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Carnaval parte D – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 153 (2020)
E aqui está novamente o Grand Record Brazil, edição de número 153, apresentando mais uma coletânea de marchinhas dos bons tempos em gravações raras. Abrindo esta seleção, temos Francisco Alves, “o rei da voz”, interpretando “Maria Rosa”, de exclusiva autoria de Nássara, com versos surrealistas, aproveitando um compasso da canção “Rose Marie”, da opereta homônima do checo Rudolf Friml. Foi tão grande seu sucesso no carnaval de 1934, que foi dado o apelido de Maria Rosa a uma tabela de aumento de vencimentos dos funcionários dos Correios e Telégrafos, que teimava em não aparecer… Gravação Odeon de 5 de dezembro de 33, uma terça-feira, lançada um mês antes da folia, em janeiro, com o número 11087-B, matriz 4761. Na faixa 2, Dircinha Batista, acompanhada pelos Diabos do Céu, de Pixinguinha, interpreta “Muito riso e pouco siso”, da folia de 1936, assinada por uma dupla campeã de carnavais, João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro. Gravação Victor de 15 de janeiro de 36, uma quarta-feira, lançada bem em cima do carnaval, em fevereiro, sob número 34030-A, matriz 80086. Na faixa 3, Jayme Brito interpreta “Abre alas”, de J. Piedade e Jorge Faraj, sucesso do carnaval de 1940 que cita o clássico “Ó abre alas”, de Chiquinha Gonzaga. Gravação Odeon de 25 de setembro de 39, uma segunda-feira, lançada ainda em dezembro com o número 11794-A, matriz 6204. Na faixa 4, Odete Amaral, acompanhada pelos Diabos do Céu, interpreta “Colibri”, de Ary Barroso, sucesso do carnaval de 1937. Gravação Victor de novembro de 36, feita numa sexta-feira 13 (!)e lançada ainda em dezembro com o número 34120-B, matriz 80255. Na faixa 5, volta Dircinha Batista, desta vez cantando “Oh! Tirolesa”, de Haroldo Lobo e Oswaldo Martins, do carnaval de 1949. Gravação Odeon de 4 de novembro de 48, uma quinta-feira, lançada um mês antes da folia, em janeiro, com o número 12899-A, matriz 8439. Na faixa 6, Jararaca apresenta “Flauta de bambu”, de Nássara e Sá Roris, do carnaval de 1939. Gravação Odeon de 29 de novembro de 38, uma terça-feira, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob número 11691-A, matriz 5979. Na faixa 7, volta Odete Amaral, junto com os Diabos do Céu, desta vez cantando “Ali Babá”, de Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr., do carnaval de 1938. Gravação Victor de 25 de agosto de 37, uma quarta-feira, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob número 34269-B, matriz 80599. Na faixa 8, Patrício Teixeira interpreta “Caiu o pano da cuíca”, sucesso do carnaval de 1939, de autoria de outra dupla de muitos êxitos na folia de Momo, Haroldo Lobo e Mílton de Oliveira. Gravação Victor de 25 de novembro de 38, uma sexta-feira, lançada um mês antes da folia, em janeiro, com o número 34404-A, matriz 80944. Na faixa 9, volta Francisco Alves, desta vez acompanhado pelos Diabos do Céu, interpretando “Cadência”, “marcha-caricatura” de Nássara e Lamartine Babo sobre motivos da opereta “Valência”, do espanhol José Padilla. Gravação Victor de 23 de dezembro de 35, uma segunda-feira, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob número 34024-A, matriz 80067. Na faixa 10, temos novamente Dircinha Batista, agora cantando “Acredite quem quiser”, de Nássara e Eratóstenes Frazão, do carnaval de 1940. Gravação Odeon de 7 de dezembro de 39, uma quinta-feira, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob número 11828-A, matriz 6296. Em seguida, temos duas faixas com J. B. de Carvalho. A primeira é “Pó de mico”, dos campeoníssimos Haroldo Lobo e Mílton de Oliveira, do carnaval de 1941. Gravação Odeon de 31 de outubro de 40, uma quinta-feira, lançada ainda em dezembro sob número 11931-A, matriz 6496. E na faixa seguinte, Carvalho interpreta “Americana”, do carnaval de 1939, de autoria de Roberto Roberti, Nássara e Arlindo Marques Jr., que se esconderam sob o pseudônimo de Tio Sam (!). Gravação Victor de 27 de setembro de 38, uma terça-feira, lançada ainda em dezembro com o número 34392-B, matriz 80907. Na faixa 13, Aurora Miranda, irmã de Cármen, e João Petra de Barros interpretam juntos “O tempo passa”, de Custódio Mesquita e Paulo Orlando, da folia de 1935, que caiu em março. Gravação Odeon de 22 de outubro de 34, uma segunda-feira, lançada em janeiro de 35 sob número 11191-A, matriz 4937. Para finalizar, temos Luiz Barbosa, acompanhado pelos Diabos do Céu, interpretando mais um sucesso do carnaval de 1936: “Oh oh não”, de Antônio Almeida e Alfredo Godinho, aproveitando jingle da Drogaria Sul Americana, do Rio. Gravação Victor de 15 de janeiro de 36, uma quarta-feira, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, com o número 34029-A, matriz 80084. E no próximo volume, traremos ainda mais sucessos carnavalescos. Até lá!
*Texto de Samuel Machado Filho
Revolução de 32 – Uma Visão Através Da Música Popular (1981)
Hoje o TM tem, a grata satisfação de oferecer a seus amigos cultos e ocultos um precioso documento sonoro, focalizando um dos maiores movimentos armados da história do Brasil: a Revolução Constitucionalista de 1932, ocorrida no estado de São Paulo entre julho e agosto de 1932, com o objetivo de derrubar o governo (então) provisório de Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte. O golpe de estado decorrente de outra Revolução, a de 1930, depôs o então presidente da República, Washington Luiz, impediu a posse de seu sucessor, Júlio Prestes, eleito nas urnas, depôs a maioria dos governadores de estado (então chamados de “presidentes estaduais”), fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais, e por fim revogou a Constituição então vigente, a de 1891. Getúlio Vargas assumiu a presidência da República, em novembro de 1930, com amplos poderes, porém, sob a promessa de convocar novas eleições e formar nova Assembleia Nacional Constituinte. Entretanto, nos anos subsequentes, essa expectativa deu lugar a um sentimento de frustração, dada a indefinição quanto ao cumprimento de tais promessas e o ressentimento contra o governo provisório, principalmente no estado de São Paulo, pois Getúlio governava de forma discricionária por meio de decretos, sem respaldo de uma Constituição e de um Poder Legislativo. Essa situação também fez diminuir a autonomia que os estados brasileiros possuíam durante a vigência da Constituição de 1891, pois os interventores nomeados por Vargas, em sua maioria tenentes, não correspondiam aos interesses dos grupos políticos locais e frequentemente entravam em atritos. No dia 23 de maio de 1932, houve um protesto contra o governo federal em São Paulo, e durante os confrontos com as tropas getulistas, quatro jovens foram mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Este foi o estopim do movimento, cujo nome era a sigla das quatro vítimas, MMDC, deflagrado a 9 de julho (data que hoje é feriado estadual em São Paulo). Com a ajuda dos meios de comunicação da época, em especial o jornal “A Gazeta” e a Rádio Record, o movimento ganhou apoio popular e mobilizou 35 mil homens, pelo lado dos lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. Esperava-se apoio de outros estados, mas o movimento ficou isolado, desenvolvendo-se uma série de batalhas. Foram quase três meses de batalhas e conflitos sangrentos em todo o estado paulista. E tudo isso terminou em 2 de outubro de 1932, com a derrota militar dos constitucionalistas. No entanto, em termos de denúncia política, o movimento foi moralmente vencedor, pois logo após o término do conflito, o governo convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou uma nova Constituição para o Brasil, em 1934. E com a participação das mulheres no processo eleitoral, o que acontecia pela primeira vez no país. É justamente esta importante página da história do Brasil que é contada pelo álbum hoje oferecido pelo TM, lançado em 1981, um ano antes do cinquentenário do movimento, pelo SESC (Serviço Social do Comércio) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, parte de uma série iniciada pouco antes com a Revolução de 30 (o disco não chegou às lojas e só foi vendido nas unidades do SESC). Na capa, reproduz-se o cartaz de convocação dos paulistas à luta, feito pelo MMDC. A pesquisa e a produção musicais ficaram por conta de Jairo Severiano e MiguelÂngelo de Azevedo, o Nirez, que também contribuíram com fonogramas de seus acervos, juntamente com outros pesquisadores de renome, Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão. O que resultou em um trabalho de inestimável valor histórico, reunindo músicas e trechos de discursos feitos à época pelos constitucionalistas (João Neves da Fontoura, D. Duarte Leopoldo e Silva, então arcebispo da capital paulista, o radialista César Ladeira, o professor José de Alcântara Machado) aos microfones da Rádio Record. A música-símbolo do movimento, a marcha “Paris Belfort”, claro, está aqui presente, numa gravação de 1957, feita na Continental sob a regência do maestro Rafael Puglielli. Francisco Alves, o Rei da Voz, comparece em duas faixas: o “Hino do Partido Constitucionalista”, que gravou em disco particular distribuído gratuitamente, e o samba “Anistia”, do mestre Ary Barroso, feito para o carnaval de 1934. Dessa mesma folia é o samba “Metralhadora”, interpretado por Aurora Miranda. E temos ainda a marchinha “Trem blindado”, grande êxito do carnaval de 1933 na voz de Almirante, acompanhado pelo Grupo da Guarda Velha, de Pixinguinha. Este foi inclusive um dos primeiros sucessosautorais de João de Barro, o Braguinha, compositor que, nos anos seguintes, obteria inúmeros outros êxitos na folia de Momo. A composição faz menção a três símbolos do levante paulista, a matraca, o capacete de aço e o trem blindado do título. Tudo isso, mais o “Hino acadêmico” (gravação particular), “Redenção” (hino marcial das tropas constitucionalistas) e a marchinha “Passo do soldado”, compõem um expressivo e admirável panorama sonoro desse movimento que, mesmo derrotado militarmente,marcou a vocação democrática do povo paulista, para ouvir e guardar.
