Arquivo da categoria: Selo Independente
Dick Farney – Solo (1997)
Muito bom dia a todos! Começamos logo cedo, porque hoje eu terei um dia cheio. Para começar, daqui a pouco eu vou ao dentista fazer a extração dos meus dois dentes sisos, que indecisos, até hoje não nasceram. Sinceramente, não estavam me incomodando em nada, mas a minha médica cismou que preciso ‘rancá-los’. Será que vou aguentar a extração de dois numa mesma sessão? Putz! Vai ser uma sexta feira anestésica, ou senão, dolorosa. Aí de mim…
Cida Moreyra – Summertime (1981)
Bom dia a todos! É, como vimos e ouvimos, acabei fazendo uma semana de cantoras. Hoje, sexta, não seria diferente. Me lembrei deste outro disco emprestado, do meu amigo Carlos Moraes, lá de Tiradentes, que vai cair como uma luva. Trata-se do primeiro álbum da cantora, atriz e pianista Cida Moreyra. No início dos anos 80 ela estreou o espetáculo cênico musical “Summertime, uma homenagem à cantora americana Janis Joplin, dirigido por José Possi Neto. O show solo de Cida Moreyra teve uma boa aceitação da crítica e fez muito sucesso, a ponto de se transformar em seu primeiro registro fonográfico. No disco ela canta, claro, músicas do repertório de Janis – mas também inclui outras, que vai de Billie Holiday, Mamas And The Papas, passando também por Chico Buarque, Macalé e Angela Roro – num mesmo tom característico, só piano e voz. Disquinho bacana, eu recomendo…
Pelvs – Peter Greenaway’s Surf (1993)
Pronto, chegamos ao final da semana dedicada ao rock e afins. Eu já estava cansado de ficar na mesma onda. Meu negócio é variedades. Não consigo ficar muito tempo ouvindo um mesmo tipo (ou gênero) de música. Para encerrar, hoje eu vou tentar fazer diferente. Tenho três discos que já estavam na lista e só não entraram porque eu não dei conta de fazer as tais ‘dobradinhas’, com duas postagens no dia, com eu imaginava. Vamos ver se hoje eu consigo…
Segue aqui a primeira, “Pelvs – Peter Greenaway’s Surf”. Pelo nome já deu para imaginar que se trata de uma banda de ‘surf music’? Mais ou menos. O Pelvs na verdade é bem mais que isso. O grupo surgiu no início dos anos 90 no Rio de Janeiro. Gravaram este que foi o primeiro álbum e na sequência vieram mais três. O Pelvs é uma da banda independente das mais antigas e em atividade até hoje. Chegam a ser quase uma comunidade, com tantos participantes. Atualmente eles são um sexteto. O som da banda é uma mistura de tudo o que há no rock. Neste álbum eu gosto muito é da guitarra. Embora não tenha nada diretamente a ver, me faz lembrar um artista que eu idolatro, Neil Young (quando nervoso e roqueiro). O Pelvs, assim como diversos outros grupos independentes estão fazendo parte da comunidade musical Trama Virtual, que tem uma proposta de download remunerado. Acho até interessante a ideia, você paga uma taxa para baixar as músicas e o montante de ‘downloads’ no fim do mês é rateado entre os artistas que participam (juntamente com o UOL que banca o serviço). Pelo que eu soube, através dos próprios artistas envolvidos na Trama, o que se ganha não paga nem o taxi até o banco. Mesmo assim não deixa de ser uma boa iniciativa, principalmente de apoio e divulgação do artista. Aqui no Toque Musical eu estou postando discos que possivelmente vocês encontrarão por lá. Mas não é minha intenção embaçar o trabalho da Trama Virtual. O que estou postando aqui é apenas uma cópia da versão em vinil, a qual serve apenas para uma avaliação e nem se compara ao produto a venda. Inclusive, a respeito do meu “Peter Greenaway’s Surf”, acredito que as faixas não segue a ‘desordem’ da lista contida na contracapa. Vocês irão notar que está tudo um pouco confuso, mas o disco está completo, exceto por duas músicas que só entraram na versão cd. Pois é, música, de uma certa forma, é uma coisa etéria e felizmente de graça para quem escuta (e tem bons ouvidos). Já o suporte que carrega a música, este sim deve ser remunerado. Por tanto, comprem discos, esses sim são audíveis, palpáveis e um fetiche sem igual.
