Peruzzi E Sua Orquestra – Fantasia Dançante (1963)

Maestro, arranjador, flautista, trombonista, compositor. Este é o perfil de Edmundo Peruzzi, de quem o TM oferece, para deleite de seus amigos cultos e ocultos, mais um álbum (o quinto que postamos dele).  Trata-se de “Fantasia dançante”, gravado na efêmera marca Discobrás (da qual inclusive foi diretor), e, segundo o Instituto Memória Musical Brasileira, lançado em 1959. Com vasta folha de serviços prestados à nossa música popular, Peruzzi nasceu em Santos, litoral de São Paulo, em 29 de junho de 1918. E foi no Conservatório Musical santista que iniciou seus estudos de música, soba orientação de Sabino de Benedictis. Iniciou sua carreira artística em 1932, aos catorze anos, apresentando-se como trombonista em espetáculos de circo, e foi também integrante da Banda do Corpo de Bombeiros de Santos. Em 1935, trocou o trombone pela flauta. Em 1945, Peruzzi formou sua própria orquestra, passando a atuar em programas da PRA-6, Rádio Gazeta de São Paulo (então “a emissora de elite”) e apresentando-se em bailes realizados nos arredores da capital bandeirante. Em outubro do mesmo ano, é lançado o primeiro disco da orquestra de Peruzzi, pela Continental, apresentando o choro “Perigoso”, de Ernesto Nazareth, e a valsa “Em pleno estio”, de RobertoFirpo. Em 1948, a orquestra também se apresentou na Rádio Tupi paulistana. Em 1951, contratado pela Rádio Mayrink Veiga,Peruzzitransferiu-se para o Rio de Janeiro, lá permanecendo por dez anos e atuando à frente de várias orquestras radiofônicas. Em 1953, Peruzzi apresentou-se com sua orquestra no Teatro Municipal carioca, executando o “Moto perpétuo”, de Pagnini, em ritmo de samba. Em 1959, compôs a trilha sonora do filme “Depois do carnaval”, de Wilson Silva, primeira de muitas que faria nos anos seguintes, como, por exemplo, a de “O cabeleira” (1963), de Mílton Amaral, baseado no romance homônimo de Franklin Távora, e a de “Traficante do crime” (1968), de Mário Latini. Em 1964, excursionou pela Argentina e, em 1967, apresentou-se no Paraguai. Em 1970, esteve no Peru, onde realizou apresentações e fez arranjos para a orquestra do peruano Augusto Valderrama. Como arranjador, realizou gravações para cantores diversos, tais como Orlando Silva, Miltinho, Wilson Simonal, Neyde Fraga, Clara Nunes, Agnaldo Timóteo, Dalva de Andrade e Eduardo Araújo. Peruzzi faleceu em sua Santos natal, em 3 de novembro de 1975, aos 57 anos. Neste “Fantasia dançante”, ora postado pelo TM, os arranjos ficaram por conta do próprio Peruzzi e de Pereira dos Santos. Há também a participação dos vocalistas, então desconhecidos, porém bastante talentosos, Joab Teixeira, Josemar e Nilza Morales. O disco foi dividido em duas partes, uma de cada lado. A primeira é “Sinfonia à Bahia”, reunindo, em uma única faixa, várias páginas musicais inspiradas pela Boa Terra, tais como “Bahia com H”, de Dênis Brean, “Exaltação à Bahia”, de Vicente Paiva e Chianca de Garcia, “Na Bahia”, de Herivelto Martins e Humberto Porto, “Cristo nasceu na Bahia”, de Duque e Sebastião Cirino, além de páginas dos mestres Ary Barroso (“Quindins de Iaiá”, “No tabuleiro da baiana”, “Bahia imortal”, “Isto aqui o que é”) e Dorival Caymmi (“O que é que a baiana tem?”, “Preta do acarajé”, “Você já foi à Bahia?”, “Vatapá”).  A segunda parte, “Carícias musicais”, é uma seleção de belas páginas da canção latino-americana, principalmente boleros, em quatro faixas, cada qual com três músicas. Nela, desfilam páginas como “Desesperadamente”, “Cubanacan”, “Sinceridad”, “Sin ti”, “Adios” “Amor, amor” e “Mi oracion” (composta por Georges Boulanger com o título “Avant de mourir” e que depois ganhou letra em inglês de Jimmy Kennedy, sob o título de “My prayer”). Em suma, um álbum “majestosamente trabalhado”, conforme diz a contracapa, na medida exata para ouvir e dançar, e mais um título digno da postagem de nosso TM.

sinfonia a bahia
preta do acarajé
cristo nasceu na bahia
o que é que a baiana tem
no tabuleiro da baiana
na bahia
na baixa do sapateiro
os quindins de ya ya
você já foi a bahia
exaltação a bahia
baiana de nazaré
vatapá
bahia com h
bahia imortal
isto aqui o que é
tema musical
carícias musicais
maria dolores – cubanacan – sinceridad
sin ti – para mi no mas – desesperadamente
senhora – final – tengo cellos de ti
adios – mi oracion – amor amor