*Texto de Samuel Machado Filho.
Continental 30 Anos De Sucessos (1973)
Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Olha, vou ser sincero com vocês… estamos em total decadência. Sim, o Toque Musical nunca esteve tão em baixa. E isso se deve a uma série de fatores, a começar por essa plataforma que embora seja perfeita, já não atende aos requisitos que hoje pedem mais interação e imediatismo. As redes sociais, mais especificamente o Facebook e o Youtube passaram a ser a bola da vez. Tudo pode ser encontrado nesses dois ambientes de uma maneira muito mais rápida e interativa e de uma certa forma o interesse do público está mudando, se generalizando. Ampliando os horizontes, mas numa profundidade cada vez mais rasa. Daí, ninguém tem mais saco para acompanhar postagens. O que dizer então quando para se ter acesso ao que se publica aqui precisa antes se associar a um grupo? Sem dúvida, isso é desestimulante e só mesmo que está muito interessado é que encara o jogo. E o jogo hoje se faz muito mais rápido. Demorou, dançou… Por isso, se quisermos nos manter ativos por mais 10 anos, o jeito é acompanhar os novos tempos e implementar novas alternativas. Daí, penso em migrar definitivamente o Toque Musical para o Youtube. Há tempos venho pensando nisso, talvez agora seja a nossa hora. Fiquem ligados, logo o nosso canal vai estar na rede com tudo aquilo que já postamos por aqui. Será um trabalho longo, afinal, repor mais de 3 mil postagens não é moleza. Mas vamos tentar 🙂
Marcando esse momento, eu hoje trago para vocês um álbum triplo comemorativo, da gravadora Continental, lançado lá pelos idos de 1973, ano de uma das melhores safras da indústria fonográfica brasileira. 73 foi o ano em que essa gravadora completou seus 30 anos de atividade e lançou este álbum cujo os discos são de 10 polegadas. São três lps percorrendo todas as fases da gravadora, trazendo os mais diferentes artistas em ordem cronológica. Começa em Vicente Celestino, indo até aos Novos Baianos. São trinta músicas que expressam bem os 30 anos desta histórica gravadora.
Confiram já no GTM 😉
Sambas – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 123 (2014)
E prossegue a gloriosa trajetória do Grand Record Brazil. Já estamos na edição de número 123, e nela estamos apresentando uma seleção especialmente dedicada ao samba. São 15 gravações, com sambas de autores consagrados do gênero, interpretados pelos melhores cantores de sua época. Abrindo esta edição, temos “Capital do samba”, de José Ramos (1913-2001), fluminense de Campos, que ajudou a fundar a ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, na interpretação do sempre notável Gilberto Alves. Gravação Odeon de 9 de setembro de 1942, lançada em outubro do mesmo ano, disco 12214-A, matriz 7053. Dos cariocas João da Baiana (João Machado Guedes, 1887-1974) e Babaú da Mangueira (Waldomiro José da Rocha, 1914-1993) é “Sorris de mim”, a faixa seguinte, interpretada por Odete Amaral, “a voz tropical do Brasil”. Ela o gravou na Victor em 9 de julho de 1940,com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34657-B, matriz 33463. De Paquito (Francisco da Silva Fárrea Júnior, 1915-1975) e do lendário Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira, 1901-1949), foi escalado “Arma perigosa”, na interpretação de Linda Rodrigues (Sophia Gervasoni, 1919-1995). É o lado A de seu terceiro 78, o Continental 15423, lançado em setembro de 1945, matriz 1136. Na quarta faixa, um clássico indiscutível do mestre Ary Barroso: é “Morena boca de ouro”, na interpretação de Sílvio Caldas, que o imortalizou na Victor em 4 de julho de 1941, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34793-A, matriz S-052259. Foi várias vezes regravado,inclusive por João Gilberto, que o incluiu em seu primeiro LP, “Chega de saudade”, em 1959. O dito popular “Quem espera sempre alcança” dá título à nossa quinta faixa, mais uma composição do lendário Paulo da Portela. Quem canta este samba é Mário Reis, em gravação lançada pela Odeon em setembro de 1931, disco 10837-B, matriz 4272, com acompanhamento da Orquestra Copacabana, do palestino Simon Bountman. “Quem mandou, Iaiá?” é de Benedito Lacerda (também no acompanhamento com sua flauta mágica e inconfundível) e Oswaldo “Baiaco” Vasques, e foi lançado pela Columbia para o carnaval de 1934, em janeiro desse ano, na voz de Arnaldo Amaral, disco 22262-A, matriz 1005. Também de Baiaco, em parceria com João dos Santos, é nossa sétima faixa, “Conversa puxa conversa”, gravação Victor de Almirante (“a maior patente do rádio”) em 24 de abril de 1934, lançada em julho do mesmo ano com o n.o 33800-A, matriz 79615, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, formada e dirigida por Pixinguinha. Babaú da Mangueira volta em nossa faixa 8, “Ela me abandonou”, samba do carnaval de 1949, em parceria com Taú Silva. Novamente aqui comparece Gilberto Alves, em gravação RCA Victor de 23 de dezembro de 48, lançada um mês antes da folia,em janeiro,disco 80-0591-B, matriz S-078852. Autor de clássicos do samba, Ismael Silva (1905-1978) mostra seu lado de intérprete em “Me deixa sossegado”, que assina junto com Francisco Alves e Nílton Bastos, e foi lançado pela Odeon em dezembro de 1931, disco 10858-B,matriz 4281. De família circense, sobrinho do lendário palhaço Piolim, o comediante paulista Anchizes Pinto, o Ankito (1924-2009), considerado um dos cinco maiores nomes da era das chanchadas em nosso cinema, bate ponto aqui com “É fogo na jaca”, samba de Raul Marques, Estanislau Silva e Mateus Conde. Destinado ao carnaval de 1954, foi lançado pela Columbia (depois CBS e hoje Sony Music) em janeiro desse ano, sob n.o CB-10017-B, matriz CBO-152. Paulo da Portela volta na faixa 11, assinando com Heitor dos Prazeres “Cantar pra não chorar”, do carnaval de 1938. Quem canta é Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, em gravação Victor de 15 de dezembro de 37, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 34278-B, matriz 80634. Na faixa 12, volta José Ramos, agora assinando com o irmão, Marcelino Ramos, “Jequitibá”. Gravação de Zé e Zilda (“a dupla da harmonia”), em 1949, na Star, disco 151-B, por certo visando o carnaval de 50. A eterna “personalíssima”, Isaura Garcia, vem com o samba “Mulher de malandro”, de Hervê Cordovil. Gravado na Victor em 23 de outubro de 1945, seria lançado apenas em setembro de 46, sob n.o 80-0431-B, matriz S-078380. Ernani Alvarenga, o Alvarenga da Portela, assina “Fica de lá”, samba do carnaval de 1939, em gravação Odeon de Francisco Alves, datada de 16 de dezembro de 38 e lançada bem em cima da folia,em fevereiro, disco 11700-A,matriz 5995. Por fim, temos o samba “Não quero mais”, samba de autoria de Zé da Zilda (também conhecido por Zé com Fome e José Gonçalves) e Carlos Cachaça (Carlos Moreira de Castro, que apareceu no selo com o sobrenome errado, “da Silva”), gravado na Victor por Aracy de Almeida em 9 de setembro de 1936 e lançado em dezembro do mesmo ano, disco 34125-A, matriz 80214, certamente com vistas ao carnaval de 37. Note-se, a respeito deste samba, que Cartola tinha feito duas segundas partes, mas Zé da Zilda fez uma outra segunda parte por conta própria e, assim, eliminou Cartola da co-autoria. Enfim, é uma excelente seleção de sambas que o GRB nos oferece, para apreciação de todos aqueles que apreciam o melhor de nossa música popular.
