Germano Mathias – Em Continência Ao Samba (1958)

Olá amigos cultos e ocultos! Ainda temos mais dois dias para queimar até o início do próximo ano. Vou então nesta oportunidade trazendo um disco que comprei na minha última ida ao Rio de Janeiro. Com grande satisfação eu anuncio aqui este lp do sambista Germano Mathias, álbum lançado em 1958 pela RGE. Álbum bancana e traz uma capa deliciosa com o nosso artista bem a vontade em meio a uma roda de samba. Uma foto colorida que é um convite irrecusável a uma audição. Este foi o seu segundo lp e contou com o acompanhamento de Esmeraldinho e Seu Regional. Boa parte da músicas são de autoria do próprio Germano.
Eu confesso que me sinto um pouco incomodado em apresentar este álbum se deixar de citar aqui um livro dos mais interessantes sobre a vida de Germano Mathias, que eu ganhei do próprio autor há uns três anos atrás. Por outro lado está sendo uma oportunidade de reafirma-lo, uma recomendação literária musical que eu há tempos estou devendo. Me refiro  ao “Sambexplícito – As Vidas Desvairadas de Germano Mathias”, do escritor e advogado Caio Silveira Ramos. Um livro que é bem mais que uma simples biografia. Seu texto, sincopado como o samba de Germano, pega o leitor pelo pé e o leva a uma viagem quase sem pausa (por conta do leitor, claro, é difícil parar de ler).
Para melhor entender este disco e também o próprio sambista, eu recomendo a leitura deste livro. Tenho certeza que vocês irão gostar. Por conta desta postagem, acho que vou passando o ano relendo as aventuras dessa peculiar figura do samba paulista. Quer forma melhor de começar o ano novo? 🙂 Boa música e boa leitura 😉

guarde a sandália dela
tem que ter mulata
lata de graxa
braço a torcer
chavecada na pavuna
derrocada do salgueiro
audiência ao prefeito
figurão
maria antonieta
feitiço fracassado
pedra dura
o mandamento do amor
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Germano Mathias – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 76 (2013)

