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Luely Figueiró – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 142 (2015)
Em sua edição de número 142, o Grand Record Brazil tem a satisfação de apresentar uma cantora que também mostrou seu talento no cinema, como atriz, e ainda hoje lembrada por muita gente. Estamos falando de Luely da Silva Figueiró, seu nome completo na pia batismal, Nasceu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, no dia 26 de setembro de 1935. Cantava no rádio desde a mais tenra idade, tendo sido eleita, em 1957, Rainha do Rádio Gaúcho. Logo depois, mudou-se para São Paulo (residiu também no Rio), e gravou seu primeiro disco, em 78 rpm, pela Continental, apresentando o tango “Yasmin de Santa Mônica” e o bolero “Quero te assim”. Luely foi também estrela do cinema nacional, em filmes como “A doutora é muito viva”, “Casei-me com um xavante”, “Vou te contá” e “Marido de mulher boa”. Esteve também entre as “certinhas do Lalau”, seção que Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, mantinha em sua coluna no jornal “Última Hora”. Em 1958, foi eleita Rainha dos Músicos de São Paulo. Luely foi esposa do compositor Sérgio Ricardo, com quem apresentou o programa musical “Balada”, da TV Continental, Canal 9, do Rio de Janeiro. Atuou também na TV Tupi e na Rádio e TV Record de São Paulo, as chamadas “Emissoras Unidas”. Sua discografia abrange doze discos 78, quase todos pela Continental e o último deles pela RCA Victor, um compacto simples pela Chantecler, em 1967, e apenas dois LPs, “Gauchinha bem querer” (Continental, 1959) e “Nova era” (independente, 1981), este último já oferecido a vocês pelo TM, além de participações em álbuns coletivos. Convertendo-se ao espiritismo, Luely Figueiró deixou a carreira artística e retomou seus estudos, diplomando-se professora de ensino de segundo grau, tendo exercido a profissão por muitos anos até ser aposentada pelo Estado de São Paulo, na virada do século XXI. Dedicou-se à literatura espírita, lançou livros religiosos e se tornou também astróloga. Não cantava mais profissionalmente, mas apenas em encontros comunitários. Sua última aparição foi em agosto de 2008, em São Paulo, durante o show musical de lançamento do livro “A era do rádio”, do pesquisador Waldyr Comegno, onde apresentou-se ao lado de nomes como Denise Duran e Roberto Luna. Luely Figueiró morreu em 6 de dezembro de 2010, aos 75 anos. Nesta edição do GRB, apresentamos catorze preciosas gravações de Luely Figueiró em 78 rpm. Para começar, as músicas do disco RCA Victor 80-2281, gravado em 26 de outubro de 1960, com lançamento em janeiro de 61, por sinal o único de Luely na marca do cachorrinho Nipper. No lado A, matriz L2CAB-1116, a toada “Amor ruim”, de Sérgio Ricardo. E no verso, matriz L2CAB-1117, o samba-canção “Chuva que passa”, de Durval Ferreira , Maurício Einhorn e Bebeto. Durval e Maurício fizeram parte, respectivamente como violonista e gaitista, do grupo Os Gatos. As onze faixas seguintes são da Continental, primeira gravadora de Luely, incluídas, em sua maior parte (exceto “O relógio da saudade”, “A felicidade” e “O nosso amor”), no primeiro LP da cantora, “Gauchinha bem querer”. E a terceira faixa desta seleção é justamente a que deu título ao vinil, toada de Tito Madi que foi gravada originalmente por ele mesmo, em 1957. E Luely a registrou um ano mais tarde, a 22 de abril de 1958, com lançamento pela Continental em julho-agosto