As Novelas De 70 – Temas Instrumentais (2011)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Cheguei em casa, hoje mais cedo, pensando o que eu iria apresentar aqui no Toque Musical. Ao ligar o computador, fui dar uma espiada no show do Sepultura, lá no Rock In Rio Lisboa. Acabei assistindo toda a apresentação e de bandeja ainda vi boa parte do Metallica. Só parei por que lembrei de fazer a postagem. Na ‘voação’, acabei também por confundir os dias. Não sei porque, mas achei que hoje era dia de coletâneas. Esqueci que estamos na sexta, dia de artista/disco independente. Como já montei todo o esquema e espírito para uma coletânea, vamos a ela! Estou invertendo as bolas, amanhã vamos de independente, ok?
Como disse, eu estava pensando que fosse hoje um dia de coletânea e daí, muito por sorte encontrei, bem escondidinha essa coletânea que eu já tinha, por mim, com já postada. Mas verifiquei que não. O pior foi que eu me esqueci quem me enviou. Sei que foi algum amigo, na época em que eu andei convidando outros blogueiros para participarem das postagens. Porém, agora deu um branco. Me desculpe, meu prezado, pela demora e esquecimento. Independente de qualquer coisa, fica aqui o meu agradecimento. Sua seleção de temas instrumentais de novelas dos anos 70 foi (agora, mais que nunca) providencial. Salvou o dia e com certeza vai salvar o bom gosto de muita gente por aqui. Vamos conferir, né não?

1. Pigmalião 70 – Umas & Outras
(Marcos Valle/Paulo Sergio Valle/Novelli)  
2. Tema de Cristina – Erlon Chaves Orquestra
(José Briamonte)
3. Tema de Kiko – The Youngsters
(Roberto Carlos/Erasmo Carlos)  
4. Pêndulo – Egberto Gismonti
(Egberto Gismonti)  
5. Tema de Cristina – Briamonte Orquestra
(José Briamonte) 
6. Tema de Nando e Candinha – Erlon Chaves Orquestra
(Luli/Luiz Carlos Sá/Sônia Praseres)  
7. A Feira – Wilson das Neves
(Nonato Buzar/Mônica Silveira)  
8. Ao Redor (Tema de Amor) – Globetes
(Antônio Adolfo/Tibério Gaspar)  
9. Os Povos – Erlon Chaves Orquestra
(Milton Nascimento/Marcio H. Borges) 
10. Pigmalião 70 – Erlon Chaves Orquestra
(Marcos Valle/Paulo Sergio Valle/Novelli) 
11. Verão Vermelho – Elis Regina
(Nonato Buzar)  
12. Jornada – Wilson das Neves
(Roberto Menescal)  
13. Onde Você Mora? – Luiz Eça
(Paulinho Tapajós/Edmundo Souto)  
14. Baião do Sol – Geralda
(Nelson Ângelo)   
15. The Time of Noon – Erlon Chaves
(A. Kerr) 
16. Ela – Regininha
(Antonio Adolfo/Tibério Gaspar) 
17. Vitória, Vitória – Erlon Chaves
(Nonato Buzar)  
18. Assim É A Bahia – Roberto Menescal
(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)  
19. Verão Vermelho – Luiz Eça
(Nonato Buzar) 
20. Jeronimo – Luiz Carlos Sá
(Luiz Carlos Sá)  
21. Porto Seguro – Banda Cores Mágicas
(Dory Caimmi)
22. Irmãos Coragem – Banda Cores Mágicas
(Nonato Buzar/Paulinho Tapajós)  
23. Branca – Luiz Eça
(Danilo Caymmi/João C. Pádua)  
24. Bachiana nº5 – Joyce
(Heitor Villa-Lobos) 
25. Mon Ami – José Roberto
(José Roberto/Paulinho Tapajós) 
26. Tema de Suzi – Umas & Outras
(Roberto Menescal/Paulinho Tapajós)
27. Tema de Zorra – Orquestra CBD
(Waltel Branco) 
28. Assim na Terra Como no Céu – Roberto Menescal
(Roberto Menescal/Nonato Buzar/P.Tapajós)
29. Zip – Briamonte Orquestra
(José Briamonte)
30. Sol Nascente – Roberto Menescal
(Nonato Buzar/William Prado)

