Roberto Inglez And His Orchestra – Samba Samba (1951)

Vem de muito longe o interesse dos músicos de outros países pela música popular produzida no Brasil.  E estes, logicamente, passaram a considerar a música popular brasileira a melhor do mundo. Exportamos Cármen Miranda, a bossa nova e muito mais. E, quando Walt Disney veio ao Brasil para fazer o desenho animado “Alô, amigos”, de 1942 (o que lançou o papagaio Zé Carioca), encantou-se com “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. A ponto de o próprio Ary ter  ido aos EUA fazer a música “Rio de Janeiro” para o filme “Brasil”, da Republic Pictures (1944), estrelado pelo mexicano Tito Guizar.
Pois hoje o Toque Musical traz exatamente um LP de 10 polegadas com músicas brasileiras, gravado fora de nosso território: “Samba, samba”, de 1951. O álbum foi realizado em Londres, nos estúdios da EMI-Parlophone , e lançado nos EUA pela Coral Records (possivelmente não foi editado entre nós). A execução é da orquestra do maestro e pianista Roberto Inglez. Na verdade ele se chamava Robert Inglis, e era escocês de Elgin, vindo ao mundo no dia 29 de junho de 1913. Aos cinco anos de idade aprendeu piano, e aos 15 já possuía conjunto próprio. De origem simples, estudou e chegou a trabalhar como dentista durante o dia e como maestro à noite. Claro que seu talento musical falou bem mais alto. Em 1937, estudando música na Royal Academy of Music, em Londres, conheceu o maestro Edmundo Ros, então membro da Don Marino Barreto’s Cuban Orchestra, especializada em música latina. Ao formar a própria orquestra, Edmundo recrutou Robert, sugerindo o nome artístico de Roberto Inglez, uma vez que ele era o único britânico na formação.  Robert trabalharia pouco tempo com Edmundo e, logicamente, formaria orquestra própria. Seus primeiros discos, no entanto, só viriam no final de 1945, uma vez que a Segunda Guerra Mundial praticamente interrompeu a produção artística na Europa. Um ano mais tarde, Roberto Inglez é contratado pelo Hotel Savoy,um dos mais sofisticados de Londres, e “lar” de outro famoso pianista, Carroll Gibbons.
Seus discos, em 78 rpm e LPs, saíram pela Parlophon britânica, pela Coral, nos EUA (caso deste aqui) e pela Odeon no Brasil e na Espanha, vendendo assustadoramente. Em todas as suas gravações, Roberto Inglez expressa sua paixão pelos ritmos latinos,em especial os brasileiros. Paixão esta que culminaria, em 1952, na sua primeira temporada no Brasil, liderando uma orquestra com 30 integrantes, com apresentações no Hotel Casablanca do Rio de Janeiro (onde ficou quatro semanas em cartaz) e no Lord de São Paulo (por duas semanas). Diz a lenda que, nessa temporada, Inglez acompanhou as primeiras apresentações da iniciante Ângela Maria. Voltando a Londres, Dalva de Oliveira foi estrela de seu “set” por duas semanas no Hotel Savoy, daí resultando a antológica série de 17 gravações que a “rainha da voz” fez por lá junto com Inglez, 13 delas editadas no Brasil pela Odeon. Em 1954, Inglez casou-se e foi residir no Chile, ali formando a Roberto Inglez y su Orquestra Romanza. Voltaria ao Brasil em outras oportunidades, para novas temporadas artísticas e gravações na Odeon, retirando-se do cenário musical no início dos anos 1960.
Roberto Inglez faleceu em 1978, em Santiago do Chile. O presente álbum tem quatro músicas feitas no Brasil, duas de Ary Barroso (“Brasil”, aliás, “Aquarela do Brasil” e”Os quindins de Iaiá”), uma de Joel de Almeida (“Whistle samba”, título com o qual foi rebatizada “Nasci para bailar, nasci para sambar”, composta pelo “magrinho elétrico” na época em que residia e trabalhava na Argentina) e outra de Ernesto Nazareth (o “tango” “Dengoso”, cujas primeiras gravações apareceram por volta de 1910). As outras quatro faixas são de compositores ”gringos”, mas ainda assim este “Samba, samba” é um exemplo da paixão que Roberto Inglez sempre teve por nossa música popular. Você por certo irá dizer ao terminar de ouvi-lo: “Bravo, maestro!”
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samba samba
brazil
os quindins de yayá
whistle samba
chi-baba chi-baba
zacatecas
mocking bird
dengozo
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*SAMUEL MACHADO FILHO.

Roberto Ingles & Sua Orquestra – Dançando Sentimentalmente (1960)

O próximo disco da noite é de um estrangeiro, Roberto Ingles (Robert Inglis). Arranjador, pianista e bandleader, este escocês viveu uma paixão muito intensa com a música brasileira nos anos 50. Angela Maria iniciou sua carreira acompanhada por ele. Dalva de Oliveira foi também outro nome que gravou e chegou a se apresentar com maestro em Londres, fazendo muito sucesso junto ao público inglês. Este foi seu primeiro disco lançado no Brasil. Na verdade eu não sei ao certo se ele chegou a gravar mais alguma coisa. Só me lembro do disco com a Dalva, álbum este já postado por aqui a um tempo atrás.

se todos fossem iguais a você
meu bolero
brasil
rio triste
colombinas fracassadas
ave maria
a voz do morro
insônia
bom que dói
não tem mais fim
contra-senso
cancion de mi alma

Dalva de Oliveira Com Roberto Inglez & Orquestra (1952)

Começando uma nova semana, vamos em busca dos velhos. Lote: Nostalgia (como se nas semanas anteriores nada houvesse de nostálgico). Começando com o Roxinol do Brasil.
Este lp reúne oito músicas que marcam o encontro de Dalva de Oliveira com o regente escocês Robert Inglis. Me parece que essas gravações foram feitas em Londres. Na capa, o nome do homem foi mudado de forma a facilitar a aceitação por parte público brasileiro. Na década de 50 Dalva estava no auge do sucesso, viajando por diversos países, inclusive a Inglaterra onde se apresentou juntamente com o maestro para a Rainha Elizabeth. O álbum que originalmente era um lp de 10 polegadas foi reeditado em 1988 em lp e depois novamente em 2000 em cd na série 2 em 1, junto com “A Voz Sentimental de Dalva de Oliveira”. Estive procurando pela rede e também em algumas lojas de discos para ver se achava esse álbum. Por incrível que possa parecer, eu achei o vinil, mas não encontrei o cd.