seguintes sob número 17565-A, matriz 12078. “A felicidade”, samba clássico da parceria Tom Jobim-Vinícius de Moraes, foi feito para o filme “Orfeu negro”, produção franco-italiana rodada em cores no Brasil, e originalmente exibida nos cinemas daqui como “Orfeu do carnaval”. Interpretado na trilha sonora por Agostinho dos Santos, é aqui oferecido por Luely na gravação que a Continental lançou em agosto de 1959 com o número 17713-A, matriz C-4191. Depois, temos “Eu não sei”, samba-canção de autoria do cantor Lúcio Alves, lançado em maio de 1959 sob número 17664-B, matriz 12181. “O nosso amor” é outro samba da parceria Tom Jobim-Vinícius de Moraes feito para o filme “Orfeu negro” (nos cinemas, “Orfeu do carnaval”), e foi nele interpretado por Elizeth Cardoso. Luely Figueiró o canta aqui em gravação que a Continental lançou em agosto de 1959 sob número 17713-B (o outro lado de “A felicidade”), matriz C-4190. “Quero-quero” é uma valsa campeira em estilo gauchesco, de autoria de Luiz Carlos Barbosa Lessa. É o lado B do segundo 78 de Luely, o Continental 17469, lançado em julho-agosto de 1957, matriz 11974. “Até…”, também conhecido como “Até que…”, é a versão de Oswaldo Santiago para o fox “Till”, de Carl Sigman e Charles Danvers. Foi lançado pela Continental em setembro-outubro de 1958, sob número 17589-B, matriz 12120, e na época foi também gravado por Julie Joy. “Não quero, não posso, não devo”, samba-canção de Dirce Moraes, é o lado B de “Eu não sei”, lançado em maio de 1959, matriz 12181. “Nasce uma pobre menina”, samba-canção de Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro, abre o segundo 78 de Luely, o Continental 17469, lançado em julho-agosto de 1957, matriz 11974, e na mesma ocasião também teve registro de Léo Vaz, na Todamérica. “O relógio da saudade”, a faixa seguinte, é uma verdadeira relíquia para colecionadores, e me foi enviado a pedido pelo pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, lá de Fortaleza (CE), a quem agradecemos a cortesia. Trata-se de um samba-canção de Sérgio Ricardo, com quem Luely foi casada, e saiu pela Continental em julho de 1959 sob número 17698-A, matriz C-4178, estranhamente com o título de “O relógio da vovó”! Por certo o título foi mudado em tiragens posteriores, e Luely também interpretou a música no filme “Marido de mulher boa”, da Herbert Richers. A valsa “Olhe-me, diga-me”, de autoria de Tito Madi, é bastante conhecida e tem vários registros, inclusive do próprio autor. Este foi feito na Continental por Luely em 22 de abril de 1958, com lançamento em julho-agosto do mesmo ano, disco 17565-B (do qual aqui também está o lado A, “Gauchinha bem querer”), matriz 12072. “O relógio da saudade” teve regravações por Rosana Toledo e pelo próprio Sérgio Ricardo. O bolero “Quero-te assim (Te quiero asi, asi)”, de Bernardo Sancristóbal (espanhol radicado no México) e Miguel Prado, em versão de Carlos Américo, é o lado B do 78 rpm de estreia de Luely Figueiró, o Continental 17438, lançado em maio-junho de 1957, matriz 11952. Encerrando esta edição do GRB, o divertido “Xote do Netinho”, de autoria do violonista Ângelo Apolônio, o Poly, em parceria com Victor Dagô, lançado pela Continental em janeiro-fevereiro de 1959 sob número 17635-AZ, matriz 12177. Esta é, portanto, a homenagem que o Grand Record Brazil presta a Luely Figueiró, também uma grande contribuição à preservação de nossa memória musical. Para ouvir e guardar com carinho!
