Bom dia, amigos cultos e ocultos! Bom dia, em especial, a todas as mulheres, cultas e ocultas! Hoje é o dia delas, o Dia Internacional da Mulher! Eu não me recordo de já ter feito aqui alguma homenagem nessa data para você, mulher. Mas pode ter certeza, estou sempre pensando, sintonizado em suas ondas. Ah, mulheres… de todos os tipos, de todas as horas… mães, esposas, amantes, amigas, irmãs. Mulher até Presidente. Elas estão em todas. E o que seria de nós, homens, sem elas? Adoro esse ser que me completa em todas as suas vertentes e vértices. Êta bicho bão, sô!
Para homenageá-las, criei então essa pequena coletânea, um tanto irregular e talvez até injusta por não acrescentar tantas outras belas e talvez até mais apropriadas composições, que temos no cancioneiro popular. É, eu realmente podia ter escolhido mais músicas. Por certo, melodias que exploram a temática mulher é coisa que não nos falta. Mas eu achei por bem ficarmos apenas em 20 músicas, sendo essas tão variadas quanto as próprias escolhas de postagem do Toque Musical. O importante é agradar aos gregos e troianos, misturar mineiros e baianos, alhos com bugalhos. Porém, acima de tudo, festejando sempre a mulher. Parabéns a todas por este dia!
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A Música De Monsueto – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 88 (2014)
Esta semana, o Grand Record Brazil reverencia a memória de outro grande compositor e sambista brasileiro, com inúmeros sucessos a seu crédito. Estamos falando de Monsueto. Batizado com o nome de Monsueto Campos de Menezes, nosso focalizado era carioca da gema, nascido na então Capital da República no dia 4 de novembro de 1924. Criou-se na favela do Morro do Pinto, entre partideiros, rodas de samba e batucadas, o que por certo contribuiu para sua formação musical. Foi baterista de inúmeros grupos musicais, inclusive da orquestra de Nicolino Cópia, o Copinha, no Copacabana Palace Hotel. Conseguiu seu primeiro sucesso em um carnaval bastante disputado, o de 1952, com o samba “Me deixa em paz”, gravado por Linda Batista e constante deste volume. Depois, teve várias de suas músicas incluídas no espetáculo “Fantasias e fantasia”, também do Copacabana Palace. No cinema, apareceu em filmes como “Treze cadeiras”, “Na corda bamba”, “O cantor e o milionário”, “Quem roubou meu samba?” e “A hora e a vez do samba”. Monsueto atuou em vários shows ao lado de Herivelto Martins, antes de formar seu próprio grupo, com o qual excursionou pelo Brasil e outros países da América, Europa e África. Era também conhecido pelo apelido de Comandante, com o qual foi muito popular nos anos 1960, quando participava de um programa humorístico da extinta TV Rio, Canal 13, lançando expressões de gíria que se incorporaram à linguagem popular: “castiga”, “ziriguidum”, “vou botar pra jambrar”, “mora” etc. Só gravou como intérprete um único LP, na Odeon, “Mora na filosofia dos sambas de Monsueto”, em 1962, e alguns 78 rpm, além de participações em registros de outros cantores. A partir de 1965, Monsueto começou a se dedicar também à pintura primitivista, e até recebeu prêmio do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro. Sem ter se filiado a nenhuma escola de samba carioca, era bem recebido e respeitado em todas elas, desfilando a cada ano em uma diferente. A última escola em que Monsueto desfilou, em 1972, foi a Unidos de Vila Isabel. Pouco depois, quando participava das filmagens de “O forte” (direção de Olney São Paulo), na Bahia, em que fazia o papel de um diretor de harmonia de escola de samba, Monsueto adoeceu e foi hospitalizado em seu Rio de Janeiro natal, onde morreu no dia 17 de março de 1973, vítima de câncer no fígado. Entre seus hits como autor destacam-se ainda: “Eu quero essa mulher assim mesmo”, “Na casa de Antônio Jó”, “O lamento da lavadeira” (“Para lavar a roupa da minha sinhá”…) e outros presentes nesta seleção do GRB, que perfaz um total de 14 preciosas gravações, todas, claro, sambas. Vamos a elas, portanto. Linda Batista canta as três primeiras faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é “Levou fermento” (parceria de Monsueto com Arnaldo Passos), registro de 30 de agosto de 1956, lançado ainda em novembro para o carnaval de 57, disco 80-1690-B, matriz BE6VB-1286, abrindo também o LP coletivo com músicas para essa folia, uma prática da época também adotada por outras gravadoras, simbolizando uma época de transição de formatos. Na faixa 2, Linda canta exatamente o primeiro grande sucesso de Monsueto como compositor: “Me deixa em paz”, parceria com Ayrton Amorim, por ela imortalizado em 6 de agosto de 1951 e lançado ainda em outubro sob n.o 80-0825-A, matriz S-093017, tornando-se uma das campeãs do carnaval de 52. E essa folia ainda tinha “Sassaricando”, “Confete”, “Lata d’água” e outras mais. “Me deixa em paz” teve anos mais tarde, em 1971, uma ótima regravação com Alaíde Costa em dueto com Mílton Nascimento, lançada em compacto simples e depois no histórico álbum duplo “Clube da Esquina”. Linda Batista ainda interpreta “O gemido da saudade”, parceria de Monsueto com José Batista, gravação de 2 de outubro de 1957, lançada em janeiro de 58 