Bom dia, amigos cultos e ocultos! De volta às curiosidades, fazendo valer a máxima de se “ouvir com outros olhos”, aqui vai mais um disco do lendário selo mineiro MGL (Minas Gravações Limitada), do Sr. Dirceu Cheib (Estúdio Bemol). Eis aqui mais um álbum que descobri deste selo que deu origem às primeiras gravações profissionais em Belo Horizonte. Como todos os discos da MGL, nenhum traz informação sobre data ou coisa assim. São verdadeiros mistérios que só mesmo o Dirceu Cheib poderia nos desvendar, mas creio que nele e nem ninguém está mais interessado nessa história. Uma pena, pois mesmo não sendo obras autorais, regravações de sucessos da época que visavam apenas uma atividade comércio musical, esse trabalho tem uma história importante, tanto no que diz respeito ao pioneirismo fonográfico em Minas, quanto no seu aspecto artístico, dos músicos e instrumentistas que por aí passaram. Eu suponho que toda essa história não traz interesse por diversos motivos, mas principalmente porque levanta a questão de direitos autorais, afinal, nessa época, nos anos 60, música no Brasil era meio que ‘terra de ninguém’. Gravava-se tudo, sem ter permissão, sem ter noção. E isso não era coisa só da MGL e Paladium, haviam outras gravadoras, até mesmo as grandes.
O certo é que este é mais um disco da pequena produção da Minas Gravações Limitada. “A Turma da Brasa” é o nome do grupo, que bem provavelmente foi formado com os músicos da cidade, que atuavam em bailes, boates de Belo Horizonte. Para não variar, o repertório é sempre aquele, alguns sucessos específicos da música internacional, bem ao estilo ‘bailinho’, conjunto de beira de piscina, ou coisa assim… Também, considerando o repertório e todo o contexto visual, acredito que este lp tenha sido lançado em 1966 ou 65, época de transição da MGL, quando então nascia o selo Paladium.
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Marina Guimarães Com Orquestra MGL (1964)
Olá amigos cultos e ocultos! Estou trazendo hoje para vocês um raro disco do selo MGL (Minas Gravações Limitada), aquele do qual já falamos várias vezes por aqui. A MGL foi a primeira gravadora feita em Minas, dona também do selo Paladium e hoje conhecida como Estúdio Bemol. O presente álbum faz parte da meia dúzia de discos que foram lançados inicialmente pela gravadora do Sr. Dirceu Cheib, nos primeiros anos da década de 60. Me lembro que no encontro que tive com o Sr. Dirceu, ele comentou a respeito desses primeiros discos, com selo MGL, mas em nenhum momento citou este, o que me levou a entender que a Minas Gravações tinha lançado apenas uns 4 discos. “Canções de Marina”, talvez tenha sido (naturalmente) esquecido em razão de ser uma espécie de “trabalho beneficente”. Não foi um disco nos moldes convencionais, ou melhor dizendo, comercial. Foi um álbum especial, que teve sua renda revertida em doação para a Sociedade Pestalozzi, em favor da criança excepcional. Eu não encontrei informações sobre quem foi a cantora, Marina (Matos?) Guimarães. Pelo texto da contracapa, imagino que tenha sido uma senhora de sociedade, esposa talvez de algum político mineiro, ou algo assim. Os arranjos e orquestração são do Maestro Moacir Portes, que nos anos 50 esteve a frente com a principal orquestra da rádio mineira. O repertório do álbum traz composições do próprio Maestro Moacir Portes e de outros compositores, como Heckel Tavares. Um disco bonito de se ouvir. Confiram no Grupo do Toque Musical 😉
Peruzzi E Sua Orquestra – Páginas Inesquecíveis (1963)