* Texto de Samuel Machado Filho
Lueli Figueiró – Nova Era (1981)
Olá amigos cultos e ocultos! Da minha viagem ao Sul, como disse anteriormente, achei muita coisa interessante que geralmente não se vê pelas bandas da cá. Eis aqui um outro exemplo, um disco da cantora, compositora e atriz gaúcha, Lueli Figueiró. Uma produção independe lançada no início dos anos 80. Disco bacana, que eu não conhecia. Estou adorando. “Nova Era” traz 10 faixas autorais, músicas de cunho mistico e espiritual da cantora, que a partir dos anos 70 passou a se dedicar ao Espiritismo e Astrologia. O álbum é uma produção independente, porém muito bem feita. Lueli vem acompanhada por um bom time de músicos, com participação do violonista Celso Machado. O trabalho agrada pela qualidade e pela voz na medida da cantora.
Vamos falar um pouco mais sobre Lueli (ou Luely) Figueiró numa próxima oportunidade através da sempre completa resenha de nosso amigo Samuel Machado Filho. Em breve ele estará aqui nos apresentando Luely Figueiró em sua fase de estrela do cinema e do rádio nacional, a fase das gravações em 78 rpm, reunidas em mais um número da nossa coleção Grand Record Brazil. Por enquanto, vamos apreciando este trabalho que merece toda a nossa atenção. Confiram!
Cantoras – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 95 (2014)
Em sua edição de número 95, o Grand Record Brazil volta a apresentar uma seleção apenas com cantoras, muitas delas de marcante presença na história de nossa música popular. Algumas das dezesseis faixas desta edição foram conseguidas por mim mesmo graças à imprescindível colaboração de colecionadores e pesquisadores como Beto de Oliveira, Gilberto Inácio Gonçalves e Marcelo Bonavides de Castro, este último do Acervo Nirez, de Fortaleza, CE, e também administrador do blog Estrelas que Nunca se Apagam. A eles (e também ao próprio Nirez) nossos mais sinceros agradecimentos. Abrindo nossa seleção desta semana, temos Dora Lopes, cantora e compositora nascida (1922) e falecida (1983) no Rio de Janeiro. Ela comparece aqui com o disco Sinter 00-00.214, lançado em abril de 1953, apresentando dois sambas-canções. Na faixa 2 está o lado A, matriz S-458, “Baralho da vida”, composto por Ulisses de Oliveira, mineiro de Juiz de Fora e personagem marcante na história dessa cidade. E na primeira faixa temos o lado B, “Você morreu pra mim”, matriz S-459. Uma faixa histórica, pois constituiu-se na primeira composição gravada de Newton Mendonça , também nascido (1927) e falecido (1960, prematuramente, aos 33 anos, de infarto fulminante) no Rio de Janeiro. Pianista, compositor, gaitista e violinista, ele seria parceiro de Tom Jobim em várias composições de sucesso, entre elas “Desafinado”, verdadeiro hino da bossa nova. Em “Você morreu pra mim”, Newton tem a parceria de Fernando Lobo, outro notável compositor da MPB (fez, entre outras,“Chuvas de verão”, “Nêga maluca”, “Chofer de praça”, “Preconceito”, etc.) e pai de outro grande cantor-compositor brasileiro, Edu Lobo. Portuguesa de Vizeu, Vera Lúcia Ermelinda Balula (1930-?) naturalizou-se brasileira e foi eleita Rainha do Rádio em 1955, derrotando Ângela Maria (vencedora desse concurso um ano antes) por decisão do apresentador Manoel Barcelos, da Rádio Nacional, como homenagem a Cármen Miranda, que também era portuguesa como ela e falecera nesse mesmo ano nos EUA. Vera Lúcia aqui comparece com a gravação original de um samba-canção clássico de Tito Madi, “Cansei de ilusões”, lançada pela Continental em agosto-setembro de 1956 sob número 17323-A, matriz C-3845. “Cansei de Ilusões” foi várias vezes regravado, inclusive pelo próprio Tito Madi, e está finalmente aqui em seu primeiro registro, com Vera Lúcia. Possivelmente o saxofone que se ouve na gravação é de Zé Bodega, então atuando na Orquestra