Antenógenes Silva, Edú Da Gaita, José Menezes, Waldir Azevedo E Dilermando Reis – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 22 (2012)

Easy listening tupiniquim da melhor qualidade. É o que nos oferece esta vigésima-segunda edição do Grand Record Brazil, apresentando instrumentistas brasileiros que deixaram sua marca em nossa música popular.Começamos com um autêntico mago do acordeão: Antenógenes Silva (1906-2001), mineiro de Uberaba. Ele também exerceu profissões paralelas: comerciante de queijos e químico industrial, tendo sido fundador, no Rio de Janeiro, do Laboratório Creme Marcília, que existe até hoje. Os discos de Antenógenes, quando cantados (gravou com muitos intérpretes, tais como Gilberto Alves, Alcides Gerardi e Jamelão), traziam seu nome em destaque, aparecendo embaixo do de quem cantava, tamanho era seu prestígio popular. Da extensa discografia de Antenógenes, foi escalado para esta edição o disco Odeon 11739, gravado em 19 de junho de 1939 e lançado em julho seguinte, com duas valsas adaptadas por ele próprio. Abrindo o disco, a matriz 6113 apresenta a tradicional “Saudades de Ouro Preto”, gravada e regravada por inúmeros intérpretes, entre eles outro sanfoneiro, o grande Luiz Gonzaga (de quem Antenógenes, aliás, afinava ocasionalmente a sanfona, conforme revelou em entrevista a um programa de rádio). No verso, matriz 6114, vem “Saudades de Uberaba”, de autoria de Oscar Louzada, cuja primeira gravação foi feita ainda na fase mecânica pelo Grupo Vienense, em 1917. O acompanhamento em ambas as faixas é do violonista Rogério Guimarães.Em seguida, aquele que sem dúvida foi o maior virtuose da gaita que o Brasil já teve: Eduardo Nadruz, aliás, Edu da Gaita (Jaguarão, RS, 1916-Rio de Janeiro, 1982). Ele aqui aparece com “Capricho nortista”, uma seleção de baiões compostos por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, numa época em que o baião estava no auge do sucesso. Saiu pela Continental em maio-junho de 1950, ocupando os dois lados do 78 rpm 16192, matrizes 2259 e 2260. O arranjo e a regência do acompanhamento de cordas são de Alexandre Gnattali, irmão de Radamés.Trazemos depois o multi-instrumentista José Menezes de França, cearense de Jardim, nascido em 6 de setembro de 1921. O disco aqui apresentado é o Sinter 00.00-053, lançado em meados de 1951, em que Menezes executa seu cavaquinho à frente de seu conjunto e com a participação ao clarinete de outro grande instrumentista brasileiro, Abel Ferreira. Abrindo o disco, matriz S-107, o choro “Encabulado”, do próprio Menezes em parceria com Luiz Bittencourt, então diretor artístico da Sinter. No verso, matriz S-108, o clássico “De papo pro á”, de Joubert de Carvalho, em ritmo de baião, e lançado em 1931 por Gastão Formenti, com letra de Olegário Mariano. José Menezes, nos anos 1960, criou a orquestra dos Velhinhos Transviados, que tocava músicas atuais com arranjos antigos e vice-e-versa, lançando mais de 15 LPs.O nome seguinte é uma autêntica referência quando se fala em solistas de cavaquinho: Waldir Azevedo (Rio de Janeiro, 1923-São Paulo, 1980). Autor e intérprete de choros que marcaram época (como “Brasileirinho”, “Carioquinha”, “Pedacinhos do céu”, “Vê se gostas” e “Amigos do samba”, além do baião “Delicado”, hit internacional), Waldir aqui comparece com o disco Continental 16428, gravado em 27 de junho de 1951 e lançado entre julho e setembro do mesmo ano. No lado A, matriz 2635, Waldir sola o tango “Jalousie”, clássico de autoria do dinamarquês Jacob Gadé, composto em 1925 e sucesso instantâneo em todo o mundo. No verso, matriz 2637, o choro “Camundongo”, do próprio Waldir em parceria com o pandeirista Risadinha, então músico do conjunto do notável cavaquinista.E, para encerrar com chave de ouro, um violonista que também é referência obrigatória: Dilermando Reis (Guaratinguetá, SP, 1916-Rio de Janeiro, 1977). Ele manteve durante anos na lendária Rádio Nacional carioca o programa “Sua majestade, o violão”, além de ter dado aulas de seu instrumento a Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando este era presidente do Brasil. Dilermando, um autêntico mago do violão, comparece aqui com duas gravações Continental: do disco 17522-A, lançado em janeiro-fevereiro de 1958, matriz C-4075, ele sola sua valsa “Se ela perguntar”, que fora sucesso em 1952 na voz de Carlos Galhardo, com letra de Jair Amorim. E do 78 de número 17604-A, lançado em novembro-dezembro do mesmo ano, matriz 12154, ele apresenta a canção (na verdade, um estudo em mi) “Romance de amor”, de autoria controvertida. Nesse disco, aparece como autor o nome de outro violonista e guitarrista, Vicente Gómez (Madri, Espanha, 1911-Los Angeles, EUA, 2001). Outras fontes atribuem a paternidade de “Romance de amor” a um misterioso Antonio Rovira, de biografia desconhecida, provavelmente um pseudônimo (fala-se até que ele nunca existiu). Ambas as faixas também saíram no LP “Sua majestade, o violão”, o segundo de Dilermando e o primeiro no formato-padrão de doze polegadas. Enfim, uma primorosa edição do GRB, para aqueles que sabem o que é bom e apreciam a arte de nossos maiores músicos. Não deixe de ouvir e guardar! 



