Nelson Souto – Interpreta Eduardo Souto (1958)

Bom dia, meus prezados visitantes! Hoje estou celebrando 48 primaveras, graças a Deus, sempre cheia de flores, perfumes e sabores. Por incrível que possa parecer, me sinto cada dia mais jovem. Não tenho o que reclamar da vida e com certeza ela também não reclama de mim. Sempre fizemos uma ótima parceria, mesmo nos meus momentos de maior depressão, ela sempre soube me perdoar. A maturidade já chegou, mas a velhice ainda não. Sem querer remar contra a correnteza, deixo meu barco ir, mas viso sempre as margens do rio. É lá que faço minhas pausas, meu descanso… É lá que estão meus discos e livros, meus sonhos e planos. Meu rio quase sempre foi calmo. Ele sabe que eu não sei nadar, por isso não me assusta. Minha bóia salva-vidas é a música, por isso vivo rodeado de muitos discos.

E falando em discos, aqui vai o do dia. Um álbum dos mais interessantes, lançado pelo selo Festa em 1958. Na verdade, o primeiro disco de música popular lançado pelo selo de Irineu Garcia, especializado em registrar os poetas e suas poesias. Nesta época Irineu começava abrir o leque fonográfico, dando inicio não apenas à música erudita, mas também a popular. Este álbum já sinalizava as mudanças. Logo em seguida viria Elizete Cardoso com Tom e Vinícius no marco inicial da Bossa Nova, o transformador “Canção do Amor Demais“. No presente ‘Long Play’ temos o pianista Nelson Souto interpretando obras de seu pai, o grande compositor e maestro, Eduardo Souto. As composições contidas neste lp contemplam um repertório popular, onde Nelson interpreta o pai com a fidedignidade de quem passou toda sua vida ao lado do grande maestro, ouvindo e aprendendo. Temos dois momentos distintos neste álbum. De um lado, mais intimista, Nelson Souto toca em seis faixas solo, abrindo o disco com a famosa “Despertar da montanha”. Do outro lado, mais descontraido, Nelson se apresenta ao lado de seu conjunto, tocando, entre outras as famosas “Tatú subiu no pau” e “Batucada”, uma parceria com Braguinha, o “João de Barro” do Bando de Tangarás. Confiram aí a preciosa raridade e se possível comentem. Eu, daqui ficarei comendo o meu bolinho e tomando guaraná. Quer uma fatia?
despertar da montanha
inverno
saudade
do sorriso da mulher nasceram as flôres
evocação
viver… morrer… por um amor…
parati dançante
não sei dizer
só teu amor
gegê
tatú subiu no pau
batucada

Guaraná & Sua Orquestra – Recordando… (1956)

Iniciando a semana, aqui vou eu com mais um raro exemplar da nossa esquecida e mal cuidada discografia nacional. É uma pena ver tanto desinteresse por parte de quem deveria zelar pelo que produziu. É algo parecido com pais que abandonam seus filhos. Cabe então a sociedade acolher, oferecendo abrigo e proteção. No caso dos discos, a sociedade tem ainda mais obrigação e direito, pois somos nós quem preservamos e fazemos a história acontecer. Somos nós consumidores os verdadeiros defensores da nossa cultura musical. Somos nós, fracionados, quem guardamos em nossas casas, em nossa memória, a história e os objetos que dela fizeram parte. Um dia tudo isso precisa voltar a tona, ser lembrado e ensinado.
Antes que eu acabe me enveredando para outros lados, vamos ao disco do dia. Alguém aqui sabe quem foi Guaraná? Ganha um refrigerante da Antártica quem me falar. Está valendo também para os universitários e catedráticos de plantão. Este vinil foi mais um que eu desenterrei e ainda não consegui descobrir muita coisa sobre o maestro Guaraná. Com sua orquestra ele acompanhou muitos artistas nos anos 40 e 50, foi só o que eu achei sobre o músico. Neste disco lançado pela Polydor em 1956, temos Guaraná e sua orquestra executando obras de Zequinha de Abreu, Eduardo Souto e Ernesto Nazareth. No texto da contracapa, de autoria de Bricio de Abreu, todo dedicado aos compositores, traz apenas uma pequena nota sobre o maestro e forma de sua execução. Outro detalhe curioso são os três retratos que ilustram o texto. Deveria ser Eduardo Souto, Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu. Por alguma razão acabaram incluindo o Guaraná e deixaram de fora o Ernesto Nazareth. Vai entender…
branca (valsa) – zequinha de abreu
despertar da montanha (tango) – eduardo souto
eponina (valsa) – ernesto nazareth
turbilhão de beijos – (valsa) – ernesto nazareth
pintinho no terreiro – (chôro) – zequinha de abreu
do sorriso da nasceram as flôres (valsa) – eduardo souto
tarde em lindoya (valsa) – zequinha de abreu e plinio martins
brejeiro – (chôro) ernesto nazareth