Tabajara de Severino Araújo. Em seguida, tiramos do esquecimento a excelente cantora mineira Daisy Guastini. Ela iniciou sua carreira nos anos 1950, como locutora e atriz da Rádio Inconfidência e apresentadora da TV Itacolomi, ambas de Belo Horizonte, capital de Minas. Casou-se com o compositor e guitarrista Nazário Cordeiro, com quem teve a filha Daisy Cordeiro, também cantora, e atuou também em emissoras do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Deixou, porém, uma discografia muito aquém de seu potencial como intérprete: apenas dois compactos duplos, um pelo selo Arpège, do tecladista Waldir Calmon, dono da boate carioca de mesmo nome, em 1959, e outro pela RGE, em 1964. Do primeiro deles, o Arpège AEP-1003, é a gravação aqui escalada, e por sinal sua faixa de abertura: o famoso samba-canção “O que tinha de ser”, da profícua parceria Tom Jobim-Vinícius de Moraes, bastante conhecido e com inúmeros outros registros. A carioca Dalva de Andrade (n.1935) aqui comparece com um disco de 1959, o Polydor 305. No lado A, matriz POL-3504, gravado em 3 de março desse ano, está o samba “Brigas, nunca mais”, outro produto de sucesso da dupla Tom Jobim-Vinícius de Moraes, e com inúmeras gravações. No lado B, matriz POL-3487, gravado em fevereiro do mesmo ano (talvez no dia 20), está o samba-canção “História”, de Fernando César em parceria com o cantor Luiz Cláudio, falecido no ano passado sem qualquer divulgação por parte da mídia, tanto que fiquei sabendo de sua morte através do Toque Musical, quando foram repostados vários álbuns por ele gravados. Ambas as gravações, com acompanhamento concebido e dirigido pelo maestro Peruzzi, também figuraram no primeiro LP da cantora, “Eis Dalva de Andrade”. Dalva teve de abandonar a carreira prematuramente, em meados da década de 1960, por problemas de deficiência auditiva, lançando, depois disso, apenas dois compactos de produção independente. Gaúcha de Porto Alegre, Luely da Silva Figueiró (1936-2010) mudou-se para São Paulo em 1957, após ser eleita Rainha do Rádio gaúcho, atuando nas Emissoras Unidas (Rádio e TV Record). Foi também atriz de cinema, aparecendo em filmes como “A doutora é muito viva” (1956), “Casei-me com um xavante” (1957) e “Marido de mulher boa” (1960). Viveu alguns anos com o cantor-compositor Sérgio Ricardo (aquele do violão quebrado em festival), no Rio de Janeiro, voltando a morar em São Paulo na década de 1970 e abandonando a carreira artística. Retomando seus estudos, formou-se professora de ensino de segundo grau, exercendo a profissão durante anos até se aposentar, na virada do século XXI. De Luely Figueiró escalamos outro clássico da dupla Tom Jobim-Vinícius de Moraes: o samba “A felicidade”, do filme “Orfeu negro” (nos cinemas, “Orfeu do carnaval”), produção franco-italiana filmada no Rio de Janeiro e premiada com o Oscar de filme estrangeiro, e nele interpretado por Agostinho dos Santos. A gravação de Luely saiu pela Continental em agosto de 1959, sob número 17713-A, matriz C-4191. A carioca Iracema de Souza Ferreira, aliás, Nora Ney (1922-2003), de marcante presença em nossa música popular como intérprete essencialmente romântica, aqui comparece com dois sambas-canções de sucesso, ambos do disco Continental 16726, gravado em 23 de janeiro de 1953 e lançado em março-abril desse ano, com acompanhamento orquestral de Copinha. Abrindo-o, matriz C-3043, o inesquecível ‘De cigarro em cigarro”, de Luiz Bonfá, e no verso, matriz C-3044, “Onde anda você?”, de Antônio Maria e Reynaldo Dias Leme. Outro resgate importantíssimo é o de Laís Marival (Maria Neomézia Negreiros, 1911-?), paulista de Taquaritinga, e de curta carreira fonográfica: apenas sete discos 78 com catorze músicas, entre 1936 e 1938, todos pela Columbia, futura Continental. Do penúltimo deles, número 