*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Céu – Extras E Com… (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão. Hoje o sábado foi pesado, com tantas caixas de elepês que eu carreguei para a Feira do Vinil, que tem acontecido sempre no segundo sábado de cada mês, numa galeria que fique ali na Savassi, rua Pernambuco com Inconfidentes. Quem é de Belô, certamente deve conhecer. O dia foi pesado sim, mas só pelas pilhas de discos, de resto foi ótimo ficar ali o dia inteiro ouvido músicas variadas, folheado os álbuns e falando sobre a Música e seus artistas. Bom demais essa convivência. Para melhorar, ainda me encontrei com pessoas super simpáticas, entre essas, uma de nossas amigas cultas, Madame Mignez, que generosamente me presenteou com um disco de Dilermando Reis (muito obrigado, mais uma vez). Em resumo, a feira foi ótima! Tudo azul!
Este azul então me remeteu ao azul do céu e o céu à Céu, entendeu? Não? Eu explico… Estou falado dessa lindeza que é a cantora Céu. Acredito que todos devam conhecer, quem não conhece, faça-me o favor! Temos aqui uma seleção enviada pelo amigo André Stangl, reunido 22 músicas, que essa jovem cantora nos apresenta ao lado de outros artistas e bandas da nova geração da música ‘pop’ brasileira.
Eu estava quase disposto a escrever mais sobre essa coletânea bem variada, mas percebo que já vamos entrar no domigo e antes que o sábado acabe de vez, vamos dar a ele a sua postagem. Segue aqui mais uma produção exclusiva do Toque Musical. Amanhã tem mais 🙂

nação postal – céu e beto villares
salve – céu e dozna zica
tempo de carne e osso – céu e mombojó
inferno – céu e nação zumbi
caimbo – céu e sonantes
miopia – céu e sonantes
defenestrando – céu e sonantes
quilombo te espera – céu e sonantes
braz – céu e sonante
frevo de saudade – céu e sonantes
visgo de jaca – céu
skate phaser – céu e guizado
tempo de amor – céu e herbie hancock
neverland – céu e anelis assumpção
doce demora – céu e gui amabis
fim de tarde – céu e gui amabis
swell – céu e gui amabis
it’s a long way – céu  (in red hot rio II)
música – céu e lucas santana