Maria Angélica – Outsider (1988)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Nossa semana segue em frente ao sabor do vento dos anos 80 e 90. Acabou que eu não postei nada dos anos 60 e 70, mas não faltarão oportunidades, ainda temos muitos sulcos a percorrer.
Para hoje eu estou trazendo um disco que na década de 80 era um dos meus prediletos nacionais (estou falando de rock, tá?). Lançado no auge do fervor das bandas alternativas, que faziam o contraponto com as pop e mais comerciais, o “Maria Angélica – Outsider” foi o primeiro disco de uma banda, cujo o nome era “Maria Angélica Não Mora Mais Aqui”. Naquela época era o máximo esses nomes fraseados, seguindo as tendências de bandas internacionais. Talvez por uma questão de ordem prática, quando do seu lançamento, ficou reduzido apenas ao nome próprio, Maria Angélica. O grupo foi criado uns quatro ou cinco anos antes de lançarem “Outsider”. Era uma banda cultuada inicialmente por poucos, os mais descolados e os antenados. Os shows, segundo contam, eram ótimos. Era mesmo uma banda ‘cult’, liderada pelo poeta e jornalista Fernando Naporano e o guitarista Carlos Nishimiya. Faziam parte também, Victor Bock (segunda guitarra), Victor Leite (bateria) e Lu Stopa (vocal). O som do Maria Angélica é uma mistura de diversas influências do rock, mas principalmente do punk. As letras são praticamente todas em inglês. A performance vocal de Fernando nos remete à uma mistura de John Lydon, do Sex Pistols e Damo Suzuki, do Can. Gosto bem disso…
Paulinho Nogueira – Tons E Semitons (1986)
Olá amigos cultos e ocultos! Seguindo em nossa trilha fonográfica musical, vamos hoje retomando aos independentes. Atendendo a um pedido mais que especial e já com um certo atraso. O independente da semana é o grande compositor e violonista Paulinho Nogueira, um nome que dispensa maiores comentários e que aqui no Toque Musical já marcou presença outras vezes, pode conferir…
“Tons e Semitons” foi seu 25º lp, lançado de forma independente, associado ao produtor Fred Rossi, em 1986. Segundo Paulinho, o disco foi uma realização bem espontânea, simples, descontraída e com músicas, até então inéditas. Apenas a faixa “Chôro chorado” foi feita em parceria com Toquinho e Vinicius. Para não variar, este é mais um belo trabalho que paralelamente teve editado, em forma de livro, as partituras das dez músicas. Infelizmente essas eu não tenho para mostrar. Ao que tudo indica, a edição do livrinho ficou logo esgotada e não sei se chegaram a relança-la novamente. Mas é possível encontrar em sebos especializados.
Confiram já este toque, em tons e semitons 😉
Grito Suburbano (1982)
Olá! Hoje o dia vai ser literalmente ‘punk’. Por isso estou trazendo para a postagem de hoje quatro bandas de punk rock. Peguei pesado? Pesado e sujo. De vez em quando a gente precisa radicalizar. Aliás esta semana foi um pouco assim. Quando penso no variado leque musical ou fonográfico publicado neste blog, imagino o que vocês devem pensar de mim. É, eu sou meio camaleão… uns dias chovem, outros fazem sol, outros fazem lua… O importante é que toda a emoção sobreviva!