* Texto de Samuel Machado Filho
A Música De Buci Moreira (parte 2) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 97 (2014)
A Música De buci Moreira – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 96 (2014)
Francisco Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva & Carlos Galhardo – Os Quatro Grandes (1958)
Carnaval A – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 91 (2014)
Ó abre alas que o Grand Record Brazil quer passar! E apresenta para os amigos, cultos e associados do Toque Musical a primeira de duas partes de uma seleção dedicada ao carnaval. Vocês por certo irão se deliciar, e muito, com as músicas que o Augusto escolheu para esta seleção, muitas delas verdadeiros clássicos da folia de Momo, cantadas nos bailes até hoje, nas vozes de intérpretes renomados. Nesta primeira parte, oferecemos catorze gravações, todas elas marchas ou marchinhas. Abrindo esta seleção, temos Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira, Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), cantor que recebeu esse apelido do Capitão Furtado, apresentador de programas sertanejos do rádio paulistano, por causa dos apagões que havia na época da Segunda Guerra Mundial, a fim de evitar ataques inimigos, nos quais a orla marítima do Brasil ficava às escuras. Com inúmeros hits carnavalescos no currículo, Blecaute, de início, nos oferece a deliciosa “Maria Escandalosa”, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, sucesso absoluto no carnaval de 1955, lançado pela Copacabana em janeiro desse ano sob n.o 5354-B, matriz M-999, e também abrindo o LP coletivo da gravadora com músicas para essa folia, em 10 polegadas. Em 1992, esta marchinha foi revivida na novela “Deus nos acuda”, da TV Globo, na voz de Ney Matogrosso, como tema de uma personagem também chamada Maria Escandalosa, interpretada por Cláudia Raia. Em seguida, o eterno “general da banda” recorda, dos mesmos autores, a “Marcha do gago”, lançada originalmente em 1950 por Oscarito, astro da lendária Atlântida Cinematográfica, que também a interpretou no filme “Carnaval no fogo”. O registro de Blecaute é do LP de 10 polegadas “Carnaval do Rio”, também da Copacabana, lançado em 1955. Bill Farr (Antônio Medeiros Francisco, Sapucaia, RJ, 1925-Rio de Janeiro, 2010), outro intérprete da época áurea do rádio, nos oferece “Maricota Cervejota”, de autoria de João de Barro, o Braguinha, verdadeiro campeão de carnavais. Feita para o carnaval de 1956, a marchinha foi gravada na Continental em 21 de setembro de 55,e lançada ainda em novembro-dezembro sob n.o 17208-A, matriz C-3701, e no LP coletivo de 10 polegadas “Carnaval de 56”. Encontraremos em seguida, na interpretação de Orlando Silva (Rio de Janeiro, 1915-idem, 1978), o eterno “cantor das multidões”, um inesquecível clássico carnavalesco: “A jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, calcada em motivo popular do final do século XIX, e que dominou a folia de 1939. Teve quatro gravações por Orlando (que também a interpretou no filme “Banana da terra”, da Cinédia) na Victor: as duas primeiras em 21 de outubro de 1938 (matrizes 80917-1 e 80917-2), a terceira dez dias depois (matriz 80925-R) e finalmente a quarta e definitiva, que ouvimos nesta seleção, em 6 de dezembro de 38, matriz 80917-3, sendo o disco lançado pouco depois com o número 34386-B (dos quatro registros, o primeiro não teria sido lançado). Ainda hoje está presente nos bailes, e é um sucesso permanente de nosso cancioneiro carnavalesco. Outro campeão de carnavais, Lamartine Babo (Rio de Janeiro, 1904-idem, 1963) aqui nos oferece uma de suas marchinhas clássicas, feita em parceria com Paulo Valença: “Aí, hein?”, um dos hits do carnaval de 1933, por ele interpretado em dueto com Mário Reis. Gravação Victor de 25 de novembro de 32, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 33603-A, matriz 65601. Lalá também está na faixa 13, “Grau dez”, de sua parceria com Ary Barroso, em dueto com Francisco Alves, sucesso do carnaval de 1935, gravado na Victor em 16 de outubro de 34, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, disco 33880-B, matriz 79737. Na faixa 6, Carlos Galhardo (1913-1985) nos oferece outro clássico inesquecível e muito cantado nos bailes até hoje: “Alá-lá-ô”, de autoria de outros dois colecionadores de hits carnavalescos, Haroldo Lobo e Nássara. Sucesso absoluto do carnaval de 1941, também interpretado por Galhardo no filme “Vamos cantar”, da Pan-América Filmes, foi por ele imortalizada na Victor em 21 de novembro de 40, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 34697-A, matriz 52055, e ganhou súbita atualidade neste verão de 2014, no qual têm se registrado altíssimas temperaturas, com os desconfortos de praxe. Destaque também para a introdução instrumental, obra de gênio do mestre Pixinguinha. Outro clássico momesco vem em seguida: “Pierrô apaixonado”, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, do carnaval de 1936. Gravação Victor de Joel de Almeida (“o magrinho elétrico”) em dupla com Gaúcho, datada de 26 de dezembro de 35 e lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 34012-A, matriz 80060. Logo depois, outra divertida e clássica marchinha do mestre Lamartine Babo, “História do Brasil”, do carnaval de 1934. Foi imortalizada na Victor por Almirante (“a maior patente do rádio”) em 15 de dezembro de 1933, com lançamento um mês antes do tríduo momesco de 34, em janeiro, sob n.o 33740-B, matriz 65917. Talento precoce revelado pela Rádio Record de São Paulo, Mário Ramos de Oliveira, o Vassourinha, teve morte prematura, em 1942, aos 19 anos, de doença óssea, deixando gravados seis discos com doze músicas, todos pela Columbia. De seu terceiro disco, n.o 55308-A, lançado em dezembro de 1941 com vistas ao carnaval de 42, matriz 474, é esta marchinha de Antônio Almeida, “Chic chic bum”, interessante crônica do tempo em que o bonde era o principal meio de transporte no Rio de Janeiro. De Herivelto Martins em parceria com o pistonista Bonfiglio de Oliveira é “Mais uma estrela”, do carnaval de 1935, gravada na Victor por Mário Reis em 5 de outubro de 34, com lançamento ainda em novembro sob n.o 33850-A, matriz 79712. O problema da falta de moradia, já crônico naqueles tempos, é glosado por Peterpan (José Fernandes de Almeida) e Afonso Teixeira na “Marcha do caracol”, sucesso do carnaval de 1951, gravado na RCA Victor pelos Quatro Ases e um Coringa em 4 de outubro de 50 e lançado ainda em dezembro, disco 80-0728-A, matriz S-092771. Traduzindo as dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial, com escassez generalizada de combustíveis e alimentos, vem a marchinha “Eu brinco”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, do carnaval de 1944, imortalizada pelo eterno Rei da Voz Francisco Alves na Odeon em primeiro de dezembro de 43 e lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 12404-A, matriz 7431. A marchinha mostra a disposição de se brincar o carnaval ainda que em tempo de vacas magras, sem pandeiro ou dinheiro… Para encerrar esta edição carnavalesca do GRB, Sílvio Caldas (1906?-1998), o eterno “caboclinho querido”, apresenta outro sucesso inesquecível de João “Braguinha” de Barro, “Linda lourinha”. Foi uma das músicas mais cantadas no carnaval de 1934, gravada por Sílvio na Victor em 15 de novembro de 33, com lançamento um mês antes do tríduo momesco, em janeiro, sob n.o 33735-A, matriz 65889. E, na próxima segunda-feira, tem mais carnaval pra vocês aqui no GRB. Aguardem…
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
A Música de Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 86 (2014)
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
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A Música De Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 85 (2014)
A Música De Ismael Silva Na Voz De Francisco Alves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 84 (2014)
A presente seleção nos traz quinze composições de Ismael Silva interpretadas pelo Rei da Voz Francisco Alves (1898-1952), várias delas em que o cantor figura como parceiro, e a maior parte sambas. A primeira faixa, porém, é de Ismael sem parceiro: “Choro, sim”, gravação Victor de 21 de novembro de 1934, e, apesar de constar na edição ter sido feita para o carnaval de 35, só lançada em julho desse ano sob n.o 33946-B, matriz 79784. “Ando cismado” é uma parceria de Ismael com Noel Rosa, gravação Odeon de 27 de outubro de 1932, lançada em dezembro seguinte com o n.o 10936-A, matriz 4532. Um pouco antes, a 29 de junho de 32, e também pela “marca do templo”, Chico gravara uma autêntica obra-prima dos mesmos parceiros, “Para me livrar do mal”, disco 10922-B, matriz 4467. Da parceria Ismael-Chico Viola é “Gandaia”, lado B do disco Odeon 10906, gravado em 23 de março de 1932 e lançado em maio seguinte, matriz 4420. Ambos também fizeram a marchinha ‘Você gosta de mim”, lançada pela Parlophon em dezembro de 1931, visando, claro, o carnaval de 32, sob n.o 13377-B, matriz 131307. Logo em seguida você encontrará o lado A, o samba “Sonhei”, de Chico, Ismael e Nílton Bastos (não creditado na edição), matriz 131306. Também da folia de 1932 são as faixas do Parlophon 13375, lançado junto com o anterior, em dezembro de 31, e que temos logo em seguida: o samba “Amar”, também da santíssima trindade Chico Alves-Ismael Silva-Nílton Bastos, no lado B, matriz 131308, e, no lado A, matriz 131302, a divertida marchinha “Gosto mas não é muito”, inspirada num fato real acontecido após a subida de Getúlio Vargas ao poder: muitos de seus adeptos, antigos e de última hora, almejavam cargos