Abel Ferreira E Ademilde Fonseca – Projeto Pixinguinha Vol. 2 (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Enquanto as prováveis novas mudanças no Blogger não acontecem, eu continuo seguindo no mesmo ritmo. Vamos mantendo as postagens diárias e se possível, sempre com coisas e músicas para se ouvir com outros olhos. Afinal, capengando ou não, aqui ainda é o Toque Musical. Aliás, é bom dizer, a cada novo golpe eu fico mais criativo 🙂 De burro eu só tenho mesmo a teimosia.
Hoje, embora seja um dia onde me dedico às coletâneas, por falta de tempo e de lembrança, acabei optando por mais um número do Projeto Pixinguinha. Vamos para o volume 2, com Ademilde Fonseca e Abel Ferreira, em show realizado em 1977, na primeira edição do evento. Como já havia informado, não entrarei no mérito da questão. Estas postagens servirão sempre como um chamarisco, uma porta a mais de entrada para o site Brasil Memória das Artes. Tenho certeza que todos que entrarem aqui, irão de imediato buscar no site da Funarte as informações. Essa é a minha contrapartida, dar mais  visibilidade à esse site maravilhoso. Não deixem de visitar!

rapaziada do brás
corta jaca
cochilando
chorando baixinho
odeon
andré de sapato novo
acariciando
títulos de nobreza
o que vier eu traço
dinorah
pedacinhos do céu
choro chorão
coração trapaceiro
ingênuo
chorinho do suvaco de cobra
saxofone, porque choras?
luar de coromandel
apresentação dos músicos
chora moçada
lamentos
doce melodia
paraquedista
tece teco
tico tico no fubá – apanhei-te cavaquinho
brasileirinho – urubu malandro

A Era Getúlio Vargas – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol.19 (2012)

