Olá amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco de Carnaval.desta vez, vamos para o de 1968, lançado pela CBS. Temos aqui uma seleção de marchinhas defendidas por Ary Cordovil, Noel Carlos, Zilda do Zé, Clério Moraes e Paulo Bob. Um novo Carnaval, ou mais um bom disco, coisa que hoje em dia a gente não ouve mais. Por isso é fundamental que revisitemos outros e antigos carnavais. Pra gente lembrar como se brinca de verdade. 😉
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A Música De Nelson Cavaquino – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 69 (2013)
A Música De Cartola – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 68 (2013)
Para esta edição do Grand Record Brazil, foram selecionadas nove faixas, gravadas em 78 rpm. Abrindo esta seleção, temos a primeira composição gravada de Cartola, “Que infeliz sorte!”, lançada pela Odeon em dezembro de 1929, na voz de Francisco Alves, disco 10519-A, matriz 3095. Mário Reis chegou a adquirir os direitos de gravação deste samba por 300 mil-réis, mas preferiu repassá-lo ao Rei da Voz. Em seguida, Cármen Miranda, já então “o maior nome feminino da fonografia nacional”, interpreta “Tenho um novo amor” gravação Victor de 11 de maio de 1932, lançada em julho seguinte sob n.o 33575-B, matriz 65486, com acompanhamento do mestre Pixinguinha, à frente do Grupo da Guarda Velha. É uma parceria de Cartola com Noel Rosa, não creditado no selo e na edição. Vem também a ser o caso das faixas seguintes, interpretadas por Francisco Alves e por ele gravadas na Odeon: “Não faz, amor”, gravação de 7 de julho de 1932, disco 10927-A, matriz 4481, e “Qual foi o mal que eu te fiz?”, imortalizado pelo Rei da Voz em 30 de dezembro de 32 mas só lançado em maio de 1933 sob n.o 10995-B, matriz 4574. Noel e Cartola, sem dinheiro, procuraram Chico Alves no Largo do Maracanã e lhe pediram algum. Chico concordou, desde que cada um fizesse um samba naquele momento. Foi aí que compuseram “Qual foi o mal que eu te fiz?”, com toda a segunda parte de Noel, que nessa ocasião fez sozinho “Estamos esperando”, gravado por Chico em dupla com Mário Reis. No dia 3 de janeiro de 1933, Francisco Alves retorna aos estúdios da Odeon para gravar outro samba de Cartola, agora sem parceiro: “Divina dama”, que será lançado logo em seguida com o número 10977-B, matriz 4575, constituindo-se no maior sucesso da primeira fase de composições gravadas do poeta mangueirense. A faixa seguinte, “Na floresta”, foi gravação de Sílvio Caldas, parceiro de Cartola neste samba, em 13 de julho de 1932, matriz 65546, mas a Victor só o lançou em outubro de 33 com o n.o 33712-A. Isso em virtude de atritos entre Sílvio e Francisco Alves. Bucy Moreira compôs um samba chamado ‘Foi um sonho”, do qual Chico Alves gostava da letra, mas não da melodia. Então o Rei da Voz encaixou a de “Na floresta”, deixando a letra de lado. Os versos seriam musicados e gravados por Sílvio Caldas, e Francisco Alves, evidentemente, surtou e quis impedir o lançamento do disco. Mas Sílvio Caldas convenceu o Rei da Voz de que ele tinha comprado apenas a melodia: “Você deixou a letra de lado e o Cartola precisa ganhar dinheiro!” E Chico deixou os atritos também de lado… A faixa seguinte é “Não posso viver sem ela”, parceria de Cartola com Alcebíades “Bide” Barcelos, gravada na Odeon por Ataulfo Alves, à frente de sua Academia de Samba, em 27 de novembro de 1941, com lançamento bem em cima do carnaval de 42, fevereiro, sob n.o 12106-B, matriz 6870. Entretanto, o hit maior desse disco foi o clássico “Ai, que saudades da Amélia”, de Ataulfo e Mário Lago, que ofuscou esta aqui. O samba-canção “Grande Deus” foi composto por Cartola em 1946, quando contraiu meningite e demorou mais de um ano para se recuperar. Porém, só em agosto de 1958 é que a música foi lançada em disco, na voz do grande Jamelão, pela Continental, sob n.o 17573-A, matriz C-4099. E, para encerrar mais este pequeno-grande programa do GRB, o samba “Festa da Penha”, parceria de Cartola com Asobert (pseudônimo e anagrama de Adalberto Alves de Souza). Foi gravado em 1958 por Ary Cordovil para o extinto selo Vila, em disco de número 10003-A, matriz V-7801-A. A festa em questão acontecia todo ano no mês de outubro, com romaria de fiéis percorrendo o longo caminho até a igreja (com escadaria e tudo), que até hoje fica bem em cima do morro da Penha, numa demonstração de fé e oportunidade para apresentação de novas músicas, sempre com um olho profano em direção ao carnaval. Esta é a homenagem do GRB ao mestre Cartola, nome que tem seu lugar garantido entre os imortais de nossa música popular.
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO