Mercedes Sosa – Gente Humilde (1982)

Dentro do ciclo temático sobre a música popular e folclórica latino-americana, comemorativo de seu décimo aniversário, o TM tem a satisfação de oferecer hoje, a seus amigos cultos, ocultos e associados, mais um álbum desta notável intérprete do gênero que foi a argentina Mercedes Sosa (1935-2009), a querida e sempre lembrada “La Negra”, cognominada “a voz da América Latina”. Desta vez, apresentamos “Gente humilde”, trabalho lançado em 1982 pela Philips/Polygram, hoje Universal Music, e produzido especialmente para o mercado brasileiro. Esse ano também marcou o retorno definitivo de Mercedes à sua Argentina natal, após alguns anos de exílio na Europa (ela fora acusada de subversão, dada sua proximidade com os movimentos comunistas e seu apoio a partidos de esquerda). Tanto é assim que este “Gente humilde” foi gravado, em sua maior parte, em Paris, onde então ela ainda morava. A faixa-título, vocês sabem, é um clássico da MPB, e ganhou versão em espanhol de Júlio César Isella, não por acaso o produtor deste álbum, e conterrâneo de Mercedes (ele também assina a faixa “Fuego em Anymana”). Há de se destacar ainda a participação especial do brasileiro Fagner (apenas um dos muitos artistas tupiniquins que tiveram o privilégio de gravar com a grande Mercedes), na faixa “Años”, do cubano Pablo Milanez (na verdade, faixa extraída do álbum “Traduzir-se”, que Fagner lançou em 1981 pela CBS).  E o Brasil ainda está presente com “Guitarra enlunarada”, versão em espanhol para outro clássico de nossa música popular, “Viola enluarada”, dos irmãos Marcos & Paulo Sérgio Valle. Mercedes ainda revive o clássico “El dia que me quieras”, de Carlos Gardel, e apresenta, de seu conterrâneo Enrique Cadícamo, “Los mareados”. Outro cubano, Sílvio Rodriguez, aqui comparece com “Sueño com serpientes”. Tudo isso e muito mais compõem este que é outro imperdível trabalho da incomparável Mercedes Sosa, mais uma joia que o TM apresenta em seu ciclo latino-americano. Não dá pra pedir mais, não é mesmo?

a quien doy

zamba del  laurel

gente humilde

el dia que me queiras

la flor azul

fuerza

guitarra enluarada

sueño con serpientes

cuando me acuerdo de mi pais

los mareados

fuego en anymana

años

*Texto de Samuel Machado Filho

Mercedes Sosa – Cantata Sudamericana (1980)

Prosseguindo o ciclo temático que o TM dedica à música popular e folclórica latino-americana, em comemoração a seu décimo aniversário, oferecemos hoje a nossos amigos cultos, ocultos e associados mais um álbum dessa notável intérprete que foi a argentina Mercedes Sosa (1935-2009). Trata-se de “Cantata Sudamericana”, gravado na Philips portenha em 1972 e lançado no Brasil apenas em 1980. É uma verdadeira obra-prima, com todas as suas oito faixas assinadas pela dupla Ariel Ramirez-Félix Luna (também autores da “Misa criolla”), abrangendo ritmos, temas e motivos originários de várias regiões sul-americanas, ao mesmo tempo em que procura ressaltar valores étnicos e estéticos do continente . As músicas têm um ponto em comum e se relacionam, embora algumas já tenham sido gravadas anteriormente pela própria Mercedes, como “Canta tu canción” (esta, dedicada ao Brasil, com direito até a compassos de bossa nova) e “Antigos dueños de las flechas”. Destaque ainda para as duas últimas faixas, “Sudamericano em Nueva York” (com nítida influência do jazz) e “Alcen las banderas”, com muito de caribenho em sua concepção. Aqui, “La Negra” está em sua melhor forma, e há quem considere este “Cantata Sudamericana” seu melhor trabalho em disco. Com sua permanente atualidade, é um álbum que merece, com toda justiça, a postagem do nosso TM. Imperdível! E vem mais Mercedes Sosa por aí, aguardem…

es sudamerica mi voz
canta tu cancion
antiguos duenos de las flechas
pampas del sur
acercate cholito
oracion al sol
sudamericano en nueva york
alcen las banderas