Nenhum outro presidente da República no Brasil ficou tanto tempo no poder quanto o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, RS-1882-Rio de Janeiro, 1954). Ele chegou à presidência em 1930, após a deposição de Washington Luís, de quem ironicamente havia sido ministro da Fazenda, e consequente fim da “política café com  leite”, em que São Paulo e Minas Gerais se.alternavam no comando da Nação. Daí em diante, ficou quinze anos ininterruptos, até ser deposto em 1945. Em 1951, Getúlio voltou ao poder, desta vez pelo voto direto, mas em virtude de forte oposição a seu governo (no qual inclusive foi criada a Petrobrás), acabou se suicidando no dia 24 de agosto de 1954, provocando comoção geral em todo o país. Somando-se esses dois períodos, Getúlio ficou no poder durante dezoito anos e sete meses, um recorde absoluto.
O Grand Record Brazil começa hoje a nos transportar para esse que foi um dos mais importantes períodos da História brasileira: a era getulista. Tudo começa com a derrota de Getúlio Vargas para Júlio Prestes, na eleição de 1930. A 26 de julho daquele ano, João Pessoa, candidato a vice na chapa derrotada, foi assassinado a tiros na Confeitaria A Glória, do Recife, por seu desafeto João Dantas, por motivos estritamente pessoais. Apesar disso, a oposição transformou o fato em instrumento político, jogando o povo contra o governo. Daí nasce a Aliança Liberal, formada pelos estados do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerias, que depõe Washington Luíz e põe Getúlio no poder, a famosa Revolução de 30.
O disco que abre nossa seleção musical desta semana é o Columbia 5117, lançado em dezembro de 1929, com duas marchinhas de Hekel Tavares e Luiz Peixoto (parceiros na clássica canção “Casa de caboclo”) para o carnaval de 30, interpretadas pelo paulistano Jayme Redondo (1890-1952), com acompanhamento de grupo regional, e que refletem muito bem os momentos acirrados da sucessão de Washington Luís.  No lado A, a matriz 380430 apresenta “Harmonia! Harmonia!”, e o verso, matriz 380431, “Comendo bola”. Nessas duas músicas, há todo um rico documentário político de fatos e personagens: Barbado (Washington Luís), Antônio Carlos (então governador mineiro), as cartas turcas, 17 Estados a favor de Prestes e só três contra, etc. “Comendo bola” é nitidamente a favor de Júlio Prestes: “Getúlio, você tá comendo bola/ Não te mete com seu Júlio/ Não te mete com seu Júlio/ que seu Júlio tem escola”.
Evidentemente, por questão de bom senso, mostramos aqui também o outro lado, ou seja, o dos getulistas. Vitoriosa a Revolução de 30, com Getúlio já no poder, Lamartine Babo lança, para o carnaval de 1931, a marchinha “G-E-Gê (Seu Getúlio)”, fazendo velada propaganda do novo chefe da nação, com a exaltação da nova ordem para o povo brasileiro, a mudança custe o que custar. Possivelmente teria sido executada como “jingle” político na construção do apoio ao golpe contra Prestes. Almirante e o Bando de Tangarás ficaram incumbidos de lançá-la, pela Parlophon, em janeiro de 1931, no disco 13274-B, matriz 131057, com acompanhamento da Orquestra Guanabara.
Seis anos mais tarde, durante o chamado “governo provisório” getulista, fala-se na possibilidade de eleições para a escolha do sucessor de Getúlio na presidência, com dois fortes candidatos: o então governador de São Paulo Armando Salles de Oliveira (o seu Manduca), este com a candidatura já lançada, e o ministro Osvaldo Aranha (o seu Vavá), que na verdade nem sequer chegou a se candidatar. A 28 de novembro de 1936, Sílvio Caldas grava na Odeon, para o carnaval de 37, com lançamento em janeiro (11450-A, matriz 5468), a marchinha “A menina presidência”, de Nássara e Cristóvão de Alencar, vencedora de um concurso chamado “Quem será o homem?”, antecipando o desfecho nos versos finais do estribilho: “Na hora H quem vai ficar é seu Gegê”. E, de fato, as eleições não aconteceram, pois a 10 de novembro de 1937, Getúlio implanta no país o Estado Novo, com maior centralização do poder, ficando na presidência até sua deposição, em 1945.
Do Estado Novo já é a faixa seguinte, a marchinha “Glórias do Brasil”, de Zé Pretinho e Antônio Gilberto dos Santos. Foi gravada na Odeon em 16 de agosto de 1938, com lançamento em outubro seguinte com o número 11646-A, matriz 5902, na interpretação de Nuno Roland (Reinold Correia de Oliveira, 1913-1975), catarinense de Joinville, então em princípio de carreira. É uma verdadeira exaltação de cunho patriótico ao então chefe da Nação.
Mais tarde, seguindo o exemplo do governo fascista italiano, Getúlio decreta o aumento do imposto de renda dos solteiros, e incentiva com benefícios as famílias numerosas. Isso inspira o  poeta de Miraí, Ataulfo Alves, a compor com Felisberto Martins o samba “É negócio casar!”, que ele próprio grava na Odeon em 12 de junho de 1941, com acompanhamento da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro), sendo o disco lançado em outubro seguinte com o número 12047-A, matriz 6686. Uma autêntica e interessante crônica.
Um ano mais tarde, foi lançado um sem número de canções patrióticas, refletindo a tensão provocada pela Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939  e que já preocupava e afetava o Brasil, visando levantar o orgulho e a consciência nacionais. Dessa época é o samba “Brasil brasileiro”, gravado por Carlos Galhardo na Victor com acompanhamento da orquestra do maestro Passos, em 9 de junho de 1942, com lançamento em agosto seguinte, disco 34951-A, matriz S-052546. Pouco tempo antes, em maio de 42, a Columbia lançou, na voz de Déo (Ferjallah Rizkallah, “o ditador de sucessos”), acompanhado por Chiquinho e seu ritmo, o samba “O sorriso do presidente”, de Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro, disco 55336-A, matriz 525. Nesse mesmo ano, por força do torpedeamento de navios mercantes brasileiros, o Brasil declarava guerra aos países do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, assim entrando no conflito.
Finalizando esta primeira parte, temos o grande Moreira da Silva, o eterno Kid Morenguera, inimitável rei do samba de breque, interpretando, de Henrique Gonçalez, “Diplomata”, gravado na Odeon em primeiro de outubro de 1942, com a declaração brasileira de guerra já consumada,  e lançamento em janeiro de 43 sob número 12252-A, matriz 7075. Devidamente acompanhado pelo regional do multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955, autor de “Duas contas”, “São Paulo quatrocentão” e “Gente humilde”), Moreira exalta a figura de Getúlio, um “homem de fibra”, e conclama o povo brasileiro à luta.

