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Especial De Natal Parte 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 82 (2013)
It’s Rock 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 44 (2012)
Esta semana, em sua quadragésima-quarta edição, o Grand Record Brazil apresenta a primeira de duas partes de uma seleção de rock (ou coisa parecida) produzida e digitalizada pelo blog Sintonia Musikal, na pessoa de seu administrador Chico, um autêntico especialista em resgatar o passado de nossa música dita “jovem”, e seguidor de carteirinha do TM. Aquele abraço, Chico!
Permitam-me os amigos cultos, ocultos e associados começar minha resenha desta primeira parte pela faixa 5. Ela foi justamente o começo, o pontapé inicial do rock tupiniquim. Estou falando da gravação feita pela carioca Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, 1922-2003) de “Rock around the clock”, de Jimmy de Knight e Max C. Freedman. A música era sucesso com Bill Haley e seus Cometas, e fazia parte do filme “Sementes da violência (The blackboard jungle)”, da MGM. Em 24 de outubro de 1955, Nora compareceu ao estúdio da Continental, no Edifício Cineac-Trianon (Avenida Rio Branco, esquina com Rua Bittencourt da Silva, em frente ao lendário Café Nice) para gravar sua personalíssima versão deste rock pioneiro, lançada em novembro-dezembro do mesmo ano com o n.o 17217-A, matriz C-3730. Foi assim que o rock and roll começou a balançar a juventude brasileira!
No restante do programa que o Chico nos oferece, outras doze peças raras, curiosas e interessantes do início do rock brasileiro, a chamada “pré-Jovem Guarda”. Nem mesmo a pianista Carolina Cardoso de Menezes (Rio de Janeiro, 1916-idem, 1999) resistiu aos encantos do chamado “ritmo alucinante”, compondo e executando o seu “Brasil rock”, em gravação Odeon de 14 de março de 1957 (14191-B, matriz 11601), lançada em maio daquele ano. Em seguida vem a faixa mais antiga desta seleção do amigo Chico: uma versão em português de “Jambalaya (On the bayou)”, clássico country de Hank Williams, assinada pelo comediante Edair Badaró, então atuando nas Emissoras Unidas (Rádio e TV Record de São Paulo). Na interpretação, Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987), então também atuando na Record. Gravado pela Odeon em 4 de setembro de 1953 e lançado em novembro do mesmo ano (13527-A, matriz 9873), este é considerado o maior sucesso da cantora. Em seguida, a versão de Aloysio de Oliveira para “In the mood”, clássico da big band de Glenn Miller, de Joe Garland e Andy Razaf, interpretada pelo Bando da Lua, formado e dirigido por Aloysio, com o nome de “Edmundo”. Gravação de 8 de junho de 1954, feita nos EUA pela Decca (hoje Universal Music), mas só lançada no Brasil vinte anos mais tarde, no LP “Bando da Lua nos EUA”, produzido por João Luiz Ferrete para a Chantecler, então representante da Decca/MCA. Depois, o curioso “rock-baião-samba” “Eu sou a tal”, de Murilo Vieira, Edel Ney e O.Vargas, interpretado por Mara Silva (Isabel Gomes da Silva, Campos, RJ, n.1930), em gravação lançada pela RGE em dezembro de 1957 (10076-A, matriz RGO-335). A faixa 6 traz aquele que é considerado o primeiro rock cem por cento brasileiro, letra e música: “Rock and roll em Copacabana”, assinado por esse verdadeiro cronista que foi Miguel Gustavo, e gravado na RCA Victor por Cauby Peixoto em 30 de janeiro de 1957, com lançamento em maio seguinte (80-1774-A, matriz 13-H2PB-0043). Temos depois a versão feita pelo radialista Paulo Rogério para o conhecido mambo-rock “Tequila”, de Chuck Rio, originalmente instrumental. A gravação coube à carioca Araci Costa (1932-1976) e saiu pela Continental em setembro-outubro de 1958, com o número 17595-A, matriz C-4123. “Tequila” era um dos números mais apreciados da orquestra do “bandleader” e vibrafonista Sylvio Mazzucca (São Paulo, 1929-idem, 2003), que curiosamente vem aqui com o chá-chá-chá “Cerveza”, de Boots Brown, em gravação lançada pela Columbia no mesmo ano de 1958 (CB-11079-A, matriz CBO-1767). O cantor Mário Augusto, criador de hits como “O amor de Terezinha” e “Calcutá”, aqui comparece com a versão de Fred Jorge para “Claudette”, de Roy Orbison, extraída de seu segundo disco, o Odeon 14372-B, gravado em 26 de agosto de 1958 e lançado em setembro do mesmo ano, matriz 12848. “A