Arquivo da categoria: Doris Monteiro
Doris Monteiro – Minhas Músicas (1956)
As Cantoras – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 146 (2016)
Cinema Em 78 RPM – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 137 (2015)
Estamos de volta com o Grand Record Brazil, agora em sua edição de número 137. E a seleção musical desta quinzena foi preparada por uma pessoa muito especial: eu próprio! Tudo começou quando o Augusto me mandou diversos áudios extraídos de clipes produzidos para o YouTube, pela Rádio Educativa Mensagem de Santos, aproveitando cenas de filmes diversos, todos em preto e branco. No entanto, apenas quatro músicas, devidamente conservadas aqui , fizeram realmente parte de filmes. Então sugeri que fosse feita uma edição com músicas que foram realmente apresentadas em películas de sucesso, a maior parte nacionais. Com o devido acolhimento da ideia, e com carta branca para sua elaboração, consegui garimpar dezesseis fonogramas, alguns até raríssimos, extraídos das bolachas de cera velhas de guerra. Uma seleção que resultou inclusive de pesquisas em fontes diversas, particularmente o “Dicionário de filmes brasileiros – longa-metragem”, de Antônio Leão da Silva Neto (Editora Futuro Mundo, 2002). Isto posto,vamos às músicas.Para começar, temos o clássico “O ébrio”, canção de e com Vicente Celestino, “a voz orgulho do Brasil”, por ele gravada na Victor em 7 de agosto de 1936 e lançada em setembro do mesmo ano, disco 34091-A, matriz 80195. O filme viria dez anos depois, produzido pela Cinédia e dirigido pela esposa do cantor, Gilda de Abreu, com grande bilheteria (teria superado até mesmo “Tropa de elite2”, o recordista oficial de bilheteria do cinema brazuca). Esta gravação é uma montagem que apresenta, primeiramente, o monólogo inicial, extraído da regravação que Celestino fez da música em 1957, e, em seguida, o registro original de 1936, junção esta feita para a coletânea “Sessenta anos de canção”, lançada após a morte do cantor, em 1968. Inezita Barroso, recentemente falecida, aqui comparece com “Maria do mar”, canção do maestro Guerra Peixe em parceria com o escritor José Mauro de Vasconcelos, autor de romances de sucesso como “Vazante”, “Coração de vidro”, “Banana brava” e “O meu pé de laranja-lima”. Fez parte do filme “O canto do mar”, produção da Kino Filmes dirigida por Alberto Cavalcanti, e Inezita a gravou na RCA Victor em 4 de agosto de 1953,com lançamento em outubro do mesmo ano, disco 80-1209-B, matriz BE3VB-0222. Temos, em seguida, a única composição de origem estrangeira inclusa nesta seleção. Trata-se de “Natal branco (White Christmas)”, fox de autoria de Irving Berlin, um dos maiores compositores dos EUA, e sucesso em todo o mundo. Seu intérprete mais constante foi o ator e cantor Bing Crosby, que a lançou em um show que fez para os pracinhas norte-americanos que serviam nas Filipinas, durante a Segunda Guerra Munidal. Bing também interpretou este clássico em dois filmes: “Duas semanas de prazer (Holiday inn)”, de 1942, e “Natal branco(White Christmas)”, de 1954. Com letra brasileira de Marino Pinto, foi levado a disco na RCA Victor por Nélson Gonçalves, ao lado do Trio de Ouro, então em sua terceira fase (Lourdinha Bittencourt, então esposa deNélson, Herivelto Martins e Raul Sampaio), no dia 25 de novembro de 1955, mas estranhamente só saiu em janeiro de 56, disco 80-1551-B, matriz BE5VB-0926. Houve uma versão anterior, assinada por Haroldo Barbosa, que Francisco Alves interpretava em programas de rádio, porém não gravada comercialmente. Na quarta faixa, o maior sucesso autoral do compositor pernambucano Nélson Ferreira: o frevo-de-bloco “Evocação”, primeiro de uma série de sete com o mesmo título, homenageando grandes nomes do carnaval recifense do passado. A interpretação é do Bloco Batutas de São José,lançada pela recifense Mocambo em janeiro de 1957, no 78 rpm n.o 15142-B, matriz R-791, e no LP coletivo de 10 polegadas “Viva o frevo!”