públicos, em tempo de crise braba, e para amenizar a coisa, passou-se a exigir, dos postulantes a tais cargos, requerimento estampilhado, com foto e selo (“Traz o retrato e a estampilha”). Obviamente, aqueles mais chegados ao círculo do poder, os “adeptos do Gegê”, passavam longe de tais exigências, sendo nomeados militares. Aqui, Ismael e Chico são parceiros de Noel Rosa, que fez a segunda parte mas não foi creditado no selo do disco e na partitura impressa. Em seguida, outro produto da santíssima trindade Ismael Silva-Francisco Alves-Nílton Bastos, o samba “É bom evitar”, lançado pela Odeon por volta de outubro de 1931 sob n.o 10837-A, matriz 4271. Eles assinam ainda as faixas seguintes: “Ironia”, lançada pela “marca do templo” em março de 1931, disco 10767-B, matriz 4136, com provável participação ao bandolim de Luperce Miranda, “Meu batalhão”, em que Chico Alves é acompanhado de seu “Esquadrão”, lançada pela Odeon em janeiro de 1931, claro que para o carnaval, com o n.o 10748-B, matriz 4091, “Olê-leô”, para a mesma folia, gravação de 27 de novembro de 1930 também saída em janeiro de 31 pela “marca do templo” (10745-B, matriz 4068) e o lado A desse disco, o conhecidíssimo “Nem é bom falar”, matriz 4067. Comenta-se que Roquette Pinto, criador do radiodifusão brasileira, ao ouvir o verso “Eu quero uma mulher bem nua”, declarou: “Todos nós queremos, mas não é preciso dizer”… “Não é isso que eu procuro”, parceria de Chico Alves e Ismael Silva, gravado na mesma Odeon em 10 de agosto de 1928 e lançado em setembro do mesmo ano com o n.o 10251-B, matriz 1876, foi interpretado pelo Rei da Voz, em dupla com Célia Zenatti, na revista “Eu quero é nota”, encenada no Teatro Carlos Gomes do Rio, e depois incluída em outra revista ali encenada, também com o nome de “Não é isso que eu procuro”. E, para encerrar, justamente o primeiro samba que Ismael Silva teve gravado: “Me faz carinhos”, que a Odeon de sempre lançou em janeiro de 1928 com o n.o 10100-B, matriz 1480 (diz-se que teria sido antes gravado instrumentalmente pelo pianista Cebola, mas esse disco nunca foi localizado). A autoria de “Me faz carinhos”, no selo e na edição, é atribuída apenas a Francisco Alves, que o comprou de Ismael mais por necessidade imediata de dinheiro por parte do compositor, sem esperar o resultado das vendas dos discos e das partituras. Entretanto, por mais que Chico Viola comprasse parcerias, contribuía, e muito, para o aprimoramento das composições de Ismael quando as gravava e, sem o Rei da Voz, é pouco provável que o sambista niteroiense surgisse na MPB de maneira tão decisiva. Chico Viola também cantou ”Me faz carinhos” numa revista muito adequadamente chamada “Você quer é carinho”, igualmente encenada no Teatro Carlos Gomes. Enfim, uma amostra da genialidade de Ismael Silva, a primeira que o GRB oferece para deleite de tantos quanto apreciem o melhor do samba e da MPB. Semana que vem teremos mais Ismael Silva. Encontro marcado!
* Texto de Samuel Machado Filho
Especial De Natal Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 83 (2013)
Nesta que é a semana do Natal, o Grand Record Brasil apresenta a segunda parte de sua seleção de músicas do gênero, gravadas na era das 78 rotações por minuto, feita a partir de uma compilação realizada em 2006 por nosso amigo e colega Thiago Mello, para seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). São as últimas onze gravações de nosso retrospecto, perfazendo um total de vinte.
Orlando Silva (1915-1978), o sempre querido e lembrado “cantor das multidões”, abre esta segunda parte com o fox-canção “Noite de Natal”, de Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho, lançado pela Copacabana em outubro-novembro de 1952 sob n.o 5010-B, matriz M-260. Nessa época, Orlando retornara ao convívio do grande público, após um período marcado por problemas de ordem pessoal, inclusive amorosa, e substituiu Francisco Alves, morto em acidente rodoviário naquele ano, em seu programa de domingo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em seguida, as duas partes de “Cantigas de Natal”, pot-pourri de conhecidas músicas do gênero (“Noite feliz”, “Tannenbaum”, “Jingle bells”, “Amanhã vem o Papai Noel”, etc.), com arranjo de Radamés Gnattali e Paulo Tapajós, e interpretadas pelos trios Melodia (do qual Tapajós fazia parte, junto com Albertinho Fortuna e Nuno Roland) e Madrigal (Edda Cardoso, Magda Marialba e Lolita Koch Freire). Esta seleção saiu pela Continental em 1951 com o número 20106, matrizes 2720 e 2721. Já que falamos em Francisco Alves (1898-1952), o eterno Rei da Voz aqui comparece com duas faixas. A primeira é a marchinha “Meu Natal”, parceria sua com Ary Barroso, em gravação Victor de 19 de outubro de 1934, lançada em dezembro seguinte sob n.o 33857-A, matriz 79762. No acompanhamento a orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. A outra é a canção-marcha “Natal”, de Herivelto Martins e Rogério Nascimento, gravação Odeon de 23 de outubro de 1945, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12650-B, matriz 7926. Junto com ele está o Trio de Ouro em sua primeira formação, com Herivelto, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas, todos acompanhados plea orquestra de Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro). Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, vem com outras duas faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é a singela canção “Feliz Natal”, de Peterpan (cunhado da cantora Emilinha Borba, que regravaria a música um ano mais tarde) e Giuseppe Ghiaroni, gravada por Galhardo em 4 de agosto de 1950 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o 80-0697-A, matriz S-092728 (na verdade a música fora lançada um ano antes, na Star, pelo coral da Rádio Nacional do Rio). O registro de Galhardo, curiosamente, seria reeditado com o n.o 80-1061-A, em dezembro de 1952. A outra faixa dele aqui é exatamente a música que inaugurou entre nós o gênero natalino: a marcha “Boas festas”, de Assis Valente, aqui em seu registro original, de 17 de outubro de 1933, lançado em dezembro seguinte pela então Victor com o n.o 33723-A, matriz 65864. Foi, aliás, o primeiro grande hit nacional do cantor, que a gravaria mais duas vezes. Em seguida, vem o grande Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira, Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), com a conhecidíssima “Natal das crianças”, de sua autoria, lançada pela Copacabana em dezembro de 1955 sob n.o 5502-A, matriz M-1273, Blecaute rotulou a música, modestamente, como “valsinha de roda”, sem ao certo imaginar que seria um dos maiores hits do cancioneiro natalino brasileiro em todos os tempos! Temos depois outra “Noite de Natal”, desta vez uma valsa de Newton Teixeira em parceria com (Murilo) Alvarenga, que a gravou na Odeon com Ranchinho (Diésis dos Anjos Gaya) em 30 de outubro de 1941 com lançamento em dezembro seguinte, disco 12079-A, matriz 6826. Para encerrar, temos Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva, Rio de Janeiro, 1921-São Paulo, 1987), interpretando “Feliz Natal”, singela canção da festejada dupla Armando Cavalcanti-Klécius Caldas, lançada pela Continental entre outubro e dezembro de 1949 sob n.o 16123-A, matriz 2173, com acompanhamento da orquestra do também compositor José Maria de Abreu. Curiosamente, este registro teve reedição em 1955, sob n.o 17230-B. A todos os amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical , os nossos mais sinceros votos de um Natal maravilhoso e um ano novo de 2014 repleto de alegria, paz, saúde e realizações positivas!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
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A Música De Wilson Batista (Parte 1) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 77 (2013)
A Música De Cartola – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 68 (2013)
Para esta edição do Grand Record Brazil, foram selecionadas nove faixas, gravadas em 78 rpm. Abrindo esta seleção, temos a primeira composição gravada de Cartola, “Que infeliz sorte!”, lançada pela Odeon em dezembro de 1929, na voz de Francisco Alves, disco 10519-A, matriz 3095. Mário Reis chegou a adquirir os direitos de gravação deste samba por 300 mil-réis, mas preferiu repassá-lo ao Rei da Voz. Em seguida, Cármen Miranda, já então “o maior nome feminino da fonografia nacional”, interpreta “Tenho um novo amor” gravação Victor de 11 de maio de 1932, lançada em julho seguinte sob n.o 33575-B, matriz 65486, com acompanhamento do mestre Pixinguinha, à frente do Grupo da Guarda Velha. É uma parceria de Cartola com Noel Rosa, não creditado no selo e na edição. Vem também a ser o caso das faixas seguintes, interpretadas por Francisco Alves e por ele gravadas na Odeon: “Não faz, amor”, gravação de 7 de julho de 1932, disco 10927-A, matriz 4481, e “Qual foi o mal que eu te fiz?”, imortalizado pelo Rei da Voz em 30 de dezembro de 32 mas só lançado em maio de 1933 sob n.o 10995-B, matriz 4574. Noel e Cartola, sem dinheiro, procuraram Chico Alves no Largo do Maracanã e lhe pediram algum. Chico concordou, desde que cada um fizesse um samba naquele momento. Foi aí que compuseram “Qual foi o mal que eu te fiz?”, com toda a segunda parte de Noel, que nessa ocasião fez sozinho “Estamos esperando”, gravado por Chico em dupla com Mário Reis. No dia 3 de janeiro de 1933, Francisco Alves retorna aos estúdios da Odeon para gravar outro samba de Cartola, agora sem parceiro: “Divina dama”, que será lançado logo em seguida com o número 10977-B, matriz 4575, constituindo-se no maior sucesso da primeira fase de