Enfim, são autênticas crônicas musicais desse período importante de nossa História. E fiquem ligados, pois semana que vem tem mais. Até lá!


TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Erasmo Carlos, As Frenéticas E Sérgio Sampaio – Projeto Pixinguinha (1981)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Há pouco mais de uma semana atrás, eu postei aqui uma coletânea com alguns variados momentos de shows do Projeto Pixinguinha. Foi uma maneira de levar a muitos de vocês a dica do maravilhoso site da Funarte, que a cada dia vem nos apresentando um imenso tesouro de informação e cultura. Infelizmente ainda pouco explorado. Entre tantas opções que lá nos reserva temos o projeto “Brasil – Memória das Artes”, uma iniciativa que procura promover a comunicação da Funarte com seu público, tornando acessível a todos o seu acervo da memória cultural brasileira digitalizado. Entre esse, temos o Projeto Pixinguinha, uma série memorável de espetáculos musicais que se iniciou em 1977. Nas páginas do Projeto Pixinguinha a gente pode ouvir, na íntegra, os registros sonoros dos diversos shows que aconteceram pelo Brasil a fora. É realmente uma maravilha que a gente precisa mesmo compartilhar. Nas páginas do site só se é possível ouvir as gravações, mas copiar esses registros para o computador é coisa fácil e com certeza, muita gente já tem feito. Sem dúvida, fica muito mais prático ter acesso às gravações já tendo elas em nosso computador. Acredito que quem tem uma conexão fraca, mesmo de banda larga, acaba não conseguindo acessar aos shows sem picos de paralisação e isso é mesmo um saco! Foi também pensando nisso que eu decidi ir gradualmente postando esses shows. Vou editando todo o material, quando necessário até um remix, mas principalmente separando música por música, resultando assim num álbum virtual, com direito a capa e contracapa.

Neste que eu chamo de primeiro volume, temos o show de Erasmo Carlos, As Frenéticas e o saudoso Sérgio Sampaio. Essas edições e postagens funcionarão como iscas, um atrativo inicial que irá direcioná-los ao conteúdo informativo original. Em outras palavras, eu anuncio aqui, vocês escutam no GTM e completam as informações no site da Funarte. Quem ainda não conhece o “Brasil Memória das Artes“, não sabe o que está perdendo. Vamos prestigiar!
cala boca zebedu – sergio sampaio
meu pobre blues – sergio sampaio
eu quero é botar meu bloco na rua -sergio sampaio
odara – as frenéticas e sergio sampaio
a felicidade bate a porta – as frenéticas e sergio sampaio
joujoux e balangandãs – as frenéticas
linda morena – as frenéticas
dancing days – as frenéticas
perigosa – as frenéticas
o preto que satisfaz – as frenéticas
marcha da tietagem – as frenéticas
vem quente / festa de arromba – as frenéticas
o caderninho – erasmo carlos
o teu cabelo não nega – as frenéticas
a beira do caminho – erasmo carlos
panorama ecológico – erasmo carlos
sou uma criança não entendo nada – erasmo carlos
se você pensa – erasmo carlos e as frenéticas
filho único – erasmo carlos
é proibido fumar – erasmo carlos
negro gato – erasmo carlos

Projeto Pixinguinha – Coletânea Especial Do Toque Musical (2012)


