Cid Ornellas – Caçador de Lua (1988)

Olá amigos cultos e ocultos! Chegamos a mais uma sexta feira dedicada à música/artista independente. Aproveito a ocasião para, novamente, convidar e avisar à esses artistas que o espaço do blog continua aberto para a divulgação de seus trabalhos. Vez por outra me chagam links e discos de artistas independentes, mas se a solicitação não partir do próprio artista e prefiro não postar. Por outra, as vezes aparecem por aqui coisas que ultrapassam os limites do bom senso, do curioso e daquilo que merece, pelo menos, ser escutado com outros olhos. Se for um trabalho com qualidade, mesmo que simples, solo, acústico ou à capela, tudo bem, o importante é que tenha uma alma musical, artística e seja original. Em virtude dessa situação, tenho pensado em não mais manter as sextas feiras com exclusivas para os independentes. Teremos também os títulos convencionais quando não houver um independente à mão.

Hoje iremos com o músico mineiro, Cid Ornellas, irmão do saxofonista Nivaldo Ornellas. Cid é um músico de formação acadêmica. Seu instrumento é o violoncelo, mas neste disco ele também toca violão, canta, faz arranjos e orquestração. “Caçador de lua” é um disco de música popular e as composições são todas do próprio Cid, ou em parceria. Ele vem acompanhado por uma turma de excelentes músicos e convidados, tudo mineirinho, como manda o figurino. O álbum foi gravado na Bemol, aos cuidados do Dirceu Cheib. Não precisa dizer mais nada, não é mesmo? Melhor é conferir… 😉
bente altas
joão rosa
pele de índio
respiração natural
o arquiteto
minaõ caçador de lua
sonho brasileiro
lindinha
neons

Junia Horta – Espaços (1981)

Bom dia a todos! Eu havia digitalizado alguns discos de artistas mineiros, independentes para um amigo. Indiquei a ele o Mediafire como suporte de armazenamento de seus arquivos. Mas acho que o cara deixou a ‘torneira’ aberta, pois percebo que agora que esses mesmos arquivos estão a deriva, espalhados pela rede e o coitado nem deve ter se dado conta disso. Lá vou eu então resgatando os independentes perdidos. Deixa eu trazê-los para o lugar certo. De volta a fonte, com direito a uma nova filtragem.

Entre os tantos que vou encontrando, para hoje temos este belíssimo trabalho da Júnia Horta, “Espaços”, disco independente lançado em 1981. Há uns dois anos atrás eu postei aqui um outro disco dela e até pensei que fosse o primeiro, o trabalho era de 83. Como eu não conheço nenhum outro álbum da artista, na dedução, imagino que o primeiro foi este que agora apresento.
Na mesma linha de “Não me lembre demais e nem me esqueça“. “Espaços” é um trabalho muito consistente e agradável. Todas as músicas são de Júnia, algumas em parceria. Ela conta neste lp com a participação e a força de muita gente boa. Figuras como o primo Toninho Horta, Aécio Flávio, Marco Antonio Araújo e Jane Duboc não deixam de ser destaque na produção e gravação deste disco. O álbum foi gravado, parte em Belo Horizonte, pelo Dirceu Cheib e outra no Rio de Janeiro, pelo Ed Lincoln. A capa, por sinal, muito bonita (se o álbum estiver novo!) traz uma gravura da artista plástica mineira Miúra Bellavinha. As duas faixas instrumentais, “Espaços” e “Sinais da pedra” foram compostas para a trilha sonora do filme “Sinais da Pedra, de Paulo Augusto Gomes. Taí uma boa pedida para a sexta independente 😉
tartaruga voou
nave estrela
pois sim, pois é
visita
espaços
quem dera
as irmãs
estrela escondida
e agora?
valsa do juca
sinais da pedra

Damião Experiença – Damião Experiença Nu Planeta Lamma (1974)

Olá, amiguinhos cultos e ocultos! Fazendo jus à tradição, o Toque Musical, nesta semana tem procurado ser curiosamente interessante. Lembrando que aqui, mais que nunca, é um lugar para se ouvir com outros olhos 😉

Reservei para a nossa sexta independente um disco, no mínimo curioso, que há poucos dias caiu na minha mão. Não encontrei coisa melhor. Vamos hoje com o ‘peça rara’ Damião Ferreira da Cruz, mais conhecido por Damião Experiência. Um louco genial, marinheiro aposentado e cafetão, que um dia cismou de gravar em discos suas experiências musicais (ups!). Mais que isso, produziu um universo para o seu ‘Planeta Lamma’. Vixiii… essa história é muito louca! Melhor é eu passar a bola para quem conhece, o fã clube do Damião.
Ouvir Damião Experiência me deixou ainda mais confuso. Pelo que eu entendi, este foi o seu primeiro disco, totalmente independente, produzido na década de 70. Gravou, segundo contam, 34 discos!
Ao ler a história do Damião em seu portal/site, criado por um grupo de fãs (músicos da banda/projeto Supersimetria), fiquei ainda com uma dúvida: como ele conseguiu gravar dezenas de discos? Quem ou qual estúdio acreditava em todo aquele ‘experimentalismo’? Sem dúvida é uma história que merece atenção. Os discos lançados por Damião Experiência são peças raras (e caras) que passaram a ser disputados a tapas por colecionadores em todo o mundo. Considerado internacionalmente por alguns críticos (mais loucos que ele, claro!) como um gênio da música experimental brasileira. A turma do Supersimetria também acha. E vocês, o que pensam disso?
universo
pérola de ouro
viagem
infinito
kanacubana

Lelo Nazario – Se… (1989)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Continuando na proposta do ‘ouvir com outros olhos’, hoje nós iremos com a música instrumental do pianista e compositor paulista Lelo Nazario. Para os que não conhecem, Lelo é um músico na sua melhor concepção, inquieto e investigador. Tocou ao lado de nomes como Hermento Pascoal, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, Márcio Montarroyos e por aí a fora (isso sem citar os internacionais). Músico considerado um dos melhores do ano (2007 e 2008) pela crítica internacional. Tem gravado uma meia dúzia de discos solos, além de outros tantos com grupos os quais participou. Foi o líder integrante do experimental Grupo Um, um conjunto instrumental de vanguarda, surgido no início dos anos 80. Depois veio a fazer parte de outro grande e premiado grupo de música instrumental, o Pau Brasil. Foi nesse hiato, entre o Grupo Um e o Pau Brasil que Lelo gravou este álbum, o “Se…”, em 1987, lançado dois anos depois através do seu selo independente. Pelo pouco que eu conheço do trabalho deste músico, considero este um dos mais interessantes. Um disco denso e ao mesmo tempo leve, com estruturas experimentais complexas, mas também melodioso nos momentos certos. Lelo vem muito bem acompanhado por outras feras do jazz e instrumental brasileiro. Tocam com ele Teco Cardoso no sax e flauta; Rodolfo Stroeter no baixo e Nenê na bateria. Para engrossar ainda mais o caldo ele ainda traz os convidados, Zeca Assumpção (baixo); Paulo Bellinati (guitarra com sintetizador); Edgar Gianullo (guitarra) e Zabelê (vocal).

“Se…” foi remasterizado e relançado em formato cd pela Editio Princeps, assim como todos os outros seus discos. Na nova produção, o álbum ganha também uma capa diferente (bem apropriada para cd) e a inclusão de mais duas músicas de bonus. Portanto, se gostarem, basta correr atrás do disquinho, que pode ser adquirido em diferentes pontos do país (e fora também), indicado no próprio site da EP.
valsa
anônima
sete léguas
o elo perpétuo
se…
post scriptum

Conjunto Metal Brasil – Havens (1989)

Bom noite, amigos cultos e ocultos! Eu sei que a cada vez eu falo uma coisa diferente. Havia dito que nesta semana eu me dedicaria às postagens de discos bem velhos (raros), mas de um dia para o outro muita coisa acontece, imprevistos e outros relâmpagos inesperados. Isso para não falar na minha bipolaridade musical (aliás, polipolaridade!). Me convenci, desde ontem, a fazer desta semana algo diferente e para alguns até radical. Postar alguns trabalhos musicais curiosos, herméticos e experimentais. Para não chocar os tradicionais de imediato, comecei pegando de leve, postando ontem um Egberto Gismonti. Hoje, ainda azeitando os ouvidos, vou trazendo a música do compositor Daniel Richard Havens, um nome que, por certo, a grande maioria deve desconhecer. Principalmente porque estamos falando aqui de música erudita e essa nem sempre está no cardápio do dia de nós, brasileiros.