*Texto de Samuel Machado Filho

Peruzzi E Sua Orquestra – Páginas Inesquecíveis (1963)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Uma coisa que eu tenho percebido, depois da faxina que a turma do Blogger começou a fazer, é o receio das pessoas frente a repressão que vemos crescer cada dia mais no mundo digital. É impressionante e mesmo temeroso os rumos que toma a Internet. Cada vez mais ela deixa de ser um território livre para ser ocupado pelos mesmos latifundiários do mundo real e concreto. Querem aplicar as mesmas leis caducas, uma adaptação forçada que nos leva à mesma situação. Ou por outra, a ideia é manter tudo do mesmo jeito que sempre foi. Qualquer entendimento, reconhecimento ou ação isolada nesta ‘revolução digital’ pode ser considerado como uma conspiração contra o Sistema. Acontece que o Sistema, nos moldes atuais, está falido. Uma nova onda está por vir e nessa, quem ainda não aprendeu a surfar vai ser engolido pelas águas. O que me preocupa mais é pensar no tamanho dessa onda e até onde ela nos levará. A verdade é que as pessoas estão temerosas, estão sendo (veladamente) ameaçadas e sufocadas. Se não reagirmos, tenho certeza, cairemos todos, o mundo inteiro, numa ditadura mundial. Vivemos hoje um paradoxo, num mundo que para continuar existindo depende do coletivo, do compartilhamento, da fusão do individual no todo. Porém, essa ‘necessidade’ vai contra o formato anterior, o da sociedade industrializada e capitalista. Estamos vivendo um momento crítico, de transformações e cabe a cada individuo reconhecer seu coletivo. Somente assim nós não nos tornaremos os escravos do futuro. A união faz a força.

Mas eu comecei esse papo, na verdade, mais para dizer como me espanta o espanto e medo das pessoas. Depois da última represália, muitos dos amigos cultos passaram a ser ocultos e provavelmente, muitos ocultos sumiram da praça ou se tornaram ainda mais ocultos. Prova disso é que dos 700 seguidores que tinha o Toque Musical, apenas uns 20, até então, voltaram e se juntaram aos outros que já estavam nesta versão do blog. Por outro lado, no Grupo de discussão do Toque Musical, criado recentemente, temos um número crescente de amigos cultos, que vêm descobrindo ser esse (ainda) o único território livre, apesar de restrito, para o compartilhamento dos mesmos interesses. No caso, a música e seus correlatos. Que cresca esse Grupo, não apenas defendendo a bandeira do Toque Musical, mas a de todos os outros blogs e sites afins. O Grupo, embora tenha o nome do TM funciona não apenas para prestar serviços ao blog, mas a todos os outros que tenham algo semelhante a oferecer. Somos uma sociedade anônima, mas não estamos ocultos. Antes que isso acabe virando um manifesto e também porque já estou passando da hora, melhor partirmos para o disco do dia.
Hoje eu estou trazendo mais um raro exemplar do selo MGL (Minas Gravações Ltda), precursor da Paladium e Bemol. Este disco foi mais um que o Maestro Edmundo Peruzzi convenceu ao Dirceu Cheib de produzir. Como todos (imagino) devem saber, através de outras postagens que eu fiz dos primeiros discos desta gravadora, a MGL produziu pouquissimos discos. Eu até cheguei a comentar que foram só 4 discos, inclusive porque foi algo assim que o Sr. Dirceu me informou certa vez, numa entrevista. Percebo, porém, que havia mais discos. Descobri recentemente este outro álbum do Peruzzi que pela numeração deve ter sido o quarto disco e não o do Lauro Paiva como eu antes imaginava.
Em “Páginas Inesquecíveis” temos o Maestro Peruzzi comandando sua orquestra em um repertório totalmente nacional. Na contracapa do álbum temos um texto do compositor Victor Simon, o qual é (por acaso?) o autor de duas músicas do disco. Ele exalta as qualidades da orquestra e os arranjos do maestro. Realmente o Peruzzi era mesmo muito bom e até versátil. Porém, neste repertório ele acabou transformando tudo em marcha, o que, pessoalmente, acho meio chato e monótono. Me fez lembrar os desfiles escolares em 7 de setembro. Mas não se prendam à minha crítica. Isso é mesmo bem pessoal…

velho realejo
cano na praia
ave maria
caçador de esmeraldas
evocaçõa
chão de estrelas
o vagabundo
chuá chuá
pastorinhas
história antiga

Peruzzi E Sua Orquestra – O Samba Visita O Clássico (196…)