Esta semana, o Grand Record Brazil, já em sua edição de número 76, é dedicado a um dos maiores representantes do samba paulista. Estamos falando de Germano Mathias.  Nascido  no Pari, bairro da Zona Leste de São Paulo, no dia 2 de junho de 1934. Passou a infância e a adolescência estudando na zona central da capital bandeirante e, quando saía da escola, dava de cara com as rodas de batucada que os engraxates faziam nas praças Clóvis Bevilacqua e João Mendes. Eles batucavam em suas próprias latinhas de graxa, e Germano passou a acompanhá-los. Revelando espantosa habilidade, Germano  foi logo convidado para tocar frigideira na Escola de Samba Rosas Negras. Incentivado por um amigo batuqueiro, participou, em outubro de 1955, do concurso “À procura de um astro”, promovido pela PRG-2, Rádio Tupi (então “a mais poderosa emissora paulista”), conquistando o primeiro lugar. Foi logo contratado pela emissora Associada como “cantor e executante de instrumentos exóticos” (ou seja, a lata de graxa e a frigideira). Esse estilo de samba, com divisões bem marcadas e batida diferente, tornar-se-ia a marca registrada de Germano.  Em 1956, estreia em disco, através da Polydor, marca que então pertencia ao grupo alemão Siemens, interpretando os sambas “Minha pretinha” e “Minha nêga na janela” (ambos nesta seleção). Um ano depois lança seu primeiro LP, em 10 polegadas, “O sambista diferente”, pelo qual recebe  os troféus Roquette Pinto e Guarani. Em 1958, muda-se para a RGE de José Scatena e lança um de seus maiores hits, “Guarde a sandália dela” , dele próprio em parceria com Sereno, mais tarde regravado ao vivo por Elis Regina e Jair Rodrigues . Quando da primeira aparição de Germano Mathias na televisão, seu sucesso aumentou cada vez mais, pois muitos pensavam que ele fosse negro, e o que se viu na telinha foi um jovem de cor branca, muito bem vestido e bem humorado, que adorava fazer suas “presepadas” no palco.  Em 1959 participou de dois filmes: “O preço da vitória” e “Quem roubou meu samba?”. Foi Germano quem gravou pela primeira vez um samba de Geraldo Filme, “Baiano capoeira”, parceria com Jorge Costa, isso em 1962. Gravou também sambas dos consagrados Zé Kéti (“Malvadeza Durão”, “Nêga Dina”, “Mexi com ela”, entre outros), Nélson Cavaquinho (“História de um valente”), Herivelto Martins (“Vaidosa”), Gordurinha (“Carta a Maceió”) e principalmente dos amigos Elzo Augusto e Jorge Costa. Em 1.o de maio de 1967, ainda no auge da carreira, recebeu o diploma de Bacharel do Samba da Ordem da Palheta Dourada, conferido pela Escola de Samba X-9. Sabendo disso, o apresentador de rádio e TV Randal Juliano logo apelida Germano de “O catedrático do samba”.  Ainda em 67, Germano apresentou o programa “Nosso ritmo é sucesso”, na TV Globo, emissora então em ascensão. Entretanto, no decorrer dos anos 1970, Germano Mathias foi entrando em gradativa decadência, sobretudo por causa de seu gênio intempestivo.  Além disso, foi perdendo todo o dinheiro que ganhou no auge da carreira em farras e jogos.  Voltaria a ser ouvido em 1978, quando foi lançado o LP “Antologia do samba de breque”, no qual foram reaproveitadas antigos registros seus, alternados com regravações feitas por Gilberto Gil.  Depois, nos anos 1980/90, viveu um período de quase total ostracismo. Fez participações especiais em álbuns de outros (caso de “História do samba paulista – vol. 1,editado em 1999 pelo CPC da UMES) e emplacou a música “Jerônimo” na novela “Cambalacho’ (Globo, 1986).                                    Em 2002, 28 anos após lançar seu oitavo e último LP-solo, Germano Mathias lança seu primeiro CD, “Talento de bamba”, pela Atração Fonográfica, feito todo à base de composições de seu amigo Elzo Augusto. O disco recebe elogios da crítica e Germano volta a fazer shows com aqueles sambas rápidos e bem humorados que fizeram sua fama. Em 2005, realizando um velho sonho, lança o álbum “Tributo a Caco Velho”, no qual revive os principais hits desse cantor e compositor gaúcho, tais como “Que baixo” e “Uma crioula”.
 Para esta edição do GRB, foram escolhidas oito das melhores gravações de Germano Mathias, de seu início de carreira, todas na Polydor. Abrindo a seleção, temos exatamente “Minha nêga na janela”, seu primeiro grande sucesso, samba do próprio Germano em parceria com Doca, de seu primeiro disco, número 148, de 1956, matriz POL-1137, correspondente ao lado B. O lado A, matriz POL-1136, é “Minha pretinha”, de Jair Gonçalves e Edson Borges, que encontraremos na faixa 3. A faixa 2 é “Falso rebolado”, de Venâncio e Jorge Costa, gravação de 6 de maio de 1957, e lado B do disco 237, matriz POL-1436. O lado A, matriz POL-1435, está na faixa 4: é “Senhor delegado”, de Ernani Silva e Antoninho Lopes.  Do 78 de número 221, gravado dois dias mais tarde, 8 de maio de 1957, também estão ambas as músicas, a saber: “Eliete vedete”, também da dupla Venâncio e Jorge Costa (lado B, matriz POL-1440) e “Batatinha e cocada”, de Alceu Menezes e Xuxu (o lado A, matriz POL-1439. Para finalizar, as músicas do disco de número 203, gravado em 31 de outubro de 1956: “Rua”, de Jair Gonçalves sem parceiro (lado B, matriz POL-1273) e “A situação do Escurinho”, de Aldacir Louro e Padeirinho (lado A, matriz POL-1272). Este último samba, como indica o título, é uma sequência do clássico “Escurinho”, de Geraldo Pereira, lançado no mesmo ano de sua morte, 1955, por Cyro Monteiro. Uma sequência que o próprio Geraldo tencionava fazer, reabilitando o personagem, o que não se concretizou em virtude de sua morte prematura.  Esta é a homenagem que o GRB presta ao “Catedrático do Samba”, Germano Mathias, que soube dar a volta por cima e continua a receber os aplausos que bem merece, como um dos melhores intérpretes do samba paulista!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.
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Hebe Camargo – Hebe Comanda O Espetáculo (1961)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Eu reservei para hoje, sábado a noite, um encontro de vocês com a Hebe Camargo. Olha aí, que programa legal! Vai ficar em casa? Então se junte a essa turma que ela traz para o seu sofá.
Temos aqui um curioso disco da Odeon, lançado em 1961 pela Odeon. Já nessa época a Hebe fazia sucesso como apresentadora. A cantora já tinha até o seu sofá, onde recebia os ilustres artistas. Foi nessa onda que a gravadora resolveu lançar este disco no qual a cantora nos apresenta alguns artistas, obviamente, do seu ‘cast’. Como se pode ver pela divertida capa, temos a Hebe Camargo ao lado de Isaura Garcia, Walter Wanderley, Francisco Egydio, Osny Silva, Pery Ribeiro, Germano Mathias, Celly e Tony Campello. Cada qual em seu momento apresenta uma música, sendo essas faixas extraídas de seus álbuns, na época. De original aqui, creio, só mesmo o diálogo entre os artistas, dando a parecer como no programa de televisão.

