Não faz muito tempo, logo que surgiu o Orkut, em uma comunidade de vinil raro em que eu fazia parte, recebi de um amigo um arquivo zipado deste disco. Fiquei muito impressionado com o trabalho do artista que até então eu não conhecia. Infelizmente no arquivo não incluía o encarte nem qualquer outra informação. Depois de muito procurar, acabei achando a capa em um blog de um japonês. Como era muito pequena a imagem e de pouca resolução, deixei no comentários o pedido uma cópia da capa. (Se tem uma coisa que acho o fim da picada são esses blogs de música que não incluem a arte, ou quando o fazem é de maneira grosseira. Não dá nem tesão de ouvir o disco.) Depois de alguns meses, recebo um e-mail com a tal capinha (infelizmente não tão boa quanto eu esperava). De qualquer forma, acho que chegou a hora de postá-lo. Não vou indicar o blog do japa porque ele assim o quer. Como se trata de um álbum um tanto obscuro, pouca coisa se tem a seu respeito na rede. Só mesmo visitando o “Tablóide Digital”, um blog que reúne textos publicados do jornalista Aramis Millarch, para conseguir a informação que repasso neste toque para vocês. Segue a baixo o artigo dele, publicado no Jornal Estado do Paraná em 05/05/1974. É nessas horas que a gente entende a diferença entre notícia e informação. Salve o Armis!
Afinal aconteceu a primeira revelação do ano. Ele se chama Naire, simplesmente, e está chegando num excelente lp da RGE (303.023, março/74), que infelizmente esqueceu de distribuir um press-release para informar quem é o moço, de onde veio, o que pensa. Mas o que afinal não diminui o impacto de sua estréia. Produzido por J. Shapiro, com direção artística de Toninho Paladino e arranjos de Luiz Cláudio Ramos, Naire gravou este seu primeiro disco nos estúdios da CBS, na GB, com a participação de um grupo de bons músicos: Antonio Adolfo, Mamão, Chacal, Chiquinho, Alexandre, Luiz Claudio, Chiquinho do Acordeon, Batô, Laudir, Fernando Leporace, Pascoal e Franklim (flauta).
O repertório não poderia ser melhor: Naire abre com uma das músicas que consideramos das melhores de 73 “15 anos”, que compôs” em parceria com Paulinho Tapajós e que na Phono – 73 foi defendida por Nara Leão. Uma letra sensível e inteligente, que se apropriou perfeitamente a Nara Leão, que dela nos falou de entusiasmo quando aqui esteve no ano passado. Paulinho Tapajós é aliás o grande amigo e parceiro e de Naire, participando inclusive de duas faixas: “Duas Irmãs” e “Quinze Anos”. Juntos fizeram para este lp as faixas “menestral das Cabras” (com um leve toque de Zé Rodrix e seu rock rural), “Um dia Azul de Abril” e, “Bendito Seja”, “A Donzela”, “Paz de Penedo”, “Duas Irmãs” e “Feliz Feliz”. Com Tiberio Gaspar, Naire compôs “Companheiro”, Chá de Jasmimn” e “Passeio Público”. Exclusivamente sua é “A Vida é Agora”. E o inspirado “Ave Maria” de Roberto Menescal-Paulinho Tapajós é a única faixa que não teve sua participação como autor.
Voz suave, personalíssima, arranjos agradáveis e sobretudo o bom gosto dos arranjos e competência dos músicos escolhidos para acompanhá-lo nas 13 faixas deste lp digno, honesto e sensível. Anotem o nome de NAIRE. Ou melhor: comprem o seu disco. Vale os Cr$ 32,00 que custa.