. “Evocação” foi também sucesso no eixo Rio-São Paulo, em ritmo de marchinha, entrando na trilha sonora do filme “Uma certa Lucrécia”, de Fernando de Barros, estrelado por Dercy Gonçalves. Logo depois, outra gravação da Mocambo: é a balada-rock “Sereno”, lançada em 1958 no 78 rpm n.o 15233-A, matriz R-985, e incluída mais tarde no LP “Surpresa”. A música fez parte do filme “Minha sogra é da polícia”, uma comédia dirigida pelo mesmo autor da composição, Aloízio T. de Carvalho, e por sinal bastante cultuada pelos fãs de dois futuros astros da Jovem Guarda, Roberto & Erasmo Carlos, pois marcou a primeiríssima aparição de ambos no cinema. “Sereno” também foi revivida, em 1976, na novela “Estúpido Cupido”, da TV Globo, cuja trilha sonora foi a de maior vendagem da história da gravadora Som Livre: mais de dois milhões e meio de cópias! Na sexta faixa, uma raridade absoluta: trata-se da toada “Céu sem luar”, do maestro Enrico Simonetti em parceria com o apresentador de rádio e televisão Randal Juliano. Quem a interpreta, com suporte orquestral do mestre Tom Jobim, é Dóris Monteiro, em gravação Continental de 6 de maio de 1955, lançada em outubro do mesmo ano, disco 17171-A, matriz C-3628. Dóris também a interpretou no filme “A carrocinha”, produção de Jaime Prades estrelada por Mazzaropi sob a direção de Agostinho Martins Pereira, e na qual Dóris também contracenou com outro mestre, Adoniran Barbosa (seu pai, na trama). Desse mesmo filme, agora com o próprio Mazzaropi, um dos mais queridos comediantes do cinema brazuca, até hoje lembrado com saudade, é nossa sétima faixa, o baião “Cai, sereno (Na rama da mandioquinha)”, baião de Elpídio “Conde” dos Santos (autor do clássico “Você vai gostar”).O eterno jeca registrou “Cai, sereno” na RCA Victor em 2 de agosto de 1955, e o lançamento se deu em outubro do mesmo ano, disco 80-1497-A, matriz BE5VB-0821. Temos também o lado B desse disco,matriz BE5VB-0822, também de Elpídio: a rancheira “Dona do salão”, interpretada por Mazza no filme “Fuzileiro do amor”, dirigido por Eurides Ramos, primeira das três películas que o comediante fez no Rio de Janeiro para a Cinedistri, de Oswaldo Massaini. Ângela Maria, a querida Sapoti, nos apresenta o expressivo samba-canção “Vida de bailarina”, de Américo Seixas em parceria com o humorista Chocolate (Dorival Silva). Fez parte do filme “Rua sem sol”, da Brasil Vita Filmes, dirigido por Alex Viany, e a gravação em disco saiu pela Copacabana em dezembro de 1953, sob n.o 5170-B,matriz M-642. Voltando bem mais longe no tempo, apresentamos “Estrela cadente”, valsa-canção de José Carlos Burle, que fez parte do filme “Sob a luz do meu bairro”, da Atlântida, dirigido por Moacyr Fenelon. Carlos Galhardo,seu intérprete na película, cujos negativos infelizmente se perderam em um incêndio, gravou a música na Victor em 12 de abril de 1946, com lançamento em julho do mesmo ano sob n.o 80-0421-B, matriz S-078474. O eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga, apresenta a animadíssima polca “Tô sobrando”, que fez em parceria com Hervê Cordovil, e gravou na RCA Victor em 26 de julho de 1951, com lançamento em outubro do mesmo ano, disco 80-0816-A,matriz S-092995. Gonzagão também a interpretou no filme “O comprador de fazendas”, da Cinematográfica Maristela, estúdio paulistano que ficava no