cantiga de quem está só – pery ribeiro
faz-me rir – hebe camargo
quem quiser encontrar o amor – walter wanderley
desse amor melhor – hebe camargo
canário – celly e tony campello
no domingo não – hebe camargo
só em teus braços – isaura garcia
são francisco – hebe camargo
maria rosa – francisco egydio
eu tenho adoração pelos meus olhos – hebe camargo
bonitona do 1. andar – germano mathias
el dia em que me queiras – osny silva e hebe camargo
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Carnaval – Festa Do Povo (1978)

Boa noite, amigos foliões cultos e ocultos! Hoje, sábado é dia de coletâneas e também é carnaval. Pensei em fazer aqui uma seleção especial e exclusiva do Toque Musical, mas sinceramente, não tive tempo. Daí, busquei agora uma alternativa. Me lembrei desta obscura coletânea carnavalesca que eu por acaso achei em um sebo, no Rio. Haviam lá uns 30 a 40 discos desse, todos novinhos, possivelmente, restos de estoque ou encalhe de alguma loja. Por 1 real, fui logo pegando uns três, por garantia. Não fosse a minha preguiça em fazer agora uma coletânea, este disco iria passar batido, nem lembrava. Mas, enfim, taí…

“Carnaval, Festa do Povo” foi lançado no final dos anos 70 por um selo que eu nunca ouvi falar, mas distribuído pela extinta gravadora e editora paulista Crazy. Temos aqui reunidas 18 músicas de carnaval, muitas delas bem conhecidas de todos nós, o que já não se pode dizer de seus intérpretes. Só conheço aqui o Germano Mathias, Lila Oliveira (irmã da Dalva) e aquele jurado do Silvio Santos e Rei Momo, Edson Santana. Pelo estilão do disco, acredito que seja uma produção inteiramente paulista. O mais interessante deste álbum é que ele não é datado, quer dizer, não é um disco de um determinado ano de carnaval. Vale para todos os anos, principalmente para este aqui no Toque Musical. Caiam na folia…
hino ao rei momo – edson santana
ele é papo furado – herval lessa
gargalha palhaço – nilton silva
aceite esta rosa – wilson d souza
fantasia de buda – tesourinha
se eu for eleito – paris delfino
quem me dera – francisco ribeiro
até segunda feira – tony ribeiro
você voltou – as vozes
devaneios de um pierrot – g. martins
inter-esquadrão de ouro – germano mathias
japonesa – wilson de souza
agora é samba – jose depaula
eu não sou rei – nilton silva
culpado é o meu coração – as vozes
beijos ardentes – lila oliveira
marcha dos pés de cana – r.c.p.
desarme o seu coração – josé lourenço

Germano Mathias – O Catedrático do Samba (1968)

Hoje eu achei que não conseguiria postar, devido a uma manutenção de emergência no Velox. Êta serviçinho ‘nas coxas’… Eles não avisam e nem dão desconto na próxima fatura dessas furadas. O consumidor que se f… Felizmente voltou a tempo e na minha falta de tempo vou entrando com o catedrático Germano Mathias, uma das figuras mais importantes do samba paulista (e brasileiro, claro!). Estou postando este disco, mas me lembrei que as faixas 1 e 7 estão ruins. Não consegui encontrar um arquivo mais de(s)cente. Se alguém tiver algo melhor, por favor, não faça cerimonia… Mesmo assim vale ouvir este sambista que continua na ativa…

1 Doutor no samba (Padeirinho da Mangueira)
2 Estória de um sambista Antônio Bruno – Elzo Augusto)
3 Terreiro de Itacuruçá (Padeirinho da Mangueira)
4 Mundo cão (Sebastião Silveira – Jorge Costa)
5 Depois da tempestade (Elzo Augusto)
6 Vou ficar devagar (Nelson Pechincha – Padeirinho da Mangueira)
7 Não tenho sorte (Tóbis)
8 Palavra saudade (Elzo Augusto)
9 Bacharel de gafieira (Conde)
10 Cozinheiro à força (Ribeiro Valente – Altamiro Carrilho)
11 Minha nêga, minha máquina (Carlos Imperial)
12 Regenerado (Zé Kéti)