minha, a sua, a nossa favorita” (como César de Alencar a anunciava em seu programa na Rádio Nacional) Emilinha Borba vem aqui com a versão do misterioso A.Bourget para o chá-chá-rock “Patrícia”, de Pérez Prado, lançada pela Columbia também em 1958 (CB-11070-B, matriz CBO-1766). Marita Luizi, um daqueles nomes atualmente relegados ao mais completo esquecimento, apesar de terem tido sua época, aqui comparece com o calipso “Sonho maluco”, de Elzo Augusto e Miranda, lançado pela Copacabana em dezembro de 1959 com o n.o 6086-B, matriz M-2590, o segundo de seus três discos nesse formato. Marita também deixou um LP intitulado “Os grandes momentos” (Alvorada/Chantecler, 1978), ao que parece coletânea, e participou do álbum “Cinco estrelas apresentam Inara” (Copacabana, 1958), reunindo músicas de Inara Simões de Irajá (suas faixas nesse disco são”E ele não vem” e “Boca da noite”). Outro nome da pré-história de nosso rock and roll, Regina Célia, comparece aqui com a divertida “Aula de inglês em rock”, de Canarinho e Kid Sax, gravada na Polydor em 9 de dezembro de 1959 e lançada em janeiro de 60 no 78 rpm n.o 342-B, matriz POL-3774. Encerrando esta primeira seleção do amigo Chico, Cizinha Moura, que deixou apenas dois discos 78 com quatro músicas, aqui interpretando, do segundo e último deles, o Chantecler 78-0134-B, lançado em junho de 1959, o fox “Brotinho Lili”, de Alberto Roy e Domingos Paulo, matriz C8P-268. Enfim, um interessante panorama dos primórdios do rock and roll no Brasil, que continuaremos na próxima semana, sempre agradecendo ao Chico do Sintonia Musikal pela gentileza de permitir o aproveitamento desta seleção no GRB. Até lá!
SAMUEL MACHADO FILHO.
Dalva De Oliveira, Dolores Duran, Lana Bittencourt, Linda Batista, Neide Fraga, Nora Ney – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2012)
Após uma semana de ausência (involuntária, pelos motivos conhecidos de todos), aqui está a décima-oitava edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Desta vez apresentamos cantoras que deixaram sua marca na história de nossa música popular, em alguns de seus melhores momentos.
Abrindo nossa seleção desta semana, temos a grande Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, Rio de Janeiro, 1922-idem, 2003), uma das precursoras da bossa nova, com seu canto quase falado e sua voz calma e grave. E em um de seus melhores discos, o Continental 16728, gravado em 23 de janeiro de 1953 e lançado em março-abril do mesmo ano, com dois sambas-canções clássicos. No lado A, a matriz C-3043 apresenta esta obra-prima de Luiz Bonfá, “De cigarro em cigarro”, uma das mais apreciadas páginas do repertório de Nora, e que foi gravada até em Espanhol por Gregório Barrios. No verso, matriz C-3044, “Onde anda você?”, assinada por um mestre da dor-de-cotovelo, Antônio Maria, junto com Reinaldo Dias Leme. No acompanhamento, a orquestra do maestro Copinha.
A sempre lembrada Linda Batista (Florinda Grandino de Oliveira, São Paulo, 1919-Rio de Janeiro, 1988) dá prosseguimento a esta seleção com dois discos. Primeiro, um do auge de sua carreira, o RCA Victor 80-0802, gravado em 19 de maio de 1951 e lançado em agosto seguinte, com dois sambas-canções do mestre Lupicínio Rodrigues e acompanhamento do conjunto do violinista Fafá Lemos. O lado A, matriz S-092961, é o famoso “Vingança”, uma verdadeira coqueluche na interpretação de Linda. Já havia sido gravado anteriormente pelo Trio de Ouro, já sem Dalva de Oliveira, substituída por Noemi Cavalcanti e mantendo Nilo Chagas e Herivelto Martins, seu fundador, porém o sucesso foi mesmo de Linda. E acredite: teve gente que até se suicidou ao som de “Vingança”! No verso, a matriz S-092962 nos traz “Dona Divergência”, parceria de Lupi com Felisberto Martins, também sucesso, embora um pouquinho menor que o de “Vingança”. Em seguida, seremos transportados para o início de carreira de Linda, mais exatamente sua estreia fonográfica, na Odeon, com o disco 11631, gravado em dupla com Fernando Alvarez no dia 20 de junho de 1938, com acompanhamento orquestral do palestino Simon Bountman, e lançamento em agosto do mesmo ano, trazendo duas rumbas de Djalma Esteves, um especialista nesse gênero cubano. No lado A, matriz 5868, “Churrasco”, de Djalma com Augusto Garcez, e no verso, matriz 5869, “Chimarrão”, só de Djalma. Bah, tchê!
