Bom dia, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! É… então fechamos aqui nossa mostra fonográfica em cds. E para tanto, escolhi um disco/artista que merece mais que nunca estar em nossa lista. Temos aqui o grande instrumentista e compositor mineiro, Chico Amaral. Saxofonista, letrista que faz parte do grupo dos grandes artistas da música, aqui de Belo Horizonte. Para quem não sabe, Chico Amaral é o responsável por muitos dos sucessos da banda , também mineira, Skank. Muitas das canções de sucesso da banda são dele, em parceria com Samuel Rosa. Mas Chico não se limita ao pop, o cara é mesmo singular e atua em todas as frentes da música, tendo muitos outros parceiros de peso como Milton Nascimento, Lô Borges, Ed Motta, Erasmo Carlos, Beto Guedes e outros… Começou a carreira nos anos 70 ao lado de ninguém mais que Altamiro Carrilho e também Cartola, quando fez parte do grupo de choro Naquele Tempo.
Aqui temos dele o cd “Singular”, seu terceiro disco solo lançado em 2007. Albinho bacana com treze músicas, todas autorais e quase todas instrumentais. Chico vem acompanhado de um time de feras e conta com as participações especiais de Samuel Rosa, Leo Minax e Lelo Zanetti. Produção musical de Robertinho Brant. Belo trabalho que vocês precisam conhecer. Confiram no GTM…
Olá, amigos cultos e ocultos! Para essa mostra no mês de fevereiro, eu havia separado uma porção de cd’s e nem me dei conta de que este mês são apenas 28 dias. E mesmo que fossem trinta, ainda assim, faltou dias para tantos disquinhos. Mas como o nosso barato é antes de tudo o vinil, vamos deixar os cds para um próximo momento, ou em edição extraordinária, vez por outra pinga um aqui 🙂
Bom, aqui temos o cantor e compositor mineiro, nascido na cidade de Machacalis, Carlos Faria. Como define bem seu parceiro e poeta, Gonzaga Medeiros, Faria é um autêntico representante da tradição musical dos índios maxakali, cuja aldeia fica ao lado da cidade. Carlos Faria cresceu em contato com esse universo tribal indígena e muito deste disco é resultado dessa sua herança sonora musical. Neste disco ele mescla um pouco disso com versos que falam de temas contemporâneos e universais como direitos humanos, cidadania, meio ambiente, amor e paixão. Há também uma versão para “Galos, Noite e Quintais”, de Belchior. Para este trabalho ele conta com a presença de um bom time de músicos, com destaque também para as participações especiais de Chico Lobo e Maurício Tizumba. Um belo disco que merece o nosso toque musical. Confiram no GTM…
Bom dia a todos, meus caros amigos cultos e ocultos! Embora haja ainda centenas ou milhares de discos de vinil para a gente explorar, o mesmo vale para os cds, considerando apenas as produções que ficaram limitadas ao digital. Acredito que isso um dia ainda venha a ser catalogado, ou pelo menos listados assim como fazemos aqui no Toque Musical. Um bom exemplo dessas produções apenas em cd é este registro de um show que aconteceu em 2001, no Via Funchal, em São Paulo. Notem que me refiro a produções que, com certeza, nunca receberão uma edição em vinil. E é o caso desse cd, mas que por outro lado nos traz um valoroso conteúdo. Aqui temos um registro de um encontro, coisa que talvez nunca mais venha a acontecer. Um encontro de grandes artistas em um show único que reuniu, em destaque, Toquinho, Renato Teixeira, Jane Duboc, Boca Livre, Guilherme Arantes, Camila Titinger, Flávio Venturini e 14 Bis. O Show Mão Amiga foi promovido no sentido de arrecadar verba, com a venda deste cd, para ser revertida ao Instituto Escola Brasil, que segundo podemos ler na contracapa do disquinho, foi criado para dar suporte a ação voluntária dos funcionários do então Banco Real, que logo se transformaria em Santander. Este evento e seu cd foi um trabalho coordenado pelo amigo Fáres Darwiche, a quem agradeço a indicação do disquinho. Quem não foi ao show ou não comprou o exemplar tem então aqui a oportunidade de conhecê-lo. Confira no GTM…
o mundo pode acabar – guilherme arantes
palavra – renato teixeira
fantasia de querer – flávio venturini
entre nós – boca livre
semeando – jane duboc
mão amiga – 14 bis
quere profano – toquinho
todo azul do mar – guilherme arantes e flávio venturini
romaria – renato teixeira e jane duboc
planeta água – guilherme arantes e boca livre
brincar de viver – guilherme arantes e camila titinger
Bom dia, meus queridos amigos cultos e ocultos! Aqui outro toque musical que não poderia faltar em nosso espaço, embora nessa mostra de cd já tenhamos apresentado o “Mulheres de Péricles”, disco com diversas cantoras interpretando a música deste grande compositor. Agora é a vez dele e seu cd de 2007, “O Rei da Cultura”. Este é o quinto disco de Péricles, que conta com as participações de Edgar Scandurra, Claudio Faria, Rodrigo Amarante e outros… Neste disco temos 14 composições inéditas, sendo três delas regravações, “Sou Sua”, gravada anteriormente por Adriana Calcanhotto, “Eva e Eu”, parceria com Arnaldo Antunes quem gravou primeiro e a música “Quem Parte, Quem Fica”,lançada originalmente pelo grupo teatral Asdrubal Trouxe O Trombone.
