Orquestra Brasileira De Espetáculos – Italia De Hoje (196…)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos, como já deu para perceber, as resenhas de nossas postagens tem ficado a cargo do nosso amigo/colaborador Samuel Machado Filho. Mas, eventualmente eu também dou as caras por aqui…
Trago hoje para vocês um lp da Orquestra Brasileira de Espetáculos, da gravadora CBS, lançado certamente ainda na primeira metade da década de 60. A data, mesmo pesquisando eu não encontrei. O disco, como pode-se ver pelo título, “Itália de Hoje”, traz um repertório de músicas italianas, sucessos então do momento. Aliás, na década de 60 a música italiana esteve muito em voga, talvez por conta do cinema europeu que ajudou a projetar também a música. Mas o que nos chama mais a atenção aqui é o trabalho dessa magnífica orquestra de estúdio, sob a batuta do mestre Radamés Gnattali. É de dar inveja até às versões originais. Orquestra cristalina… 🙂

amici miei
perché non piango piú
tu non lo sai
devi recordar
el abrazo
ho scolpito il tuo nome
ieri ho incontrato mia madre
quando lo rivedrai
cielo muto
amore scusami
non e facile avere 18 anni
come sinfonia
era d’estate
aria di neve
.

Orquestra Brasileira De Espetáculos – Boleros Em Orquestra Vol. 2 (1962)

O bolero é um ritmo de origem cubana, mesclando raízes espanholas com influências locais de inúmeros países hispanos-americanos, e a primeira composição desse gênero tão popular surgiu em 1885. Chamava-se “Tristezas”, composto e interpretado por José Sanchez, um cantor cubano que , curiosamente, não teve formação musical. Mais tarde, o bolero seria adotado pelos mexicanos, e depois por toda a América Latina, sofrendo modificações, em especial no ritmo, que ficou mais lento, e na temática das letras, que ganharam feição mais romântica.  O mais famoso bolero mexicano é o clássico “Besame mucho”, de Consuelo Velásquez, curiosamente lançado por seu conterrâneo Pedro Vargas em um espetáculo no Cassino da Urca, do Rio de Janeiro, em 1941,merecendo inúmeras gravações a nível mundial. O bolero influenciou o samba-canção brasileiro, o mambo, o chá-chá-chá e a salsa. Nos anos 1960, apareceu na República Dominicana uma variante do bolero, chamada “bachata”.
Entre os países em que o bolero tem tradição, está, evidentemente, o Brasil. Aliás, meu saudoso pai adorava boleros, especialmente quando interpretados pelo espanhol Gregório Barrios, tendo também simpatia pelo chileno Lucho Gatica, outro grande intérprete internacional do gênero.  E hoje oferecemos aos amigos cultos, ocultos e associados do nosso Toque Musical um álbum de boleros, lançado pela Columbia (hoje Sony Music) em 1962, com execução a cargo da misteriosa Orquestra Brasileira de Espetáculos (que posteriormente lançaria, pela futura CBS, vários LPs com versões orquestradas de sucessos de Roberto Carlos, autêntico astro da gravadora). É o segundo volume de “Boleros em orquestra”, sendo que o primeiro foi lançado um ano antes, pela orquestra de Astor Silva, o Astor do Trombone (será que ele também regeu a orquestra aqui?). O curioso é que, na verdade, trata-se de sucessos nacionais e internacionais executados em ritmo de bolero, e não de clássicos do gênero.  E  o repertório executado é de excelente qualidade, com versões “bolerescas” de páginas do porte de “Conceição” (eterno prefixo de Cauby Peixoto),  “Nossos momentos” (“Momentos são iguais àqueles em que eu te amei”…), “Ave Maria no morro” (talvez o maior hit autoral de Herivelto Martins),  “Cabecinha no ombro” (“Encosta tua cabecinha no meu ombro e chora”…), “É fácil dizer adeus”, “Promessa”, e as internacionais “Poinciana” (cujo título refere-se a uma árvore mais conhecida como chorão), “Misrlou”, “Príncipe Igor’, “My Love for you”(então hit de Johnny Mathis) , “Love is a many splendored thing’ (do filme de mesmo nome, de 1955, rebatizado no Brasil como “Suplício de uma saudade”) e “Till”.Tudo num clima bem romântico, de “dois pra lá, dois pra cá”, tão característico dos boleros. A destacar que mais tarde surgiriam mais dois volumes de “Boleros em orquestra”: o terceiro ainda em 1962, com a orquestra de Astor do Trombone, e o quarto e último em 1965, este de procedência mexicana, com execução a cargo da Orquestra Première. E aí? Dá-me o prazer desta contradança?
misirlou
conceição
poinciana
cabecinha no ombro
love is a many splendored thing
nossos momentos
príncipe igor
é fácil dizer adeus
my love for you
promessa
till
ave maria do morro
* Texto de Samuel Machado Filho