A carioca Irlan Figueiredo Passos, aliás Lana Bittencourt (n. 1931), aqui comparece com o disco Columbia CB-10388, lançado ao apagar das luzes de 1957. Abrindo o disco, a matriz CBO-902 apresenta sua personalíssima interpretação de “Little darlin’”, de Maurice Williams, em ritmo de rumba, que fez muito mais sucesso que o registro original americano, em ritmo de calipso, com o grupo The Diamonds, sendo depois incluída no LP “Lana em musicalscope”. No verso, matriz CBO-1206, uma regravação em ritmo de fox da canção “Feliz Natal”, da dupla Klécius Caldas-Armando Cavalcanti, originalmente lançada por Dick Farney em 1949. Este registro de Lana também saiu no LP-coletânea “Nosso Natal”. Passado o dito cujo, o 78 de “Little darlin”” foi relançado com o número CB-10395, e no verso foi relançado o baião “Zezé”, de Humberto Teixeira.
Embora mais conhecida como compositora, a carioca Dolores Duran (Adiléa Silva da Rocha, 1930-1959) foi também uma intérprete versátil, cantando em todos os idiomas (até mesmo em esperanto!). É o que comprova o disco desta seleção, o Copacabana 5917,lançado em junho de 1958, com acompanhamento do conjunto de Severino Filho, fundador do grupo Os Cariocas. O lado A, matriz M-2236, apresenta o clássico fox italiano “Nel blu dipinto di blu”, mais conhecido como “Volare”, primeira palavra do estribilho, com o qual Domenico Modugno venceu o Festival de San Remo daquele ano. No verso, matriz M-2237, o clássico samba-canção ‘Quem foi?”, de Nestor de Holanda e Jorge Tavares, originalmente lançado em 1947 por Aracy de Almeida, ao lado dos Vocalistas Tropicais. As duas faixas saíram também em LP (era uma época de transição de formatos), ou seja, nos dois volumes de “Dolores Duran canta para você dançar”, sendo “Quem foi?” do primeiro e “Nel blu dipinto di blu” do segundo.
A sempre lembrada Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira, Rio Claro, SP, 1917-Rio de Janeiro, 1972) comparece aqui com uma marcha-rancho de Pereira Mattos e Mário Rossi, composta em homenagem a Francisco Alves, morto em trágico acidente automobilístico na Via Dutra, em 27 de setembro de 1952. Seis dias depois, a 3 de outubro, Dalva, recém-chegada de uma longa excursão à Europa, compareceu ao estúdio da Odeon para gravar “Meu rouxinol”, matriz 9451, e o disco chegou às lojas em dezembro com o número 13350, sem gravação no lado B, em sinal de luto pela morte de Chico Viola, com direitos revertidos a instituições de caridade auxiliadas pelo cantor, se houvesse registro dele nesse disco.
Neide Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987) nos apresenta sua gravação da “Canção de aniversário”, de Joubert de Carvalho, feita na Odeon em 16 de outubro de 1953 e lançada em dezembro seguinte com o número 13562-B, matriz 9919. Originalmente a música saiu em 1950, pela Sinter, com a orquestra e o coral de Lírio Panicalli. Quatro versos apenas, mas isso é apenas um detalhe, pois afinal boa música não é Lusíadas.
Finalmente, temos a paulistana Vitória de Martino Bonaiutti, aliás, Marlene, interpretando um baião junino de Rômulo Paes e Haroldo Lobo, “Canção das noivas”, lançado em maio-junho de 1952 pela Continental com o número 16556-B, matriz C-2843. No acompanhamento, o conjunto do sempre eficiente Radamés Gnatalli. Mais uma diversão garantida para nossos amigos cultos e ocultos!
Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 15 (2012)
Luzes, câmera, ação… e música! Sim, esta décima-quinta edição do Gran Record Brazil é dedicada à música de cinema, apresentando temas de filmes nacionais e também de produções hollywoodianas, estas em versões para o idioma tupiniquim.