bairro do Jaçanã, baseado em conto de Monteiro Lobato e dirigido por Alberto Pieralisi, tendo no elenco Procópio Ferreira, Hélio Souto e Henriette Morineau, entre outros (o próprio Pieralisi dirigiu uma refilmagem inferior, em 1974). O número musical de Luiz Gonzaga, por sinal, foi rodado após o término das filmagens, uma vez que ele sofrera grave acidente automobilístico e quebrara o braço. Outra raridade vem logo em seguida: o samba-exaltação “Parabéns, São Paulo”, de Rutinaldo Silva,em gravação lançada pela Continental em março de 1954 (ano em que a capital bandeirante comemorou seus quatrocentos anos de existência), disco 16912-B, matriz C-3287. Esse foi o número musical de encerramento do filme “O petróleo é nosso”, da Brasil Vita Filmes, dirigido por um especialista em chanchadas, Watson Macedo. O belo samba-canção “Onde estará meu amor?”, de autoria da compositora e instrumentista Lina Pesce (Magdalena Pesce Vitale), é outra absoluta raridade nesta seleção “cine-musical”. Interpretado por Agnaldo Rayol no filme “Chofer de praça”, o primeiro que Mazzaropi fez como produtor independente, sob a direção de Mílton Amaral, foi lançado em disco pela Copacabana em maio de 1958, no 78 rpm n.o 5891-A, matriz M-2181, entrando mais tarde no primeiro LP de Agnaldo, sem título (CLP-11061). Gravações posteriores de Dolores Duran e Elizeth Cardoso, também pela Copacabana, reforçariam o êxito de “Onde estará meu amor?”. Silvinha Chiozzo, irmã da acordeonista e também cantora e atriz Adelaide Chiozzo, aqui comparece com duas músicas que interpretou no filme “Rico ri à toa”, primeiro trabalho do cineasta Roberto Farias, que mais tarde fez ”Assalto ao trem pagador” e a trilogia cinematográfica estrelada por Roberto Carlos (“Em ritmo de aventura”, “O diamante cor-de-rosa” e “A trezentos quilômetros por hora”), sendo depois diretor de especiais da TV Globo. Saíram pela Copacabana em 1957, sob número 5795. Primeiro,o lado B, “Zé da Onça”, baião clássico de João do Valle, o acordeonista Abdias Filho (o famoso Abdias dos Oito Baixos) e Adrian Caldeira, matriz M-1990, que Silvinha canta em dueto com Zé Gonzaga, irmão de Luiz Gonzaga. Vem depois o lado A, matriz M-1965, “É samba”, que Silvinha canta solo, concebido por Vicente Paiva, Luiz Iglésias e Walter Pinto, os três ligados ao teatro de revista. Para terminar, um verdadeiro clássico interpretado pelo grande Cauby Peixoto: o samba-canção “Nono mandamento”, de Renê Bittencourt e Raul Sampaio, e que fez parte do filme “De pernas pro ar”, co-produção Herbert Richers-Cinedistri, dirigida por Victor Lima. Cauby imortalizou este sucesso inesquecível na RCA Victor em 20 de dezembro de 1957,com lançamento em abril de 58 no 78 rpm n.o 80-1928-A, matriz 13-H2PB-0311. Um fecho realmente de ouro para a seleção desta quinzena do GRB, que por certo irá proporcionar grandes momentos de recordação e entretenimento a vocês que tanto prestigiam o TM. Quero expressar inclusive meus mais sinceros agradecimentos aos colecionadores Gilberto Inácio Gonçalves e Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) pela colaboração, enviando-me alguns dos preciosos fonogramas que compõem esta edição. E agora, luz, câmera, ação… e música!
*Texto e seleção musical de Samuel Machado Filho
III Festival Internacional Da Canção Popular – Vol. 1 (1968)
Olá amigos cultos e ocultos! Hoje a noite estou indo para o Rio buscar um tocadiscos que eu comprei. De quebra, claro, vou dar umas garimpadas nas lojas, sebos e feiras pela cidade. Se alguém aí tiver uma boa dica de compra, me avise. Tô ligado! Estou indo para a Cidade Maravilhosa, mas volto no domingo (tempo é curto!)