também para o carnaval, disco 80-1888-A, matriz 13-H2PB-0257, e igualmente aparecendo no primeiro dos dois LPs coletivos da marca do cachorrinho Nipper com músicas para essa folia. Outra expressiva intérprete de Monsueto, a paulistana Marlene, aqui comparece com quatro faixas. A primeira é “Na casa de Corongondó”, da parceria Monsueto-Arnaldo Passos, lançada pela Sinter em novembro-dezembro de 1955 para o carnaval de 56, sob n.o 00-00.448-B, matriz S-1000. Dos mesmos autores, Marlene nos traz depois “Canta, menina, canta”, lançado pela mesma gravadora em maio-junho de 1955 sob n.o 00-00.395-A, matriz S-893, entrando mais tarde no LP de 10 polegadas “Vamos dançar com Marlene e seus sucessos”. Em seguida, tem “O couro do falecido”, da parceria Monsueto –Jorge de Castro, também lançado pela Sinter em novembro-dezembro de 1955 para o carnaval de 56, disco 00-00.440-B, matriz S-1001, e incluído no LP coletivo de 10 polegadas “Ritmos brasileiros, vol. 1 – Sambas e marchas”. Este samba seria incluído no já citado espetáculo “Fantasias e fantasia”, do Copacabana Palace, mas seu lançamento, em 1954, coincidiu com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas, e a música foi retirada , em virtude das interpretações que poderiam surgir, só sendo lançada neste registro de Marlene, mais de um ano depois do trágico acontecimento. Pois no lugar do “Couro do falecido”, foi inserida justamente a faixa seguinte, um verdadeiro clássico: “Mora na filosofia”, da dupla Monsueto-Arnaldo Passos, imortalizada pela mesma Marlene na Continental em 29 de outubro de 1954, com lançamento em janeiro de 55 sob n.o 17047-B, matriz C-3517. Foi uma das campeãs desse carnaval, e teve regravações aos cachos, inclusive por Maria Bethânia e Caetano Veloso. Dircinha Batista, irmã de Linda, aqui interpreta “Não se sabe a hora”, da parceria Monsueto-José Batista, gravação RCA Victor de 25 de setembro de 1957, lançada em janeiro de 58 para o carnaval, sob n.o 80-1899-B, matriz 13-H2PB-0242, e incluída obviamente em LP coletivo com músicas para essa folia.Na faixa seguinte, um delicioso samba de Monsueto sem parceria, “Ziriguidum”, que ele interpreta ao lado de outra expressiva sambista, Elza Soares. Gravação Odeon de 27 de abril de 1961, um dos destaques do LP “O samba é Elza Soares”, que só chegou ao 78 rpm em fevereiro de 62 com o n.o 14792-A, matriz 14719. Monsueto e Elza também o interpretaram no filme “Briga, mulher e samba”, da Lupo Filmes, dirigido por Sanin Cherques. Depois, Raul Moreno interpreta dois sambas de Monsueto que gravou para a Todamérica em 8 de outubro de 1953, lançados em dezembro seguinte para o carnaval de 54 no disco TA-5387. No lado A, matriz TA-559, “Mulher de mau pensar”, parceria de Monsueto com Elói Marques. Mas no lado B, matriz TA-558, é que estava o maior sucesso: o clássico “A fonte secou”, no qual o próprio Raul Moreno é parceiro com Monsueto e Marcléo, assinando com seu nome verdadeiro, Tufic Lauar. Um dos campeões da folia de 1954, “A fonte secou” também tem várias regravações e é muito lembrado até hoje. Para o carnaval de 1956, Monsueto lançaria uma sequência, em parceria com Geraldo Queiroz e José Batista, “Eu sou a fonte”, que Walter Levita grava na Odeon em 26 de setembro de 1955, e é lançado bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 13949-A, matriz 10766, aparecendo igualmente no LP coletivo de 10 polegadas “Carnaval, carnaval!”. O Monsueto intérprete-solo aparece nas duas últimas faixas deste volume, ambas gravadas na Odeon. Primeiramente, “Chica da Silva”, de Noel Rosa de Oliveira e Anescar, samba-enredo com o qual a escola Acadêmicos do Salgueiro foi campeã do carnaval carioca, em 1963. Teve duas gravações: uma pela Albatroz, com um coral da gravadora, e esta de Monsueto pela “marca do templo”, feita logo após o carnaval, em 19 de março de 1963, e lançada em abril seguinte sob n.o 14848-A, matriz 15711. O lado B, matriz 15712, é um samba do próprio Monsueto em parceria com José Batista, “Mané João”, encerrando esta retrospectiva que o GRB dedica à sua obra. Divirtam-se e até a próxima vez!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
Desfile 2 (1968)
Olha aí, mais uma coletânea interessante que vale a pena conferir. Temos desta vez um disquinho pelo selo Equipe, do produtor Oswaldo Cadaxo. O lp “Desfile 2” é, no mínimo, uma coletânea curiosa. Do lado A o disco é do conjunto ‘Sax Cantabile’, possivelmente mais uma criação de Cadaxo usando a turma do The Pop’s num arranjo com metais. Inspirado no bolero de Armando Domingez, o Sax Cantabile traz um repertório para se ouvir, realmente com outros olhos. As seis faixas instrumentais que compõem o lado A já valem o disco, mas o lado B também não fica para trás. Nele encontramos a figuraça do Osvaldo Nunes em seu famoso samba-rock “Segura este samba, Ogunhê”; Monsueto com “Chico da tuba”; Tânia (que Tânia?) cantando “Eu e a brisa” de Johnny Alf e “Viola enluarada” de Marcos e Paulo Sergio Valle. Como não podia faltar, temos ainda o The Pop’s em dois de seus hits, “Que é isso menina” e “Garrafa de vinho”. Como podemos ver, trata-se de uma seleção musical bem singular, como foi o selo Equipe. Confiram o toque…