Olá, amigos cultos e ocultos! Fiquei meio na dúvida se deveria ou não postar este cd. Porém, duas coisas me levou a publicá-lo aqui no Toque Musical, primeiro é que estamos num mês dedicado exclusivamente aos cds e este disquinho, que eu saiba, só saiu no digital e tê-lo em nossas listas é, sem dúvida, muito importante. Segundo, porque se trata de dois gigantes da nossa música popular e também um terceiro que é o artista homenageado, o grande Tom Jobim. Vejam só que maravilha, um encontro memorável em disco, com Caetano Veloso e Roberto Carlos. Um álbum gravado ao vivo, no Auditório do Ibirapuera. Disco lançado pela Sony Music em 2008. Não dá para perder essa maravilha…
Bom dia a todos, meus caros amigos cultos e ocultos! Nosso encontro hoje é com o consagrado artista Paulinho Moska (atualmente apenas “Moska”), artista que se despontou a partir dos anos 80 quando integrava a banda de pop rock Inimigos do Rei. Antes, porém, ele fez parte do grupo vocal Garganta Profunda. Cantor, compositor e ator, em 1992 gravou este seu primeiro disco, “Vontade”, lançado pela EMI no ano seguinte. Disco produzido em parceria com Nilo Romero e direção artística de João Augusto, da Deck Produções. Aqui temos um trabalho instigante, cheio de garra e vontade, para vôos mais altos, o que não demorou a acontecer. Um disco de música pop com influências no rock, blues e mpb. Extremamente agradável, dentro do proposto e ainda muito atual. Confiram no GTM…
Boa tarde a todos, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos novamente, sempre, todos os dias, com pequenos atrasos, mas sem deixar a peteca cair. Trago hoje para vocês um disco diferente, uma produção mineira de algo que eu chamaria de um ‘new age tardio”. Vocês se lembram do gênero New Age? Um tipo de música que ficou muito popular a partir dos anos 80, embora esse estilo tenha surgido a partir dos anos 60. É um tipo de música que se caracteriza, geralmente por melodias suaves, utilizando-se de instrumentos tanto acústicos quanto eletrônicos. Esse gênero musical busca despertar sentimentos de harmonia, valorização da natureza e ambiente. A música do pianista e tecladista Luiz Cláudio Henriques é algo assim, música de inspiração e introspecção, como já diz o subtítulo deste seu disco lançado em 2006, em Belo Horizonte, com produção de Aum Soham. “Insight” é um trabalho instrumental, um tipo de música ambiente que também soa como trilha para filmes. Bastante curioso e que vocês podem conferir no nosso clubinho fechado, o GTM.
Bom dia, meus queridos amigos cultos e ocultos! Há poucas semanas atrás eu vi uma cena, uma situação, que me deixou envergonhado, a tal da vergonha alheia e mais que isso, indignado com a falta de conhecimento musical e porque não dizer também histórico de um grupo de jurados do programa The Voice +, onde se apresentou a brilhante cantora Claudia. Ela cantou “Deixa eu dizer”, música de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, sucesso que ela mesma gravou nos anos 70. Estranhamente, nenhum dos jurados a reconheceu, somente no finalzinho da música, a xará Claudia Leite virou a cadeira, dando sinal de aprovação, os demais continuaram de costas para ‘a candidata’. Eu até entendo que ninguém é obrigado a reconhecer um artista só pela voz, mas não reconhecer a performance da artista e sua interpretação é o fim da picada. Por outra, a jurada Claudia Leite, mesmo já de frente para a cantora, não a reconheceu e agiu na sua prepotência de jurada, como se estivesse na frente de uma simples caloura, até perceber sua gafe. Claudia Leite tentou consertar o rápido lapso dizendo que conhecia a história da cantora. Vergonhoso! Se conhecesse mesmo teria reconhecido antes, pela voz. É por essas e outras que eu não assisto a esses programas e faço minhas críticas a ele. A produção ao invés de colocar lá como jurados pessoas que realmente entendem de música, preferem pegar um grupo de cantores populares, celebridades do momento, apenas para dar mais ibope. Lamentável… Ainda mais com figuras como Claudia Leite(?), Daniel(?) e os outros dois que nunca vi mais gordos, a tal de Ludmilla e Mumuzinho (Mumuzinho, pode?). Pqp! Isso não é feito para se levar a sério. Parece programa do Silvio Santos. Até o Lulu Santos eu consigo entender, mas dizer que essa trupe merece ditar o que é bom ou não, sinceramente… Mas eu entendo… Acho que tudo isso faz parte desse momento cretino o qual estamos vivendo no Brasil, a começar pelo Governo. Não sei bem o que aconteceu, mas a ‘idiotocracia’ está dominando o pedaço. Realmente, lamentável…
Daí, mais que nunca é hora de levantar a bola da nossa Claudia. E nessa, hoje trazemos o cd “Senhor do Tempo”, disco gravado por ela, em 2011, uma produção de Thiago Marques Luiz e direção artística do DJ Zé Pedro e sua editora Joia Moderna. Este cd marca o retorno de Maria das Graças Rallo, a Claudia, que agora se assina com ‘y’, Claudya. “Senhor do Tempo” foi uma escolha perfeita, uma seleção de música de Caetano Veloso, músicas consideradas raras, aquelas do lado B e/ou que foram gravadas por outros artistas, ou não. Dizer o quê deste disco? Um repertório com músicas de um dos maiores artistas brasileiro, interpretadas por uma super cantora e tendo ainda essa cuidadosa produção. Legal demais! Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer este trabalho, pode agora conferir no nosso GTM…
Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Em nossas postagens já falamos de vários cantos do Brasil, porém eu não me recordo de nada publicado aqui falando do Amapá. Eis agora a nossa oportunidade de mostrar um pouco dos artistas e da música desta região. Temos aqui uma coletânea de obras musicais sobre a cidade de Macapá, selecionadas no Projeto “Edições Macapenses”. O cd foi produzido pela Confraria Tucuju, uma associação cultural da cidade e lançado em 2002 ano em que Macapá completou 244 anos. “Macapá, Recortes Poéticos” é um disco ‘contendo a poesia musicada e interpretada por diversos artistas macapaenses’. Uma seleção com vinte músicas que falam da cidade, capital do Amapá. Disquinho bem bacana, mais um que não poderia faltar por aqui. Confiram no GTM…
Boa noite a todos, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos nessa introdução repetitiva, mas a cada dia com um disco diferente. Nosso encontro hoje é com a banda mineira, de ‘Belorizonte’, “O Verso” em seu primeiro e único disco. Na época do lançamento deste cd a crítica foi super favorável, ainda mais porque o trio formado por André Águia (baixo, violões e voz), Paulo Eduardo (bateria) e Eduardo Tavares (guitarra e cordas) trazia para “Teto de sol” releituras de “Sentinela”, de Milton Nascimento e Fernando Brant e “Arrastão” de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Essas duas músicas chegaram a tocar em algumas rádios da cidade, mas também a música “Vidraça suja” ganhou destaque como trilha do programa Vídeo Show, da Rede Globo. Em 1999 o grupo chegou a lançar um single, “Capa de madeira”, distribuído também no Japão. “Teto de sol” foi produzido pelo músico mineiro Alexandre Lopes e contou com a mixagem de Marcelo Sussekind. Infelizmente, a banda não acabou se desfazendo logo em seguida.
Bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Temos hoje em nossa mostra fonomusical de cd um trabalho que merece o nosso toque. Mais um disquinho enviado pelo nosso amigo culto Marco Pereira. Hoje vamos com a poesia de João de Jesus Paes Loureiro, um dos importantes nomes da literatura e poesia brasileira, mais conhecido como Paes Loureiro. Nascido no Pará, tem um vasto currículo no campo acadêmico, tendo sido professor de Estética e História da Arte e Cultura Amazônica. Também atuou como secretário de educação nos anos 80, na gestão do governo de Hélio Gueiros. Autor premiado várias vezes. Possui uma extensa obra literária, muito focada na poesia e boa parte publicada também na Alemanha, França e Itália. Seu envolvimento no campo da música, ou mais exatamente no disco vem desde 1974, quando então gravou seus primeiros trabalhos musicados. Gravou com Sebastião Tapajós (Rostos da Amazônia). Depois, também gravou com o Quinteto Violado (Até a Amazônia e O Rei e o Jardineiro). Gravou em 1998 um disco em parceria como Salomão Habib e em 2007 este cd que aqui apresentamos, “O poeta e seu canto”, lançado em 2007. Este disco, na verdade vale por dois, ou seja, são dois trabalhos em um disco só: “Cantar dos Encantados” e “Pássaro da Terra”. Aqui encontramos o Paes Loureiro poeta e letrista, tendo como parceiros, músicos como Toinho Alves, Salomão Habib, Waldemar Henrique, Galdino Pena e Denise Emmer. Sem dúvida, um belíssimo disco que não podemos deixar passar batido. Vale a pena ouvir e conhecer. Confiram no GTM…
Boa noite, caríssimos amigos cultos e ocultos! Entre tantos cds da nossa ‘mostra’ de fevereiro, um dos que mais me impressiona é este “Aerotrio”. Um disco de 2005, mas que só agora, 16 anos depois, eu tenho a oportunidade de conhecer/ouvir. Fiquei realmente de boca aberta por conta desse trio paraibano, vindo lá de Campina Grande. Eis aqui um grupo com um som refinado: teclado, baixo e bateria, produzindo uma música instrumental moderna, mesclando elementos jazzísticos com eletrônico progressivo, rock… Uma salada mista de primeira, mas que não soa copiosa, tem uma identidade própria. Embora não tenham dado sequencia, lançando novos discos, o Aerotrio se tornou uma banda respeitada e cultuada no cenário do rock alternativo. Ao que parece, a banda acabou, mas para a nossa felicidade ficou registrada aqui neste cd. Confiram…
Bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Nosso encontro hoje é com a banda de Belo Horizonte Angu Stereo Club e seu disco de estreia, lançado em 2014. O grupo adotou este nome por conta de um bar na cidade, onde eles tocavam a noite, o qual se chamava Pastel de Angú. Misturando jazz, groove, ritmos latinos e a própria mpb, Angu Stereo Club faz um som que agrada diferentes públicos. Seu repertório é cheio de versões inspiradas, vão de Ataulfo Alves, passando por Sérgio Sampaio, Nelson Cavaquinho, Arnaldo Batista, Itamar Assunção e Kraftwerk. No disco também vamos encontrar composições próprias do ‘band leader’ Deco Lima. Disquinho bem agradável que vale a pena conhecer. Confira no GTM…