E como já dizia o Geraldo Vandré: prá não dizer que não falei de flores… quer dizer, que não postei nada nesta semana… aqui vai um disquinho bem legal. Uma seleção da Odeon da músicas classificadas no III Festival Internacional da Canção, de 68. Como vocês podem ver (e também ouvir, claro), temos uma seleção de ótimas músicas e excelentes intérpretes. Interessante notar que aqui também destacaram os maestros em cada música, um dado importante que deveria estar contido em todos os discos do gênero. Deixo aqui o volume 1, quando voltar postarei o volume 2, ok? No mais, aquele abraço! Pois o Rio, mesmo violento e manifestante, continua lindo! 😉
Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 15 (2012)
Luzes, câmera, ação… e música! Sim, esta décima-quinta edição do Gran Record Brazil é dedicada à música de cinema, apresentando temas de filmes nacionais e também de produções hollywoodianas, estas em versões para o idioma tupiniquim.
Começamos com dois temas do filme “Rua sem sol”, dirigido por Alex Viany para a Brasil Vita Filmes, e estrelado por Glauce Rocha, Carlos Cotrim, Dóris Monteiro (ainda de tranças, no papel de uma deficiente visual) e Modesto de Souza. Ambos os sambas-canções são cantados por Ângela Maria, que também participou do filme, claro, interpretando-os, no disco Copacabana 5170, lançado em dezembro de 1953. Abrindo o disco, a faixa-título do filme, “Rua sem sol”, matriz M-641, assinada por Mário Lago e Henrique Gandelmann, e no verso, matriz M-642, o clássico “Vida de bailarina”, de Chocolate (também humorista de rádio e TV) e Américo Seixas. Música muitíssimo gravada (Elis Regina, Zizi Possi, Quarteto em Cy, Agnaldo Timóteo, etc.).
Já que falamos em Adelina Dóris Monteiro (sim, é esse o nome completo dela), ela aqui comparece com o disco Todamérica TA-5220, gravado em 8 de setembro de 1952 e lançado em outubro seguinte, no qual interpreta duas músicas de outro filme de Alex Viany no qual ela também atuou, “Agulha no palheiro”, co-produzido por Moacyr Fenelon (um dos fundadores da lendária Atlântida) e pela Flama Filmes, da família Berardo (em cujos estúdios, situados no bairro carioca das Laranjeiras, instalou-se mais tarde a TV Continental, Canal 9). Primeiro, a música-título do filme, “Agulha no palheiro”, matriz TA-366, de César Cruz e Vargas Jr., e no verso, matriz TA-365, “Perdão”, também de César Cruz, mas sem parceiro.
O eterno Rei da Voz Francisco Alves era um cantor eclético, versátil, e interpretava de tudo que fazia sucesso em sua época em matéria de música. E nesta cinematográfica edição do GRB, ele comparece com três gravações bastante apreciadas: do disco Columbia 55248-A, gravado em 7 de novembro de 1940 e lançado em dezembro seguinte, matriz 339, o samba-exaltação de Braguinha, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho, “Onde o céu azul é mais azul”, que Chico também cantou no filme “Céu azul”, da Sonofilms, dirigido pelo lusitano Ruy Costa (que como compositor assinava J. Ruy) e tendo no elenco Jaime Costa, Déa Selva, Heloísa Helena (homônima da famosa política), Oscarito e Grande Otelo. Completando a participação do grande intérprete, duas versões gravadas na Odeon, ambas de Haroldo Barbosa, compositor, produtor e redator de programas de rádio (entre eles o de Francisco Alves aos domingos) e TV, jornalista, etc. Do disco 125o5-A, gravado em 8 de agosto de 1944, matriz 7628, o fox “Para sempre adeus (It can’t be wrong)”, de Max Steiner e Kim Gannon, do filme americano “A estranha passageira (Now voyager)”, produzido pela Warner em 1942 sob a direção de Irving Rapper e estrelado por Bette Davis, Paul Henreid, Gladys Cooper e Claude Rains. A película venceu, inclusive, o Oscar de melhor escore de filme não-musical. Do filme francês “Inquietação (Fièvres)”, Chico Viola interpreta o fox-canção “Maria”, de Luchesi e Feline, gravação de 21 de setembro de 1946, porém só lançada em maio de 47 com o número 12773-A, matriz 8098. No selo original, a versão é erroneamente creditada a Haroldo Lobo, mas o Haroldo que a fez é mesmo o Barbosa!