Como amanhã é feriado e Dia das Crianças, dei um passo atrás, pensando se na semana ainda caberia alguma homenagem… tenho até alguns discos, já no ponto para a meninada. Mas como este blog reflete meu estado de espírito e (porque não dizer) mais ainda o psicológico, o maluco aqui vai desbundar, misturar Pires de Oliveira com pratinho de azeitona, hehehe…

Mas deixa eu voltar ao foco principal. Continuando…
Havens é um compositor, regente e instrumentista americano que desde o início dos anos 70 passou a fazer parte da Orquestra Filarmônica de São Paulo como seu o primeiro trompa, a convite do então maestro John Neschling. Logo em seguida se transferiu para a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo. Formou também na década de 70 o conjunto DeCamara, com o qual realizou diversos concertos no Teatro Municipal de São Paulo. Nos anos 80 funda com outros músicos instrumentistas o conjunto Metal Brasil, sendo responsável pela regência, arranjos e composições. Passa a se dedicar apenas à composição, deixando de lado a sua carreira de trompista. O conjunto Metal Brasil, que foi o pioneiro do gênero no país, com uma formação exclusiva de metais e percussão era o único grupo profissional existente na época. Na verdade, eu nem sei se depois dele sugiram outros. O certo é que o conjunto era formado por 4 trompetes, 4 trompas, 4 trombones, uma tuba e dois percussionistas. Neste disco, ao que tudo indica, o único gravado por eles, foi lançado em 1989, de forma independente e sob o auspício do empresário Albino Bacchi Jr. O trabalho é todo voltado para as composições de Havens. Destacam-se nele como intérpretes principais a pianista Terão Chebl e o trompista Mário Sérgio Rocha. Vamos conferir?
1º movimento – north
2º movimento – south
3º movimento – east
4º movimento – west
fanfarra
cenários I
cenários II

Tarancón – Ao Vivo (1981)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje eu acordei tarde e já estou atrasado para ir ao trabalho. Por essa razão serei breve. Escolhi, propositalmente, para o nosso dia do artista/disco independente este álbum do grupo Tarancón, gravado ao vivo no início dos anos 80. Uma fase muito boa e ao vivo fica ainda mais emocionante. Como já postei por aqui outros tantos discos do grupo, acho desnecessário tecer, nessa hora, qualquer outro comentário além de dizer: Eu adoro o Tarancón!!! E vocês? (se gostarem, avisem, tá?)

promessas del sol
pobre del cantor
el cantar tiene sentido
pitanga
cara de índio
verde maravilha
el hombre es un creador
canción y huayno
boquita de cereza

Nilson Chaves E Vital Lima – Interior (1985)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje é sexta feira, dia da nossa postagem dedicada ao artista/disco independente. Preparei este álbum com muito carinho, pensando nos amigos paraenses que eu muito prezo. Égua, esses são dois grandes artista do Pará! Dois grandes artista entre os que mais gosto, da região. Nilson Chaves já é uma figura bem conhecida aqui no Toque Musical, já postei dele dois excelentes discos. Vital aparece aqui pela primeira vez, mas seu lugar no nosso blog estará sempre garantido. Mais para frente a gente publica algum álbum solo dele.

Nilson e Vital são amigos de longa data, praticamente cresceram juntos, eram vizinhos desde a pré adolescência 🙂 Talvez por essa razão haja entre eles tamanha harmonia.
“Interior” foi uma produção independente, a estréia já com sucesso de Vital. Nilson, nessa ocasião, já era um artista de renome. O álbum foi gravado no Rio de Janeiro e contou com participações importantes como Leila Pinheiro, Antônio Adolfo, Maurício Einhorn, entre outros… Um trabalho muito bem elaborado, com bons arranjos, boas músicas e instrumentistas. Há neste disco uma música lindíssima, que me emociona a ponte de me deixar arrepiado… linda… “Tempodestino”. Para mim, só esta música já vale o disco. Os caras ainda me fazem o favor de convidar a Leila Pinheiro e o Maurício Einhorn, matou a pau! Essa música embora seja de artista do norte, me lembra muito a que é feita aqui nas montanhas das Gerais. Deve ser a tal da sintonia, consciente coletivo ou algo assim. Taí, um discaço que ninguém pode perder. Confiram já!
flor do destino
outro interior
do nada prá lugar nenhum
tum tá tá
mucuri
tempodestino
olho de boto
interior
a seu jeito
a estrada do sertão
das frutas

Radamés Gnattali – Ao Vivo (1984)

Olá, amigos cultos e ocultos! Estou me sentido hoje como se estivesse iniciando um novo blog. O que não deixa de ser uma verdade, afinal este aqui renasce com uma outra fachada (não muito diferente do anterior, para que não perca a sua identidade e propósito).
Eu havia preparado um desabafo longo e protestante, mas achei melhor fazê-lo num outro momento, bem porque hoje é sexta feira, dia do álbum/artista independente e eu escolhi a dedo o disco que hoje abre oficialmente a nova versão do Toque Musical. Tenho o prazer de abri a casa com este belíssimo disco do Mestre Radamés Gnattali. Um álbum de produção independente, lançado pela Editora 3º Mundo (que me parece, era do compositor e violonista Francisco Mário, irmão do cartunista Henfil). Aqui encontramos Radamés Gnattali solo ao piano, em uma apresentação na Sala Cecília Meireles. Nesta gravação ao vivo temos nove clássicos da MPB em improvisos desconcertantes (hehehe…) que só mesmo um Radamés seria capaz.
Para um dia de renascimento, este álbum é a melhor trilha 😉
carinhoso
ponteio
preciso aprender a ser só
corcovado
chovendo na roseira
manhã se carnaval
cochicho
do lago à cachoeira
nova ilusão

Jean Claude Moulin – Tête Au Brésil – A Procura (1997)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Batendo na mesma tecla mais uma vez, informo aos que ainda não se tocaram que eu criei uma outra alternativa para aquelas postagens que haviam sido retiradas para o rascunho e depois voltaram como REPOST. Eu, anteriormente, havia informado que os interessados nessas postagens deveriam entrar em contato comigo por e-mail. Mas percebi que dessa forma eu teria muito trabalho, tendo que dar atenção individual a cada um dos solicitantes. Para facilitar a minha vida e a de vocês também, eu criei um grupo de discussão, um espaço onde todos podem participar e de maneira mais ativa. Por lá eu colocarei ‘os toques’ dos REPOSTs, sem preocupações ou neuras. Para participar do grupo, basta se inscrever no quadrinho lateral aqui do blog. A partir de inscritos vocês receberão por e-mail todas as nossas atualizações das postagens no grupo. Neste espaço todos podem participar, compartilhando comentários, músicas e tudo aquilo que se fizer pertinente ao nosso assunto fonomusical. Neste final de semana procurarei atualizar algumas postagens, atendendo às solicitações pendentes, que infelizmente eu ainda não tive como corrigir. Paciência…
E por falar em procura, aqui está uma que encontraram e enviaram para mim 🙂 Me refiro a este disco, uma produção independente, lançada na França em 1997. O que temos aqui é um cd, enviado por um amigo culto (que insistiu em aparecer como oculto). As informações que tenho sobre o disco e seus artistas são poucas. Limitam-se ao que me foi passado pelo meu amigo e pela ficha técnica do disco. Quem encabeça o trabalho é o músico e professor de violão, Jean Claude Moulin. As músicas são todas de sua autoria ou parceria. Todas tem um ar de brasilidade, músicas certamente inspiradas no cenário tropical e no ritmo, entre outras bossas… Pessoalmente, achei as músicas muito boas e bem arranjadas. Jean Claude vem acompanhado por bons músicos que conferem ao álbum ainda mais qualidade. Acredito que os amigos, ao ouvir, também irão gostar. Segundo o meu informante, as músicas de Moulin cantadas em português pela cantora francesa Anne-Marie Truffier, são versões feitas por uma brasileira, Joanas Esteves. Jean Claude tem uma página no MySpace, onde os interessados poderão fazer contato com ele e ouvir outras de suas músicas. Confiram aí este independente e internacional artista com seu tempero brasileiro 😉

nuit blanche
errance
mangue, ananas et melon
a procura
le serin serein
encontro
brilho azul
alma vadia
le temps qui va
choto do bot
joana