8296-B, matriz 3510, de 1937, é o samba aqui escalado, “Saudades do morro”, de H. Celso e A. Santos. Nos anos 1980/90, Laís ainda participava de corais em São Paulo. “Molambo”, de autoria do violonista Jayme Florence (o Meira dos regionais) em parceria com Augusto Mesquita, é um dos clássicos do samba-canção brasileiro, tendo recebido inúmeras gravações ao longo dos anos. O que quase ninguém sabe, porém, é que “Molambo” foi lançado pela cantora Julinha Silva no lado A de seu disco de estreia, o Todamérica TA-5334, gravado em 18 de junho de 1953 e editado em setembro do mesmo ano, matriz TA-487. Julinha é outra que teve curta carreira fonográfica, deixando apenas sete discos 78 com catorze músicas, entre 1953 e 1962, nos selos Todamérica, Guanabara, Mocambo e Continental. Onilda Figueiredo, pernambucana do Recife, comparece aqui com seu primeiro disco,feito justamente numa gravadora de lá, a Mocambo dos irmãos Rozenblit, por sinal a primeira instalada fora do eixo Rio-São Paulo. Lançado em junho de 1956, com Onilda ainda adolescente, o 78 abre com o tango “Nunca! Jamais! (Nunca! Jamás!)”, de Lalo Guerrero em versão de Nélson Ferreira (compositor de frevos de sucesso e então diretor artístico da Mocambo), matriz R-694, depois faixa de abertura do único LP da cantora, o dez polegadas ‘A voz de Onilda Figueiredo”. Também está aqui o lado B, matriz R-695, o bolero “Desespero”, de Ângelo Iervolino, que não entrou no LP. Apesar de seu potencial como cantora, Onilda é outra com discografia escassa. Além do LP já mencionado, só gravou quatro discos 78 com oito músicas, tudo na Mocambo. Uma das melhores cantoras brasileiras, a carioca Claudette Soares (n. 1937) iniciou-se ainda na infância, no programa “A raia miúda”, apresentado na Rádio Nacional por Renato Murce, passando mais tarde a apresentar-se no “Programa do guri”, de Silveira Lima, na Rádio Mauá. Na Rádio Tamoio, quando atuava no programa ‘Salve o baião”, conheceu Luiz Gonzaga, que a chamou de “princesinha do baião”. E foi com dois baiões que Claudette estreou em disco, através da Columbia, futura Sony Music. Editado em junho de 1954 com o número CB-10049, com Claudette na plenitude de seus 17 anos, o 78 apresenta “Você não sabe”, de Castro Perret e Jane (matriz CBO-218, faixa 15) e, no verso, matriz CBO-219 (faixa 14), “Trabalha, Mané”, de José Luiz e João Batista da Silva. Dos dois baiões, por certo “Trabalha, Mané” ficou mais conhecido, uma vez que foi regravado pelos grupos Os Cangaceiros e Os Três do Nordeste. No entanto, após fazer outros discos 78 na Columbia e na Repertório, Claudette Soares só conseguiu gravar seu primeiro LP em 1964, na Mocambo, com o nome de “Claudette é dona da bossa”, pontapé inicial para inúmeros outros trabalhos de sucesso. Para encerrar, apresentamos nada mais nada menos que Marta Rocha. Eleita Miss Brasil em 1954, a baiana causou comoção em todo o país ao perder o título de Miss Universo, no mesmo ano, para a americana Myrian Stevenson. Marta teria perdido porque teria duas polegadas a mais nos quadris. Entretanto, no livro “O império de papel – Os bastidores de O Cruzeiro”, o jornalista Accioly Neto, ex-diretor da revista, garante que as tais polegadas foram inventadas pelo fotógrafo João Martins, inconformado com o resultado, com a cumplicidade de outros jornalistas presentes ao concurso, realizado na cidade americana de Miami, na Flórida. Boato ou não, o fato é que o Brasil inteiro cantou com Marta Rocha ‘Duas polegadas”, marchinha de Pedro Caetano, Carlos Renato e Alcyr Pires Vermelho, lado B do primeiro dos dois únicos discos 78 que ela gravou pela Continental, número 17134, lançado em agosto-setembro de 1955, matriz C-3610. É com esta curiosidade que encerramos mais esta edição do GRB dedicada a vozes femininas. Até a próxima e divirtam-se!
