Olá, amigos cultos e ocultos! Estamos em pleno Carnaval e eu havia mesmo planejado postar aqui vários discos do gênero, mas percebi que esses são produções exclusivas do Grand Record Brazil, braço de cera, como diz o nosso amigo Samuca, que também é quem cuida das resenhas para essa série. Achei então melhor espaçar, deixá-los para outros momentos. Mas ainda assim teremos as marchinhas e outros quitutes carnavalescos, ok?
Vamos mais uma vez na herança deixada pelo Sintonia Musikal, agora trazendo uma coletânea do selo Odeon, celebrando a então música jovem. Temos aqui alguns dos artistas/conjuntos que faziam parte deste ‘cast’ da gravadora. Artistas, muitos deles, vindos da onda Jovem Guarda. Um disco bacana, pois seleciona diferentes artistas e faixas extraídas de discos que hoje já não encontramos com tanta facilidade por aí. Vale a pena recordar…
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Feche Os Olhos E Sinta (1989)
Para encerrar com chave de ouro a série de álbuns dedicados à Jovem Guarda, sem dúvida o primeiro movimento de massa da história da MPB, o Toque Musical oferece prazeirosamente a seus amigos cultos, ocultos e associados uma coletânea de primeira, lançada em 1989 pela EMI (gravadora incorporada anos mais tarde pela Universal Music). Intitulado “Feche os olhos e sinta”, este disco reúne 16 faixas, garimpadas nos arquivos da antiga multinacional britânica, e a seleção musical foi feita por Francisco Rodrigues. Uma coletânea, sim, mas repleta de momentos antológicos e inesquecíveis. Abrindo o disco, a antológica “Festa do Bolinha”, de Roberto & Erasmo Carlos, com o Trio Esperança. É baseada nos personagens de quadrinhos criados em 1935 pela cartunista norte-americana Marge (Marjorie Henderson Buell) – Luluzinha, Bolinha, Aninha, etc. -, e que se tornariam entretenimento de gerações seguidas, inclusive no Brasil, onde foram publicados pelas editoras O Cruzeiro, Abril, Devil e Pixel. Lançada em compacto simples, em maio de 1965, “A festa do Bolinha” deu título, mais tarde, ao terceiro LP do Trio Esperança, marcando a infância de muitos… inclusive a minha! O grupo também bate ponto aqui com seu primeiro grande sucesso, “Filme triste (Sad movies/Make me cry)”, lançado em 1962, ainda em 78 rpm, e incluído, um ano mais tarde, no LP “Nós somos o sucesso”, o primeiro do trio. “Feche os olhos (All my loving)”, versão de um clássico dos Beatles, celebrizada por Renato e seus Blue Caps, é aqui revivida em uma regravação feita pelo ex-vocalista do grupo (e irmão de seu fundador, Renato Barros, também autor da letra brazuca), Paulo Cézar Barros, em 1977. Formada por José Rodrigues da Silva e Décio Scarpelli, ambos paulistas de Santos, a dupla Deny e Dino aqui comparece com duas faixas imperdíveis: a primeira é “Coruja”, seu primeiro e maior sucesso, lançado em 1966 e que batizou o primeiro LP de ambos, e a divertida marcha-rancho “O ciúme”, hit de um ano mais tarde. Sérgio Reis, o “grandão”, vem aqui com seu primeiro e inesquecível sucesso, “Coração de papel”, composição dele mesmo. Lançado em fins de 1966, atravessou quase todo o ano seguinte em primeiro lugar nas paradas de sucesso: QUARENTA E TRÊS semanas! Anos mais tarde, vocês sabem, Sérgio Reis aderiu à música sertaneja, com êxitos sobre êxitos. Eduardo Araújo, outro ícone da música jovem daqueles tempos, aqui nos apresenta outros dois hits inesquecíveis, até hoje rememorados: “Vem quente que eu estou fervendo”, parceria dele mesmo com Carlos Imperial, também gravado por Erasmo Carlos e mais tarde revivido pelo conjunto Barão Vermelho, e “O bom”, este só de Imperial, que se tornaria um verdadeiro hino da Jovem Guarda, e carro-chefe de Eduardo Araújo para todo o sempre. Conhecidos como “os reis dos bailes”, os Fevers nos apresentam outras duas faixas, ambas versões de Rossini Pinto, sem dúvida um especialista na matéria: “Já cansei (It’s too late)”, originalmente