O TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados um álbum de música instrumental brasileira da melhor qualidade, com o conjunto Bossa 3, que os estudiosos consideram o primeiro grupo instrumental da bossa nova. O Bossa 3 foi criado no início dos anos 1960 pelo pianista e compositor Luiz Carlos Vinhas (Rio de Janeiro, 19/5/1940-idem, 22/8/2001), e, em sua primeira formação, estavam ainda o contrabaixista Tião Neto e o baterista Edison Machado. As primeiras apresentações do trio aconteceram nas boates do Beco das Garrafas, em Copacabana, acompanhando os bailarinos Lennie Dale, Joe Benett e Martha Botelho. Com eles, viajaram aos EUA para se apresentar no “Ed Sullivan Show”, então um dos programas de maior audiência da televisão norte-americana. Após gravarem três álbuns e realizarem uma série de apresentações em clubes de jazz novaiorquinos, Luiz Carlos Vinhas foi o único que resolveu voltar para o Brasil. Aqui chegando, reorganizou o Bossa 3, agora com Octávio Bailly Júnior no contrabaixo e Ronie Mesquita na bateria. A nova formação gravou mais cinco álbuns, sendo um deles com Pery Ribeiro e outros dois com o mesmo intérprete, mais Leny Andrade, sob o nome de Gemini V. Após realizar uma turnê no México, da qual resultou um LP ao vivo, o Bossa 3 se dissolveu, e só voltaria à cena em 2000, para tocar com a cantora Wanda Sá, e desta vez com o baterista João Cortez e o contrabaixista Tião Neto. Foi a última formação do grupo, desfeito definitivamente com a morte de Luiz Carlos Vinhas, em 2001, aos 61 anos, de parada cárdio-respiratória. “Os reis do ritmo”, que o TM nos oferece hoje, foi lançado pela Odeon em 1966, com o Bossa 3 já reformulado, isto é, com o baterista Ronnie Mesquita e o contrabaixista Octávio Bailly Júnior, acompanhando Luiz Carlos Vinhas, pianista e fundador do grupo. Sob a batuta de Mílton Miranda na direção de produção, e do maestro Lírio Panicalli na direção musical, e com excelentes arranjos do próprio Vinhas, o Bossa 3 está em plena forma, num repertório que mistura sambas clássicos (“Não me diga adeus”, “Exaltação à Mangueira”), standards da bossa nova (“Onde anda o meu amor?”, “Até o sol raiar”, “Coisa mais linda”, “Samba de verão”, “Balanço Zona Sul”, “Silk stop”) e trabalhos autorais do próprio Vinhas (“É”, “Le Bateau”, “Recado ao pé do berço”), que na última faixa, “Cartaz”, da parceria Roberto Menescal-Ronaldo Bôscoli (este também escreveu o texto de contracapa do disco) chega até mesmo a cantar! Tudo isso em um trabalho primoroso, com o invejável padrão técnico que a Odeon então imprimia às suas produções discográficas. É só ouvir e confirmar! E mais:brevemente estaremos apresentando mais um álbum de Luiz Carlos Vinhas. Aguardem…
*Texto de Samuel Machado Filho