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Astor Piazzola – Mundial 78 (1978)
Como por certo já sabem nossos amigos, cultos e associados, o Toque Musical completa, em 30 de julho próximo, dez anos de existência. Uma longa e expressiva trajetória na qual, inúmeros tesouros raros da era do vinil, principalmente de música brasileira, foram resgatados, para alegria e satisfação de muitos colecionadores. E decidimos comemorar apresentando vários álbuns de música popular latino-americana, principalmente de países da América do Sul, o continente em que está o nosso Brasil. Para começar, apresentamos um disco gravado pelo notável bandoneonista Astor Piazzolla, também considerado o mais importante compositor de tangos da segunda metade do século XX. Foi no balneário argentino de Mar del Plata que Astor Pantaleón Piazzolla veio ao mundo, no dia 11 de março de 1921, filho dos italianos Vicente Piazzolla e Assunta Manetti. Aos quatro anos, mudou-se com a família para Nova York, EUA, em busca de melhores condições de vida. Em seu período norte-americano, tornou-se fluente em espanhol, inglês, italiano e francês, e começou a se interessar pela música. Em 1929, ganhou de seu pai o primeiro bandoneón, e, em 1933, começou a estudar piano com o húngaro Bela Wilde, discípulo de Sergei Rachmaninoff. Foi em Nova York que o jovem Astor conheceu nada mais nada menos que Carlos Gardel, quando esteve na cidade para filmar “El dia que me quieras”, e atuou nessa película como um garoto entregador de jornais. Quando jovem, Astor tocou e fez orquestrações para o bandoneonista, compositor e maestro Aníbal Troillo, além de estudar teoria harmônica e contraponto tradicional com a compositora, educadora e maestrina Nadia Boulanger. Ao regressar de Nova York, Piazzolla já mostrava forte influência do jazz em sua música, estabelecendo então uma nova linguagem, seguida até hoje. Ironicamente, quando começou a fazer inovações no ritmo, no timbre e na harmonia do tango, foi muito criticado por antigos tocadores do gênero, mais ortodoxos, que bradavam que sua música não era tango de fato. A eles, Piazzolla respondia que era música contemporânea de Buenos Aires, que seus seguidores e apreciadores consideravam de fato a cara da metrópole argentina. Deixou uma vasta e prolífica discografia, tendo gravado com nomes do porte de Gary Burton, Gerry Mulligan, o violinista Fernando Suarez Paz e o nosso mestre Tom Jobim. Entre seus mais destacados parceiros na Argentina, estão a cantora Amelita Baltar, o poeta Horacio Ferrer e o escritor Jorge Luís Borges. “Balada para um loco”, “Adiós, Nonino” (que fez quando seu pai faleceu, em 1959, e tem mais de 170 gravações) e “Libertango”, esta última constantemente executada por diversas orquestras em todo o mundo. Em 1973, algumas de suas composições foram aproveitadas no filme “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, o que valeu a Piazzolla uma menção especial do júri, como melhor trilha, no Festival de Gramado daquele ano. Seu currículo, aliás, registra também apresentações públicas no Brasil, EUA, Itália, França e, claro, na Argentina. Astor Piazzolla faleceu em sua Argentina natal, mais precisamente em Buenos Aires, em 4 de julho de 1992, aos 71 anos. Seus restos mortais estão sepultados no cemitério Jardin de Paz, em Pilar, ao norte da província de Buenos Aires, e, desde 2008, o Aeroporto Internacional de Mar del Plata, sua cidade natal, possui o nome de Astor Piazzolla. De sua vastíssima discografia, o TM foi buscar “Mundial 78”, gravado na marca italiana Carosello em 1978, por ocasião da Copa do Mundo de Futebol realizada na Argentina, e editado no Brasil pela RGE-Fermata, com o selo Pick. Por sinal vencida pela representação da casa, depois de uma polêmica semifinal em que goleou o Peru por seis a zero (os jogadores peruanos teriam recebido suborno para perder a partida e, assim, tirar do jogo final o Brasil, que acabou com o mesmo numero de pontos da Argentina mas ficou inferiorizado no saldo de gols, tendo de se contentar com o terceiro lugar, obtido em partida contra a Itália). Polêmicas à parte, o fato é que este disco (que trazia de brinde até mesmo a tabela da Copa 78) é muito bem produzido, confirmando a genialidade de mestre Piazzolla. São oito faixas, mostrando diferentes situações do futebol, como a faixa-título e de abertura, “Golazo” “Marcación”, “Córner” (o mesmo que escanteio) e, finalmente, “Campeón”. Um grande álbum que seguramente é um dos pontos altos da discografia de Astor Piazzolla, para sempre um ícone do tango e da música popular mundial. É só conferir…
*Texto de Samuel Machado Filho
Astor Piazzolla – Retrospectiva (1979)
Começo a semana com um dos nomes mais importantes da música instrumental argentina e mundial, Astor Piazzolla, compositor e bandoneonista. Sua música incorpora elementos do jazz, da música erudita e do tango. Foi com um quinteto e através do timbre ímpar do bandoneon (primo do acordeon e da sanfona) que passou a ser reconhecido como maior compositor contemporâneo de tangos. O disco que apresento é uma coletânea produzida pelo selo Band Records, com algumas músicas compostas ao longo de sua carreira.