composições gravadas do poeta mangueirense. A faixa seguinte, “Na floresta”, foi gravação de Sílvio Caldas, parceiro de Cartola neste samba, em 13 de julho de 1932, matriz 65546, mas a Victor só o lançou em outubro de 33 com o n.o 33712-A. Isso em virtude de atritos entre Sílvio e Francisco Alves. Bucy Moreira compôs um samba chamado ‘Foi um sonho”, do qual Chico Alves gostava da letra, mas não da melodia. Então o Rei da Voz encaixou a de “Na floresta”, deixando a letra de lado. Os versos seriam musicados e gravados por Sílvio Caldas, e Francisco Alves, evidentemente, surtou e quis impedir o lançamento do disco. Mas Sílvio Caldas convenceu o Rei da Voz de que ele tinha comprado apenas a melodia: “Você deixou a letra de lado e o Cartola precisa ganhar dinheiro!” E Chico deixou os atritos também de lado… A faixa seguinte é “Não posso viver sem ela”, parceria de Cartola com Alcebíades “Bide” Barcelos, gravada na Odeon por Ataulfo Alves, à frente de sua Academia de Samba, em 27 de novembro de 1941, com lançamento bem em cima do carnaval de 42, fevereiro, sob n.o 12106-B, matriz 6870. Entretanto, o hit maior desse disco foi o clássico “Ai, que saudades da Amélia”, de Ataulfo e Mário Lago, que ofuscou esta aqui. O samba-canção “Grande Deus” foi composto por Cartola em 1946, quando contraiu meningite e demorou mais de um ano para se recuperar. Porém, só em agosto de 1958 é que a música foi lançada em disco, na voz do grande Jamelão, pela Continental, sob n.o 17573-A, matriz C-4099. E, para encerrar mais este pequeno-grande programa do GRB, o samba “Festa da Penha”, parceria de Cartola com Asobert (pseudônimo e anagrama de Adalberto Alves de Souza). Foi gravado em 1958 por Ary Cordovil para o extinto selo Vila, em disco de número 10003-A, matriz V-7801-A. A festa em questão acontecia todo ano no mês de outubro, com romaria de fiéis percorrendo o longo caminho até a igreja (com escadaria e tudo), que até hoje fica bem em cima do morro da Penha, numa demonstração de fé e oportunidade para apresentação de novas músicas, sempre com um olho profano em direção ao carnaval. Esta é a homenagem do GRB ao mestre Cartola, nome que tem seu lugar garantido entre os imortais de nossa música popular.
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
Francisco Alves 2:2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 62 (2013)
Francisco Alves 1:2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 1 (2013)
Homengem Póstuma À Francisco Alves (REPOST)
Como sei que temos aqui muitos fãs do “Chico Viola”, vou trazendo aqui de novo uma postagem que fiz em 27 de setembro de 2009, como forma de homenagear e lembrar a memória de um dos grandes ídolos brasileiros.
Este disco de 78 rotações foi lançado imediatamente após a morte do cantor, pela Odeon, tendo Dalva de Oliveira como intérprete da marcha rancho “Meu rouxinol”, composta por Pereira Mattos e Mário Rossi. O interessante de notar é o quanto realmente Francisco Alves era querido e prestigiado, a ponto de merecer tal homenagem. O disco tem apenas um lado gravado, no outro a agulha corre silenciosa num sulco sem registro, representando um minuto de silêncio. Podemos dizer que este é um dos discos mais raros postados aqui no Toque Musical. Uma ‘relíquia’ histórica que muitos colecionadores pagariam caro para te-la. Que viva na nossa memória o grande Francisco Alves!
* esta música encontra-se também em um dos volumes da Coleção Grand Record Brazil do Toque Musical e pode ser baixada no GTM.
Francisco Alves E Pixinguinha – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 36 (2012)
Neste mês de setembro, mais exatamente no dia 27, estamos comemorando os 60 anos da trágica morte do cantor Francisco Alves, em acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra, na cidade paulista de Pindamonhangaba, divisa com Taubaté, no Vale do Paraíba, quando um caminhão que estava na contramão colidiu com seu automóvel, um Buick azul. O cantor tinha 54 anos, e a tragédia enlutou todo o país. Seu corpo, carbonizado, foi enterrado no Cemitério São João Batista, em seu Rio de Janeiro natal, para o qual estava regressando quando houve o acidente fatal, no dia seguinte à sua última apresentação pública, acontecida em São Paulo, no Largo da Concórdia, no Brás. A tumba de Chico, até hoje, atrai inúmeros visitantes e fãs do cantor, mesmo depois de tanto tempo passado de sua morte.
O Grand Record Brazil, evidentemente, não poderia deixar a data passar em branco. Em sua edição de número 35, presta uma homenagem à memória do eterno Francisco Alves, apresentando doze fonogramas por ele registrados na Victor (ou RCA Victor, como queiram), gravadora da qual foi contratado entre 1934 e 1937, lá deixando 49 discos com 96 músicas. Em todos eles, os arranjos e regências são do mestre Pixinguinha, em mais uma contribuição fabulosa que deixou para nossa música popular. Em quase todas as faixas, Pixinguinha acompanha Francisco Alves com sua orquestra Diabos do Céu, considerada uma autêntica “jazz band” de sua época. Vamos às faixas, pela ordem:
Para começar, apresentamos um samba da parceria Bide-Marçal: “Durmo sonhando”, que Chico gravou em 20 de abril de 1934 com lançamento em agosto seguinte sob n.o 33812-A, matriz 79610. Damos depois um salto para o carnaval de 1935, apresentando uma marchinha de Lamartine Babo e Hervê Cordovil: “Moreninha sweepstake”, gravação de 21 de dezembro de 1934 lançada um mês antes da folia, janeiro, sob n.o 33894-A, matriz 79803. A marchinha cita o slogan de propaganda do achocolatado em pó Toddy: “Não tem nem pode ter similares”. O sweepstake do título era um prêmio especial, uma espécie de loteria do turfe, cujo resultado era vinculado a cavalos vencedores, instituído pelo Jockey Clube Brasileiro em 1933, nos moldes europeus. Naquele ano, o bilhete vencedor foi o do cavalo Mossoró, que abiscoitou 500 contos de réis. A terceira faixa é o samba “Reclamando a sorte”, de Nilo Almeida Fonseca, o lado B de “Durmo sonhando”, matriz 79611. Mais um samba vem em seguida: “Você chorou”, subintitulado “Me admiro é você”, de autoria de Sylvio Fernandes, o Brancura, gravado por Chico em 8 de julho de 1935 e lançado em agosto seguinte com o n.o 33959-A, matriz 79968, sendo incluído na burleta “Da Favela ao Catete”, de Freire Júnior, encenada no Teatro Recreio carioca, incluindo músicas de vários autores e da qual Francisco Alves também participou. Malandro histórico, temido por sua valentia, Brancura morreu ainda em 1935, com apenas 27 anos de idade. Temos em seguida a marchinha “Olha pra lua”, de autoria de Nássara e Cristóvão de Alencar, o “amigo velho” (aqui assinando com seu nome verdadeiro, Armando Reis), gravação de 13 de abril de 1934, lançada em julho seguinte com o n.o 33801-A, matriz 79602. Depois tem o samba “Me queimei”, também de Nássara, agora em parceria com Walfrido Silva, gravação de 28 de janeiro de 1936 lançada para o carnaval desse ano, em fevereiro, disco 34038-A, matriz 80100. E tem mais samba: “Linda mulher”, de Erlúcio Godoy, Orlando Machado e Orestes Barbosa (este último sem crédito no selo), que Francisco Alves gravou em 17 de abril de 1934, mas a Victor só lançou em dezembro desse ano, com o n.o 33857-B, matriz 79608. Em seguida, a marcha “aux flambeaux” “A melhor das três”, de Lamartine Babo e Alcyr Pires Vermelho, do carnaval de 1935, correspondente ao lado B de “Moreninha sweepstake”, matriz 79804. A letra faz referência ao processo movido pelos irmãos Raul e João Vítor Valença contra a omissão do nome deles, como parceiros de Lamartine, no disco original da marchinha “Teu cabelo não nega”. Lalá participa deste registro como cantor, não creditado no selo original. Do carnaval seguinte, 1936, é outra marchinha, “Marido da Eva”, de Nássara e Sylvio da Fonseca, gravada por Chico Alves em 7 de janeiro desse ano e lançada bem em cima da folia, em fevereiro, com o n.o 34033-A, matriz 80077. Foi uma das dez músicas que o Rei da Voz lançou para aquele carnaval, todas bem cantadas. Da folia de 1937 é a marchinha “Parei com elas”, do prolífico Nássara agora junto com Alberto Ribeiro, gravação de 18 de novembro de 1936, lançada ainda em dezembro sob n.o 34131-A, matriz 80260. Depois, desse mesmo carnaval, a lírica marchinha, do mestre Ary Barroso, “Uma furtiva lágrima”, que aproveita algo da ária de mesmo nome, da ópera “L’elisir d’amore”, de Caetano Donizetti, publicada em 1832. Chico gravou a marchinha em 17 de novembro de 1936, com lançamento ainda em dezembro com o n.o 34113-A, matriz 80244. E, para encerrar com chave de ouro, um clássico do samba: “É bom parar”, de Rubens Soares e Noel Rosa, sendo que este último aceitou ficar de fora dos créditos na edição e no disco. É a única das faixas desta seleção em que Francisco Alves é acompanhado não pelos Diabos do Céu, mas pelo Conjunto Regional RCA Victor. Sucesso estrondoso do carnaval de 1936, corresponde ao lado B de “Me queimei”, matriz 80101, e cita dois versos da valsa-canção “A mulher que ficou na taça”, de Chico Alves e Orestes Barbosa (“Mais cresce a mulher no sonho/ na taça e no coração”). “É bom parar” seria, inclusive, regravado por Francisco Alves na RCA Victor apenas três dias antes de seu trágico falecimento, em 1952, juntamente com ‘A mulher que ficou na taça”, mais “Serra da Boa Esperança” e “Foi ela”, devidamente autorizado pela Odeon, onde então trabalhava. Enfim, estas doze faixas com o eterno Francisco Alves acompanhado por Pixinguinha são o preito de saudade do GRB à memória do Rei da Voz, que, passados 60 anos de seu trágico passamento, ainda é uma importante referência na história de nossa música popular.