Começamos com dois temas do filme “Rua sem sol”, dirigido por Alex Viany para a Brasil Vita Filmes, e estrelado por Glauce Rocha, Carlos Cotrim, Dóris Monteiro (ainda de tranças, no papel de uma deficiente visual) e Modesto de Souza. Ambos os sambas-canções são cantados por Ângela Maria, que também participou do filme, claro, interpretando-os, no disco Copacabana 5170, lançado em dezembro de 1953. Abrindo o disco, a faixa-título do filme, “Rua sem sol”, matriz M-641, assinada por Mário Lago e Henrique Gandelmann, e no verso, matriz M-642, o clássico “Vida de bailarina”, de Chocolate (também humorista de rádio e TV) e Américo Seixas. Música muitíssimo gravada (Elis Regina, Zizi Possi, Quarteto em Cy, Agnaldo Timóteo, etc.).
Já que falamos em Adelina Dóris Monteiro (sim, é esse o nome completo dela), ela aqui comparece com o disco Todamérica TA-5220, gravado em 8 de setembro de 1952 e lançado em outubro seguinte, no qual interpreta duas músicas de outro filme de Alex Viany no qual ela também atuou, “Agulha no palheiro”, co-produzido por Moacyr Fenelon (um dos fundadores da lendária Atlântida) e pela Flama Filmes, da família Berardo (em cujos estúdios, situados no bairro carioca das Laranjeiras, instalou-se mais tarde a TV Continental, Canal 9). Primeiro, a música-título do filme, “Agulha no palheiro”, matriz TA-366, de César Cruz e Vargas Jr., e no verso, matriz TA-365, “Perdão”, também de César Cruz, mas sem parceiro.
O eterno Rei da Voz Francisco Alves era um cantor eclético, versátil, e interpretava de tudo que fazia sucesso em sua época em matéria de música. E nesta cinematográfica edição do GRB, ele comparece com três gravações bastante apreciadas: do disco Columbia 55248-A, gravado em 7 de novembro de 1940 e lançado em dezembro seguinte, matriz 339, o samba-exaltação de Braguinha, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho, “Onde o céu azul é mais azul”, que Chico também cantou no filme “Céu azul”, da Sonofilms, dirigido pelo lusitano Ruy Costa (que como compositor assinava J. Ruy) e tendo no elenco Jaime Costa, Déa Selva, Heloísa Helena (homônima da famosa política), Oscarito e Grande Otelo. Completando a participação do grande intérprete, duas versões gravadas na Odeon, ambas de Haroldo Barbosa, compositor, produtor e redator de programas de rádio (entre eles o de Francisco Alves aos domingos) e TV, jornalista, etc. Do disco 125o5-A, gravado em 8 de agosto de 1944, matriz 7628, o fox “Para sempre adeus (It can’t be wrong)”, de Max Steiner e Kim Gannon, do filme americano “A estranha passageira (Now voyager)”, produzido pela Warner em 1942 sob a direção de Irving Rapper e estrelado por Bette Davis, Paul Henreid, Gladys Cooper e Claude Rains. A película venceu, inclusive, o Oscar de melhor escore de filme não-musical. Do filme francês “Inquietação (Fièvres)”, Chico Viola interpreta o fox-canção “Maria”, de Luchesi e Feline, gravação de 21 de setembro de 1946, porém só lançada em maio de 47 com o número 12773-A, matriz 8098. No selo original, a versão é erroneamente creditada a Haroldo Lobo, mas o Haroldo que a fez é mesmo o Barbosa!
Nesta edição também comparece o grande Jorge Goulart, recentemente falecido, com um disco de seu período áureo na Continental, o de número 16816, lançado em julho-agosto de 1953, no qual igualmente interpreta versões de filmes famosos internacionalmente. No lado A, matriz C-3164, a célebre canção “Luzes da ribalta (Limelight)”, composta por Charles Chaplin para o filme de mesmo nome (só lançado nos EUA em 1972, uma vez que Chaplin estava exilado na Suíça por pressão do Comitê de Atividades Anti-Americanas) e vertido por João “Braguinha” de Barro e Antônio Almeida. Versão muito gravada, inclusive por sua mulher, Nora Ney. No verso, matriz C-3165, a “Canção do Moulin Rouge”, de uma produção britânica de 1952 dirigida por John Huston e distribuída pela United Artists (portanto nada a ver com o “Moulin Rouge” de Baz Luhrman). É um a valsa de Georges Aurick e William Engoick, com letra brasileira de Carlos Alberto.
Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987), hoje esquecida mas que tinha uma bela voz de veludo, comparece aqui com uma faixa do disco Odeon 13562-A, matriz 9920,gravado em 16 de outubro de 1953 e lançado em dezembro seguinte. É o clássico “Lili (Hi´lili, hi´lo)”, de Bronislau Kaper e Helen Deutsch, com letra brasileira do sempre eficiente Haroldo Barbosa. É do clássico musical americano “Lili”, da MGM, protagonizado por uma das mais famosas atrizes do estúdio do leão, a francesa Leslie Caron. Foi regravada até mesmo em versão “disco music”, por Nalva Aguiar, em 1977!
Sílvio Caldas, o eterno “caboclinho querido”, bate ponto com duas músicas do filme “Maria Bonita”, da Sonoarte Filmes, dirigido por Julian Mandel e baseado no romance homônimo de Afrânio Peixoto, por ele gravadas na Odeon em primeiro de junho de 1937, com acompanhamento da Orquestra Copacabana do palestino Simon Bountman, e lançadas em julho seguinte com o número 11487. No lado A, matriz 5587, o conhecido tema folclórico “Meu limão, meu limoeiro”, adaptado para “samba sertanejo” por José Carlos Burle, também cineasta, e com a participação vocal de Gidinho. No final dos anos 1960, este seria um dos carros-chefes de Wilson Simonal, que só aproveitou o estribilho, mas mesmo assim muita gente cantou isso junto com ele. No verso, matriz 5588, também de José Carlos Burle em parceria com o escritor J. G. De Araújo Jorge (tão discutido quanto lido), esta joia de canção, “Confessando que te adoro”.
Para encerrar, músicas do filme “O cangaceiro”, produção da Vera Cruz dirigida por Lima Barreto e vencedora da Palma de Prata no Festival de Cannes, na França, como melhor filme de aventuras (naquele tempo ainda não tinha a Palma de Ouro e sim o Grande Prêmio da Crítica, vencido na ocasião por “O salário do medo”, de Henri Georges-Clouzot). Vanja Orico, que também esteve no elenco do filme, interpreta a lírica toada “Sodade, meu bem sodade”, feita por Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento, Cajazeiras, PB-1908-idem, 1979) ainda na adolescência. No acompanhamento, o violonista Aymoré e orquestra dirigida por Gabriel Migliori, também responsável pela direção musical do filme, em gravação RCA Victor de 29 de janeiro de 1953, lançada em abril seguinte com o número 80-1101-B, matriz SB-093597. O Trio Marabá, cujos integrantes eram provavelmente mexicanos (afinal chamavam-se Pancho, Panchito e Cármen Durán) vem com sua versão de “Muié rendera”, o tema principal de “O cangaceiro”, lançada pela Copacabana em março-abril de 1953 com o número 5044-A, matriz M-332. No acompanhamento, a curiosa presença do conjunto de Alberto Borges de Barros, o Betinho, filho de Josué de Barros, descobridor de Cármen Miranda, e intérprete do conhecido fox “Neurastênico” (seu e de Nazareno de Brito) e do rock “Enrolando o rock”(dele e de Heitor Carillo), entre outras. Apesar do sucesso, Betinho deixou a carreira para cumprir missão evangelizadora. O próprio Zé do Norte vem com o lado A de “Sodade, meu bem sodade”, com Vanja Orico, matriz SB-093598, interpretando o coco “Meu pinhão”, ou “Meu pião”, de sua autoria, também cantado por ele próprio em “O cangaceiro”. Apesar do êxito internacional do filme, a maior parte dos lucros ficou com a distribuidora, a multinacional americana Columbia Pictures (mais tarde vendida à Coca-Cola e repassada à nipônica Sony), e a Vera Cruz, que tencionava ser uma Hollywood tupiniquim em São Bernardo do Campo (SP), acabou fechando suas portas em 1954, retomando suas atividades em ocasiões esporádicas. Enfim, esta cinematográfica edição do GRB vai enriquecer as coleções de muitos amigos cultos e ocultos com um pouco do melhor que a música produziu para a chamada sétima arte. É ouvir e colecionar!
As Maiorais do Ano (1959)
Para não ficarmos apenas orbitando sobre futebol e festa junina, aqui temos uma boa coletânea do selo Continental, disco este lançado no ano de 1959. Temos nesta seleção musical um leque variado do ‘cast’ da gravadora. Algumas músicas até já foram apresentadas aqui em seus álbuns originais, todavia há outras, raros momentos que irão despertar o interesse. São amostras do que foi produzido pela gravadora naquele ano. Vejam que boa coletânea…
a felicidade – chiquinho e seu conjunto