Dani Turcheto – Sobremesa (2009)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Acho que eu vou ser obrigado a colocar um ‘banner’, bem visível, na frente do cabeçalho do blog para que os distraídos e afobados se toquem: REPOST tem que mandar e-mail para mim. Não adianta deixar pedidos ou endereço de e-mail no Comentários. Eu não envio e-mails, apenas os respondo 🙂 E por favor, não se aborreçam pela demora na resposta. Como vocês já devem saber, muitas de nossas postagens foram movidas para o rascunho, ‘detonadas’ por aqueles que de alguma se sentem incomodados. Mas vamos em frente, vamos de samba nesta sexta independente.
Eu hoje vou trazer para vocês o disco de um compositor paulista que fiquei conhecendo há pouco mais de uma semana. Seu nome é Dani Turcheto. Ele me enviou um e-mail apresentando o seu trabalho, que confesso, me deixou bastante impressionado. Inicialmente, antes de ouví-lo, fiquei pensando na figura que se dizia um sambista. Fiquei me perguntando, oquê que vem por aí? Me aparece um branquelo, de olho azul e paulista. Será que saí samba daí? Não posso negar, foi minha primeira impressão. Mas foi só eu ouvir o som do cara para entender que estávamos falando de Música Popular Brasileira, música de qualidade pautada no samba. Num instante, qualquer sutil semelhança com o pagode se desfez. Eu estava descobrindo ali um verdadeiro talento da nova safra de artistas da música brasileira.
Dani Turcheto, no meu entender, é bem mais que um sambista. O cara é compositor e produtor, empenhado numa outra ideia de divulgação e difusão da música feita no Século 21. Ele não cobra pela sua arte, ele espera sim que as pessoas, o público pague aquilo que acha que vale. No lançamento de “Sobremesa”, seu primeiro trabalho, lançado em 2009 no Teatro da Vila, em Sampa, o público pagou o quanto achou que valia, tanto pelo show como pelo disco. Por certo, monetariamente, o público deixa sempre a desejar, mas tenho certeza que foram todos unânimes em confirmar o talento do jovem compositor.
Neste primeiro disco ele contou com a força de uma turminha boa: Edu Salmaso (Clube do Balanço) na bateria, Bruninho Marques (Sambasonics) na percussão, os parceiros de Funk Como Le Gusta Juliano Becarin (teclado) e Edy Trombone, além de Zé Nigro (Otto) no baixo, que foi responsável pela produção do álbum. Podem cair de cara na “Sobremesa” que é da melhor qualidade. Pessoalmente, adorei os arranjos e a sonoridade que atiça a saudade de uma época em que se fazia “Música Popular Brasileira” do jeito que eu gosto. Salve os anos 70!
Em breve eu vou trazer para vocês “Madeira Torta”, segundo lançamento do Dani Turcheto. Estou só esperando ele me enviar o vinil. Sim, o cara está lançando este álbum em versão vinil. Tá pra mim! Já ouvi a versão em cd, mas a estréia vai ser mesmo quando a bolacha cair aqui no meu prato 😉

sobremesa
quero mar
olho pro céu
luz acesa
vigia a porta
teu altar
o tempo nos ajuda a jardinar
encosta
roda
espana

Augusto Jatobá – Matança (1988)

Bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! Acredito que alguns de vocês devem estar se perguntando o que está acontecendo no Toque Musical. De repente, antigas postagens reaparecem na pauta do dia. Outras tantas sumiram e os nossos ‘toques’ também. Até o santo Roberto Carlos foi maculado (pois ele nunca faria um gesto obsceno desse).  Ficou um pouco confuso, eu sei, mas estamos passando por uma fase de denúncias e arbitrariedades. Os patruleiros cibernéticos, os dedos duros, os invejosos e toda a corja de falsos moralistas estão a solta, tentando desfazer o inevitável, o ‘tsunami da revolução digital’. Vai ser difícil! Vão gastar na repressão aquilo que ‘pegaram’ dos artistas, os lucros dos seus direitos autorais. Aliás, essa é a palavra chave para um discurso hipócrita. Direito autoral, uma balela! Direito de po$$e, isso sim! Essas ‘empresas’ não estão preocupados com música, cultura ou artistas. O negócio deles é grana!
Como eu disse na postagem original de ontem, nossa música e nossa indústria fonográfica foram sucateada, entregue de bandeja para grupos internacionais que passaram a lucrar, relançado os velhos álbum (lá fora, claro!). Perguntem se algum desses artistas estão ganhando alguma coisa? Waltel Branco*, por exemplo, teve um de seus discos relançados com toda a pompa na Europa, super badalado. Acho que ele nunca viu um centavo do que foi vendido. João Gilberto com suas gravações caseiras feitas na casa do fotógrafo Chico Pereira, até bem pouco tempo atrás estava à venda, em formato CD, no Japão. Pergunta se ele ganhou alguma coisa. Célio Balona, Jorge Ben, Di Melo, diversas bandas de rock nacional 70, outros tantos artistas do samba, isso para não falar da Bossa Nova, cujo os discos são mais conhecidos lá fora do que aqui dentro. Tudo isso e muito mais foi usado e abusado por esses ‘grupos’ que ainda se sentem prejudicados porque os blogs estão disponibilizando o que eles comercializam por aí a fora. Tenha paciência! Violação de direito autoral é isso! Isso sim é que é a verdadeira pirataria!
Pelo que eu vejo, a praga se espalha por outros lugares. Iniciaram a fase da matança. A caça aos blogs. Vamos ver até onde vai…
E falando em matança, vamos hoje, que é sexta feira, trazendo um belo disco independente. Tenho aqui para vocês, “Matança”, um álbum do meu xará, o baiano Augusto Jatobá (putz! até rimou!). Este álbum saiu no final dos anos 80. Uma bela produção que contou com participações especiais e super especiais. Encabeçam, logo estampados na capa, os nomes de Geraldo Azevedo, Elomar, Xangai e João Omar. Contudo, ainda temos os músicos instrumentistas, gente fera como Joca, Franklin, Jacques Morelembaum, Chiquinho do Acordeon, entre outros…
Jatobá é um poeta e compositor na essência. Segundo eu li, ele não toca nenhum instrumento, mas cria músicas maravilhosas. Basta ver (e ouvir, claro) músicas como “O primeiro vegetal”, “Mastruço”, “Imbuzeiro”, “Frutos de plástico”… aaah… todo o disco. Bão demais!
Este álbum eu esperava publicar no dia 21 de setembro, Dia da Árvore. Mas como a ‘matança’ começou, não sei se estaremos vivos até lá.
Estou pensando em alguma estratégia para mantermos as postagens banidas. De qualquer forma ainda temos o velho endereço do Toque Musical e uma outra versão atualizada que funciona como clone.
É isso aí… os cães ladram e a caravana continua passando (da-lhe Tizol!).

primeiro vegetal
imbuzeiro
mata atlântica
matança
frutos de plástico
ave árvore
mastruço
homem arvoredo
buraco negro
parado no ar
* Valeu, Salvador! Salvou a pátria e me tirou do mico 🙂