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Gente, hoje nosso encontro é com O Grande Barco, um coletivo que funde diferentes ritmos e sons e poesia. Fundem reggae, xote, baião, rap com música eletrônica e acústica, buscando assim uma sonoridade própria. Segue aqui um release que define bem este disco: “Com foco na articulação da palavra, em seu campo polissêmico e sensorial, O Grande Barco funde rap, reggae, xote e outros ritmos à influência da música eletroacústica, criando assim uma sonoridade própria onde voz, elementos eletrônicos, flauta e guitarra dão os tons das composições. Com dois álbuns, Um Dedo de Prosa, Uma Mão de Poesia (2005), produzido por Alfredo Bello, que acompanha o livro homônimo, de Sids Oliveira, e O Grande Barco (2013), este produzido por Luiz Oliviéri, que conta com as participações especiais de Alfredo Bello aka Dj Tudo, Marta Carvalho e do próprio Oliviéri. Neste álbum o grupo traz consigo, também, citações de Walt Whitman, João Guimarães Rosa, Chico Science e João Cabral de Melo Neto; soltam um viva a Maroca, Poroca e Indaiá (ceguinhas de Campina Grande-PB), em Elas na Feira, e pedem o tom, em memória, a Chico Science, em Ciranda de Ciranda, emitindo, assim, dicas de suas leituras e trajetórias no seu fazer artístico. Formação: Davi Abreu (flauta e programações), Leandro Morais (guitarra) e Sids Oliveira (voz e programações).” Confiram a pegada no GTM…
Boa noite, queridos amigos cultos e ocultos! Em meio a tantos cds, as vezes fica difícil saber o que postar. Desta vez temos “Cool Bossa Struttin’, o aclamado cd de estreia da pianista, compositora e arranjadora Paula Faour. Disco produzido por Arnaldo DeSouteiro para ao selo JSR. Este trabalho foi gravado ao vivo, em estúdio e lançado em 2002 no Japão. Por aqui saiu dois anos depois. Um excelente disco de bossa/jazz e conta ainda com as participações especiais de baterista Dom Um Romão e da cantora Ithamara Koorax. Confiram no GTM…
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Um cd que me foi apresentado há pouco tempo, neste mês estou tendo a oportunidade de postá-lo. Aqui temos o compositor paraense, Renato Gusmão, letrista e poeta, parceiro de grandes nomes da música paraense. Neste disco de 2005 temos 14 canções e um poema. As músicas são de diferentes parceiros e interpretadas por outros artistas da cena musical paraense. Um disco supreendentemente agradável, vale a pena conhecer…
dos zens – carla maués
voz do mar – firmo cardoso
deuses – jeanne darwich
iluminado – nilson chaves
infinita – dayse addario
santo torto – edmar rocha
manhã ocidental (sobre 11 de setembro) – cibelle jemina
Muito bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! Nosso encontro hoje é com a música clássica, mais exatamente com o barroco de Johann Sebastian Bach na interpretação do grande pianista e maestro João Carlos Martins. Como podemos ver pela capa, temos aqui dez dos mais conhecidos prelúdios do genial compositor. Mas o foco maior aqui é para o nosso pianista, um artista exemplar cuja carreira foi sempre cheia de adversidades. Sua história virou roteiro de filme. Paulista, filho de um, também pianista, o português José Eduardo Martins. Seu pai infelizmente sofreu um acidente, perdendo o polegar, o que acabou desfazendo o sonho de seguir carreira como pianista. Mas o piano continuaria presente na família, pois tanto João Carlos quanto seu irmão José Eduardo Martins seguiriam como pianistas. João Carlos começou a tocar piano ainda na infância, tendo inicialmente como professor o próprio pai. Aos treze anos já era um concertista e aos 18 um virtuoso do piano e já se apresentando pelo mundo a fora como um dos mais aclamados artistas da música erudita. Se tornou o melhor intérprete da obra de Bach de sua geração, tendo gravado deste toda a sua obra para piano. Em 1965 ele sofreu um acidente, uma queda boba lhe causou uma perfuração no cotovelo que atingiu um nervo, lhe provocando atrofia em três dedos da mão. A recuperação demorou muito tempo fazendo com que ele tivesse dificuldade para se recuperar. Mas mesmo assim ele ainda continuou tocando até novamente surgir outro problema, os distúrbios osteomusculares, o que lhe afastou por um tempo do piano, voltando a tocar de 1979 a 85. Em 1995, mais uma vez lá estava o nosso pianista numa situação difícil, vítima de um assalto, o maestro foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro, o que comprometeu seriamente o seu braço direito, sendo necessária uma cirurgia que cortou a ligação entre o cérebro e o braço, lhe tirando assim todos os movimentos da mão. Apesar de tudo, João Carlos não desistiu, viria novamente a gravar usando apenas a mão esquerda. Impossibilitado de continuar como pianista, se tornou maestro. Formou a Bachiana Filarmônica e se apresentou novamente em grandes palcos pelo mundo. Sua história, de roteiro virou filme em 2018, “João, O Maestro” e também peça de teatro, “Concerto para João”.