Nesta edição também comparece o grande Jorge Goulart, recentemente falecido, com um disco de seu período áureo na Continental, o de número 16816, lançado em julho-agosto de 1953, no qual igualmente interpreta versões de filmes famosos internacionalmente. No lado A, matriz C-3164, a célebre canção “Luzes da ribalta (Limelight)”, composta por Charles Chaplin para o filme de mesmo nome (só lançado nos EUA em 1972, uma vez que Chaplin estava exilado na Suíça por pressão do Comitê de Atividades Anti-Americanas) e vertido por João “Braguinha” de Barro e Antônio Almeida. Versão muito gravada, inclusive por sua mulher, Nora Ney. No verso, matriz C-3165, a “Canção do Moulin Rouge”, de uma produção britânica de 1952 dirigida por John Huston e distribuída pela United Artists (portanto nada a ver com o “Moulin Rouge” de Baz Luhrman). É um a valsa de Georges Aurick e William Engoick, com letra brasileira de Carlos Alberto.
Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987), hoje esquecida mas que tinha uma bela voz de veludo, comparece aqui com uma faixa do disco Odeon 13562-A, matriz 9920,gravado em 16 de outubro de 1953 e lançado em dezembro seguinte. É o clássico “Lili (Hi´lili, hi´lo)”, de Bronislau Kaper e Helen Deutsch, com letra brasileira do sempre eficiente Haroldo Barbosa. É do clássico musical americano “Lili”, da MGM, protagonizado por uma das mais famosas atrizes do estúdio do leão, a francesa Leslie Caron. Foi regravada até mesmo em versão “disco music”, por Nalva Aguiar, em 1977!
Sílvio Caldas, o eterno “caboclinho querido”, bate ponto com duas músicas do filme “Maria Bonita”, da Sonoarte Filmes, dirigido por Julian Mandel e baseado no romance homônimo de Afrânio Peixoto, por ele gravadas na Odeon em primeiro de junho de 1937, com acompanhamento da Orquestra Copacabana do palestino Simon Bountman, e lançadas em julho seguinte com o número 11487. No lado A, matriz 5587, o conhecido tema folclórico “Meu limão, meu limoeiro”, adaptado para “samba sertanejo” por José Carlos Burle, também cineasta, e com a participação vocal de Gidinho. No final dos anos 1960, este seria um dos carros-chefes de Wilson Simonal, que só aproveitou o estribilho, mas mesmo assim muita gente cantou isso junto com ele. No verso, matriz 5588, também de José Carlos Burle em parceria com o escritor J. G. De Araújo Jorge (tão discutido quanto lido), esta joia de canção, “Confessando que te adoro”.
Para encerrar, músicas do filme “O cangaceiro”, produção da Vera Cruz dirigida por Lima Barreto e vencedora da Palma de Prata no Festival de Cannes, na França, como melhor filme de aventuras (naquele tempo ainda não tinha a Palma de Ouro e sim o Grande Prêmio da Crítica, vencido na ocasião por “O salário do medo”, de Henri Georges-Clouzot). Vanja Orico, que também esteve no elenco do filme, interpreta a lírica toada “Sodade, meu bem sodade”, feita por Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento, Cajazeiras, PB-1908-idem, 1979) ainda na adolescência. No acompanhamento, o violonista Aymoré e orquestra dirigida por Gabriel Migliori, também responsável pela direção musical do filme, em gravação RCA Victor de 29 de janeiro de 1953, lançada em abril seguinte com o número 80-1101-B, matriz SB-093597. O Trio Marabá, cujos integrantes eram provavelmente mexicanos (afinal chamavam-se Pancho, Panchito e Cármen Durán) vem com sua versão de “Muié rendera”, o tema principal de “O cangaceiro”, lançada pela Copacabana em março-abril de 1953 com o número 5044-A, matriz M-332. No acompanhamento, a curiosa presença do conjunto de Alberto Borges de Barros, o Betinho, filho de Josué de Barros, descobridor de Cármen Miranda, e intérprete do conhecido fox “Neurastênico” (seu e de Nazareno de Brito) e do rock “Enrolando o rock”(dele e de Heitor Carillo), entre outras. Apesar do sucesso, Betinho deixou a carreira para cumprir missão evangelizadora. O próprio Zé do Norte vem com o lado A de “Sodade, meu bem sodade”, com Vanja Orico, matriz SB-093598, interpretando o coco “Meu pinhão”, ou “Meu pião”, de sua autoria, também cantado por ele próprio em “O cangaceiro”. Apesar do êxito internacional do filme, a maior parte dos lucros ficou com a distribuidora, a multinacional americana Columbia Pictures (mais tarde vendida à Coca-Cola e repassada à nipônica Sony), e a Vera Cruz, que tencionava ser uma Hollywood tupiniquim em São Bernardo do Campo (SP), acabou fechando suas portas em 1954, retomando suas atividades em ocasiões esporádicas. Enfim, esta cinematográfica edição do GRB vai enriquecer as coleções de muitos amigos cultos e ocultos com um pouco do melhor que a música produziu para a chamada sétima arte. É ouvir e colecionar!
