria originalmente lançada por Renata Fronzi em 1953, Ney Matogrosso interpretando “A gaivota”, de Gilberto Gil, a não menos inesquecível cantora e violonista Rosinha de Valença com sua “Os grilos são astros”, Fafá de Belém com a sensível “Dentro de mim mora um anjo”, de Suely Costa e Cacaso, João Nogueira com sua “Albatrozes”, Nana Caymmi revivendo “Perdoa, meu amor”, de Georges Moran e J. G. de Araújo Jorge, hit de Orlando Silva em 1947, Gal Costa com a versão “Louca me chamam” (Crazy he calls me)”, feita pelo poeta concretista Augusto de Campos a partir de original dos norte-americanos Carl Sigman e Bob Russell, e Alaíde Costa com um trabalho da parceria Ivan Lins-Vítor Martins, “Corpos”. Tudo isso em uma compilação de inestimável valor artístico e histórico, trazendo de volta um pouco da melhor MPB da década de 1970. É ouvir e comprovar.

terezinha – maria bethania

basta um dia – chico buarque

sentimental eu fico – elis regina

portão antigo – lula carvalho

a gaivota – ney matogrosso

os grilos são astros – rosinha de valença

dentro de mim mora um anjo – fafá de belém

albatrozes – joão nogueira

perdoa meu amor – nana caymmi

louca me chamam – gal costa

corpos – alaide costa

análise – neuber

*Texto de Samuel Machado Filho

O Som De Status – MPB (1977)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Percebo que muita gente que compra e ouve disco, costuma não dar muita bola para coletâneas. Sem dúvida, é difícil encontrar uma coletânea montada exclusivamente pela qualidade ou estilo da música. Geralmente, coletâneas comerciais aconteciam para promover os artistas de uma determinada gravadora e dessas, muitas vezes, tínhamos as coisas das mais variadas, um leque de opções para todos os gostos. Eu também não sou muito fã de coletânea, exceto aquelas que monto. Mas eventualmente aparecem algumas que me surpreendem. Foi mais ou menos o caso deste disco que encontrei num saldão, por 5 reais! Uma coletânea montada para a antiga revista masculina, Status. Provavelmente selecionada pelo pessoal da redação da revista. Tive que levar, afinal a safra é ótima, 1977. E a seleção, o melhor do ‘cast’ da Continental, vejam só

uma vez um caso – edu lobo
o samba da minha terra – novos baianos
carolina – aquarius
haragana – almondegas
cabras pastando – sérgio sampaio
mulheres de atenas – ney matogrosso
pássaro ferido – paulo chaves
onde estão os tamborins – célia
além de arembepe – bendegó
fracasso – fagner
marcha de quarta feira de cinzas – os três morais
feito gente – walter franco
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Vários – Mário Lago – Nada Além (1991)

Bom dia, caríssimos amigos cultos e ocultos! Aproveitando que estou digitalizando alguns discos para um amigo, seperei este aqui para a postagem de hoje. Trata-se de um encontro com uma dezena de artistas homenageando o compositor, ator e radialista Mário Lago. Estão reunidas aqui algumas de suas mais marcantes composições e parcerias. O disco é bem interessante, pois nos traz uma boa variedade de artistas e interpretações exclusivas. Eu bem que podia ter deixado para fazer esta postagem na semana que vem, especialmente no dia 26, data de aniversário do artista. Se estivesse vivo estaria completando 102 anos! Mas eu como sou muito esquecido, iria acabar nem lembrando. Assim, me adianto nesta homenagem. Fica aqui a nossa lembrança.

quem chegou já tá
a onda
salve a preguiça, meu pai
atire a primeira pedra
ai, que saudade da amélia
aurora
nada além
ficarás
fracasso
faz de conta
faz como eu
dá-me tuas mãos
número um
caluda, tamborins
rua sem sol
fazer um céu
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Ney Matogrosso – Destino De Aventureiro (1984) REPOST

Acho que vou continuar nesta semana postando figurinhas repetidas. Digo repetida por serem alguns títulos já postados em outros blogs. Contudo, quero deixar claro que as fontes são outras. Quem já baixou por aqui sabe disso. Sou um tipo caprichoso e isso se vê com clareza no TM. Procuro sempre trazer um diferencial, como por exemplo capa e contracapa incluídos e ao contrário de outros blogs, prefiro manter o registro sonoro sem filtragens ou correções que muitas vezes acabam ficando pior. Aqui o disco vai ‘na íntegra’. Deixo o tratamento sonoro para que cada um o faça como quiser. Eu dou a vara, linha, anzol, mostro onde é o rio, pesco; mas quem vai ter que preparar o peixe para comer são vocês.

Hoje vamos de Ney Matogrosso, no lp “Destino de Aventureiro”. Este disco reflete, de uma certa forma, os primórdios do artista na época dOs Secos & Molhados, no sentido do visual. Este disco é resultado do espetáculo que Ney criou em 1984 e lhe rendeu vários prêmios. O cara alugou o Circo Tihany e mandou bala num show que permaneceu em cartaz durante cinco meses no Rio e seguiu em turnê pelo Brasil. Não sei dizer se ele levou pela turnê a tenda do Tihany.
Destino de aventureiro
Por que a gente é assim

Pra virar lobisomem
Êta nóis
Retrato marrom
Namor
Tão perto
O rei das selvas
Bate-boca
Vereda tropical

Ney Matogrosso (1975)

Olá meus caríssimos amigos cultos, ocultos e verificadores de plantão. Bom domingo para todos! Hoje começamos a girar nosso leme, buscando novos mares e ventos fortes. Para não termos mudanças bruscas e radicais, resolvi trazer algo que atenda ao gosto comum dos mais jovens e dos mais velhos.

Hoje temos aqui e mais uma vez no Toque Musical, o singular Ney Matogrosso em seu primeiro álbum solo. Este disco de estréia não foi muito bem recebido pelo público. Quando saiu, as vendas foram muito fracas, isso talvez se deva ao fato de que o álbum não lembrava em nada os tempos de Secos & Molhados. Mas pode acreditar, não foi por falta de qualidade. O disco é uma obra maravilhosa, tanto nas composições, nos arranjos e músicos envolvidos no projeto, como também e principalmente na interpretação de Ney. O álbum é luxo só e acompanha todo o conceito num estilo gráfico ousado. Lançado pela Continental, ele ainda traz em anexo um compacto com duas faixas, gravados na Itália em 1974 com Astor Piazzolla. O disquinho – um mimo – tem a produção musical, arranjos e acompanhamento do argentino. As composições também são de Astor Piazzolla. Sem dúvida, um disco nota 10! Confiram… 😉
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homem de neanderthal
corsário
açucar candy
pedra de rio
idade de ouro
bodas
mãe preta (barco negro)
coubanakan (cubanacan)
américa do sul
+
1964 II
as ilhas