Meus amigos, my friends… Estou apostando no samba para este revellion e trago aqui as minhas sugestões para trilhar as emoções, os momentos felizes dessa festa. Inicio com um disco prometido, mais uma jóia do maestro Peruzzi misturando a música clássica com o samba. Depois do sucesso de “Violinos no Samba”, o maestro lançou um novo disco na mesma linha. São trinta e seis violinos, um oboé, piston, trombone e três vocalistas sopranos contra um cavaquinho, violão, contra-baixo, agogô, cuíca, pandeiro e afoxé. Um lp com dez faixas (podiam ser mais) por onde desfilam alguns dos mais famosos temas da música clássica. Desta vez pelo recem-criado selo/gravadora MGL – Minas Gravações Ltda de Belo Horizonte. Foi a primeira gravadora em Minas Gerais. Não tenho certeza, mas acho que este foi um dos primeiros lançamentos do selo.
Curiosamente, quem contribuiu para o surgimento da gravadora foi o maestro Peruzzi. Para se entender um pouco melhor a história deixa explicar… A MGL foi criada pelo engenheiro de som e inventor mineiro Dirceu Cheibi, sinônimo também de Bemol e Paladium. Um homem talentoso que ainda está hoje à frente de um dos mais importantes estúdios de gravação do país, a Bemol. Dirceu é pai do fera Linconl Cheibi, grande baterista de Milton Nascimento. Em uma entrevista ele conta ao repórter Peron Rarez como entrou no ramo de gravação: “Na década de 60, terminando o curso de Direito, eu trabalhava com um advogado amigo, o Dr. Célio Luís Gonzaga, que conheceu em São Paulo o maestro Edmundo Peruzzi. O maestro tinha acabado de estourar o LP Violinos no Samba, pela RGE. Tratava-se de uma idéia genial: orquestra sinfônica, com uma cozinha de samba, tocando 12 sucessos da música erudita. Foi sucesso no mundo. E o Peruzzi nos convenceu a entrar para o mundo fonográfico… aí começou tudo. Criamos em BH o Selo MGL – Minas Gravações Ltda.” Como vemos, este disco não nasceu em Minas por acaso e é sem dúvida, um dos mais importantes e histórico lançamento fonográfico feito nas Geraes. Coisa raríssima e esquecida, mas agora ressuscitada para 2009.
Recomendadíssimo!

lago dos cisnes (p. tchaikovsky)
fantasia impromptu – op.66 póstuma (f. chopin)
canção de ninar (brahms)
poema (fibich’s)
ária para corda de sol (j. s. bach)
stephanie (a. czibulka)
coppelia (l. delibes)
momento musical (f. schubert)
souvenier (f. drdla)
largo de handel (g.f. handel)

Peruzzi & Orquestra RGE – Violinos No Samba (1961)

Olá a todos! Ainda em trânsito, mas sem nunca perder o rumo, aqui estou para a postagem do dia. Me lembrei deste disco, que também estava à mão e resolvi postá-lo. Com certeza, todos vocês irão gostar. Trata-se de um trabalho muito interessante…
Aqui temos o maestro Edmundo Peruzzi com a Orquestra da RGE num disco, no mínimo curioso. Eu pessoalmente acho o máximo! “Violinos no samba” é a fusão da música clássica com o samba. Em ritmo deste que é o mais legítimo representante da música brasileira, desfilam obras de Chopin, Beethoven, Bach, Tschaikowsky e mais… O resultado é surpreendente. Chamo a atenção para a faixa “Dança árabe” do balé “O quebra nozes” de Tschaikowisky que aqui se apresenta como a mais perfeita Bossa Nova. Muito bom, confiram esse toque…
valsa do adeus – opus 69, n.1 (f. chopin)
soanata ao luar – opus 27, n.2 (l.v. beethoven)
pizzicati – do balé “sylvia” (leo délibes)
tristesse – estudo, opus 10, n.3 (f. chopin)
para elisa (l. v. beethoven)
dança árabe – balé “quebra nozes”, opus 71 (p. l. tchaikowisk)
dança das horas – “la gioconda” (a. ponchielli)
valsa das flores – balé “quebra nozes”, opus 71 (p. l. tchaikowisk)
jesus, a alegria dos desejos humanos – coral da cantata n.147 (j. s. bach)
noturno – opus 9, n.2 (f. chopin)
romance – opus 5 (p. l. tchaikowisk)
elegia (j. massenet)

Peruzzi Sua Orquestra E Côro – Rio-Show (1965)

Aproveitando o momento de nosso primeiro aniversário, resolvi incluir este lp que também é comemorativo. Trata-se de um trabalho encomendado à Odeon pela a antiga Secretaria de Turismo da Guanabara em razão dos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro (1965). Este disco foi oferecido aos vistantes/convidados que estiveram nos eventos comemorativos. Portando, um álbum não comercial, raro em todos os sentidos. O álbum traz doze faixas com temas clássicos da nossa música popular brasileria-carioca. Embora não conste na capa ou contracapa os músicos ou grupo que tocam, podemos encontrar no selo. Temos a frente o maestro Peruzzi com orquestra e côro, afirmando ainda mais a qualidade deste belíssimo álbum. Confiram…

cidade maravilhosa
fim de semana em paquetá
corcovado
favela
sábado em copacabana
rio de janeiro
copacabana
garota de ipanema
a voz do morro
balanço zona sul
rio
cidade de são sebastião