Meus caríssimos, hoje eu tenho a honra de lhes apresentar um disco raro em todos os sentidos. “I Festival do Samba na Bahia”, um lp raríssimo lançado pela memorável gravadora baiana JS Discos em 1967. A primeira vista, pela capa e título, temos a idéia de que se trata de um disco de samba regional e tradicional. Daí é só colocar a bolacha no prato e sentir que o buraco é mais embaixo. Ou melhor, que o nível da coisa é mais acima. Nada de sambão, na verdade música popular brasileira da melhor qualidade. Samba sim, mas com gosto de bossa, de canção, de todo aquele espírito musical que imperava nos anos 60 e nos festivais. Uma seleção que ultrapassa o gosto regional, mesmo sendo o conteúdo temático principal, a Bahia e o Samba. Aqui podemos ouvir o Inema Trio, presente em cinco das doze faixas do álbum. Temos também neste disco composições de Antonio Carlos Pinto e José Carlos Figueiredo que viriam alguns anos depois formar a dupla Antonio Carlos e Jocafi. Por aí já dá para se ter uma idéia do estilo de samba deste suposto festival. Digo ‘suposto’ porque não encontrei em minhas pesquisas nenhuma referencia a este Festival. Daí, suponho (que me corrijam aqueles que sabem) que este disco não se trata de uma coletânea de finalistas de um festival. Também não se trata de um festival que aconteceu nos anos 70 como foi colocado pelo pesquisador e crítico musical Zuza Homem de Mello ao assinar o catálogo “No palco, os Festivais”, do Instituto Cravo Albin. Acho que ele não leu direito o título do álbum e nem o texto na contracapa. Observem que o lp tem o seguinte nome: “Primeiro Festival DO Samba NA Bahia” e não “Primeiro Festival de Samba da Bahia”. Entendi que nesta sutil diferença, a JS Discos (em 1967!) – que se despontava como o selo e gravadora do artista baiano – se apoiou na onda dos festivais (que se fazia forte naquela década) para (talvez) ‘alavancar’ as vendas deste lp. É certo que nos anos 60 e 70 aconteceram dezenas de festivais, nacionais e regionais e que infelizmente os registros de muitos desses eventos ficaram apenas na memória de alguns poucos ou fragmentados na sua própria história. Assim, com o passar do tempo, numa visão distanciada dos fatos, fica mesmo muito difícil separar o joio do trigo.
“Libertamos os grilhões a que nos cingiam as distâncias com o Centro Sul. Encurtamos os caminhos para todos – músicos, poetas e cantores. Somos a nova verdade bahiana nesse primeiro Festival do Samba na Bahia. Somos mais que um selo. Somos uma bandeira.”
Este trecho de texto da contracapa, mais do que um simples reflexo dos grandes festivais do eixo Rio-São Paulo, se refere à JS como o grande estandarte ou porta voz dos artistas que estavam fora daquela esfera principal.
“Libertamos os grilhões a que nos cingiam as distâncias com o Centro Sul. Encurtamos os caminhos para todos – músicos, poetas e cantores. Somos a nova verdade bahiana nesse primeiro Festival do Samba na Bahia. Somos mais que um selo. Somos uma bandeira.”
Este trecho de texto da contracapa, mais do que um simples reflexo dos grandes festivais do eixo Rio-São Paulo, se refere à JS como o grande estandarte ou porta voz dos artistas que estavam fora daquela esfera principal.
alagados – inema trio
maria – inema trio
morte do amor – carlos ganzineu e inema trio
d’angola é camará – josé carlos figueiredo
roda de samba – inema trio
fim de festa – prefixo 4
retorno – carlos gazineu e sue safira
sebastião e a serenata – rosa virginia
cheguei tarde – antonio moreira
samba do mercado – inema trio
abolição – rosa virginia
na piedade um caso por caso marie oliveira