Olá, amigos cultos e ocultos! Aqui temos um disquinho com sabor de vinil. Uma compilação de artistas e discos da cena musical nordestina no final dos anos 60 e início dos anos 70. São 19 músicas trazendo artistas como Flaviola e o Bando do Sol, Marconi Notaro, Geraldo Azevedo & Alceu Valença, Lula Cortes e Zé Ramalho. Uma seleção de gravações da Rozenblit feita para o selo Mr. Bongo destinado ao mercado internacional. Coletânea bem maneira para inglês ver e ouvir. Confiram no GTM…
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Olha aí um ‘cdzinho’ bacana que veio entre tantas contribuições que recebemos diariamente. Aqui um disco do Tavinho Bonfá, ou Tavinho Burnier, como era chamado no tempo em que fazia dupla com Claudio Cartier. “Iluminar” é um disco de 1994, lançado somente em CD. Este trabalho reúne 17 músicas, sendo algumas registros ao vivo com músicas de seu disco anterior, “Tudo Tudo”. Praticamente, quase todas as músicas são de sua autoria. Um destaque para “Manhã de Carnaval”, música de seu tio, Luiz Bonfá e Antonio Maria. Na contracapa interna há um pedido para que não se copie este cd, que se compre outro. Acontece que hoje, dificilmente vamos encontrar um exemplar para venda. Daí, para se conhecer o trabalho, só mesmo dessa maneira, no GTM…
Bom dia, meus queridos amigos cultos e ocultos! Entre tantas produções na era do cd, algumas coisas as vezes vem de outros tempos, de tempos de vinil, ou mais ainda das velhas bolachas de 78 rpm. Aqui, tenho hoje um dos volumes que compõe a série “Discoteca Brasileira do Século XX”, lançada pelo O Globo em 2007. Trata-se de uma coleção em cd e em forma de um pequeno livrinho, dividida em seis volumes onde cada qual abrange um período dentro do século vinte. Para cada período foi escolhido um autor para os textos que acompanham os cds. Aqui temos o jornalista João Máximo nos apresentando um pouco da história dos primórdios da música gravada no Brasil, com alguns dos seus principais compositores e intérpretes do período que vai de 1900 a 49. Uma coleção muito boa em cd que infelizmente já está fora de catálogo. E como podemos ver aqui, traz 14 músicas/artistas em versões originais. Por certo, tudo aqui já foi visto e ouvido em nosso Toque Musical, mas essa coleçãozinha é mesmo um primor. Quem gosta de colecionar cd não pode perder essa…
brejeiro- apanhei-te cavaquinho – maria teresa madeira e pedro amorim
um a zero – pixinguinha
pelo telefone – baiano
se você jurar – francisco alves e mario reis
conversa de botequim – noel rosa
chão de estrelas – silvio caldas
aquarela do brasil – francisco alves
juramento falso – orlando silva
disseram que eu voltei americanizada – carmen miranda
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Sinceramente, é mais fácil postar vinil do que cd. O disquinho prateado, por incrível que pareça, dá mais trabalho na hora de editar e geralmente tem encartes mais complicados e difícil de fotografar. Por essas e por outras, estou dando preferência ao qu já tenho aqui pronto. Felizmente, alguns amigos tem me mandado muitos discos, todos prontos para o consumo e é nesses que a gente vai…
Aqui temos um belíssimo trabalho instrumental com dois músicos de primeira linha, Flávio Sandoval e Zezo Ribeiro. Flávio Sandoval é um multi-instrumentista, comositor, professor e fundador da escola Talentus – Centro Livre de Música. Zezo Ribeiro é um dos mais respeitados e talentosos violonistas brasileiro, além de compositor e arranjador. Juntos eles lançaram em 1994 este cd pela Edições Paulinas, “Acoustic Brazil, um disco despretensioso, mas de uma beleza ímpar. Trazem temas autorais e também músicas conhecidas como “Linha de passe”, de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio; “O cantador”, de Dorival Caymmi; “Chovendo na roseira”, Tom Jobim; “Aos nossos filhos” de Ivan Lins e outras… Diante a boa repercussão, o “Acoustic Brazil” acabou merecendo uma continuação e logo em seguida seria lançado o volume 2.