* Texto de Samuel Machado Filho

Mercedes Sosa – Grandes Artistas (1972)

E eis que o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados, dentro de seu ciclo dedicado à música folclórica e popular latino-americana, uma compilação daquela que, sem dúvida, foi um dos maiores ícones do gênero, “a voz dos sem voz”, e uma das expoentes do movimento “Nueva canción”. Estamos falando de Haydée Mercedes Sosa, que recebeu de seus fãs o apelido de “La Negra”, por sua ascendência ameríndia, e não por causa dos longos cabelos negros, como se erroneamente acreditava). Mercedes veio ao mundo na cidade de San Miguel de Tucuman, no noroeste da Argentina, em 9 de julho de 1935 (nessa data, curiosamente, em 1816, e na mesma cidade, foi assinada a declaração de Independência da Argentina). Sempre foi patriota, e também árdua defensora do Pan-americanismo e da integração dos povos latino-americanos. Criada durante o governo de Juan Domingo Peron, Mercedes cresceu embalada pela ideologia peronista, recebendo, como quase todos de sua geração, uma influência muito grande da mitológica Evita. Sua ascendência era mestiça (mistura de europeus com americanos e índios): francesa e dos indígenas do grupo diaguita. Sua carreira artística iniciou-se em 1950, quando venceu, na plenitude de seus quinze anos, um concurso de canto promovido pela rádio de sua cidade natal, ganhando um contrato de dois meses com a emissora. Em 1962 é lançado seu primeiro álbum, “La voz de la zafra”, gravado no ano anterior. Em seguida, ficou conhecida entre os povos indígenas argentinos  ao fazer uma performance no Festival Folclórico Nacional. Sua preocupação sócio-política refletia-se no repertório que interpretava, tendo sido uma das maiores expoentes do movimento “Nueva canción”, movimento musical com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas, marcado por uma ideologia de rechaço ao imperialismo norte-americano, ao consumismo e às desigualdades sociais. Além do sucesso na Argentina, apresentou-se também em países da América e da Europa. A temática social e ligação com a esquerda também lhe renderam dissabores. Em 1979, em La Plata, durante a ditadura argentina, por exemplo, um show da artista foi invadido pelos militares, e tanto ela quanto o público presente foi parar na prisão! Banida no próprio país, Mercedes decidiu se exilar, primeiro em Paris, depois em Madri. Voltou à Argentina em 1982, vários meses antes do colapso da ditadura militar argentina, resultado da fracassada Guerra das Malvinas, e deu uma série de shows no Teatro Cólon, em Buenos Aires, onde convidou muitos colegas jovens para cantar com ela (um LP duplo com gravações dessas performances logo fez sucesso). E continuou a se apresentar nos anos seguintes, não só na Argentina, como também no exterior, cantando em lugares como o Lincoln Center, o Carnegie Hall e o Teatro  Mogador. Entre os artistas que gravaram com ela estão Fito Páez, Mílton Nascimento, Léon Gieco, Daniela Mercury, Beth Carvalho, Chico Buarque, Fagner, Sting, Andrea Bocelli e até mesmo a colombiana Shakira. Tem mais de 50 álbuns em sua discografia, e foi considerada a melhor intérprete das composições  do argentino Atahualpa Yupanqui e da chilena Violeta Parra. Ganhou quatro vezes o Grammy Latino de melhor álbum de música folclórica (em 2000, por “Misa Criolla”, em 2003 por “Acústico”, em 2006 por “Corazón libre” e já postumamente, em 2009, por “Cantora  1”). E continuaria em atividade até falecer, em 4 de outubro de 2009, aos 74 anos, de problemas renais. Hoje, o TM oferece a vocês uma coletânea com algumas das melhores gravações da notável e imortal Mercedes Sosa, lançada pela Philips argentina dentro de uma série denominada “Grandes artistas”, e reunindo gravações feitas entre 1966 e 1972 (talvez o disco seja de 1975). São treze faixas em que ela nos apresenta um repertório de primeira linha, de renomados compositores populares latinos, como Atahualpa Yupanqui (“Duerme mi negrito”, tema folclórico recolhido por ele), Armando Tejada Gomez (“Canción com todos”), H. Rufo Herrera (“Zamba del chaguanco’), Ariel Ramirez (que também a acompanha ao piano em “Alfonsina y el mar”), Figueredo Iramain (‘Cancion del derrume índio”) e Violeta Parra (“Gracias a la vida”, clássico que mereceu interpretação inesquecível de Mercedes). Tudo isso mostrando a força e o talento desta inesquecível intérprete, com todos os atributos que a fizeram, com justiça, uma gigante da música latino-americana contemporânea. E atenção: brevemente, estaremos postando mais álbuns de Mercedes Sosa. Aguardem!

