Guio De Morais E Sua Orquestra – Sambas & Baiões (1956)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje achei por bem de vir eu mesmo apresentar o toque musical do dia. Nos últimos, quem brilhantemente tem feito isso é o Samuel Machado Filho, que agora passa a atuar além das resenhas do Grand Record Brazil trazendo, eventualmente, um pouco mais de contribuição, com seus textos completos e muito mais informativos. Estou a frente desta postagem como forma de assimilar e corrigir de vez na minha cabeça o nome do grande maestro Guiomarino Rubens Duarte, que eu sempre escrevo Guido, ao invés de Guio (de Morais). E essa não é a primeira vez que eu erro o seu nome. Por isso agora eu estou fazendo esta postagem, para corrigir meu erro e também aproveitar a carona (ou o gancho) da postagem anterior feita pelo Samuca.
Pois bem, temos aqui mais uma vez o maestro pernambucano Guio de Morais em um disco de 10 polegadas lançado pelo selo Todamerica, em 1956. Desta vez, o maestro nos apresenta uma seleção musical clássica do cancioneiro popular e infantil, temas regionais em ritmos de samba e baião. Um disco onde Guio de Morais não apenas rege a orquestra, mas também canta. Mesmo sendo ele um dos maiores arranjadores, no presente álbum essa tarefa ficou por conta de outros, Antônio Almeida e Felícia Godoy. Por um erro gráfico, consta na contracapa apenas sete faixas, mas há uma oitava que traz as músicas “Mulher rendeira” e “O meu boi morreu”. Confiram mais esta pérola 😉

meu limão, meu limoeiro
prenda minha
se essa rua fosse minha
no meu tempo de criança (escravos de jó – carneirinho carneirão – ó senhora viúva – ó filomena – rosa amarela)
casinha pequenina
rapsódia mineiro (ó minas gerais – peixe vivo – samba lelê tá doente)
atirei o pau no gato
mulher rendeira – o meu boi morreu
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Guio De Morais E Sua Orquestra De Cordas – Devaneio (1958)

Devaneio, como definem os dicionários,é o estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens. Como as dos filmes inesquecíveis a que se assistiu no cinema, na televisão, no home video ou até mesmo aqui na web, por sistemas tipo Netflix. Evidentemente, estamos falando de películas mais antigas, de cunho romântico, sentimental, musical, que às vezes fazem até chorarmos de emoção.  E “Devaneio”  vem justamente a ser o título do álbum que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados. Lançado em 1958 pela Todamérica, espécie de coligada da Continental, mais tarde desvinculada da mesma, o disco apresenta temas de filmes norte-americanos de grande sucesso a seu tempo,com execução a cargo de orquestra de cordas, sob a direção e com arranjos do recifense Guio de Morais (Guiomarino Rubens Duarte),também pianista, compositor (“No Ceará não tem disso não”, “Pau-de-arara”, etc.) e até mesmo cantor. Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, algumas fontes grafam 30 de junho de 1916, e outras, o dia 20 de agosto de 1920. Antes de ir para o chamado Sul do Brasil, foi diretor artístico de várias rádios nordestinas, tendo organizado em Belo Horizonte sua primeira orquestra, Guio de Morais e seus Parentes, que acompanhou em gravações inúmeros cantores de seu tempo. Já no Rio de Janeiro, nos primeiros anos da década de 1950, foi diretor artístico da Boate Beguin, ocupando esta mesma função bem mais tarde,  na TV Globo.  Foi tudo que pude apurar a seu respeito, e não encontrei nem mesmo referências quanto a seu possível falecimento (informações para o TM a esse respeito serão bem vindas). A seleção deste disco irá enlouquecer os fãs de música de cinema, apresentando temas de grandes filmes de Hollywood, com destaque para “Love is a many splendored thing” (do filme de mesmo nome, rebatizado no Brasil como “Suplício de uma saudade”), “An affair to remember” (de “Tarde demais para esquecer”, também com o mesmo título no original), “Around the world’ (de “A volta ao mundo em oitenta dias”), Love letters in the sand” (interpretado por Pat Boone em “Bernardine”, no Brasil, “O sonho que vivi”) e o sempre lembrado fox natalino “White Christmas”, criação de Bing Crosby, lançado em 1942 no filme “Holiday Inn” (no Brasil, “Duas semanas de prazer”) e revivido pelo cantor em 1954, em outra produção cinematográfica com o mesmo título (evidentemente rebatizada aqui como “Natal branco”). “Um convite ao encantamento, ao sonho e ao devaneio”, como  escreveu na contracapa o jornalista Mister Eco, mais tarde jurado de televisão. Ouça, sonhe e delicie-se
to love you
dancing in the dark
friendly persuasion
the mountain
if you can dream
written on the wind
love is a many splendored thing
around the world
the lonely man
an affair to remember
love letters in the sand
white christmas
·

* Texto de Samuel Machado Filho

Baião Para O Mundo – Seleções De Humberto Teixeira (1957)

Bom dia para todos do lado de cá e uma noite melhor para os que estão do lado de lá. É, o mundo está caindo e ainda nem aprendemos a levitar. Coisas estranhas estão acontecendo pelo nosso mundo. As profecias vem se cumprindo. O que podemos esperar em 2012? Sinceramente, estou preocupado. Se não abrimos as nossas mentes agora, poucas serão aquelas que estarão recriando o mundo depois. Tô meio pessimista? Desculpem…
Melhor seria se o mundo fosse invadido pelos ares do Baião, como foi o desejo desta produção, lançada pelo selo Rádio em 1957. Temos aqui um disco dos mais interessantes e também (para não variar) uma obra rara, que poucos hoje em dia devem conhecer. Obviamente me refiro ao disco e não às músicas que, com certeza, todos devem saber de cor. “Baião para o mundo – Seleção de Humberto Teixeira” é um disquinho de 10 polegadas que traz em suas faixas oito baiões do compositor cearense. É curioso falar de Humberto Teixeira sem comentarmos sobre seu grande parceiro, Luiz Gonzaga. Acontece que neste álbum, apenas “Asa Branca” é uma composição em parceria com o Rei do Baião. Todas as demais músicas do disco são exclusivamente de Humberto Teixeira. A execução, orquestração e os belos arranjos são do maestro pernambucano Guio de Morais. Ele dá ao baião uma roupagem mais nobre, uma noite de gala para um gênero tão popular. Embora nessa época o baião já fosse conhecido em outros países (inclusive no Japão!), um disco com este, surge mesmo é para afirmar a nós brasileiros o quanto esse ritmo nordestino ganhava projeção internacional. Taí um disco bem bacana e que merece muitos comentários, vocês não acham? 😉

kalú
xodó-xodó
dono dos teus olhos
asa branca
piririm
sem ele
benzim
eu vou pro ceará