Leonel Azevedo – Ontem E Hoje – 40 Anos De MPB (1970)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Eu, sinceramente, não sei se rio ou se choro. Hoje eu recebi um comunicado do Mediafire avisando que diversos dos arquivos hospedados por lá estavam bloqueados. Aliás não são diversos, são centenas de toques que agora estão inativos. O Blogger, também se resguardando, retirou todas essas postagens até que eu regularize a situação com links para donwload. Será que precisa? O Mediafire já foi pressionado e cortou a hospedagem. Ficamos assim numa situação complicada. Ou eu republico as postagens sem os links, ou as deixo fora de uma vez. Sinceramente, não quero podar as postagens do meu blog, por isso irei realmente retirar os links e assim o farei sempre que tal situação se repetir. Mandou tirar, a gente tira, mas a postagem continua! Daí, passamos a traçar outros caminhos, que obviamente serão mais complicados e demorados para vocês. Mas o direito de compartilhar o que tenho e que é meu continua. Não estou vendendo nada e nem ganhando indiretamente com propagandas. O máximo que eu poderia estar fazendo era ofuscar a coisa enquanto ‘negócio’. Mas que negócio é esse que nem sabe bem qual é o seu produto? Nos proíbem de ouvir discos e músicas que nunca mais serão editados, outros que nem chegaram a ser discos ou publicados. Gravações caseiras como a do João Gilberto na casa do Chico Pereira, uma demo de um grupo punk que nunca chegou a gravar um disco e outras produções exclusivas e independentes do Toque Musical, foram incluídas na listagem dos ‘patrulheiros cibernéticos’ à serviço do DMCA. Seria triste se não fosse cômico.
Uma coisa curiosa que eu percebo é que o Toque Musical parece ser o único infestado pelo vírus da intolerância e do despeito. A inveja é mesmo uma merda (e se manifesta, podem aguardar!)
Para o momento eu vou deixar as coisas como estão. As postagens antigas irão voltando gradualmente, sem toques mediúnicos ou musicais. Para essas, o melhor mesmo é recorrer ao e-mail, fazer um pedido pessoal e aguardar pacientemente. É o máximo que posso fazer, sinto muito… Vamos aos poucos encontrando outras alternativas e nos adaptando. Como sempre digo, o que foi publicado, do público é!
Seguimos com o disco do dia. Tenho para vocês (e sejam rápidos) este ótimo e raro lp, lançado por um selo independente em 1970, trazendo a música de um dos nossos grandes compositores, Leonel Azevedo. Encontraremos no lp dois excelentes intérpretes, Alcides Gerardi e Lia de Carvalho, os quais dividem o discos, cantando coisas como:

lábios que beijei
não foi o tempo
por ti
estória junina
quero voltar aos braços teus
mágoas de caboclo
cantar
nada vezes nada
barqueiro do amor
razão do meu cantar
tá na hora de acabar
um juramento falso
maria
quando a saudade apertar
a primavera chegou
ter tudo e não ter nada
caminho de volta
quem é que não chora?
é de amargar 

Há Sempre Um Nome De Mulher (1987)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Mantendo o nosso show de variedades fonomusicais, hoje, sexta feira, é dia de disco independente. Tenho aqui este álbum que há muito eu venho ensaiando em postá-lo, desde que criei e postei aquela coletânea, chamada “Elas Cantam Samba – Vol. 1“. Aliás, ela foi inspirada neste álbum. Logo depois eu vim a postar outro disco, que provavelmente também serviu de inspiração para este, gravado por Lúcio Alves, cantando músicas com nomes de mulheres.
Finalmente chegou então a vez deste que é um álbum duplo. Um super projeto independente realizado pelo Banco do Brasil em 1987. Uma iniciativa de apoio ao Programa de Aleitamento Materno, como diz na contracapa do álbum. Aliás, as informações completas sobre o disco estão no encarte e incluido no pacote. Quero aqui apenas dar uma prévia, dizendo que se trata de um belíssimo disco, onde participam 33 intérpretes e 80 músicos. Um encontro que só mesmo uma instituição financeira do porte do BB poderia arregimentar, pois temos aqui artistas de diferentes gravadoras. E o detalhe mais importante, este disco não traz compilações e sim regravações. São novas interpretações e exclusivas. Um grande feito! A criação do projeto é de Ricardo Cravo Albin, que também cuidou dos textos e direção geral. Os arranjos e regências foram do Maestro Orlando Silveira. O conjunto Época de Ouro participa em quase todos os momentos fazendo as bases.
“Há sempre um nome de mulher” é um disco dividido em blocos, apresentando os diferentes tipos de mulheres cantadas e eternizadas na Música Popular Brasileira. Temos aqui uma série de clássicos onde a mulher é o ponto principal.
O disco tem um sequência em que mal se percebe as mudança de faixas. As músicas e artistas se revezam a cada instante, lembrando bem um ‘pot pourri’. Procurei, de qualquer forma, desmembrá-las, no sentido de facilitar a audição uma a uma. Assim fica mais fácil para se ouvir…

Disco 1
abertura (mulher) – cauby peixoto
maria – tito madi
lígia – lúcio alves
marina – nana caymmi
maria betânia – maria bethânia
nancy – cauby peixoto
rosa morena – nana caymmi
dora (citação orquestral)
laura- carlos josé
jou-jou e balangandãns – bebel e miúcha
luiza – tom jobim
ana maria – emilio santiago
etelvina – joão nogueira
clementina câde você – paulinho da viola
guerreira (clara nunes) – joão nogueira
voz unida (dalva e elis – sônia santos
enamorada do sambão (beth carvalho) – martinho da vila e beth carvalho
maria helena – tito madi
yolanda – sônia santos
ana maria – premê
rosinha – tom da bahia
xandusinha – fagner
juliana – marisa gata mansa
Disco 2
luciana – pery ribeiro
helena – lúcio alves
carolina – chico buarque
teresinha – marisa gata mansa
emília – pery ribeiro
a mulher que é mulher – angela maria
amélia – pery ribeiro
mulher de malandro – angela maria e cauby peixoto
doralice – danilo caymmi
rita – emilio santiago
conceição – cauby peixoto
dolores sierra – nelson gonçalves
maria rosa – elizeth cardoso
dama do cabaré – martinho da vila
chica da silva – dona ivone lara
carmem miranda (alô, alô e taí) – dona ivone lara
luzia – braguinha
florisbela – gilberto milfont
aurora – violeta cavalcante
chiquita bacana – emilinha borba
eva – emilinha e marlene
maria escandalosa – emilinha e marlene
maria candelária – emilinha e marlene
rosa maria – roberto silva
dolores – violeta cavalcante
odete – gilberto milfont
helena, helena – roberto silva
madalena – elba ramalho
izaura – elba ramalho

Francisco Mário – Revolta Dos Palhaços (1980)

Muito bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Bom dia mesmo, tem que ser! Pois, pelo jeito o bicho tá pegando… Eu enviei ontem para uma parte dos amigos cultos que estão na minha lista de e-mail uma mensagem da ONG AVAAZ. Na verdade, um alerta e uma mensagem de oposição ao já conhecido Projeto de Lei do político Eduardo Azeredo, o PL 84/99. Todo aquele que não concorda com essa jogada política, que só serve para restringir o nosso já pouco direito, não deve ficar de fora. Entre no site da Avaaz e envie o seu protesto. Liberdade, liberdade e liberdade!
Quando digo que o bicho está pegando, não me referi apenas ao Azeredo. Há também por aqui outra situação azereda, que dizer, azeda. Ontem eu recebi um e-mail do filho do Nilo Sérgio, o Nilo Jr., no qual ele solicita que eu retire todos os ‘toques’ relacionados aos discos da Musidisc. Segundo ele, o catálogo da gravadora continua sendo relançado a cada dois anos. Eu, sinceramente, nunca soube disso. Sei que alguns títulos chegaram a ser relançado pela Som Livre nos anos 80, por sinal de uma maneira tão pobre e porca que deve ter feito o velho Nilo se remexer no caixão. Afinal, os discos da Musidisc e Nilser eram de padrão internacional, um primor para os padrões comerciais da época. Coincidentemente, quando eu já preparava uma série de títulos dos mais raros da Nilser e Musidisc para trazer até vocês, o detentor dos direitos veio solicitar a retirada do que já foi postado. É mesmo uma pena, tanto pelos que á foram postados quando para os que viriam em seguida. São discos que com certeza nem o próprio herdeiro deve ter ou saber de sua existência. O que dizer de uma nova e possível reedição? Vão esperando… Neste final de semana eu estarei retirando todos os links deixado nas postagens relacionadas aos discos da Musidisc e Nilser. Eu fiquei meio chateado e cheguei mesmo a pensar em retirar também as postagens. Mas agora, pensando melhor, acho que irei mantê-las, pelo menos para que todos saibam que um dia o Toque Musical tentou trazer à luz (e aos ouvidos) o que insistentemente querem manter no esquecimento. O que o TM não pode fazer, outros milhares de blog o farão. Como eu já disse outras vezes, essa é uma estrada sem volta. O pão que não foi comido na hora só se preserva por um tempo. Depois, ou vira farinha ou vira bolor. Depende de quem guarda, não é mesmo?
E assim tudo se perde e se transforma e só mesmo por força do destino algo ainda permanece. E permanece enquanto estiver oculto, escondido, esquecido ou limitado à poucos olhos e ouvidos. Essa é uma grande verdade e se aplica também à situação do blog Toque Musical, que, assim com foi o Loronix, hoje ocupa uma posição de destaque no cenário blog musical. Por conta de sua tamanha visibilidade e exposição se torna também vulnerável, alvo fácil de ações repressoras. É como diz o velho ditado, quanto mais alto, maior o tombo (que o diga o WTC). Melhor aqui é desacelerar…
Mas nós, os palhaços aqui, continuamos revoltados. Foi na analogia do meu pensamento que eu me lembrei deste disco do Francisco Mário para a postagem de hoje. Caiu como uma luva, principalmente porque se trata também de um disco independente, apropriado para a nossa sexta feira do TM.
“Revolta dos Palhaços” foi o segundo disco gravado por Francisco Mário que contou com a ajuda e participação de muita gente boa, a começar pelas primeiras duzentas pessoas que compraram o disco antes mesmo dele ficar pronto. Uma ideia interessante, principalmente se o artista for um nome de talento e ainda trazer na bagagem outros grandes nomes como, Ivan Lins, MPB-4, Boca Livre, Lucinha Lins, Mauro Senise, Danilo Caymmi, Gianfrancesco Guarnieri, o irmão Henfil, Aldir Blanc e outros…
Para acabar de vestir a luva eu incluo, muito apropriadamente, o que dizia o Chico Mário a respeito deste disco: “Com este disco eu denuncio a ilusão montada para ver a nossa realidade subdesenvolvida de país de terceiro mundo e que até poderia chocar as pessoas que estavam sonhando e não queriam acordar, preferindo acreditar na falsa realidade criada a cada dia.”