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.
Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 28 (2012)
Fratura no joelho é um troço bem complicado… O nosso Augusto TM que o diga! Mas depois de mais um período de ausência forçada (até eu senti saudades), eis aqui a vigésima-oitava edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, apresentando mais dez preciosos fonogramas da era das 78 rotações por minuto para enriquecer os acervos de nossos amigos cultos e associados. E começamos com um sucesso de Patrício Teixeira (1893-1972), carioca da Rua São Leopoldo, na lendária Praça Onze, que começou a gravar ainda pelo processo mecânico e continuou de maneira bem sucedida na fase elétrica, até quando saiu seu último disco, em 1944. (depois disso, ainda gravaria a canção “Azulão”, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, para um LP da Sinter). Foi até professor de violão, e entre suas alunas mais ilustres estão Nara Leão e as irmãs Linda e Dircinha Batista. E Patrício aqui comparece com um clássico: o samba “Gavião calçudo”, do mestre Pixinguinha, com letra de Cícero “Baiano” de Almeida, cujo sucesso desaguaria no carnaval de 1930. Saiu em duas gravações de Patrício: a primeira no selo Parlophon, em março de 1929, e esta segunda, com o selo Odeon, lançada em agosto do mesmo ano com o n.o 10436-A, matriz 2685, na qual o intérprete canta a letra completa, acompanhado de piano e violão (no registro original era com orquestra, e nele só foram apresentados o estribilho e uma das estrofes). “Azulão” também está aqui, mas no registro original do “cantor das noites enluaradas”, Paraguassu (Roque Ricciardi, 1894-1976), lançado pela Columbia em fevereiro de 1930, disco 5141-A, matriz 380474.
Em seguida, um monólogo divertidíssimo interpretado pelo ator Pinto Filho. Trata-se de “Guerra ao mosquito”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, lançado pela Parlophon em agosto de 1929 com o n.o 12989-A, matriz 2670. Mais atual impossível, uma vez que o Brasil tem sido, nos últimos tempos, atingido por endemias tropicais como a dengue, especialmente no verão. Não faltam farpas a políticos de prestígio na época, como o então candidato a presidente da República Júlio Prestes.
A próxima faixa vem a ser o primeiro grande sucesso nacional de Ary Barroso como compositor: a marchinha “Dá nela”, interpretada por Francisco Alves com a Orquestra Pan American de Simon Bountman, e um dos hits do carnaval de 1930. Gravação de 9 de janeiro daquele ano, lançada pouco depois sob n.o 10558-A, matriz 3258. No dia 18, a música venceu um concurso promovido no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, e com o dinheiro ganho (cinco contos de réis!), Ary Barroso teve condições de se casar (com Yvonne Belfort Arantes) e ainda recebeu seu diploma de advogado. De letra extremamente machista (característica da época), “Dá nela” também deu nome a uma revista do Teatro Recreio, nela interpretada (de calça comprida!) por Zaíra Cavalcanti.
Um dos clássicos de Ary Barroso em parceria com Luiz Peixoto, o samba-canção “Na batucada da vida” (subintitulado “A canção da enjeitada”) tornou-se inovador na época do lançamento, pelo realismo com que tratava uma temática de cunho social. Originalmente saiu em 1934, na voz de Cármen Miranda, e aqui é apresentada no registro de Dircinha Batista, feito na Odeon em 14 de abril de 1950 e lançado em agosto seguinte, disco 13031-B, matriz 8685, com acompanhamento de piano do próprio mestre de Ubá. Como bem sabem os fãs de Elis Regina, em 1974 ela também fez um registro memorável desta composição.
O inesquecível Kid Morenguera, o grande Moreira da Silva (1902-2000), insubstituível rei do samba de breque, aqui comparece com o raríssimo disco Star 225, datado de 1951, com acompanhamento do conjunto do violonista Claudionor Cruz, destacando-se o saxofone de Portinho (Antônio Porto Filho), também maestro e arranjador de prestígio. De um lado, o samba-choro “Entrevista”, do próprio Moreira, e no verso, nesse mesmo ritmo, a homenagem do GRB aos motoristas na semana do dia deles e de seu santo padroeiro, São Cristóvão: “Sou motorista”!
Humberto Marsicano fez parte da geração de artistas paulistas surgidos no final dos anos 1920. De sua escassa discografia como cantor (apenas 16 fonogramas distribuídos em nove 78 rpm), apresentamos o disco Columbia 5051, lançado em julho de 1929, com acompanhamento da orquestra de Álvaro Ghiraldini. Abrindo-o, matriz 380143, o samba-choro “Mulher sem coração”, composto por um nome que iniciava então sua carreira, José Maria de Abreu (1911-1966), paulista de Jacareí, responsável por sucessos inesquecíveis, tais como “E tome polca”, “Alguém como tu”, “Dançando com você” e muitos outros. No verso, matriz 380144, o delicioso “sambinha-embolada” Tico-tico vuô”, de Juca Paulista e Juvenal de Abreu.
Para encerrar, uma marchinha do carnaval de 1957, lançada pela Continental em janeiro desse mesmo ano, com o n.o 17375-B, matriz C-3912. É “Seu Romeu”, de João Rosa, Arnaldo Moraes e do paulistano Ruy Rey (1915-1995), sendo este último o intérprete. Ruy, que se chamava Domingos Zeminian, foi também exímio “bandleader”, e especializou-se em ritmos hispano-americanos, precursores da atual salsa. Enfim, um belo apanhado com o qual o GRB mata as saudades de todos que estavam aguardando esta retomada. Divirtam-se e recordem!
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO
A Era Getúlio Vargas Vol. 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 20 (2012)
Em 5 de agosto de 1954, ocorre um atentado em frente ao prédio em que residia o jornalista e político Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Getúlio Vargas, em frente ao edifício em que residia, na Rua Tonelero, no bairro carioca de Copacabana. Lacerda é ferido no pé e o major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz, que o acompanhava, acabou morto. O atentado foi atribuído a membros da guarda pessoal de Getúlio, sendo seu líder, Gregório Fortunato, acusado de ser o mandante do crime, e além disso a FAB, à qual pertencia o major Vaz, tinha como grande herói o brigadeiro Eduardo Gomes, derrotado por Getúlio nas eleições de 1950. Isso desencadeia grave crise política, na qual o povo e os militares pedem a renúncia de Getúlio. Não tendo outra alternativa, e após aquela que seria sua última reunião ministerial como presidente da República, Getúlio se suicida com um tiro no coração, na fatídica madrugada de 24 de agosto de 1954, deixando uma famosa carta-testamento e causando forte comoção em todo o pais. Por isso mesmo, encerramos esta retrospectiva musical da era Vargas com duas homenagens póstumas. A primeira é o rojão (espécie de baião mais acelerado) “Ele disse”, lançado na Copacabana por Jackson do Pandeiro dois anos após a morte de Getúlio, em 1956, com o número 5579-A, matriz M-1503, citando inclusive uma frase dessa carta: “O povo de quem fui escravo jamais será escravo de ninguém”. E a segunda, composta por João “Braguinha” de Barro, é o “Hino a Getúlio Vargas”, lançado por Gilberto Milfont na Continental em setembro-outubro de 1958 com o número 17579-A, matriz C-3478. Curiosamente, no verso do disco, a música aparece em versão apenas instrumental, com a Orquestra Continental. Enfim, esta é a segunda e última parte de uma retrospectiva que apresentou interessantes crônicas musicais da era getulista, inclusive mostrando a comoção que seu trágico suicídio desencadeou. Mas, como diz o hino de Braguinha, Getúlio ficará para sempre no coração do Brasil!