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Uma coisa que eu tenho percebido, depois da faxina que a turma do Blogger começou a fazer, é o receio das pessoas frente a repressão que vemos crescer cada dia mais no mundo digital. É impressionante e mesmo temeroso os rumos que toma a Internet. Cada vez mais ela deixa de ser um território livre para ser ocupado pelos mesmos latifundiários do mundo real e concreto. Querem aplicar as mesmas leis caducas, uma adaptação forçada que nos leva à mesma situação. Ou por outra, a ideia é manter tudo do mesmo jeito que sempre foi. Qualquer entendimento, reconhecimento ou ação isolada nesta ‘revolução digital’ pode ser considerado como uma conspiração contra o Sistema. Acontece que o Sistema, nos moldes atuais, está falido. Uma nova onda está por vir e nessa, quem ainda não aprendeu a surfar vai ser engolido pelas águas. O que me preocupa mais é pensar no tamanho dessa onda e até onde ela nos levará. A verdade é que as pessoas estão temerosas, estão sendo (veladamente) ameaçadas e sufocadas. Se não reagirmos, tenho certeza, cairemos todos, o mundo inteiro, numa ditadura mundial. Vivemos hoje um paradoxo, num mundo que para continuar existindo depende do coletivo, do compartilhamento, da fusão do individual no todo. Porém, essa ‘necessidade’ vai contra o formato anterior, o da sociedade industrializada e capitalista. Estamos vivendo um momento crítico, de transformações e cabe a cada individuo reconhecer seu coletivo. Somente assim nós não nos tornaremos os escravos do futuro. A união faz a força.
cano na praia
ave maria
caçador de esmeraldas
evocaçõa
chão de estrelas
o vagabundo
chuá chuá
pastorinhas
história antiga
Lauro Paiva E Seu Conjunto – O Ritmo É… (1963)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Até o momento ninguém se manifestou com relação à postagem de ontem. Ainda continua valendo um doce para aquele que souber informações sobre o Del Norman.
Para hoje eu tenho mais um disco raro, um típico exemplar que vocês só encontram aqui no Toque Musical. Finalmente chegou em minhas mãos o último dos quatro discos lançados pelo selo mineiro MGL. Quem acompanha o Toque Musical já deve saber um pouco da saga e os discos criados por essa gravadora, pioneira no Estado de Minas Gerais. A MGL (Minas Gravações Limitada) nasceu nos primeiros anos da década de 60. Foi criada por Dirceu Cheib, incentivado pelo Maestro Edmundo Peruzzi, o qual estreou o selo com o álbum “O samba visita o clássico“. Naqueles anos de 62 e 63, quando a MGL iniciou os seus trabalhos, segundo Dirceu Cheib, a ideia era a de fazerem apenas um disco. Naquele momento a empresa era apenas um espécie de editora. Ainda não haviam investido em maquinários para um estúdio de gravações. Os quatro discos lançados foram totalmente feitos em São Paulo e com artista desse Estado. Os álbuns lançados foram: “Peruzzi – O samba visita o clássico“; “Xixa e seu conjunto – Hoje é dia de festa“; “Antoninho Pellicciari e seu conjunto – Apresenta sucessos do momento” e este que estou postando agora, “Lauro Paiva – O ritmo é…”. Não sei precisar a ordem de lançamento desses discos que vieram após o do Maestro Peruzzi, mas todos foram lançados em 1963. Provavelmente, o do Lauro Paiva foi o último e talvez seja até de 1964, ano em que a MGL inicia com seu selo Paladium. Este lp demonstra bem isso, a transição, pela capa temos a MGL e o selo já era Paladium. Dos quatro lançamentos este foi o único com gravação estéreo. A partir daí, os discos da Minas Gravações passaram a ser Paladium. A Paladium, como já disse, foi um selo criado para coleções com vendas a domicílio. A razão pela qual seus discos, quando os encontramos por aí, não apresentarem uma ficha técnica, se deve ao fato de que os mesmos faziam parte de caixas como seis lps, que eram vendidas à domicílio por todo o Brasil.