revolta dos palhaços
bailarina
o andaime
o homem mais forte do mundo
valsa do mata-cachorro
o mágico
malabarista da inflação
chora palhaço
se cobrir é circo, se cercar é hospício
pão e circo
clareira aberta

Quarteto Teorema – Mengo 70 (1969)

Olha aí, como disse, aqui está o outro disco do Quarteto Teorema. Este compacto duplo foi lançado em 1969. Uma produção exclusiva criada pelo Clube de Regatas Flamengo. Uma boa jogada, só que de ‘marketing’, que consitia na venda deste compacto premiado. Ou seja, cada disco podia trazer dentro de sua capa (lacrada), além do disquinho, um prêmio em dinheiro. A ideia foi lançada no intuito de arrecadar fundos para o time do Flamengo comprar novos jogadores e fazer bonito nos campeonatos de 1970. Não deve ter sido por outro acaso que o time neste ano conquistou a sua primeira Taça Guanabara.
Bom, quanto ao compacto e o Quarteto Teorema, tudo de bom. Compacto duplo com quatro faixas, tendo como carro chefe a música “Mengo 70”, composição de Fernando Lona e Vidal França. De contra peso e endossando a mensagem temos também “Aquele abraço”, de Gilberto Gil, já ouviu? (putz, até rimou)

mengo 70
mudança
tudo certo em seu lugar
aquele abraço

Nilson Chaves – Dança De Tudo (1981)

Olá amigos cultos e ocultos! Êta sexta-feirazinha puxada é esta a minha! Mal tive tempo de preparar um único disco e agora, na brecha, vou mandando ver (e ouvir, claro!)
Tenho para vocês, mais uma vez prestigiando o nosso Toque Musical, o paraense Nilson Chaves. Taí um grande artista do Norte que ainda hoje é desconhecido do grande público. Eu, no fundo acho isso muito bom, melhor assim. O artista quando se torna muito popular, acaba ficando mesmo muito popular, perde a magia…
Por certo, esta não é uma verdade absoluta, existem mesmo aqueles artistas que são geniais e estão acima de qualquer suspeita. Nilson Chaves segue a sua trajetória sem apegos que vão além da sua própria natureza. Sua música tem endereço certo.
Neste álbum, “Dança de tudo”, produção independente de 1981, Nilson Chaves nos apresenta um repertório totalmente autoral e de parcerias. Músicas que refletem os sonhos, desejos, lembranças e a vida do artista em sua terra natal, Belém do Pará. Um álbum muito bonito e que eu recomendo 😉
Vão nessa que a brecha tá fechando 🙂
amocariu
constelação sentimental
canção da véspera
graviola
ave manhã
vagalume
sina de ciganos
rastro
são judas tadeu
dança de tudo
devaneios
clara lucidez

Grupo Musa – Coisas Nossas (1974)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Nesta sexta independente, como eu disse, teremos duas postagens. Segue agora a segunda, trazendo o Grupo Musa, um conjunto musical formado nos anos 70, em São Luís, do Maranhão. Descobri esse grupo há pouco tempo atrás, quando procurava informações sobre o I Festival da Música Popular Brasileira no Maranhão. Alguns de seus integrantes participaram também deste festival. Fiquei então curioso para saber mais sobre eles. O Musa (Movimento Universitário de Som e Arte), foi formado por estudantes da Escola Engenharia do Maranhão e teve seu momento de expressão na cena musical e artística de São Luís, nos primeiros anos da década de 70. A história toda do grupo pode ser lida no site do professor e engenheiro civil, João Augusto Ramos e Silva, um dos integrantes do grupo. Em contato com este, consegui alguns registros de gravação feito por eles na época. Acho interessante incluirmos aqui esse trabalho, como forma de mostrar o que foi produzido musicalmente no Maranhão, naquela época. Embora o grupo não estivesse interessando em se profissionalizar, tiveram bons momentos, se apresentando em diferentes eventos culturais da cidade. Conforme conta João Augusto, a fase das apresentações e a própria existência do Musa, culmina com o show “Coisas Nossas”, produzido por eles e apresentado no Clube do Congresso, em Brasília, na programação da Festa dos Estados, em 1974. Aproveitando a viagem de Estágio Supervisionado do Curso de Engenharia, eles levavam também os seus instrumentos musicais  na bagagem e em todas as paradas, faziam ali as suas apresentações. O Musa durou o tempo em que os colegas estiveram juntos durante o Curso. Depois de formados, cada um seguiu um caminho dentro da profissão de engenheiro. Apenas um deles, Ronaldo Mota, continuou na música e no teatro, indo morar e trabalhar no Rio de Janeiro. A música entre eles ficou prorrogada, mas não deixou de estar sempre presente em suas vidas. Tanto assim que eles ainda pensam em um retorno, para quem sabe, agora, se dedicarem aos seus sonhos. 
O que temos aqui então, são algumas de suas músicas, gravadas na época, recuperadas por João Augusto, que acrescentou na remasteriazação uma nova base instrumental. 
Para compor esse trabalho, criei para eles uma nova capinha, que só não deu para caprichar mais porque a sinusite resolveu baixar de novo. Êta noite brava, sô!
ciumenta
eros nº 1
como é que vai
ponto de espera
juçara-ê
ex-centro da cidade
coceira
mato velho

Cesar De Paula – Sambeat (2007)

Bom dia a todos! Estamos começando aqui o nosso  5º ano de toques musicais e outros áudios mais… É bom a gente as vezes lembrar isso, ‘esses áudios a mais’, porque embora o blog se chame Toque Musical, foi concebido na ideia de trazer também, além da música, outros áudios interessante, curiosos, raros e até mesmo inusitados. Aqui há espaço para a música, poesia, novelas, audiobooks e tudo mais que podemos ouvir com outros olhos. As vezes a gente acaba ficando preso a um determinado assunto e quando vê já se ‘caracterizou’. Toque Musical, aqui, é uma expressão mais ampla…
Esta introdução não tem nada a ver com a postagem que agora segue. Mas como estamos partindo para um novo ano, quero deixar isso bem claro. Bem porque, em breve, penso também em postar outros discos e gravações que não são necessariamente de música.
Hoje é sexta feira, dia do artista/disco independente. Excepcionalmente, para começar, farei duas postagens. Na primeira, vamos com “Cesar de Paula & Projeto S.A.mbalance“, que acabou de chegar na madrugada. O artista nos enviou esse trabalho, chamado “Sambeat”, para a nossa apreciação. Como a maioria de vocês, eu também estou conhecendo agora. Do pouco que eu ouvi, achei legal. Música, como ele mesmo chama, “extemporânea brasileira”, do balanço samba-jazz, bossa nova, pop, soul, maracatú… à modernidade eletrônica. Trata-se, no entanto, de um EP produzido em 2007. Agora, neste ano, ele está lançando um DVD, onde constam algumas das músicas deste CD. Quem é de Brasília deve, talvez, conhecer melhor o seu trabalho. Ele vem de lá… Vamos conferir?