Bom dia, amiguinhos cultos e ocultos! Em nossa mostra de cd’s, um mês inteiro só nos disquinhos prateados, temos para hoje “Nos Quintais do Mundo”, um projeto musical de Alfredo Bello, mais conhecido como DJ Tudo, que começa em 2008 quando então ele assume o codinome e lança o cd “Garrafada”, sua primeira investida num misto de cultura popular e música eletrônica. Dando sequencia a este projeto de misturar manifestações folclóricas com a música contemporânea do mundo, nasce então este segundo disco, que conforme o DJ Tudo é um trabalho de abertura de fronteiras, ou seja, ele amplia a sua pesquisa para além de grupos e artistas da cultura tradicional brasileira, indo buscar referências em outras culturas e também contando com o apoio e colaboração de artistas que trabalham na mesma linha, como foi no caso, Adrian Sherwood e Mad Professor, figuras de destaque na cena “Dub Invasion”. O “Dub” é uma espécie de música que não tem fim, um loop usado muito no reggae… Mad Professor é um dos engenheiros e produtores de dub mais respeitados e conhecidos do mundo. Adrian Sherwood é um dos papas do dub e do reggae de Londres. Contando com esses produtores, “Nos quintais do mundo” toma um caráter internacional, com pegadas jamaicanas e também elementos africanos. Vira tudo uma grande mistura, uma nova garrafada. Gravado no Brasil, Europa e África com uma dezena de músicos, gente de tudo lugar. Um trabalho realmente instigante, bem produzido e bem acabado. Vale a pena conhecer…
Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje nosso encontro é com o jazz e com a bossa em uma produção internacional lançada em 2002 e trazendo a dupla baiana formada pela cantora Palmyra e o violonista Paulo Levita. Este cd foi produzido por Arnaldo DeSouteiro para a Jazz Station Records e lançado simultaneamente na Europa e no Japão. Levita e Palmyra vem acompanhados do mestre João Donato. No repertório temos registrado standards da música norte-americana e também clássicos da bossa nova de Tom Jobim, além de outros temas nos quais cabem inclusive músicas de Carlinhos Brown. Não é atoa que eu adoro o corporativismo dos baianos. Hehehe… Salve a Bahia! Disquinho bacana, vale a pena conhecer….
Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Em nossa mostra de cds eu tenho para hoje um dos projetos mais bacanas que ouvi nos últimos tempos. Imaginem um grupo seleto de cantoras da nova geração da mpb, as melhores e mais badaladas. Somado a isso, vamos colocar um repertório exclusivamente de um dos maiores compositores dos menos conhecidos da nossa música, o genial Péricles Cavalcanti. Pronto! Eis aqui um disco impecável! Pois foi exatamente isso que fez a videomaker e produtora Nina Cavalcanti em parceria com o DJ Zé Pedro. Nina, filha de Péricles fez essa homenagem ao pai. Na verdade, a ideia partiu do DJ Zé Pedro que convidou Nina para fazer uma espécie de curadoria, escolhendo um grupo de cantoras e dando a essas total liberdade para produzirem e cantarem a música de seu pai. Neste sentido, Péricles não teve nenhum envolvimento, segundo Nina, ele só veio a ouvir o disco depois de pronto. São quinze canções das mais expressivas desse grande compositor. No cd há também um texto de apresentação feito por Arnaldo Antunes, que bem caberia aqui, mas deixemos para quem for adquirir o disco de verdade. Afinal, nossa intensão é divulgar e levar aos nossos mais um toque musical. Confira no GTM, mas se puder, não deixe de comprar o disquinho que é completo.
Olá companheiros, amigos cultos e ocultos! Sei que tem muita gente por aqui que vai torcer o nariz por conta desta postagem, mas também há um grupo ainda maior que, com certeza, vai aplaudir este toque mais que musical e é para essa turma, gente que tem noção do que é consciência de classe que dedicamos este cd. Aqui temos um disco lançado, ainda nos anos 90, pelo pessoal do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, um cd dedicado a uma causa muito nobre, terra e trabalho para todos! Neste disquinho vamos encontrar 18 composições de diferentes artistas, o hino do MST e um poema de abertura lido pelo comentarista esportivo Juarez Soares. Participam também deste projeto artistas como Chico Cesar, Vânia Bastos e Beth Carvalho. Segundo João Pedro Stedile, um dos líders do MST, essas músicas ajudam a dar mais identidade ao movimento. As canções tratam de temas políticos e/ou do cotidiano dos sem-terra. Eis aí um disco que carrega em si bem mais que música, a mensagem aqui é a de luta e esperança. Um disco que todo bom cidadão de esquerda deve ter (e os de direita também para aprender). Taí, mais um toque musical que não dá para perder…