Feliz Aniversário (1961)
Bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! Hoje, dia 30 de junho estamos completando 4 anos de atividades. Como disse, não esperava chegar até aqui. Mas quando se conquista milhões de amigos, sejam eles cultos ou ocultos, não há como voltar atrás. Nos tornamos cativos, não só da ‘cachaça’, mas principalmente das pessoas a quem conquistamos. Como diz o Roberto Carlos, “são tantas as emoções”, hehehe… Felizmente estamos aqui e se o Toque Musical ainda existe é graças ao público que tem. Agradeço imensamente a todos e em especial àqueles que muito colaboraram para manter nosso estoque musical sempre em dia. Muito obrigado pela paciência, pela força e também os comentários. Esses, nunca devem faltar, pois é a melhor maneira de eu saber se não estou ou não no caminho certo.
De ontem para hoje eu acabei fazendo uma grande confusão com as postagens, daí, o dia de ontem ficou como se não tivesse tido postagem. Foi mais um vacilão meu. Cheguei tarde e cansado. Mas vamos colocando a casa em ordem. Os visitantes, convidados ou não, são sempre bem vindos. Vamos juntos soprar as quatro velinhas 😉
Para comemorar eu estou trazendo este disco, lançado pela Philips em 1961 (por coincidência, o ano em que eu nasci). Este álbum, por sinal, muito interessante, é um daqueles discos que antigamente se fazia específicamente para ser um presente de aniversário. Uma boa coletânea, com músicas temáticas, feito mesmo para marcar um momento. Temos nesta seleção musical apresentada por Aloysio de Oliveira, artistas (obviamente) do ‘cast’ da gravadora, figuras ilustres que todos nós, pelo menos por aqui, já conhecemos. A direção musical é do maestro Monteiro de Souza.
Se não me falha a memória, este álbum já foi usado também pelo Loronix em um de seus aniversários. Como a vela é de boa procedência, merece novamente ser acesa e soprada por todos nós. Vamos conferir?
Nosso Natal (1957)
Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje talvez não seja um bom dia para uma postagem, como também não foi ontem, para mim. Como vocês já sabem, estou vivendo um momento de luto. Hoje, às 15 horas será o sepultamento da minha tia. Estou aqui aguardando este encerramento. Logo estarei indo ao velório e a minha noite de Natal vai ser ainda mais melancólica. A cada ano percebo e agora mais ainda, que o Natal realmente não é uma data alegre. Também não a chamaria de triste. É um momento de reflexão, concentração e emoção. É aquela hora em que deixamos de pensar somente em nós, quando nos deparamos com o outro e quando vemos nele o nosso próprio reflexo. Neste momento eu sinto que o todo é um só e que eu sou parte desse todo. É por isso que me sinto tão bem quando faço algo que alegra as outras pessoas. Sinto que estou fazendo também por mim. Trazer a alegria, mesmo que num momento de tristeza, vai me fazer bem. Estar aqui preparando este disco para vocês, me afasta de pensamentos ruins, me dá esperanças e resignação. Preciso ocupar a minha cabeça com outros pensamentos. O duro disso tudo é a história que vem por trás. Mas isso eu vou poupar aos amigos, pois mesmo na passionalidade, este assunto não é nada musical.