ô minha nega
malandragem brasileira
sambeat
boca da mata
afrobrasileiro
a lua e o sol
fusão nordestina
filosofia
berimbau de crioula (vinheta)
carnaval
falta d’água
a morena chegou pra abalar
sambeleza

Zéluiz – Sinais (1980)

Taí, como eu havia dito, teremos uma sexta independente em dose dupla. Com essa tomação de remédios, fiquei com essa coisa de ‘doses’ na cabeça. Melhor seria se fosse umas doses de uma cachacinha de Salinas ou um Jim Beam, que ainda tenho estocado. 😉  Mas hoje, nem pensar…
Para a nossa segunda dose eu estou trazendo o cantor e compositor Zéluiz (Zé Luiz Mazziotti), que há pouco mais de um mês deu (e continua dando) um bom ‘ibope’. Como todos gostaram, achei por bem mandar mais um. 😉
“Sinais” é um álbum independente, lançado por Zéluiz em 1980. Neste trabalho ele interpreta além de suas canções, em parceria com Mily, Sérgio Natureza e Ana Terra, outras também de alto nível de compositores como Baden e Paulo Cesar Pinheiro, João Bosco e Aldir Blanc, Ivan Lins, Fátima Guedes, Joyce, Lourenço Baêta e Elodi. O álbum foi produzido pelo próprio Zéluiz. Os arranjos e regências ficam por conta de Gilson Peranzzetta e Antonio Adolfo. Participam também um time de grandes instrumentistas, os quais vocês poderão ouvir e verificar no encarte anexo do nosso ‘toque musical’. Vamos conferir?
(tem discos que quando eu posto, sei até quais serão os amigos cultos e ocultos irão se manifestar, interessante…)

mesa redonda
trilha sonora
menino de rua
meu bem querer
  horas de dor  
 amigos
sinais
pra você ver
presença
tanto que aprendi de amor
culpas e razões

Quatro Na Roda – EP (2011)

Boa tarde, meus amigos cultos e ocultos. Hoje eu estou ‘pianinho’ em casa, ou como dizem também, literalmente com as barbas de molho. Minha sinusite, para rimar, ainda persiste, vai e volta quando bem quer. Mas ontem eu fui ao médico e ele me passou uma bateria de remédio, até a Amoxilina! Cheguei a pensar que o bicho estava mesmo pegando para o meu lado. Comecei a medicação e por enquanto vamos indo… ‘no pianinho’. Tá melhorando… Aproveito que não posso mesmo sair de casa e vou fazer desta sexta independente uma dose dupla, para curar a minha cabeça e fazer a de vocês 😉
Começo com este EP enviado pela turma do Quatro na Roda, um grupo formado por talentosos músicos aqui de Belô. Uma moçada jovem que entrou de sola no que é a verdadeira música popular brasileira. Eles apresentam um repertório muito especial, dedicado principalmente o samba, choro, baião, marchinhas e outros gêneros típicos da nossa música. Conforme eles mesmos informam, o quarteto tem uma base instrumental formada por  violão de sete cordas, cavaquinho e percussão. Nos solos vão clarinete, flauta e de novo o cavaquinho, somado a tudo isso às vozes dos quatro: Juliana Perdigão, Cristiano Vianna, Du Macedo e Analu. 
Este é o primeiro trabalho gravado pelo grupo, buscando mostrar músicas produzidas no país desde os anos vinte, do século passado até os dias de hoje. Um trabalho bacana e de muita qualidade.
Para saber mais sobre o grupo, visitem a página deles no FaceBook.
boogie woogie na favela
conversa de samba
adeus américa
foi uma pedra que rolou
cem mil réis
depois que o ilê passar
patuscada de ghandi

Eugenio, Osias E Danilo – Arraial Na Voz De Titane (1984)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Para o nosso encontro nesta sexta independente, eu trouxe um disco muito bacana, que só mesmo quem é aqui das montanhas das Geraes o conhece bem. Trata-se de “Arraial”, um projeto musical onde participaram mais de 50 músicos mineiros, entre instrumentistas, compositores e arranjadores. Figuras de destaque na música mineira como Marco Antonio Guimarães e seu Uakti, Gilvan de Oliveira, Ladston do Nascimento, Sérgio Moreira e até o argentino Rujo Herrera, entre outros…
Osias Ribeiro, Danilo Santos e Eugênio Gomez são compositores mineiros que aqui tem as suas músicas interpretadas por Titane, uma das maiores cantoras de Minas Gerais. Se não me engano, este foi o primeiro disco da Titane, ou melhor dizendo, um disco onde ela é a cantora.
Num projeto onde tanta gente boa se envolveu, o resultado não poderia ser outro senão um disco de qualidades. Infelizmente, por questões técnicas e também de orçamento algumas músicas foram cortadas. Se o disco tivesse sido lançado, na época, em formato cd, talvez isso não acontecesse. Mesmo assim eu prefiro lamentar ele não ter sido lançado como um álbum duplo. Ao ouvirem, vocês logo me darão razão. Fica no final aquele gostinho de ‘quero mais’ 😉

vendaval
infância
tristura
zero
ai de mim, solidão
recordações de amon
por que tristeza?
caatinga vista da lua
lamento
aboio

Zezé Freitas – Interpreta Zica Bergami (1998)

Olás! Eu às vezes fico meio perdido aqui com tantas coisas que me enviam. São discos, livro, gravações, fotos, cds… Tento manter uma organização, até mesmo porque de tanto material que chega, muitos serão aproveitados em outros momentos e a gente precisa ter as referências dos colaboradores e fornecedores, desses meus amigos cultos e ocultos. Acontece que às vezes alguns se perdem nas pilhas, estantes, gavetas e e-mails e eu fico mesmo sem saber qual foi a origem. É o caso deste disco da cantora Zezé Freitas, sinceramente não sei mais que me enviou (provavelmente o Chris Rousseau ou mesmo alguém ligado a produção deste cd independente). O fato é que hoje é dia de disco/artista independente e entre tantos outros títulos disponíveis achei de postar justamente este trabalho maravilhoso que na última semana eu tenho escutado.
Fazendo uma rápida apresentação, Zezé Freitas é uma cantora que iniciou sua carreira no Coral da USP. Gravou seu primeiro disco/cd, “Momentos”, em 1995, com direção musical de Filó Machado, que também acompanhou a cantora nos diversos shows que fez apresentado as canções deste disco. Em 1998 ela grava este que foi o seu segundo trabalho solo, tendo novamente o Filó na direção musical. No ‘album’, Zezé interpreta canções da compositora, escritora e artista plástica paulista, Zica Bergami, autora de “Lampião de gás”, música lançada na voz de Inezita Barroso em 1958, se tornado um clássico do cancioneiro paulista. Talvez pelo fato de ter dividido a sua vida artística entre a pintura, literatura e música e mais ainda, por ter se destacado na escrita e no pincel, a música (que carece de uma dedicação exclusiva) ficou um pouco ofuscada. Posso estar sendo injusto no meu comentário, mas eu mesmo só me lembrava de Zica Bergami como artista plástica (pintora). Certo é que este disco veio me mostrar que Zica era realmente uma excelente compositora. Sua música reflete o seu tempo, tem humor e simpatia. Na interpretação de Zezé Freitas ganha um novo fôlego, se atualiza e agrada no ato. Também não é para menos… Zezé é uma ótima cantora, que interpreta com muita desenvoltura essas canções. No disco ela veio muito bem acompanhada por gente com o Filó, Adauto Santos, Sabá, Arismar do Espirito Santo, Clayber de Souza, Oswaldinho do Acordeon e outros… Um belo disco para um dia, que por aqui, está parecendo de paulista, frio e com o céu nublado. Por falar nisso, deixa eu correr, meu tempo é curto 🙂 Confiram aí esta pérola 😉

mato o pato
manga
abana o fogo
o que é que há?
gafanhoto chegou
briga de santo
quantas flores
eu vou pra lua
chova, chuva,chova
na areia
pimenta no rock
lampião de gás
maricotinha