Boa noite caríssimos amigos cultos e ocultos! Como disse, neste mês de fevereiro vamos prestigiar aqui algumas edições e produções feitas no período do cd, ou seja, discos que originalmente só foram lançados em versão cd. Embora eu tenha um pé atrás com as produções da Biscoito Fino, por conta dos tais ‘direitos autorais’, não há como negar o quanto eles são seletos nas escolhas de projetos e artistas, tudo sempre da melhor qualidade. Aqui temos um bom exemplo, um disco maravilhoso com a cantora Mônica Salmasso e o violonista Paulo Bellinati. Trabalho em dupla, numa releitura do disco Os Afro-sambas, um clássico da nossa MPB de Baden Powell e Vinícius de Moraes, lançado originalmente em 1966. Nesta releitura temos apenas a voz de Mônica e o violão de Paulo numa interpretação que faria Baden e Vinícius aplaudirem de pé. Lindo e espontâneo com o original. Quem ainda não conhece, eu recomendo…
Boa tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Acho que foi uma boa ideia dedicarmos um mês inteirinho só para produções musicais da era digital, ou cd. Vez por outra tem sempre alguém nos enviando discos, principalmente cds e eu aqui deixando essa oportunidade passar. Mas prometo que neste mês muita coisa vai rolar…
Temos hoje e mais uma vez os artistas paraenses, que infelizmente, muito pouco ecoam para os lados de cá, no sudeste. E daí, a gente não faz ideia de como é intensa a vida musical no norte do Brasil. Neste cd, lançado em 2001 temos como destaque o samba. Sim, o samba também está muito presente na vida do paraense e este disco é uma prova definitiva do quanto este gênero se faz vivo em vários cantos do Brasil. Samba de Artista foi um projeto idealizado pelo músico/compositor paraense Hildebrando de Freitas, o “Neno”, um dos grandes sambistas do Pará. Dos encontros no bairro do Telégrafo, promovidos por ele e outros sambistas nasceram as composições que viriam a fazer parte do repertório do show “Pintando com arte o samba paraense”, realizado no Teatro Centur, em setembro de 2001. Este cd é um registro ao vivo deste sonho, deste encontro que reuniu os grandes sambistas do Pará. Um momento histórico e cheio de emoção. E acima de tudo, um disco de samba, ao vivo, e da melhor qualidade que não deixa nada a desejar. Samba se faz em qualquer lugar, só precisa ter o ritmo. Confiram no GTM…
Bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! Entramos então em fevereiro, um mês que em outros tempos estaríamos aqui celebrando o Carnaval, mas neste ano, se o brasileiro tiver um pingo de bom senso vai se segurar e deixar a folia para o ano seguinte. Definitivamente, 2021 não é ano de celebrar nada, além da vacina, que esse governo canalha tem nos privado. Se o povo deixar de ser um pouco burro, talvez em 2022 tenhamos mais esperanças. Mesmo assim, para não dizer que não falamos de flores, vou abrir nosso fevereiro com música de carnaval. Mas fevereiro vai ser mesmo diferente aqui no Toque Musical. Este será um mês dedicado ao disco na era cd, Todas as nossas postagens deste mês serão produções lançadas originalmente em cd. Afinal, há muita coisa bacana lançada apenas neste formato e para que não caiam no esquecimento, ou que passem batido, vamos abrir nossa vitrine…
Então, para começar, unindo o útil ao agradável, temos aqui o cd “A Música e o Pará – Carnaval da Saudade, disco produzido pelo selo Secult/PA, gravado no Rio de Janeiro, em 2000. Este cd reúne alguns registros de sambas carnavalescos dos movimentos musicais do Estado do Pará durante as décadas de 70 e 80. É um autêntico disco de samba e no qual participam intérpretes também do samba carioca, como Neguinho da Beija Flor e Dominguinhos do Estácio. Nos encartes temos mais informações sobre este trabalho, por isso não vou prolongar… Confiram tudo no GTM.
pot-pourri do rancho carnavalesco não posso me amofiná
pot-pourri do império de samba quem são eles
pot-pourri dos blocos xavante/mocidade unida de nazaré/unidos de vila farah/a grande família
pot-pourri do gremio recreativo guamaense arco-íris/escola de samba mocidade olariense
pot-pourri do acadêmicos de samba da pedreira
pot-pourri da embaixada de samba do império pedreirense/universidade de samba boemios da campina
pot-pourri do rancho carnavalesco não posso me amofiná
Muito boa noite a todos os amigos cultos e ocultos! Na última semana deste mês recebemos do amigo Marco Pereira uma série de arquivos de cds produzidos, em sua maioria, no Estado do Pará. São trabalhos relativamente recentes, da produção musical paraense. Ainda não tive tempo de ouvir tudo e todos, mas logo de saída, um deles me chamou a atenção. E como estamos num mês de sortidos sabores, penso que o presente disco nos cai como uma luva.