A história da Paldium e por consequência da MGL e Bemol eu ainda penso em contar em um outro blog que criei, mas até hoje não achei um tempo para lhe dar vazão. Só para não perder a ideia de vista, cheguei até a fazer umas duas postagens, mas apenas para lhe dar um corpo. Possívelmente, se tudo der certo, quero transformar essa história num projeto, com apoio institucional ou de leis de incentivo. Já tenho muito material de pesquisa coletado e todo o esquema montado para isso. Só me falta tempo e talvez uma pessoa também interessada no assunto e que queira comigo pegar essa empreitada. Alguém se habilita?
Bom, vamos ao disco… Lauro Paiva, embora hoje em dia seja quase um desconhecido, foi nos anos 50 e 60 um músico e compositor bem conhecido, principalmente em São Paulo, onde ele fez seu nome. Nascido na Bahia, trabalhou no início dos anos 50 na Radio Excelsior baiana. Mudou-se para o Rio de Janeiro logo em seguida e a partir de então vieram as gravações. Pelo que eu pesquisei ele gravou por volta de uns nove ou dez discos ao longo de sua carreira. Estabeleceu-se em São Paulo onde também tocava na noite. Em 1963 ele foi convidado pelo Maestro Peruzzi a gravar este álbum para a então novíssima MGL. Um trabalho muito interessante e super gostoso de ouvir. Do lado A temos uma seleção de sambas, muito bem arranjados, valorizando bem o ritmo, como anunciando no título do lp. São músicas, algumas, bem conhecidas, como “Influência do jazz”, de Carlos Lyra; “Eu sei que vou te amar”, de Tom e Vinicius e “Na cadência do samba”, de Ataulfo Alves. No lado B temos também muito ritmo, contemplando um repertório internacional com outros estilos musicais muito em voga na época, o ‘twist’ e o chá chá chá.
Muito legal o disco, vale a pena dar uma conferida.
Antoninho Pellicciari E Seu Conjunto – MGL Apresenta Sucessos Do Momento (1963)
Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu me atrasei na postagem por causa exatamente deste disco. Há tempos eu venho querendo postá-lo, mas faltava ainda um trato no áudio, retirar alguns estalhos e chiados e ganhar um pouco mais do no volume. Consegui fazer isso ontem, antes de ir dormir. Hoje, pela manhã, era só postar, mas eu fiquei com um dúvida. Vejam só, este álbum foi um dia postado pelo amigo Zeca em seu Loronix (eu nem sabia). Em sua publicação ele dizia que Antoninho Pellicciari era um pseudônimo, que quem estava por trás do obscuro nome era na verdade o Maestro Aécio Flávio. Por conta dessa afirmação, alguns outros sites passaram também a creditar o lp ao músico. Eu que já conheço um pouco a história da gravadora mineira, fiquei meio na dúvida. Sei que o Aécio começou sua carreira em estúdio junto com o surgimento da MGL/Bemol. Mas sabia também que a sua participação se deu a partir do surgimento do selo Paladium, já pelos idos de 1965 ou 66, conforme ele mesmo conta em sua biografia. Portanto, havia alguma coisa erra nessa história. Na dúvida, enviei um e-mail ao Sr. Dirceu Cheib, que agora a noite me retornou, respondendo de maneira lacônica, que “se trata de um músico paulista que tinha um conjunto famoso na capital”. Obviamente, Antoninho Pellicciari nunca existiu além deste disco. Também não foi o Aécio Flávio. Mas tudo me leva a crer que quem está por trás deste disco é na verdade o Maestro Edmundo Peruzzi. A MGL – Minas Gravações Ltda foi criada em Minas Gerais, incentivada pelo maestro paulista Peruzzi que convenceu o Dirceu Cheib e seu sócio a bancarem um disco seu, o já apresentado aqui, “O Samba Visita O Clássico“. Para não ficarem no negócio de um só disco, Peruzzi achou que seria bom eles terem outros lançamentos. Daí, nasceram mais três álbuns, todos gravados em São Paulo, já que a gravadora ainda não tinha estúdios. Segundo o Sr. Dirceu, todos esses primeiros lps foram gravados com músicos paulistas. Outro disco integrante, também postado aqui, é o do cavaquinista Xixa e Seu Conjunto. Como disse, para mim, Antoninho Pellicciari era mesmo o Maestro Peruzzi. Ele esteve envolvido diretamente na criação da gravadora e de seus quatro primeiros álbuns. Talvez, para não se fazer repetitivo, ou ainda, para criar a ideia de uma gravadora com artistas multiplos e diferentes, eles tenham preferido adotar o pseudônimo. Ao ouvir o disco e conhecendo um pouco o trabalho de interpretação e arranjos de Aécio Flávio e também o de Edmundo Peruzzi, vocês irão concordar comigo de que o segundo é o mais suspeito.