sucesso de Johnny Rivers, e “Vem me ajudar (Help, get me some help)”, hit em todo o mundo com o cantor holandês Tony Ronald. O inesquecível “rei da pilantragem”, Wilson Simonal, tem aqui outras duas faixas: a primeira é “Mamãe passou açúcar em mim”, de Carlos Imperial, sem dúvida um clássico na interpretação do eterno Simona. E a segunda é uma bem humorada versão dele para “Se você pensa”, de Roberto & Erasmo Carlos, com aquele toque pessoal que só ele sabia dar. A versão “Escândalo em família (Shame and scandal in the family)”, celebrizada por Renato e seus Blue Caps em 1965, vem aqui numa regravação de 1976, a cargo do grupo Década Romântica, que, como vocês perceberão pelo timbre vocal de seus integrantes, eram, na verdade, os Golden Boys! E eles aparecem em outras três faixas, todas clássicos imperdíveis: “Alguém na multidão”, do já citado Rossini Pinto, que seria o carro-chefe do grupo para sempre, a “bítlica”“Michelle”, e “Pensando nela (Bus stop)”, hit originalmente do grupo britânico The Hollies, ambas também abrasileiradas por Rossini. Enfim, um disco que irá, por certo, proporcionar momentos de feliz reminiscência a todos aqueles que têm, carinhosamente em suas memórias, estes inesquecíveis sucessos, e também mostrar para as gerações atuais, um pouco do que foi este movimento musical bastante expressivo que foi a Jovem Guarda. Uma festa de arromba pra ninguém botar defeito!
a festa do bolinha – trio esperança
feche os olhos e sinta – paulo cezar
coruja – deny e dino
coração de papel – sérgio reis
pensando nela – golden boys
vem quente que eu estou fervendo – eduardo araújo
já cansei – the fevers
mamãe passou açucar em mim – wilson simonal
o bom – eduardo araújo
filme triste – trio esperança
o ciúme – deny e dino
escândalo em família – década romântica
alguém na multidão – golden boys
se você pensa – wilson simonal
vem me ajudar – the fevers
michelle – golden boys e the fevers
*Texto de Samuel Machado Filho
Beijos – Coletânea 24 Beijos Do Toque Musical (2014)
Eduardo Araújo & Silvinha – Compacto (1969)
Boa noite, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! As vezes eu fico na dúvida se posto um conjunto de compactos ou apenas um, separadamente. Mas quando tenho pressa, acho melhor fazê-los individualmente. É caso agora… Vamos rapidinho com este compacto de 69, trazendo Eduardo Araújo e sua esposa, a cantora Silvinha. Juntos eles cantam “Dudu da Nenem, Nenem do Dudu”, canção de Tim Maia feita especialmente para o casal. Do outro lado Eduardo Araújo interpreta a marcha “Vagalume”, de Serafim Adriano e Paulo Sette. Vamos conhecer?
Eduardo Araújo (1971)
Estou voltando hoje à rotina de trabalho, o que quer dizer que meu tempo para o blog se torna ainda mais curto. Com eu informei anteriormente, os links do Rapidshare serão aos poucos substituídos, conforme forem caducando. Fica difícil para eu trocar de imediato mais de mil títulos. A coisa será progressiva. Enquanto isso eu aconselho aos amigos cultos e ocultos tentarem baixar os “amarradinhos” a noite, fica bem mais fácil, podem acreditar.
Eduardo Araújo & Silvinha – Rebu Geral (1981)
Eduardo Araujo – O Garoto do Rock (1961)
Já que estou apresentando alguns álbuns sobre os primórdios do rock no Brasil, vamos agora com outro grande nome (embora um tanto quanto esquecido), Eduardo Araújo. Mineiro, Eduardo Araújo é um dos nossos heróis do rock, infelizmente sem o devido reconhecimento de seu papel. Normalmente, é lembrado apenas pela sua participação na Jovem Guarda, mais exatamente pelos hits O Bom e Vem Quente Que Estou Fervendo. Ele começou sua carreira no final dos anos 50, ainda em Belo Horizonte. Em 1961 já estava no Rio de Janeiro, onde gravou este que foi seu primeiro disco, um bolachão de 78rpm. Segundo contam, este é um álbum raro até mesmo para o artista, que até a um tempo atrás andou procurando por este seu álbum inicial. O toque é este…