Di Melo – Pedra Bruta (2011)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Eu ainda não tive tempo de repor todos os ‘toques’ solicitados e nem sei se o conseguirei fazê-lo neste fim de semana. Mas podem ficar tranquilos que no mais breve possível tudo ficará resolvido, ok? Enquanto isso, vão curtindo aí as postagens dos últimos dias.
Como eu já havia comentado, na semana passada tivemos em Belo Horizonte o Conexão Vivo, lá no Parque Municipal. Rolou um bom e variado espetáculo, com os mais diferentes artistas. Nos dois dias em que eu pude estar presente, foi possível assistir a muitos shows. Entre tantos que por lá passaram, veio também o Di Melo que se apresentou ao lado da banda Black Sonora. Para os que não se lembram, o Di Melo é aquele artista pernambucano, que nos anos 70 gravou pela EMI-Odeon um álbum muito interessante, tendo como participação nomes como Heraldo do Monte, Hermento Pascoal, Claudio Bertrami e outros… (inclusive o pai do Taiguara tocando bandoneon). Eu já tive este disco, mas por alguma razão o passei para frente.
O Di Melo voltou a tona depois que nos anos 90 foi redescoberto por DJs ingleses. A sua música “A vida em seus métodos diz calma” foi na época incluida na coletânea “Blue Brazil 2” para o mercado internacional. Como sempre acontece, bastou ser resgatado lá fora para que o pessoal aqui dentro redescobrisse ou reconhecesse o talento do cara. Di  Melo volta a ganhar projeção e interesse das novas gerações, já tem inclusive um filme sendo finalizado sobre sua trajetória. Sinceramente, não conheço a história do cara, mas será que vale um filme? Ele é considerado por muitos como um dos importantes artistas que contribuiram para a formação de um estilo ‘blacksoulmusicsambarock’ (o mesmo onde são colocados Tim Maia, Cassiano, Hyldon, Trio Mocotó e por aí a fora…)
O certo é que no Conexão, o Di Melo volta à cena trazendo debaixo do braço um cd de coletâneas. Quando vi o ‘cedezinho’, achei que fosse piada. Produção caseira, reunindo além das músicas de seu disco de 1975, outras composições. A piada não é pela produção caseria, mas pela capa que estampa uma caricatura sua (até bem feita). Quem vê aquele cd há de pensar que se trata de um disco de piadas ou historinhas infantis. Sinceramente, não me contive… Após ouvir o disco (vendido por ele por 25 paus e sem autógrafo) e por sugestão de um amigo, pensei: pô, esse cara é uma pedra bruta! Precisa de uma lapidação, uma capa nova e mais divulgação! Vou postá-lo no Toque Musical!
Para quem está querendo retomar a carreira na mesma ‘pompa’, além de uma música boa (que ele já tem) é preciso também ter uma boa apresentação. Foi aí que eu resolvi criar essa nova capa, algo mais apropriado para o nosso artista. Modéstia a parte, acho que ficou ótima. Eu me sentiria muito honrado se o Di Melo passasse a usá-la. Tenho certeza que ninguém mais vai lhe fazer piadinhas.

barulho de fafá
lúcifer
distando estava
d’ouro brilhante
multificheiro
podes vir
lantemário
chifre iluminado
verso e prosa
manda e desmanda
posar de rainha
basta bem pensar
querelante
entardeceu, anoiteceu
milagre da sobrevivência
bailarina do cantor
eu não
frágil passarinho
e o vento levou
lábios de rubis 

Mara Do Nascimento – Instrumental (1982)

Muito boa noite amigos cultos e ocultos! Estou chegando agora para colocar a nossa postagem em dia. Hoje foi  o dia de encerramento do Conexão Vivo, um super evento musical que reuniu uma legião de bons artistas da nova safra da música brasileira. O lance aconteceu no Parque Municipal, de Belo Horizonte. Começou na quarta e terminou hoje. Além dos shows, houve também uma edição especial da Feira do Vinil e CD Independente, onde vários  colecionadores e lojistas estivaram por lá expondo suas bolachas. Eu também estive por lá vendendo meus discos de jazz e outras raridades. Sempre sem tempo, paguei uma pessoa para ficar vendendo os discos para mim. Só estive por lá mesmo ontem a noite e hoje durante todo o dia. Para não variar, comprei mais do que vendi. Por 100 reais comprei de um camarada 15 discos ‘zero bala’ do Neil Young, os primeiros e ainda por cima, importados. Não resisti… hehehe… Hoje o dia lá no Parque foi regado  à muita música boa, onde se destacava muito o instrumental. Tivemos por lá uma série de respeitáveis músicos que fizeram valer o meu dia. Inspirado com toda essa carga musical e ainda no ritmo feminino, vou postando  um disco da violonista e compositora mineira, Mara do Nascimento. “Instrumental” é uma álbum da melhor qualidade, onde temos onze temas próprios, todas composições de Mara. Para engrossar o caldo e dar mais brilho ao seu “Instrumental”, ela conta com um time de músicos de primeira. Gente como Gilson Peranzetta, Eduardo Delgado, Yuri Popoff, Lydston do Nascimento, Lena Horta e outros no mesmo grau.
Música de qualidade pronta para o consumo. Confiram aí este álbum, que além do mais é uma produção independente (e olha que nem é sexta feira!).

de mim
até que enfim
sujeito a mudança
sai que la vai
meus meninos
de volta pra casa
nós todos
baião do doidos
conversa
momento aqui entre nós

Maria Eugênia – Para Ser Feliz (1989)

Bom dia! Chegamos a mais uma ‘sexta independente’ e como a semana é dedicada às cantoras, fui buscar algum disco que se encaixasse à proposta – produção independente, lançado a mais de 20 anos atrás. Procurei também privilegiar alguma cantora que fosse pouco conhecida. Daí, acabei dando de cara como este lp que me chamou a atenção, principalmente pela capa, um estilo bem diferentão, nem parece coisa dos anos 80. Outro detalhe curioso diz respeito à informação da técnica de gravação, chamada aqui de “Sistema DMM -Direct Metal Mastering”, a qual aparece impressa no álbum como sendo a última palavra em tecnologia de gravação em vinil, como se fazia em lp’s produzidos nos anos 60. Nunca ouvi o disco, mas diante a tantos dados instigantes, me vi naquela de ouvir com outros olhos.
Maria Eugênia é uma boa cantora, seu jeito me faz lembrar muito algumas cantoras mineiras. Aliás, o disco tem bem um estilo das produções mineiras, mas pelo que podemos constatar na contracapa, o produto é paulista. Provavelmente a nossa cantora aqui também deve ser paulista.
“Para ser feliz” é um álbum com boas canções, algumas são do compositor Lula Barbosa, que já foi gravado pelos mais diversos artistas, nacionais e internacionais. Os arranjos, muito bons por sinal, são dos veteranos e lendário grupo Os Carbonos. Confiram esta postagem e se possível complementem as informações. Continuo curioso para saber mais e que fim levou a cantora Maria Eugênia.

sem volta e sem fim
para ser feliz
depois do inverno
eu e você
pra me seduzir
aperta o coração
eu gosto muito
doce primavera
paixão exagerada
de ponta a cabeça

Ladston Do Nascimento – Simbora, João! (2002)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Esta postagem era para ter ficado pronta hoje logo cedo, mas sempre aparece alguma coisa para adiar. Vamos ver agora…Hoje, estou trazendo um disco nota 10, que já há algum tempo eu estava para postar. Este, me foi enviado pelo próprio artista, através de uma amiga em comum. Faço da sexta independente o dia mais certo para apresentá-lo.
Temos aqui “Simbora, João!”, sexto trabalho do mineiro Ladston do Nacimento, lançado em 2002. Este cd é verdadeiramente muito bom, conta com a produção do seu parceiro Antonio Martins, os arranjos de Juarez Moreira, Zezinho Moura e Esdra Neném Ferreira. Ladston também conta com a participação especialíssima do Edu Lobo. Tudo isso, sem falar ainda nos outros grandes nomes da música mineira que dão ao cd uma cara mais que especial. Lindíssimo cd que vocês podem agora conferir aqui… 😉
a balairina e o último samurai
das outras auguas do rio
um falso chorinho
nego duro
duas serenatas
pequena canção
diamantina
navio de pedra
te vira nega!
caminhos de santiago
mãe do rio
dos diabos
simbora, joão!
mater e pater (violões  e tambores)

