O Grand Record Brazil, em sua décima edição, convida todos os amigos e ocultos do Toque Musical a voltarem a seu feliz tempo de criança! Aqui trazemos um dos mais famosos contos infantis de todos os tempos: “Branca de Neve e os sete anões”, escrito pelos irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, e brilhantemente adaptado para desenho animado por Walt Disney, em 1937, tendo sido, aliás, o primeiro cartoon de longa metragem produzido, e ainda em cores! Deu início a uma série memorável de longas animados da Disney: “Pinóquio”, “Dumbo”, “Bambi, “Cinderela”, “A bela adormecida, “Alice no país das maravilhas” e muitos, muitos outros, praticamente com a mesma característica: para serem vistos e também ouvidos.
A dublagem com que o filme foi lançado nos cinemas brasileiros, feita pela Cinelab, foi supervisionada por João de Barro, o Braguinha, então diretor artístico da gravadora Columbia, mais tarde Continental. Apesar dos recursos técnicos limitados, o resultado foi tão bom que o próprio Walt Disney, em reconhecimento, presenteou Braguinha com um relógio de ouro, especialmente dedicado a ele. Para dublar “Branca de Neve”, recrutou-se a nata da música popular brasileira daqueles tempos: Dalva de Oliveira (a personagem-título), Carlos Galhardo, (o príncipe), Almirante (a voz do Espelho Mágico), além do comediante Batista Júnior, pai das cantoras Linda e Dircinha Batista (o anão Soneca) e dos atores Túlio de Lemos (o caçador), Cordélia Ferreira (a rainha), Estephana Louro (a bruxa), Edmundo Maia (o anão Atchim) e Aristóteles Pena (o anão Zangado), entre outros. Esta dublagem antiga, infelizmente, se perdeu, tanto que em 1965 teve de ser refeita pela extinta Riosom, sob a supervisão de Aloysio de Oliveira e com outro elenco de vozes (foi com esta última dublagem que o filme foi exibido pela Rede Globo de Televisão, no Natal de 2010).
Em 1945, a Continental, ex-Columbia, decidiu gravar historinhas infantis em disco, e com a supervisão e adaptação do próprio Braguinha. Para isso, ele reuniu nos estúdios da gravadora, situados no Edifício Cineac-Trianon (Avenida Rio Branco esquina com Rua Bethencourt Silva, em frente ao lendário Café Nice, no centro do Rio), praticamente todos os artistas que gravaram a primeira versão dublada brasileira de “Branca de Neve” quando do lançamento em nossos cinemas, em 1938, com o apoio do grupo vocal Os Trovadores. A orquestração e a regência ficaram a cargo do maestro Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914-Rio de Janeiro, 1993). Segundo o próprio Braguinha, era impossível naquele tempo gravar uma história completa num único 78 rpm. O jeito então foi gravar “Branca de Neve” em dois discos de selo vermelho especial, números 30103 e 30104, matrizes 1371-2-3-4. Esta versão apresenta todo o escore musical original do cartoon clássico de Disney. A narração, não creditada, parece ser da radialista e também cantora Sõnia Barreto, sendo as canções (oito) escritas por Frank Churchill (melodia) e Larry Morey (letra original). Três delas são lembradas até hoje: “Assobie enquanto trabalha”, “Cavando a mina”(“Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou”…) e a valsa “Quando o meu príncipe vier”, incluída no repertório de vários solistas de jazz. Este lançamento iniciava a série Discoteca Infantil Continental, que seria o embrião, nos anos 1960, do célebre e bem-sucedido selo Disquinho, aquele dos compactos de vinil coloridos, e que seriam entretenimento de gerações seguidas de crianças (inclusive, claro, a minha!). Foram mais de setenta títulos, o primeiro deles agora oferecido pelo GRB na versão original em 78 rpm, o que de certa forma serve de consolo para a possível perda da dublagem brasileira original do longa animado de Disney. Recordemos com muito carinho a bela história de “Branca de Neve e os sete anões”.