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Erasmo Carlos, As Frenéticas E Sérgio Sampaio – Projeto Pixinguinha (1981)
Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Há pouco mais de uma semana atrás, eu postei aqui uma coletânea com alguns variados momentos de shows do Projeto Pixinguinha. Foi uma maneira de levar a muitos de vocês a dica do maravilhoso site da Funarte, que a cada dia vem nos apresentando um imenso tesouro de informação e cultura. Infelizmente ainda pouco explorado. Entre tantas opções que lá nos reserva temos o projeto “Brasil – Memória das Artes”, uma iniciativa que procura promover a comunicação da Funarte com seu público, tornando acessível a todos o seu acervo da memória cultural brasileira digitalizado. Entre esse, temos o Projeto Pixinguinha, uma série memorável de espetáculos musicais que se iniciou em 1977. Nas páginas do Projeto Pixinguinha a gente pode ouvir, na íntegra, os registros sonoros dos diversos shows que aconteceram pelo Brasil a fora. É realmente uma maravilha que a gente precisa mesmo compartilhar. Nas páginas do site só se é possível ouvir as gravações, mas copiar esses registros para o computador é coisa fácil e com certeza, muita gente já tem feito. Sem dúvida, fica muito mais prático ter acesso às gravações já tendo elas em nosso computador. Acredito que quem tem uma conexão fraca, mesmo de banda larga, acaba não conseguindo acessar aos shows sem picos de paralisação e isso é mesmo um saco! Foi também pensando nisso que eu decidi ir gradualmente postando esses shows. Vou editando todo o material, quando necessário até um remix, mas principalmente separando música por música, resultando assim num álbum virtual, com direito a capa e contracapa.
Show 1º De Maio (1980)
Bom dia para todos nós! Hoje, 1º de maio, é comemorado o Dia Mundial do Trabalho. Curiosamente, todos nós estamos de folga, é feriado. Será que é feriado no mundo todo? Eu nunca havia me perguntado isso antes. Taí, não sei… mas pelo jeito deve ser apenas no Brasil, ou não? Falou que é feriado tá pra nós. Neste ano temos muitos, para compensar o excesso de trabalho (e mal remunerado) que a população é obrigada a encarar. Dizem que o brasileiro não gosta de trabalho. E quem gosta? Trabalho bom é aquele que nos dá prazer, que nos realiza como pessoa e como profissional. Consequentemente, nos traz dinheiro e prosperidade. Mas para a grande maioria, essa realidade está longe de se concretizar. Trabalho no Brasil é sinônimo de sobrevivência!
Para celebrar a data, eu tenho aqui este álbum que é uma pequena amostra do memorável ‘Show 1º de Maio” de 1980 que aconteceu no pavilhão Rio Centro. Para um público com aproximadamente trinta mil pessoas, participaram um dos maiores blocos de artistas, cantores e compositores, já reunidos num mesmo espetáculo. O show foi promovido pelo Centro Brasil Democrático no sentido de angariar fundos para o Encontro Nacional de Músicos, no CONCLAT (Congresso da Classe Trabalhadora). Participaram do espetáculo dezenas de artistas dos mais consagrados. Não vou relacioná-los aqui, pois tudo pode ser conferido na contracapa.
O certo é que foi um tremendo show, começando as 21 horas e só foi terminar nas altas da madrugada. Um espetáculo dessa grandeza levantou as orelhas (e focinhos) dos militares da época. No ano seguinte tivemos o episódio do atentado terrorista, perpetrado por radicais militares que não viam com bons olhos a ‘Abetura’ iniciada naquela década. Esse lance foi de amargar. Pior ainda é saber que o então Capitão Wilson Dias Machado, (in)responsável pelo ataque, vive hoje numa boa, com a patente de Coronel e é educador do Exército no Colégio Militar de Brasília. Pode???
Este disco só tem um grave defeito. Ao pensarmos em quantos e ótimos artistas estiveram se apresentando no show, fica a pergunta: porque não fizeram um álbum duplo, triplo ou coisa assim? Resposta simples: questões contratuais com as gravadoras, limitaram a oito os artistas presentes no lp. Boca Livre, Dorival Caymmi, Sérgio Ricardo e João do Vale eram artistas independentes, os demais foram estrategicamente liberados pela Ariola e WEA.
Nessas horas é que se percebe como nas gravadoras só tem gente sem visão comercial. Ao invés de liberar o artista ou fonograma, que indiretamente promoveria a gravadora, eles preferiram resguardar seus tesouros. É isso aí seus Manés, continuem dando tiro nos pés!