Alexandre Salles – Homem De Plástico (1984)

Tenho para hoje, sexta independente, “Homem de Plástico”, disco do mineiro Alexandre Salles. Taí um disco interessante, com boas músicas, bons músicos e bem produzindo. Porém é mais um daqueles discos que a gente tem e escuta, mas esquece de olhar com outros olhos. Ou melhor dizendo, não dá a devida atenção. Pelo menos foi isso que aconteceu comigo em relação a ele. Me lembro que nos anos 80 o Alexandre fazia parte da cena musical belorizontina. Estava presente em diversos encontros e festivais pela cidade. Depois que lançou este disco eu nunca mais ouvi falar dele. As informações a seu respeito na rede são escassas. O álbum traz um repertório autoral e algumas parcerias, com o falecido escritor Roberto Drummond, o poeta Ferreira Gullar e André Dequech que também assina a direção musical. Participam do discos grandes nomes da música mineira, Juarez Moreira, Marco Antonio Guimarães, Lincoln Cheib e Nenem. Para embalar essa produção, a capa traz uma ilustração de Elifas Andreato. Confiram aqui a versão do Toque Musical ;)
homem de plástico
cantiga para não morrer
a 200 coração hora
isabel
nana-uiara
marta
vou frazer uma cesta no seu coração
coração engaiolado
você não consegue matar este amor
lágrimas de estrelas
hoje tem rei


ciclo do boi

Arthur Kampela – Epopéia E Graça De Uma Raça Em Desencanto (1988)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos. Estou trazendo hoje um disco independente, como manda o figurino das nossas sextas, que até então eu não conhecia direito – Arthur Kampela em “Epopéia e graça de uma raça em desencanto”. Cheguei a ouví-lo uma certa vez, mas naquele momento eu não estava muito para Zappas e Barnabés. Acabei não lhe dando a devida atenção. Recentemente eu voltei a encontrar o disco e acho que chegou a hora de ouví-lo com outros olhos. Eu tinha, para mim, que Arthur Kampela fosse um ator, ou algo relacionado às artes cênicas. Neste trabalho o que temos, à primeira vista e também numa primeira audição é uma obra teatral. No álbum, de capa dupla e bem produzido, as informações se limitam à ficha técnica, letras das músicas e agradecimentos. O que vem a ser a ‘epopéia e graça de uma raça em desencanto’ eu só vim a saber depois que fiz uma breve consulta à mãe dos ignorantes, hoje, a Internet (o pai continua sendo o dicionário). Eu que pensava que ao abrir algum site, sobre o Kampela, iria cair nas artes cênicas, me enganei. O cara pode até ser um ator, mas pelo que eu li ele é muito mais que isso. Sua área de atuação é mesmo a música. Doutor em Composição pela Columbia University de Nova York, é também professor nesta universidade. Violonista super premiado. Tem artigos publicados no Current Musicology de NY, ‘cyber journals’ na web, e edições acadêmicas em várias e conceituadas escolas universitárias. Segundo informações que eu colhi em um texto do Festival Internacional de Violão, o FIV, realizado em Belo Horizonte, “se distingue em duas frentes composicionais: Particularmente para o violão, criou uma nova técnica de manipulação denominada “Tapping Technique”onde emprega um arsenal de novas técnicas-estendidas para a manipulação deste instrumento. Além disso, vem trabalhando neste e em recentes trabalhos para variados instrumentos, com sua teoria de modulação micro-métrica, onde ritmos complexos (cadeias de quiálteras) são super-impostos. Graziela Bortz, da Cuny de New York escreveu sua tese de doutorado “Rhythm in the music of Brian Ferneyhough, Michael Finissy and Arthur Kampela — a Guide for Performes”, utilizando a teoria de Kampela para analisar o substrato rítmico das obras destes compositores.” Kampela, numa segunda frente, se destaca ainda, quando no Brasil, gravou em 1988 este lp, considerado uma obra pioneira, onde ele nos apresenta a desconstrução radical da música popular brasileira, usando elementos e procedimentos da música de vanguarda, chegando a um resultado ‘pop-cênico-camerístico curioso. Nessa linha, ele também mantém um trabalho com seu grupo, fazendo uma música pop de vanguarda. Confiram…

o ascensorista osnestaldo
itinerário de um baixista sob a noite sul americana
tesão
micropeça
valsa do assassino
selenita
móbile para armar
epopéia e graça de uma raça em desencanto

Amadeu Cavalcante – Estrela Do Cabo Norte (1991)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ontem, por alguma razão que eu desconheço, não foi possível manter o habitual contato mediúnico com meus amigos artistas, lá do céu. Eles não tiveram como acessar aos comentários do blog para nos trazer o ‘toque musical’ do dia. Sinceramente, pensei que fosse mais um ataque de algum furibundo invejoso. Sabem como é, gato escaldado fica mais esperto… Felizmente, hoje, parece que tudo voltou ao normal. Bom para todo nós 🙂
Hoje, sexta feira, é dia de disco/artista independente. Estou trazendo para vocês um artista pouco conhecido aqui para as bandas do sul, o amapaense Amadeu Cavalcante. Eu mesmo, só vim a conhecê-lo há pouco tempo atrás, através do Quarteto Senzalas, do qual ele é um integrante. Amadeu iniciou sua trajetória musical cantando em bares de Macapá, na década de 80. Gravou seu primeiro disco, “Sentinela Nortente” em 1989, numa parceria com outro compositor da terra, Osmar Junior. O álbum “Estrela do Cabo Norte”, foi seu segundo disco. Gravado no Rio de Janeiro em 1991, teve desta vez uma produção primorosa através do selo independente Outros Brasis, de Belém do Pará. Participam do álbum diversos artistas, como os músicos Fernando Carvalho, Osmar Junior, Jacques Morelenbaum, Nilson Chaves, Val Milhomem e outros…
O repertório de “Estrela do Cabo do Norte” é formado por composições, em sua maioria, do amigo e parceiro Osmar Junior, mas também há espaço para outras parcerias e composições de artistas da região Norte. As músicas são mesmo muito boas, tanto na composição como na interpretação. Música brasileira autêntica, sem influências estrangeiras e que vai muito além do regional. Um belo disco, podem conferir…

jardim infame
da paixão
mortas paixões
samaúma
dessas lançantes
de bubuia
fruto teu
pérola
estrela do cabo norte
dos quintais do brasil
abrigo para um violeiro andante
caminhos do coração

Eduardo Delgado – Fábrica de Música (1992)

Olás! Pensei, hoje, em postar aqui alguma coisa relacionada à Sexta Feira da Paixão e ao mesmo tempo que fosse uma produção independente. Não me lembrei de nada muito específico e nessas condições. Daí, resolvi fazer melhor, trazer um disco de música instrumental, calmo e contemplativo. Me lembrei deste álbum do compositor, flautista e saxofonista Eduardo Delgado. Até na capa, sua figura de barba, nos remete a outra, de um Cristo flautista (ou seria um Ian Anderson disfarçado?) Talvez, nenhum, nem outro, ou mais ainda…
Eduardo Delgado é um instrumentista mineiro que faz parte da nata gorda dos músicos de Belo Horizonte. Já tocou com os mais diversos artistas da música, passeando pelo rock progressivo, jazz, música instrumental mineira (que é algo ainda a ser classificado), chorinho e tudo mais onde cabe uma boa flauta ou sax.
“Fábrica de Música” foi o primeiro disco deste excelente músico, lançado de forma independente, no início dos anos 90. Apresenta um repertório com nove músicas suas e de artistas mineiros como Juarez Moreira, Beto Lopes, Tavinho Moura com Milton Nascimento e Paulinho Pedra Azul. Tocam com ele na banda Kiko Mitre no baixo, Ricardo Fiuza no teclado, Nenen na bateria e Amaury Angelo na guitarra. Como convidados, participam ainda, de uma forma ou de outra, Tavinho Moura, Juarez Moreira, Mauro Rodrigues, Beto Lopes, Chico Amaral, Gilson Queiroz e Victor Santos.
Taí um bom disco para se ouvir num dia como o de hoje (e no de amanhã, depois e depois…)

reencontro
balada para luciana
meus amigos
em poucas palavras
valsa do desencanto
canto das águas
fernanda
brisa
peguei a reta