Êta Nóis! (1984)
Muito bem, hoje eu estou começando mais cedo que de costume. Aliás, a essa hora eu deveria estar dormindo, mas o sono não veio eu fui ficando… São agora quase 1:30 da manhã. Acredito que esta postagem só estará finalizada daqui a algumas horas. Sem pressa… Vou sair agora, dar um ‘tapa na onça’ e volto, tomo uma dose de Dranbuie, fico babando de sono e vou dormir. Êta nóis! – pausa de seis horas…
Christophe Rousseau – Na Casa Do Músico (2009)
Bonjour! Hoje meu dia vai ser foda! Daí, serei ainda mais vespertino, agilizando para não ficar no atraso. Tenho uma boa surpresa, que preparei ao longo da semana.
Apresento a vocês o franco-uruguaio-carioca, Christophe Rousseau, um artista independente que vive entre o Brasil e a Europa. Ele passa seis meses na França, tocando em diversos lugares e nos outros seis ele está no Rio. Chris é uma figura conhecida do blog. Foi através dele que o Toque Musical lançou as polêmicas fitas de João Gilberto na casa de Chico Pereira. Desta vez ele volta às nossas postagens, mas como um artista, o elemento principal.
Há pouco mais de um mês ele me mostrou essas gravações despretensiosas que fez no Estúdio Casa do Músico, em São Gonçalo, Rio. De maneira bem intimista ele toca violão e canta, demonstrando muito bom gosto e qualidade. As gravações não foram feitas com a intenção de irem a público, percebe-se logo que são apenas ensaios. Mesmo assim ficou muito legal e eu insisti em apresenta-lo como se fosse um álbum de verdade. Criei a capinha com a arte em anexo, como qualquer outro álbum. Espero que vocês gostem do resultado e caso alguém tenha interesse em contratar o Christophe, o contato segue na embalagem. Pode chamar que vai ser show 😉
Arthur Moreira Lima – De Repente (1984)
De repente, eis que chegamos ao Dia do Independente (até rimou). Como estamos na semana dedicada à música erudita, o certo é que sejamos coerente, trazendo um disco do gênero e numa produção paralela. Temos então este álbum independente do pianista Arthur Moreira Lima, gravado nos Estados Unidos e lançado no Brasil pela L’Art Produções Artísticas, com capa e texto de Millor Fernandes. Este não é exatamente um disco de música erudita. A erudição está apenas no modo de tocar e na formação desse grande instrumentista, reconhecido mundialmente. As faixas trazidas no lp, como se pode ver logo a baixo, são em sua maioria de músicas populares e bem conhecidas do público. O álbum, também chamado “Retratos 3×4 de alguns amigos 6×9”, numa analogia fotográfica, refere-se ao seu singelo trabalho solo interpretando grandes compositores como Villa Lobos, Chico Buarque, Noel e Vadico, Radamés, Pixinguinha e outros mais… Disquinho bacana, confira…
José Alexandre – Alma De Músico (1981)
O Melhor Dos Festivais De Minas 1984
Este disco é o resultado de um projeto criado pelo governo mineiro em 1984. Um festival que reunisse os vencedores de outros festivais regionais de música pelo estado. Como é sabido, em Minas Gerais, eventos dessa natureza sempre tiveram vez. Este foi o primeiro, não sei dizer se houve continuidade, afinal projetos e políticas sociais não são o forte dos nossos governos. Quanto ao disco, apesar de ser um álbum simples com apenas oito músicas, não deixa de se uma boa amostra da produção nos festivais mineiros. Isso é que é toquinho mineiro, uai!
Centro Popular de Cultura – O Povo Canta (1964)
“O povo canta” foi um trabalho musical composto por Carlos Lyra, Francisco de Assis, Billy Blanco, Rafael de Carvalho, Geni Marcondes e Augusto Boal. A venda desse compacto arrecadou fundos para a construção do Teatro do CPC da UNE. No ano seguinte, o disco foi retirado de circulação pela censura. Na mesma época, o Teatro do CPC da UNE, recém-construído, foi metralhado pelo Movimento Anti-Comunista (MAC). Por um longo período este inocente disquinho foi considerado “material subversivo”. Hoje vale uma baba na mão de colecionadores.
… e não é pra menos, este disco pode ser considerado uma peça histórica na cena musical e política desse nosso país. Música de crítica, resistência e protesto. Insdispensável!