Temos aqui um trabalho maravilhoso, um disco para dar luz à música do compositor paraense José Wilson Malheiros. Por certo, poucos aqui conhecem este compositor, eu também, até então nunca tinha ouvido falar dele até ligar os pingos dos ‘is’. José Wilson Malheiros é um dos filhos do ilustre compositor Wilson Fonseca, mais conhecido como Mestre Izoca. Como o pai, se tornou também figura ilustre, se destacando como um grande jurista, escritor, poeta e entre outras coisas, um excelente músico compositor. Neste cd vamos encontrar, conforme descrito no libreto do encarte do disco, a produção musical que nasce nos primeiros três anos desse novo século. Um trabalho amadurecido, diferente de momentos passados quando ainda trilhava pelo caminho da simples diversão, da música popular em Santarém. Neste cd temos um compositor de cunho erudito, que procura explorar, em especial, duas modalidades da música brasileira, o choro e o lundu. Esta seleção de obras de José Wilson Malheiros é interpretada por um grupo de conceituados músicos do Pará. Coisa linda de se ouvir. Confiram o arquivo completo com as devidas informações no GTM…
Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Em nosso ‘drops sortido’ de janeiro, eu hoje quero apresentar a vocês um cd, ao invés do tradicional vinil/lp. Não me recordo mais onde foi que achei este trabalho, mas há tempos venho querendo trazer aqui para o nosso Toque Musical. Trata-se do genial artista plástico mineiro, nascido na cidade de Espinosa, Minas Gerais. Um talento, que sempre passeou também pelos campos da música. Este cd foi lançado em 2001, aqui em Belo Horizonte e para mim, é uma das coisas mais bonita de se ouvir, dentro da produção musical mineira. É um trabalho excepcional, pois ultrapassa os limites de uma simples produção musical. Convido os amigos aqui para essa audição. E para clarear um pouco mais esta postagem, incluo uma resenha que veio incluída nos arquivos. Segue…
O trabalho, fruto de três anos, tempo dedicado à criação, ensaios, apresentações e gravações, está em sintonia com a proposta da poesia sonora, que trata o poema não como letra numa música nem como texto a ser recitado, mas como célula expressiva em diálogo com o som, provocando imagens e reflexões. O cd é composto de dez faixas e sete poemas, todos colhidos na safra da poesia contemporânea mineira: Murilo Antunes, Ronaldo Brandão, Luciana Tonelli, Maria José Bretas, Joana Guimarães, além do próprio Gilberto, responsável pela concepção musical e arranjos finais de todas as faixas. Tocando um cavaquinho em outra afinação, acrescida de efeitos sonoro/tecnológicos, dá o tom pra percussão de João Carlos e a rebeca de Clarisse Alvarenga, formando o trio que desembocou no título do trabalho e remete a João Gilberto e Clarice Lispector, dois gigantes da música e das letras. Das três faixas que não trazem poemas, duas são instrumentais, entre elas uma releitura de “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, clássico inquestionável da música brasileira. Há também uma curiosa regravação de “O Tempo vai Apagar”, canção de Paulo César Barros e Getúlio Côrtes, conhecida na voz de Roberto Carlos. João Carlos, percussionista, parceiro e amigo de Gilberto tem uma participação fundamental nesse trabalho, dividindo com ele a concepção minimalista do cd, que conta também com as participações especiais dos músicos; Tattá Spalla e Fernando Lopes e o ator e músico Kimura Schetino. Clarisse Alvarenga, também jornalista deixou gravada a sua participação com a rabeca em “Gente”, e Gabriela Ruas emprestou sua voz infantil ao “O Monstro”. Gravado e mixado no estúdio Audio-Digital por Sérgio Murilo entre setembro de 1999 e dezembro de 2000, o cd teve edição esgotada, houve ainda uma segunda edição distribuída no “mano a mano”. Com o traço indelevelmente associado à história de um dos mais importantes movimentos musicais do Estado, além de capas de discos de Beto Guedes, ele tem desenhos em discos de Toninho Horta e Lô Borges, para os quais também fez cenários de shows – Gilberto de Abreu não poderia negar a relação que mantêm com a música desde que, ainda na adolescência, se tornou vizinho dos Borges no edifício Levy, no Centro de Belo Horizonte, onde foi morar quando se transferiu de Montes Claros, oriundo de Espinosa, norte de Minas, para a capital. Na estréia fonográfica marcada pela independência, o CD que foi inteiramente bancado pelo artista, à base de permuta com seus quadros, reúne a sua produção poética e a de amigos. O artista plástico, performer e poeta admite ter encontrado no disco o formato ideal para expor parte de sua irrequieta produção artística que, além de desenhos e pinturas, inclui poemas e composições feitas no cavaquinho que toca desde a década de 70, quando entrava em cena em companhia do instrumento no espetáculo teatral “Risos e Facadas”, de Eid Ribeiro e Ronaldo Brandão, inspirados em textos de Samuel Becket. Sobrinho do flautista Oswaldo Lagoeiro, que fez carreira em emissoras de rádio da cidade quando o veículo ainda cultivava performances ao vivo de profissionais da música, e primo do baixista e compositor Yuri Popoff, Gilberto diz que não precisou freqüentar escola de música depois da intensa convivência com os integrantes do então nascente Clube da Esquina. “Enquanto aprendia música com eles, alguns como o Beto Guedes se enveredavam na pintura comigo” recorda das incursões dos dois no ateliê do chorão e pintor Godofredo Guedes, pai de Beto. Na linha inversa dos que fazem da música um mero fundo musical para a poesia, no disco ele promove a interação total das duas manifestações, dando origem a um novo formato do gênero.
“Quando ele dedilha o cavaquinho, parece estar sintonizado a uma época de questionamento e inconformismo, a mesma que viu surgir grande parte de sua produção artística, que hoje ultrapassa 30 anos de vida”. (Textos de Alécio Cunha, Ailton Magioli e Alexandra Martins)