A propósito, o Zeca deve ter percebido isso, pois logo retirou este título e postagem de seu blog.
Bom, quanto ao conteúdo musical, temos aqui um desfile de temas feitos para dançar, como ensinou o mestre Waldir Calmon. O disco se divide de um lado com temas nacionais e do outro os internacionais. Todos, sucessos do momento. Confiram…
Xixa E Seu Conjunto – Hoje É Dia De Festa (196…)
Bom dia! Boa sexta-feira para todos! Inicio esta postagem lembrando àqueles que estão em Belo Horizonte, que amanhã, sábado dia 14 irá acontecer na cidade a Sétima Feira do Vinil e do CD Independente, promovida pela Discoteca Pública. Eu havia anunciando a feira na semana passada, mas para reforçar o convite, faço o lembrete novamente.
Putz! Eu ainda não havia me tocado para o fato de hoje ser uma sexta-feira 13. Para os mais superticiosos é bom manter a atenção, dar três batidinhas na madeira, um ramo de arruda atrás da orelha e lembrar de sair de casa com o pé direito. Mas para garantir a proteção, acorde de bem com a vida, seja positivo, gentil e inicie o dia ouvindo ou cantando alguma música que lhes agradem. Essa é a melhor sugestão 😉
Bom, agora vamos ao que interessa… Para o dia de hoje eu reservei outra pérola rara, que com toda certeza poucos conhecem. Este foi o terceiro disco lançado pela pioneira e extinta gravadora mineira MGL. Eu mesmo me coloco entre os tantos que ignoravam a existência deste lp e de seu autor. Sempre escutei falar em Xixa como um eximio tocador de cavaquinho e bandolim, mas nunca havia me interessado em saber mais sobre este compositor e instrumentista. Somente agora, com este raro exemplar em minhas mãos, foi que me dei conta de sua qualidade e importância. Um artista pouco lembrado ou conhecido do grande público. Para apresentá-lo, eu tomo a liberdade de incluir partes de um texto do pesquisador, colecionador e profundo conhecedor de Choro, o professor João Tomás do Amaral. Ninguém melhor que ele para nos fazer a apresentação de Xixa e Seu Conjunto:
Uma análise sobre alguns dados referentes a este lp nos dão algumas informações interessantes e vão permitindo reconstruirmos a história do movimento do choro sem maiores distorções. Fatos como este, viabilizam diminuirmos as incoerências a respeito dos dados e melhora sistematicamente a precisam da verdadeira dimensão do movimento do choro. Desta forma, podemos comprovar que a MGL foi a primeira gravadora mineira, fruto do sonho de um grupo de jovens da capital – Belo Horizonte.
O lp “Hoje é dia de festa” é produto do registro sonoro de um dos mais importantes cavaquinistas da história da música popular brasileira, provavelmente também um dos ilustres desconhecidos da nossa cultura musical – o mestre Xixa. O grande público não é conhecedor do trabalho deste centrista e solista do cavaquinho. Porém, ao ouvirem gravações do Demonios da Garôa, Dominguinhos e Saraiva entre tantos outros, estarão em contato com trabalho do excelente Xixa. Certamente, um dos instrumentistas mais requisitados para gravação em sua época. O álbum é uma obra rara por todo o seu contexto. Pois, apresenta inclusive o lado compositor de Xixa… (Continue esta leitura no site de seu autor)