*Texto de Samuel Machado Filho
Rio, Cidade Maravilhosa (1960)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui vou eu me repetido no discurso e na saudação. Fica difícil ser diferente quando, mesmo sem querer, eu fui criando um formato tão pessoal para o meu blog. Isso se deve muito ao fato de que em um determinado momento eu precisei provar a todos que este espaço é estritamente amador, sem prentensões que vão além do meu desejo de trazer até vocês discos raros e que não se ouve mais. Não faz sentido para mim possuir ou ter acesso a riquezas fonográficas que eu não possa compartilhar. Amor como este não se faz sozinho. É preciso levá-lo a quem precisa ou àqueles que estão em mesma sintonia. Isso é diferente de querer sair na frente. De estar em busca de outros propósitos e objetivos. Isso aqui não é feito por jornalistas, estudantes de comunicação, ensaístas ou profissional do ramo de entretenimento pela web. Também não é o blog do ‘Gerson’, pois não penso em levar vantagem em nada. O Toque Musical é apenas um espaço amador e pessoal. Daí, cheio de falhas como deve caber a quem não é profissional. (putz! até rimou!)
Deixando de lado a polêmica (dizem que eu adoro!), vamos ao que interessa… Tenho aqui um álbum maravilhoso cujo o tema é uma cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro. Em 1954, o maestro Radamés Gnattali foi chamado para orquestrar a “Sinfonia Popular em Ritmo de Samba”, uma obra criada pelos então jovens compositores Antonio Carlos Jobim e Billy Blanco. O disco, de 10 polegadas, saiu naquele ano contando com a participação de grandes nomes como Dick Farney, Elizete Cardoso, Lúcio Alves, Gilberto Milfont, Os Cariocas, Doris Monteiro, Emilinha Borba, Jorge Goulart e Nora Ney (será que eu esqueci alguém?). Em 1960, Radamés é novamente chamado para uma segunda versão, agora neste álbum de 12 polegadas intitulado, “Rio, Cidade Maravilhosa” que eu apresento a vocês. Diferente do primeiro, neste, também da Continental, temos uma homenagem à cidade carioca, onde desfilam algumas das mais famosas músicas feitas louvando a belíssima capital fluminense. O álbum se divide em dois momentos. No lado A temos a referida segunda versão da Sinfonia do Rio de Janeiro, tão boa ou melhor que a primeira. Pessoalmente gosto mais desta. Nela encontramos um novo grupo de estrelas, algumas até da versão anterior. São eles: Os Cariocas, Risadinha, Luely Figueiró, Albertinho Fortuna, Nelly Martins, Maysa, Jamelão e Ted Moreno. No lado B temos outras sete músicas interpretadas pelo Coral de Severino Filho, Maysa e Albertinho Fortuna. Maravilha total! Este disco voltou a ser relançado com outra capa no início dos anos 80 e até já foi postado no amigo Loronix (aliás, os dois!). Tomei a liberdade de incluir o disquinho de 54, postado pelo Zeca, juntamente com este que eu estou apresentando agora. Assim fica mais fácil entender e com certeza, com esta capa, vai encher a boca de muito colecionador. Taí, uma pura raridade…