Arquivo da categoria: Juca Chaves
Juca Chaves – Ninguém Segura Este Nariz (1974)
O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados mais um álbum de Juca Chaves, seguramente um dos maiores humoristas do Brasil. Jurandyr Chaves (seu nome na pia batismal) nasceu no Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1938, mas foi criado em São Paulo. Músico de formação erudita, começou a compor ainda na infância. Iniciou sua carreira em fins dos anos 1950, cantando modinhas e trovas em estilo suave. Fez o primeiro recital no Teatro Leopoldo Fróes, em 1957, e queria ser também jornalista, criando a revista “Augusta Chic”, onde publicava suas crônicas e poemas, e trabalhando nos Diários Associados e na “Última Hora”, mas preferiu se dedicar apenas à música e ao humorismo. Seu primeiro disco, em 78 rpm, saiu em outubro de 1959 pela Chantecler, apresentando dois sambas de sua autoria: “Nós, os gatos” e “Chapéu de palha com peninha preta”. No ano seguinte, gravou seu primeiro LP, “As duas faces de Juca Chaves”, lançado pela RGE. De um lado, sátiras musicais, e do outro, modinhas. Ferrenho crítico do poder dominante, da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico (chegou a ter sua própria gravadora, a Sdruws Records), “Juquinha” chegou a se exilar em Portugal, nos anos 1960, mas, ao incomodar o governo salazarista com suas sátiras, então ganhando espaço no rádio e na televisão lusitanas, transferiu-se para a Itália. Voltando ao Brasil, apresentou programas de televisão e fez sucesso em espetáculos teatrais, quase sempre se apresentando descalço. Teve inclusive um circo nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde apresentou o show “O menestrel maldito”. Entre suas músicas mais conhecidas estão: “Por quem sonha Ana Maria”, “Presidente bossa nova” (referência ao então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira), “Brasil já vai à guerra” (ironizando a compra, pelo governo, do porta-aviões “Minas Gerais”), “Nasal sensual” (alusão ao tamanho de seu nariz), “Verinha”, “Caixinha, obrigado”, “Pequena marcha para um grande amor”, “Paris tropical”, “Take me back to Piauí” e “I love you, bicho”. Tem mais de vinte títulos em sua discografia, entre 78 rpm, compactos, LPs e CDs. É também conhecido por ser fanático torcedor do São Paulo Futebol Clube.
Cantando A Mulher – Coletânea Toque Musical (2015)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Bom dia, em especial, a todas as mulheres, cultas e ocultas! Hoje é o dia delas, o Dia Internacional da Mulher! Eu não me recordo de já ter feito aqui alguma homenagem nessa data para você, mulher. Mas pode ter certeza, estou sempre pensando, sintonizado em suas ondas. Ah, mulheres… de todos os tipos, de todas as horas… mães, esposas, amantes, amigas, irmãs. Mulher até Presidente. Elas estão em todas. E o que seria de nós, homens, sem elas? Adoro esse ser que me completa em todas as suas vertentes e vértices. Êta bicho bão, sô!
Para homenageá-las, criei então essa pequena coletânea, um tanto irregular e talvez até injusta por não acrescentar tantas outras belas e talvez até mais apropriadas composições, que temos no cancioneiro popular. É, eu realmente podia ter escolhido mais músicas. Por certo, melodias que exploram a temática mulher é coisa que não nos falta. Mas eu achei por bem ficarmos apenas em 20 músicas, sendo essas tão variadas quanto as próprias escolhas de postagem do Toque Musical. O importante é agradar aos gregos e troianos, misturar mineiros e baianos, alhos com bugalhos. Porém, acima de tudo, festejando sempre a mulher. Parabéns a todas por este dia!