al jardin de la republica
duerme negrito
chayita del vidalero
tristeza
alfonsina y el mar
zamba del chaguanco
cancion con todos
si se calla el cantor
cancion para un niño en la calle
la oncena
cancion del derrumbe indio
zamba para no morir
gracias a la vida

*Texto de Samuel Machado Filho

Mercedes Sosa – La Negra En Familia

Buenos dias! É com um tremendo pesar que inicio hoje a semana. Ontem, como já é sabido, faleceu La Negra, a grande cantora argentina Mercedes Sosa. Sem dúvida, uma grande perda, não apenas para a música argentina, mas também para todo o povo latino americano. Em sinal do nosso agradecimento, estou postando aqui um registro da cantora em uma apresentação ao vivo com seu irmão Cacho, seu filho Fabian e seus sobrinhos Coqui e Claudio. Essas gravações eu fui buscar em um blog argentino chamado “Los que no se consiguen“. A gravação nos traz 15 músicas e tem uma boa qualidade. Para tal, eu criei uma capa e contracapa, dando uma melhor identidade a este registro, que agora se faz histórico. Viva em nossos corações Mercedes Sosa!

si llega a ser tucumana
pescadores de mi rio
la soledad
serenatero de bombos
de fiesta en fiesta
la tucumanita
la plañidera
camino a quimili
zamba de los humildes
la estrella azul
zamba a monteros
el pais de las manzanas
el cosechero
puente de los suspiros
corazon vagabundo

Mercedes Sosa – Interpreta Atahualpa Yupanqui (1978)

Postei anteriormente um disco da Mercedes Sosa interpretando Violeta Parra. Agora vamos com mais um disco desta artista, interpretando outro grande nome da música tradicional argentina (e sulamericana) Atahualpa Yupanqui. Não preciso nem dizer o quanto este álbum é bom. Lançado no Brasil em 1978, um ano após o lançamento na Argentina, o álbum fez (e faz) muito sucesso por aqui. Vale a pena conferir este toque.

1. Piedra y camino
2. Guitarra dímelo tú
3. Chacarera de las piedras
4. Tú que puedes vuélvete
5. La viajerita
6. Los hermanos
7. Criollita santiagueña
8. La alabanza
9. La arribeña
10. Duerme negrito
11. Zambita de los pobres
12. El alazán

Mercedes Sosa – Homenaje A Violeta Parra (1971)

Mercedes Sosa é uma das mais populares cantoras argentina, simbolo da canção folclórica e de protesto. A preocupação sócio-política refletiu-se no seu repertório, tornando-se uma das grandes expoentes da “Nueva Cancion”, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. “La Negra”, como é também chamada (por seus cabelos longos e negros) é uma figura conhecida mundialmente. Tem com os artistas e público brasileiros uma relação musical antiga e muito forte. Gravou no Brasil com Milton Nascimento, Fagner, entre outros… Neste disco, maravilhoso por sinal, temos “La Negra” em uma homenagem a outra grande artista, a chilena Violeta Parra, outro grande ícone da música de protesto latino-americana. Imperdível!

01. – Defensa De Violeta – 4:53″
02. – Gracias A La Vida – 4:25″
03. – Segun El Favor Del Viento – 3:42″
04. – Arriba Quemando El Sol – 2:47″
05. – Me Gustan Los Estudiantes – 2:57″
06. – Volver A Los 17 – 5:27″
07. – La Carta (con Quilapayún) – 2:49″
08. – Que He Sacado Con Quererte – 4:00″
09. – La Lavandera – 3:21″
10. – Rin Del Angelito – 3:20″
11. – Los Pueblos Americanos – 1:37″