O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados mais um álbum de Juca Chaves, seguramente um dos maiores humoristas do Brasil. Jurandyr Chaves (seu nome na pia batismal) nasceu no Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1938, mas foi criado em São Paulo. Músico de formação erudita, começou a compor ainda na infância. Iniciou sua carreira em fins dos anos 1950, cantando modinhas e trovas em estilo suave. Fez o primeiro recital no Teatro Leopoldo Fróes, em 1957, e queria ser também jornalista, criando a revista “Augusta Chic”, onde publicava suas crônicas e poemas, e trabalhando nos Diários Associados e na “Última Hora”, mas preferiu se dedicar apenas à música e ao humorismo. Seu primeiro disco, em 78 rpm, saiu em outubro de 1959 pela Chantecler, apresentando dois sambas de sua autoria: “Nós, os gatos” e “Chapéu de palha com peninha preta”. No ano seguinte, gravou seu primeiro LP, “As duas faces de Juca Chaves”, lançado pela RGE. De um lado, sátiras musicais, e do outro, modinhas. Ferrenho crítico do poder dominante, da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico (chegou a ter sua própria gravadora, a Sdruws Records), “Juquinha” chegou a se exilar em Portugal, nos anos 1960, mas, ao incomodar o governo salazarista com suas sátiras, então ganhando espaço no rádio e na televisão lusitanas, transferiu-se para a Itália. Voltando ao Brasil, apresentou programas de televisão e fez sucesso em espetáculos teatrais, quase sempre se apresentando descalço. Teve inclusive um circo nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde apresentou o show “O menestrel maldito”. Entre suas músicas mais conhecidas estão: “Por quem sonha Ana Maria”, “Presidente bossa nova” (referência ao então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira), “Brasil já vai à guerra” (ironizando a compra, pelo governo, do porta-aviões “Minas Gerais”), “Nasal sensual” (alusão ao tamanho de seu nariz), “Verinha”, “Caixinha, obrigado”, “Pequena marcha para um grande amor”, “Paris tropical”, “Take me back to Piauí” e “I love you, bicho”. Tem mais de vinte títulos em sua discografia, entre 78 rpm, compactos, LPs e CDs. É também conhecido por ser fanático torcedor do São Paulo Futebol Clube.
Arquivo da categoria: Selo MGM
Joseph Battista – Villa Lobos – Cirandas (1953)
Tem mais sim, mas só que agora a onda é outra. Afinal, hoje é sexta feira!
Para saudar o fim de semana e aplacar possíveis críticas, nada como um disco diferente. E um cardápio musical variado como esse, vocês só encontram aqui no blog do Augusto TM.
Olha só que beleza o disco que trago agora. Como informa a contracapa, um ciclo de 16 peças de Villa Lobos para piano. As famosas “Cirandas”, baseadas em cantigas do folclore nacional. São aqui interpretadas pelo pianista clássico americano Joseph Battista. Pelo que eu entendi, esta foi a primeira gravação em ‘long play’ desta obra, feita em 1953. Battista, travou contato com Heitor Villa Lobos no final dos anos 40, através da pianista Guiomar Novaes. Ao que tudo indica, ficaram amigos. Em 1952 ele começou a trabalhar as Cirandas, contando com o apoio e orientação de Villa Lobos para a gravação deste disco. O álbum, naturalmente, foi lançado nos Estados Unidos. Sua edição no Brasil, ao que tudo indica, veio há alguns anos depois, ainda nos anos 50, com certeza. Deve ser um dos primeiros discos de 12 polegadas lançados no Brasil. Curiosamente trazendo o selo americano da MGM, fabricado no país pela Odeon.
terezinha de jesus
condessa
senhora dona sancha
o cravo brigou com a rosa
pobre cego
passa, passa gavião
xô, xô passarinho
vamos atrás da serra
fui no Itororó
pintor de cannahy
nesta rua, nesta rua
olha o passarinho, domine
a procura de uma agulha
a canoa virou
que lindos olhos
co-co-co