Tito Madi, Juca Chaves, Jonas Silva E Baden Powell – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2011)
O Gran Record Brazil chega à sua terceira edição, e apresenta relíquias do final da década de 1950, começo da de 60, que certamente se constituem em autênticos presentes de Papai Noel para colecionadores. Para começar, um nome que dispensa qualquer tipo de apresentação: Chaiki Madi, aliás Tito Madi, paulista de Pirajuí. E ele abrilhanta a terceira edição do GRB com seu 78 rpm de estreia na gravadora Colúmbia, futura Sony Music, lançado ao apagar das luzes de 1959 (certamente em dezembro) com o número 3101, já emplacando dois sucessos estrondosos, com orquestração e regência de Lírio Panicalli (Queluz, SP, 1906-Niterói, RJ, 1984), autêntica fera do setor. Abrindo o disco, matriz CBO-2172, uma joia inspiradíssima de Luiz Antônio: “Menina-moça”, que fez parte da trilha sonora do filme “Matemática, zero… amor dez”, comédia dirigida por Carlos Hugo Christensen, filmada em cores (Agfacolor) e estrelada por Alberto Ruschel e Suzana Freire, tendo também no elenco Jayme Costa, Agildo Ribeiro, Heloísa Helena (não confundir com a política fundadora do PSOL), entre outros. E “Menina-moça” era o tema principal da película, cuja trilha sonora também saiu em LP pela Colúmbia (apenas o lado A foi disponibilizado em blogs). Teve inúmeras gravações, mas a melhor continua sendo a de Tito Madi. O lado B, gravado oito matrizes depois (CBO-2180) é outro carro-chefe do autor de “Chove lá fora”, mais um produto de sua inspiração: o belo samba “Carinho e amor”, outra pérola imperdível do cancioneiro romântico, e também regravada inúmeras vezes, inclusive pelo próprio Tito. “Carinho e amor” também fez do parte do LP de mesmo nome, que Tito dividiu com o pianista José Ribamar, e foi o primeiro álbum brasileiro da Colúmbia gravado em estéreo (esse sim esta inteiro nos blogs!). Em seguida, iremos nos encontrar com o “menestrel do Brasil”, Juca Chaves. Ele estreou em disco na Chantecler, em outubro de 1959, com dois sambas de sua autoria: “Nós, os gatos…” e “Chapéu de palha com peninha preta”. Apenas três meses depois, em janeiro de 1960, e já por outra gravadora, a RGE de José Scatena, foi para as lojas o segundo 78 do humorista, estampando no selo o número 10206, e com arranjo e regência do italiano Enrico Simonetti, então um dos maestros de plantão na gravadora. A matriz RGO-1440, no lado A, apresenta uma divertida gozação do “Juquinha” com o então chefe da nação Juscelino Kubitschek de Oliveira, a hoje clássica “Presidente bossa nova”, não faltando referências a seu característico sorriso, a suas viagens aéreas constantes, à nova capital que seria inaugurada em abril daquele ano (Brasília) e às aulas de violão que JK tinha com Dilermando Reis. Com a mesma mordacidade, o lado B, matriz RGO-1441, é o choro “Tô duro”, crítica clara à situação de miséria que vivia (e ainda vive) boa parte de nossa população. Aliás, era uma época de inflação galopante, que estava perto de 40% ao ano (diante disso, inflação de 6% ou 7% ao ano como a atual não é nada…). Ambas as músicas também constaram do primeiro LP do humorista, “As duas faces de Juca Chaves”. Outra preciosidade é o segundo e último 78 rpm do cantor Jonas Silva, sobre o qual não há informações disponíveis. Ele estreou em 1955 na Mocambo, com os sambas “Andorinha” e “Eu gosto de você”, e – um mistério! – só fez o segundo 78 seis anos mais tarde. Ele saiu pela Philips em julho de 1960, com o número P61068H e a vantagem de ser inquebrável, prensado em vinil! No lado A, uma das mais conhecidas composições de Tito Madi, o samba “Saudade querida”, hit absoluto naquele ano, gravado por inúmeros intérpretes e, claro, pelo próprio Tito. No lado B, outro samba, “Complicação”, dos mesmos Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli que nos deram, nesse mesmo ano, o samba-canção “Fim de noite”, na voz de Alaíde Costa. É a única gravação desta preciosidade, ao menos em 78 rpm, e o acompanhamento no selo diz apenas que é por conjunto. Para finalizar, temos o genial violonista Baden Powell de Aquino (Varre-Sai, RJ, 1937-Rio de Janeiro, 2000) em mais um bolachão inquebrável da Philips, com o número P61103H, lançado em julho de 1961. Abrindo o disco, uma “Lição de Baião” assinada por Jadir de Castro e Daniel Marechal. E o curioso é que o baião na época andava meio esquecido, com a bossa nova no apogeu, mas ainda com um público fiel ao gênero, particularmente a colônia nordestina, que sempre existiu nos grandes centros urbanos, São Paulo em especial. A letra é cantada por coral masculino, e começa até em francès! O lado B nos traz o belo samba instrumental “Do jeito que a vida quer”, assinado por nada mais nada menos do que o cearense de Fortaleza Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia, mais conhecido como Ed Lincoln. Ambas as músicas do 78 que encerra este volume do GRB saíram depois no segundo LP de Baden Powell, intitulado “Um violão na madrugada”. Enfim, oito joias imperdíveis para colecionadores. Não percam!
A Gonfie Vele (196…)
Olá amiguíssimos! Ontem eu acabei furando com vocês. Na verdade, acho que furei comigo mesmo. Havia prometido uma postagem extra, mas acabei não fazendo. Felizmente, não houve reclamação, o que me leva a crer que isso é mesmo uma preocupação só minha. Melhor é eu relaxar e entrar na dança…
Estou postando aqui este álbum lançado pela Fermata na década de 60. Não achei informações sobre o dito cujo, mas até onde importa, “A Gonfie Vele” é uma coletânea lançada originalmente pelo selo italiano Style. Saiu no Brasil através da Fermata e fez muito sucesso. Aliás, as músicas dessa coletânea é que foram sucesso. Temos aqui John Foster cantando “Amore Scusami”, Leo Sardo com “Tu vivevi per me”, Vanna Scotti no tema de Godfinger e outras belas… Mas peraí, vocês devem estar se perguntando o que este disco tem a ver como as postagens do Toque Musical, não é mesmo? De uma certa forma não há nada, além do fato de em uma das faixas termos o Juca Chaves cantando em italiano “Piccola Marcia per un grande amore”. Esta gravação deve ter sido feita na época em que ele morou na Itália. Achei interessante postar este disco, pois além do Juca, temos aqui um belíssima seleção, capisci? Controllare il tocco 😉
Juca Chaves – Muito Vivo
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Antes de sair para a já tradicional Feira do Vinil e CDs Independentes, vou deixando pronta aqui a postagem do dia. A semana de humor ainda não fez cócegas o suficiente nos nossos ouvidos, por tanto, acho que vou dar sequência. Farei mais uma semana dedicada ao sorriso.
Para o sábado, estou trazendo mais uma vez o Juca Chaves. “Muito Vivo” é um disco que pela capa engana a gente. Parece ser gravado ao vivo, mas não é, o que acaba sendo melhor, afinal disco do Juca ao vivo é piada. Mas aqui, o que temos são 12 de suas mais famosas canções, sempre satirizando o cotidiano social, político ou artístico brasileiro. Não tenho certeza, nem vou verificar isso agora, mas algumas das faixas deste disco estão contidas também no álbum anterior que postei aqui no Toque Musical.
Deixa eu ir… já estou atrasado… até mais…
Juca Chaves, Moreira Da Silva, Mauro Celso, Os Araganos, Raul Gil, Trio Esperança – Compactos!
Na sequência da nossa ‘dobradinha’, alternando entre compactos e long plays, vamos até domingo nesse ritmo variado. Para a próxima semana estou programando uma mostra de rock. As vezes é preciso ir de um extremo ao outro para que as pessoas percebam que o Toque Musical é um blog eclético. Rola de tudo e para todos, com exceção apenas aos novos lançamentos comerciais e algumas coisas que nem ouvindo com outros olhos se pode levar fé. Axé! Salve, salve!
Juca Chaves – As Músicas Proibidas De Juca Chaves (1968)
…E por falar em polêmica, humor e grandes compositores, hoje eu resolvi trazer o “Menestrel do Brasil”, irreverente Juca Chaves. Ele pode até não ser grande em tamanho, mas como compositor ninguém pode duvidar, não é mesmo? 🙂 Suas composições sempre foram marcadas pela sátira, pela crítica social e política. Mas não podemos colocá-lo no mesmo patamar dos compositores de protesto e contestação como foram Chico Buarque, Sérgio Ricardo ou Vandré. Como eu já disse, humor não é para ser levado a sério. Jurandyr Chaves foi sempre um satirico, sua preocupação social se limitava às críticas. Não foi atoa que um dia a escritora Zelia Gattai o classificou como um anarquista, o que num certo sentido lhe confere um ‘status’ honroso, embora não tenha sido exatamente essa a intenção. Juca, na verdade e literalmente, sempre foi um pequeno burguês, amante (ou apreciador?) de lindas mulheres, colecionador de carros e um ‘bon vivant’. Seu momento maior e com algum sentido político-social se fez nos anos 60, quando ganhou muita popularidade com suas modinhas e também muitos processos, que na verdade só serviram mesmo para lhe dar mais destaque. Depois de 64, criticar a classe política e militar já não era mais moleza e o Juquinha ‘previdentemente’ foi logo mudando seu alvo para coisas mais amenas e agradáveis como o sexo e as piadinhas picantes.
Neste disco, lançado em 1968 pelo selo Imperial (que foi criando pela Odeon para vendas à domicílio) temos reunidas algumas de suas sátiras que só saíram para o público após muitas batalhas judiciais. São composições, portanto, da primeira metade dos anos 60. Porém, logo depois de ter sido lançado este álbum, veladamente a Odeon o retirou da venda ao público, a pedido da nova ordem militar.