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO
Alfredo Moretti, Blackout, Carlos Galhardo, Cauby Peixoto, Francisco Alves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 17 (2012)
Para encerrar, um intérprete que tem resistido ao tempo, e já octogenário, ainda em franca atividade: é o grande Cauby Peixoto, que aqui comparece com um disco “internacional”, o Columbia CB-11000. Ele foi gravado em Hollywood, Califórnia, EUA, em 1955, quando da primeira temporada do “professor da MPB” naquele país, com acompanhamento orquestral de um dos mais expressivos maestros da época, Paul Weston. No lado A, matriz RHCO-33427, o samba-canção “Final de amor”, composto pelo empresário do cantor, Di Veras, em parceria com Haroldo Barbosa. No verso, matriz RHCO-33426, o bolero “A pérola e o rubi (The ruby and the pearl)”, da dupla Jay Livingstone-Ray Evans, vertida por outro especialista na matéria, Haroldo Barbosa. Ambas as gravações também saíram no primeiro LP de Cauby, o dez polegadas “Blue gardenia”, junto com outras duas também gravadas por ele nessa temporada americana, “Sem porém nem porquê” e “Nossa rua”. Enfim, mais um presente do TM para todos os amigos ocultos e ocultos que apreciam o que é bom. Diversão garantida!
Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 15 (2012)
Luzes, câmera, ação… e música! Sim, esta décima-quinta edição do Gran Record Brazil é dedicada à música de cinema, apresentando temas de filmes nacionais e também de produções hollywoodianas, estas em versões para o idioma tupiniquim.
Começamos com dois temas do filme “Rua sem sol”, dirigido por Alex Viany para a Brasil Vita Filmes, e estrelado por Glauce Rocha, Carlos Cotrim, Dóris Monteiro (ainda de tranças, no papel de uma deficiente visual) e Modesto de Souza. Ambos os sambas-canções são cantados por Ângela Maria, que também participou do filme, claro, interpretando-os, no disco Copacabana 5170, lançado em dezembro de 1953. Abrindo o disco, a faixa-título do filme, “Rua sem sol”, matriz M-641, assinada por Mário Lago e Henrique Gandelmann, e no verso, matriz M-642, o clássico “Vida de bailarina”, de Chocolate (também humorista de rádio e TV) e Américo Seixas. Música muitíssimo gravada (Elis Regina, Zizi Possi, Quarteto em Cy, Agnaldo Timóteo, etc.).
Já que falamos em Adelina Dóris Monteiro (sim, é esse o nome completo dela), ela aqui comparece com o disco Todamérica TA-5220, gravado em 8 de setembro de 1952 e lançado em outubro seguinte, no qual interpreta duas músicas de outro filme de Alex Viany no qual ela também atuou, “Agulha no palheiro”, co-produzido por Moacyr Fenelon (um dos fundadores da lendária Atlântida) e pela Flama Filmes, da família Berardo (em cujos estúdios, situados no bairro carioca das Laranjeiras, instalou-se mais tarde a TV Continental, Canal 9). Primeiro, a música-título do filme, “Agulha no palheiro”, matriz TA-366, de César Cruz e Vargas Jr., e no verso, matriz TA-365, “Perdão”, também de César Cruz, mas sem parceiro.
O eterno Rei da Voz Francisco Alves era um cantor eclético, versátil, e interpretava de tudo que fazia sucesso em sua época em matéria de música. E nesta cinematográfica edição do GRB, ele comparece com três gravações bastante apreciadas: do disco Columbia 55248-A, gravado em 7 de novembro de 1940 e lançado em dezembro seguinte, matriz 339, o samba-exaltação de Braguinha, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho, “Onde o céu azul é mais azul”, que Chico também cantou no filme “Céu azul”, da Sonofilms, dirigido pelo lusitano Ruy Costa (que como compositor assinava J. Ruy) e tendo no elenco Jaime Costa, Déa Selva, Heloísa Helena (homônima da famosa política), Oscarito e Grande Otelo. Completando a participação do grande intérprete, duas versões gravadas na Odeon, ambas de Haroldo Barbosa, compositor, produtor e redator de programas de rádio (entre eles o de Francisco Alves aos domingos) e TV, jornalista, etc. Do disco 125o5-A, gravado em 8 de agosto de 1944, matriz 7628, o fox “Para sempre adeus (It can’t be wrong)”, de Max Steiner e Kim Gannon, do filme americano “A estranha passageira (Now voyager)”, produzido pela Warner em 1942 sob a direção de Irving Rapper e estrelado por Bette Davis, Paul Henreid, Gladys Cooper e Claude Rains. A película venceu, inclusive, o Oscar de melhor escore de filme não-musical. Do filme francês “Inquietação (Fièvres)”, Chico Viola interpreta o fox-canção “Maria”, de Luchesi e Feline, gravação de 21 de setembro de 1946, porém só lançada em maio de 47 com o número 12773-A, matriz 8098. No selo original, a versão é erroneamente creditada a Haroldo Lobo, mas o Haroldo que a fez é mesmo o Barbosa!
Nesta edição também comparece o grande Jorge Goulart, recentemente falecido, com um disco de seu período áureo na Continental, o de número 16816, lançado em julho-agosto de 1953, no qual igualmente interpreta versões de filmes famosos internacionalmente. No lado A, matriz C-3164, a célebre canção “Luzes da ribalta (Limelight)”, composta por Charles Chaplin para o filme de mesmo nome (só lançado nos EUA em 1972, uma vez que Chaplin estava exilado na Suíça por pressão do Comitê de Atividades Anti-Americanas) e vertido por João “Braguinha” de Barro e Antônio Almeida. Versão muito gravada, inclusive por sua mulher, Nora Ney. No verso, matriz C-3165, a “Canção do Moulin Rouge”, de uma produção britânica de 1952 dirigida por John Huston e distribuída pela United Artists (portanto nada a ver com o “Moulin Rouge” de Baz Luhrman). É um a valsa de Georges Aurick e William Engoick, com letra brasileira de Carlos Alberto.
Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987), hoje esquecida mas que tinha uma bela voz de veludo, comparece aqui com uma faixa do disco Odeon 13562-A, matriz 9920,gravado em 16 de outubro de 1953 e lançado em dezembro seguinte. É o clássico “Lili (Hi´lili, hi´lo)”, de Bronislau Kaper e Helen Deutsch, com letra brasileira do sempre eficiente Haroldo Barbosa. É do clássico musical americano “Lili”, da MGM, protagonizado por uma das mais famosas atrizes do estúdio do leão, a francesa Leslie Caron. Foi regravada até mesmo em versão “disco music”, por Nalva Aguiar, em 1977!
Sílvio Caldas, o eterno “caboclinho querido”, bate ponto com duas músicas do filme “Maria Bonita”, da Sonoarte Filmes, dirigido por Julian Mandel e baseado no romance homônimo de Afrânio Peixoto, por ele gravadas na Odeon em primeiro de junho de 1937, com acompanhamento da Orquestra Copacabana do palestino Simon Bountman, e lançadas em julho seguinte com o número 11487. No lado A, matriz 5587, o conhecido tema folclórico “Meu limão, meu limoeiro”, adaptado para “samba sertanejo” por José Carlos Burle, também cineasta, e com a participação vocal de Gidinho. No final dos anos 1960, este seria um dos carros-chefes de Wilson Simonal, que só aproveitou o estribilho, mas mesmo assim muita gente cantou isso junto com ele. No verso, matriz 5588, também de José Carlos Burle em parceria com o escritor J. G. De Araújo Jorge (tão discutido quanto lido), esta joia de canção, “Confessando que te adoro”.
Para encerrar, músicas do filme “O cangaceiro”, produção da Vera Cruz dirigida por Lima Barreto e vencedora da Palma de Prata no Festival de Cannes, na França, como melhor filme de aventuras (naquele tempo ainda não tinha a Palma de Ouro e sim o Grande Prêmio da Crítica, vencido na ocasião por “O salário do medo”, de Henri Georges-Clouzot). Vanja Orico, que também esteve no elenco do filme, interpreta a lírica toada “Sodade, meu bem sodade”, feita por Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento, Cajazeiras, PB-1908-idem, 1979) ainda na adolescência. No acompanhamento, o violonista Aymoré e orquestra dirigida por Gabriel Migliori, também responsável pela direção musical do filme, em gravação RCA Victor de 29 de janeiro de 1953, lançada em abril seguinte com o número 80-1101-B, matriz SB-093597. O Trio Marabá, cujos integrantes eram provavelmente mexicanos (afinal chamavam-se Pancho, Panchito e Cármen Durán) vem com sua versão de “Muié rendera”, o tema principal de “O cangaceiro”, lançada pela Copacabana em março-abril de 1953 com o número 5044-A, matriz M-332. No acompanhamento, a curiosa presença do conjunto de Alberto Borges de Barros, o Betinho, filho de Josué de Barros, descobridor de Cármen Miranda, e intérprete do conhecido fox “Neurastênico” (seu e de Nazareno de Brito) e do rock “Enrolando o rock”(dele e de Heitor Carillo), entre outras. Apesar do sucesso, Betinho deixou a carreira para cumprir missão evangelizadora. O próprio Zé do Norte vem com o lado A de “Sodade, meu bem sodade”, com Vanja Orico, matriz SB-093598, interpretando o coco “Meu pinhão”, ou “Meu pião”, de sua autoria, também cantado por ele próprio em “O cangaceiro”. Apesar do êxito internacional do filme, a maior parte dos lucros ficou com a distribuidora, a multinacional americana Columbia Pictures (mais tarde vendida à Coca-Cola e repassada à nipônica Sony), e a Vera Cruz, que tencionava ser uma Hollywood tupiniquim em São Bernardo do Campo (SP), acabou fechando suas portas em 1954, retomando suas atividades em ocasiões esporádicas. Enfim, esta cinematográfica edição do GRB vai enriquecer as coleções de muitos amigos cultos e ocultos com um pouco do melhor que a música produziu para a chamada sétima arte. É ouvir e colecionar!
Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Especial De Natal (2011)
É Natal, e a quarta edição do Grand Record Brazil, como não poderia deixar de ser, entra nesse clima de festa e fraternidade, apresentando mais uma seleção de raríssimas gravações.
Lamartine Babo – A Música Popular No Rio de Janeiro (1988)
Bom dia carnavalescos cultos e ocultos! Parece mentira, mas até o momento eu ainda não vi e nem saí no carnaval. Não vi pela televisão e nem nas ruas. Aliás, Belo Horizonte em termos de carnaval é um caso sério. Existe até a tradição, mas a turma por aqui não é muito animada. Neste ano, parece, estavam querendo ressuscitar os velhos blocos carnavelescos, mas eu não tenho visto muitas manifestações pela cidade. Acho que o problema por aqui é a chuva. Todo ano chove nessa época, daí o belorizontino prefere viajar e pular o carnaval na chuva de outra cidade. Aqueles que dizem que odeiam carnaval também fogem da cidade, procurando um retiro de paz no feriadão. Bobagem, melhor ficar por aqui mesmo. Eu adoro o carnaval, mas para ir para o agito prefiro sair com antecedência e voltar depois sem pressa. Se tem uma coisa que eu não tolero e pegar uma estrada cheia ou ficar mofando em salas de embarque de aeroporto. Como um bom mineiro, gosto de fazer as coisas sem afobação. Na pior das hipóteses, fico em casa. Faço o meu carnaval por aqui mesmo. Discos e músicas são o que não me faltam. Faço a festa e ainda de sobra mando ver aqui no Toque Musical.
Passar o Carnaval sem Lamartine Babo é o mesmo que assistir na Avenida dos Andradas ao desfile carnavelesco de Belô, uma tremenda frustração. Por isso, para salvar o dia e também a festa, vamos com um álbum do Lalá. Temos aqui este lp lançado pela Moto Discos, que a exemplo de outros selos como o Collectors, Revivendo e Filigranas Musicais, ajudou em muito no resgate e restauração de velhos fonogramas, dos primeiros discos e artistas da música popular brasileira. O álbum “Lamartine Babo – A música popular no Rio de Janeiro”, como diz o próprio texto da contracapa, procura prestar uma homenagem a um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, reunindo algumas de suas famosas criações. As músicas selecionadas aqui são da década de 30, em gravações feitas pelo artista ou outros intérpretes como, Carmen Miranda, Francisco Alves, Aracy de Almeida, Castro Barbosa, Mario Reis, Almirante, Diabos do Céu e outros… Em todas as músicas temos, de alguma forma, a presença de Lalá, mesmo quando na música ele não é o astro principal. Ele intervém para dar a essa um definitivo ‘toque’ lamartinesco. Confiram…
Velhos Sambas, Velhos Bambas (1985)
Olá amigos cultos e ocultos! Vocês não podem imaginar, recuperei o meu carro! Após haver passado quase 70 horas, recebi um telefonema da Polícia Militar avisando que o haviam encontrado. Corri imediatamente para o local. O carro foi abandonado em um bairro afastado de classe média alta, longe de favelas ou oficinas de desmanche, o que nos levou a acreditar que o ladrão o pegou apenas para dar umas voltas. Só sei que nessas voltas, me levou tudo que havia dentro do carro. Levaram o meu Ray Ban original, uma blusa daquelas que a gente adora, meu IPod com a coleção completa da série História da Música Popular Brasileira e uma pasta com alguns cheques e documentos. Fora isso, levaram também os quatro pneus, o estepe e ferramentas. Bacana…, me deixaram o carro todo depenado. Mesmo assim, fiquei mais feliz ao reencontrá-lo do que quando eu o comprei. Passei o dia de ontem e hoje recuperando um pouco os estragos. Pelo menos agora não fico a pé. Vou aproveitar meus dias de férias e dar uma boa recuperada nesse carro, que cada vez me convenço mais ter nascido para ser meu 🙂 Quero mais uma vez agradecer a todos o apoio e o carinho. Tenho certeza que meu carro apareceu graças à soma de todos esses pensamentos positivos. Muito obrigado! Os outros problemas permanecem e até se agravam, mas há momentos em que quando não se é possível remediar, remediado está. Portanto, apenas rezo e observo. Viver é sofrer. A felicidade é um estado imaginário.
Como eu fiquei ontem sem postar o disco do dia e este deveria ser um álbum/artista independente, farei hoje uma postagem especial. Temos aqui um álbum triplo independente, lançado pela FENAB – Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil. A FENAB vinha desde 1979 produzindo discos como este, os quais eram oferecidos aos seus parceiros e associados. O grande barato desses discos é a edição de material inédito e raro, coisa que não se encontra facilmente por aí. No caso de “Velhos sambas, velhos bambas”, encontramos em seus três lps dois momentos distintos. Fonogramas raros e inéditos datados a partir de 1919 e regravações feitas em 1985, reunindo um destacado grupo de artistas e músicos. Como intérpretes temos Violeta Cavalcante, Roberto Paiva, Ademilde Fonseca, Roberto Silva, Zezé Gonzaga e Gilberto Milfont. Para acompanhar essa turma temos o Conjunto Época de Ouro, o Quarteto de Cordas da UFRJ, Altamiro Carrilho, Déo Rian, Orlando Silveira, Zé Bodega, Wilson das Neves e mais uma dezena de outros músicos talentosos, que poderão ser conferidos no encarte que vem anexo. É sem dúvida, um álbum especial e imperdível. Não deixem de conferir…
Nosso Sinhô Do Samba (1988)
Amanheceu… voltei a realidade. Por pouco mais de seis horas estive longe dos problemas e do mal estar. Agora estou aqui tentando planejar o meu dia. Sem carro, muda-se toda a minha rotina. O dia hoje vai ser duro. Vou correr atrás do prejuízo, refazer as contas e prestar contas. Agradeço aos amigos cultos e ocultos a solidariedade. Foi reconfortante ler agora, logo cedo, essas mensagens de apoio. Obrigado! Até ontem, antes do meu carro ser roubado, eu havia selecionado uma meia dúzia de discos interessantes de samba, só coisa boa e rara. Mas com o ocorrido, não tive nem cabeça para levá-los para casa. Daí, nossa semana que seria dedicada ao samba vai ficando adiada. Porém, quando se trata de música popular brasileira, a gente vai estar sempre tropeçando em algum samba e assim, dificilmente, fugiremos por completo do batuque.
Aqui vai uma seleção da boa, das origens do samba. Temos “Nosso Sinhô do Samba”, um disco lançado pela Funart, dentro do Projeto Almirante, em 1988. Este lp reúne 14 fonogramas selecionados com músicas de José Barbosa da Silva, mais conhecido com Sinhô, um dos mais importantes compositores da música popular brasileira de uma época, ao lado de Pixinguinha, Donga e Caninha. As músicas reunidas neste álbum são gravações bem antigas e raras da década de 20, realizadas por dois dos seus maiores intérpretes, Francisco Alves e Mário Reis. Confiram…
Francisco Alves – Os Ídolos do Radio Vol. II (1986)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Deus ajuda quem cedo madruga e hoje eu preciso correr, o trabalho me chama. Mas antes de sair, vou logo para a nossa postagem, pois eu não sei se terei tempo depois. E aí, vocês já ouviram a ‘web rádio’ Armazém da Saudade? Tenho certeza de que por lá também estão rolando os compactos que por aqui fazem tanto sucesso.
Dalva de Oliveira – Homenagem À Francisco Alves (1952)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu ainda na reserva, parecendo um ‘junk’, cheio de furos de agulha nos braços. Falando assim, parece até que eu estive hospitalizado por semanas, mas não foi nada disso. Apenas tive uma indisposição alimentar, daí fui ao pronto-socorro, tomei na agulha Buscopan, Omeprazol e soro. Seriam no máximo três picadas se não fosse a inexperiência do enfermeiro que me atendeu. Para completar a peneira, no dia seguinte tirei sangue e ainda me aplicaram um contraste para uma tomografia no estômago. Vejam só vocês o que passa um ‘condor’ (realmente, com dor).
Francisco Alves – Recordações de Chico Viola (195…)
Ufa! Cheguei a tempo… Conforme prometido, segue mais um raro exemplar de 10 polegadas do Chico Alves. Este também é outro que eu não encontrei data, nem no site do Instituto Memória Musical ou Cravo Albin. Acredito que também seja de 53 a 55. Quando o disco passou de duas faixas para oito, no formato ‘Long Play’ de 10 polegadas, grande parte da discografia de Chico Viola foi imediatamente reeditada.