Bom, para celebrarmos o nosso Natal, estou trazendo um disco bem bacana, um típico exemplar do Toque Musical. Temos aqui um disco de Natal, do ano de 1957, onde a gravadora Columbia reuniu alguns de seus melhores artistas, cantando doze temas originais. São músicas natalinas nacionais, criadas por compositores brasileiros. Este álbum é raro em todos os sentidos, mas principalmente pelo time de artistas, em gravações que só foram ouvidas neste lp. São onze nomes de peso: Doris Monteiro, Alcides Gerardi, Luiz Claudio, Lana Bittencourt, Zezé Gonzaga, Silvio Caldas, Zilá Fonseca, Paulo Marquez, Dircinha Costa, Ellen de Lima e Gilvan Chaves. Apenas a última faixa, “Papai Noel”, foi gravada em côro e ‘a cappela’ pelo Coral da Columbia. Segundo me contaram, o coral foi formado pelo próprio elenco (será?).
Taí o meu toque musical de Natal. Desejo a todos uma boa noite. Muitas felicidades, paz e amor.
Doris Monteiro – Confidências de Doris Monteiro (1956)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! De volta ao lar, tenho novamente um número infinito de títulos a publicar. De uma certa forma isso é até ruim porque aumenta a minha indecisão, fico sem saber o que postar.
Escolhi para hoje a Doris Monteiro em um raro álbum de 1956. Este foi o seu segundo lp de dez polegadas, um álbum onde ela canta exclusivamente músicas do compositor Fernando Cesar, na época, uma grande revelação. Algumas faixas foram extraídas de bolachas de 78 rpm gravadas anteriormente pela cantora. Entre os destaques, temos “Vento soprando”, “Cigarro sem baton” e “Dó, ré mi”. Não tenho certeza, mas acredito que essas músicas contaram com a orquestração e os arranjos de Antonio Carlos Jobim.
Se eu hoje ainda tiver um tempinho, volto para fechar com mais um compacto, ok? Divirtam-se aí…
Fantasia E Fantasias (1954)
Em homenagem à nossa terça-feira, dia oficial do Carnaval, estou trazendo uma raridade que cabe bem para a ocasião. Um álbum para fechar com chave de ouro a nossa mostra carnavalesca. Mas não pensem vocês que se trata de mais um disco de 10 polegadas feitos para celebrar a festa de um determinado ano. O que temos aqui é a trilha sonora de um espetáculo audacioso apresentado no Golden Room do Copacabana Palace em 1954, chamado “Fantasia e Fantasias”. Criado e dirigido por José Caribé da Rocha, o ‘show musicado, sem interrupção e sem parte falada’ foi uma produção envolvendo música erudita, dança clássica e popular, samba, carnaval e artistas dos mais diversos. Um elenco de bailarinos, cantores e instrumentistas. A coreografia era de Nina Verchinina. Participavam em cena e como cantores, Doris Monteiro, Helena de Lima, Marisa, Claudia Morena, Carlos Augusto, Luiz Bandeira e o conjunto Quatro Azes & Um Coringa. O espetáculo deve ter sido realmente muito interessante. Na contra capa há um texto descrevendo toda a ação. A peça se divide em dois momentos. Inicialmente temos coisas de Liszt, Rachmaninoff e Kachaturian, abrindo os primeiros minutos do disco. Em seguida, ainda no primeiro lado, o ‘pot-pourri’ envereda para o popular, para o samba e as marchinhas de carnaval.
Taí,um trabalho dos mais interessantes. Uma raridade da qual não existe nenhuma referência publicada na rede. Possivelmente pode ser o último exemplar que restou para contar a história. Felizmente aqui volta a ser revelado. Escutem com outros olhos, ok?
Doris Monteiro – Doris (1973)
Doris Monteiro – Série Coletânea Vol.3 (1975)
Mais uma vez temos aqui a presença de Doris Monteiro. Eu estava na dúvida, sem saber qual álbum dela ainda não havia sido postado. Sei que no Loronix tem alguns, mas acho que este não saiu por lá. Aliás, este foi talvez a minha melhor escolha, pois se trata de uma coletânea onde estão reunidos alguns dos melhores momentos de Doris, que vai de 1966 à 73. Pessoalmente esta é a fase que mais gosto em Doris Monteiro. Confiram este repertório: