Olá amigos cultos e ocultos! Infelizmente, para mim, ainda continuo com uma tendinite no braço direito, o que me impede de ficar muito tempo mexendo no computador e daí manter o ritmo de postagens, que tem caído muito por essas e outras… Felizmente, para vocês, tenho um grande colaborador, que muito tem nos ajudado a manter o Toque Musical, o sempre pronto Samuca. Neste mês de outubro quem vai dominar as paradas é ele. Eu irei apenas fazendo pequenas intercessões, com uma ou outra postagem.
Assim sendo, escolhi para os próximos dias a coletânea “Programa Especial”, lançada pela Polygram, através de seu selo Polifar. No caso, tenho uma série com os quatro primeiros volumes. São coletâneas de artistas dessa gravadora e que procura estabelecer em cada volume um encontro de artistas com as mesmas afinidades de estilo. Começamos com essa coletânea que reúne quatro grandes nomes da chamada ‘soul and black music brasileira”: Tim Maia, Luiz Melodia, Hyldon e Cassiano. Neste lp foram selecionadas doze autênticas ‘pérolas negras’. Músicas que marcaram uma época e hoje se tornaram verdadeiros clássicos. Pessoalmente, desta série, este é o melhor volume. Como dizem, o disco ficou redondinho 😉 Confiram…
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Hyldon (1989)
Baiano de Salvador, nascido em 17 de abril de 1951, Hyldon de Souza Silva é um dos ícones da “black music” brazuca, ao lado de Tim Maia e Cassiano. Embora nascido na capital baiana, sua família foi morar em Senhor do Bonfim, no sertão daquele estado, quase na divisa com Pernambuco, quando nosso Hyldon tinha seis meses de idade. Ali viveu até os sete anos, quando houve nova mudança da família, desta vez para o Rio de Janeiro. Na adolescência, Hyldon manifestou interesse pelo iê-iê-iê, influenciado por seu primo, Pedrinho da Luz, então guitarrista dos Fevers, chegando a montar uma outra banda, chamada Os Abelhas, com ela apresentando-se em clubes de Niterói e cidades vizinhas, e até em programas de rádio e TV. Foi quando a família decidiu voltar à Bahia natal, mas Hyldon conseguiu convencer sua mãe a deixa-lo ficar no Rio, morando junto com o primo Pedrinho. Tal relação também acabou lhe dando a oportunidade da primeira gravação, quando ele teve a chance de tocar em uma faixa do primeiro álbum dos Fevers, na ocasião em que o guitarrista e vocalista Almir Bezerra não pôde comparecer ao estúdio. Como compositor, teve músicas gravadas por cantores como Robert Livi, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso, e começou a firmar-se como músico, participando como acompanhante em várias gravações, inclusive de nomes como Wilson Simonal e Tony Tornado. Em 1969, tocando com Os Diagonais, banda formada por Cassiano, seu irmão Amaro e Amaro, Hyldon acabou conhecendo nada mais nada menos que Tim Maia, isso no dia em que o síndico da MPB gravava sua participação em um álbum de Elis Regina. Em 1970, ingressa como produtor na Philips/Phonogram, hoje Universal Music, a convite de Mazzola, Guti e Jairo Pires. Lá, produz vários discos de sucesso, como os de Erasmo Carlos, Diana, Wanderléa e todos os que Odair José fez naquela companhia, inclusive tocando guitarra na polêmica “Uma vida só (Pare de tomar a pílula)”, grande sucesso de Odair, acompanhado pelo grupo Azymuth. Finalmente, em 1974, Hyldon conseguiu gravar solo pela primeira vez, obtendo sucesso em todo o Brasil com “Na rua, na chuva, na fazenda (Casinha de sapê)”, que daria título, no ano seguinte, a seu primeiro LP. Outras músicas consagradas por Hyldon foram “As dores do mundo”, “Na sombra de uma árvore”, “Acontecimento”, “Sábado e domingo” e “Velho camarada”, esta ao lado Tim Maia e Fábio Stella. Sua discografia abrange dez álbuns de estúdio, um ao vivo, e alguns compactos. Após um longo período de ostracismo, começou a ser redescoberto no final dos anos 1990, quando suas músicas são regravadas por grupos como o Kid Abelha (“Na rua, na chuva, na fazenda”) e o Jota Quest (“As dores do mundo”) e até mesmo aproveitadas em produções cinematográficas, tais como “Cidade de Deus”, “Carandiru” e “Durval Discos”. O TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados este que, cronologicamente, vem a ser o sexto álbum de estúdio gravado por Hyldon. O disco foi lançado em 1989 pela Esfinge, gravadora de existência efêmera que então lançava-se em nosso mercado fonográfico. Gravado em São Paulo e no Rio de Janeiro, e mixado em Hollywood, Estados Unidos, tem a participação do cantor norte-americano Alfonz Jones na faixa de abertura, “Pétalas vermelhas” e a curiosa parceria do futuro escritor best-seller Paulo Coelho em “Caminho de Santiago”. Aqui, Hyldon conta com uma excelente banda de apoio, com músicos do porte do baterista Ocolé, do baixista Luizão Maia, do tecladista Tutuca, dos percussionistas Chacal, Cidinho e Léo, e Paulinho Trompete e Bidinho nos sopros. Embora tenha vendido pouco na época do lançamento, este trabalho de Hyldon tem ótima qualidade sonora, e tudo isso faz com que mereça toda a atenção de quem aprecia o que é bom em matéria de música. É só conferir…
pétalas vermelhas
coração cigano
vá embora tristeza
uma chance para nós dois
muito além da razão
o mundo fica triste sem você
o amor é como a flor
trem da madrugada
caminho de santiago
vem comigo
*Texto de Samuel Machado Filho