Boa noite, amigos cultos, cultos e associados! Chegamos à mais um sábado de coletâneas. Aleluia! Para o dia de hoje eu estou trazendo um seleção de alguns registros ao vivo, do memorável “Projeto Pixinguinha”, ainda em suas primeiras edições. Este famoso projeto musical foi, de uma certa forma, idealizado (ou viabilizado) por Hermínio Bello de Carvalho, então vice presidente da Sombras (Sociedade Musical Brasileira). Inspirado na série “Seis e Meia”, de shows, com ingressos a preços populares, que acontecia no Teatro João Caetano (RJ), em 1976. O Projeto nasceu em 1977, reunindo diversos artistas da MPB. Eram colocados num mesmo espetáculo dois ou três nomes, iniciantes e veteranos. Uma ‘dobradinha’ musical de sucesso que fez história e mereceu novas edições. Bom, mas essa história quem conta em detalhes é o site da Funarte, o “Brasil Memóra das Artes”, que busca digitalizar um acervo de imagens, áudios e vídeos preciosíssimo e que para a nossa felicidade está totalmente disponível. Uma iniciativa super bacana que merece ser explorada. Dentro desta ‘exploração’, eu tomei o trabalho de extrair todos os áudios, as gravações do Projeto Pixinguinha. Que coisa fascinante, passei o dia de hoje só por conta disso. Minha ideia inicial não era a de copiar esses arquivos, mas vendo a dificuldade de muitos em acessar os arquivos através de uma conexão ‘meia boca banda larga’, achei que seria uma boa copilar tudo, criando assim alguns ‘disquinhos virtuais’, típicos aqui do Toque Musical. Agora todos podem ter realmente acesso às gravações, sem necessariamente depender de uma conexão contínua, que muitas vezes sofre interrupções (é um saco isso). Por outro lado, espero estar também ajudando a divulgar esse maravilhoso site de cultura. Pretendo ir, ao longo do tempo, apresentando aqui as diversas gravações, em edições como esta. Teremos, em produções exclusivas, as gravações dos shows, editadas e remixadas, com capinhas atraentes (como se precisasse) que irão certamente agradar a todos no GTM.

Neste primeiro momento, eu fiz um apanhado de arquivos avulsos, extraídos de diferentes shows e artistas, apenas para ‘molhar o bico’ 😉 Espero que vocês gostem…
poema da rosa – jards macalé
na subida do morro – moreira da silva
pérola negra – luiz melodia
rita baiana – zezé motta
tão fácil – marina lima
pedaço de canção – moraes moreira
tamba tajá – maria lúcia godoy e miguel proença
valsa da dor – miguel proença
trenzinho caipira – viva voz
sabiá – maria lúcia godoy, miguel proença e viva voz
carinhoso – maria lúcia godoy
denge / oxum – zezé motta e johnny alf

Ademilde Fonseca – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 16 (2012)

No dia 27 de março de 2012, o Brasil perdeu uma de suas cantoras mais expressivas, e um autêntico ícone da chamada era do rádio: Ademilde Fonseca Delfim. E o Grand Record Brazil presta merecida e expressiva homenagem a esta que foi conhecida como “rainha do chorinho”, reunindo 40 preciosas gravações em 78 rpm, selecionadas entre as mais de 80 deixadas pela cantora nesse formato. Ademilde nasceu em Macaíba, RN, em 4 de março de 1921. Aos quatro anos de idade mudou-se com a família para a capital potiguar, Natal, ali vivendo até 1941. Gostava de cantar desde criança, e ainda na adolescência começou a se interessar por serestas, travando conhecimento com músicos lá de Natal. Foi com um desses seresteiros, Naldimar Gedeão Delfim, que Ademilde contraiu núpcias, indo morar com ele no Rio de Janeiro. Em 1942, após um teste na Rádio Clube do Brasil, apresentou-se no programa de calouros “Papel carbono”, de Renato Murce. Nesse mesmo ano cantou em uma festa, acompanhada pelo regional do flautista Benedito Lacerda, o choro clássico “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu, com letra do dentista Eurico Barreiros, que a havia feito especialmente para sua filhinha Ely cantar, onze anos antes, sendo tal letra conhecida por Ademilde desde menina. Benedito gostou tanto de sua interpretação que a levou à gravadora Columbia (futura Continental), cujo diretor artístico era o grande João “Braguinha” de Barro, para registrar seu primeiro disco. Isso se deu em 10 de agosto de 1942, e foi a primeira vez que o “Tico-tico” foi gravado com letra, e sete anos depois da morte de Zequinha de Abreu. Lançado em setembro seguinte com o número 55638, o disco trouxe no verso o samba “Volte pro morro”, do próprio Benedito Lacerda com Darcy de Oliveira. Nele também comparece como sanfoneiro o grande Luiz Gonzaga, certamente não creditado no selo por ser contratado da RCA Victor. E os chorinhos cantados por Ademilde foram se sucedendo, sempre com sucesso: “Apanhei-te, cavaquinho”, “Urubu malandro”, “Brasileirinho”, “Teco-teco”, “O que vier eu traço” “Pedacinhos do céu”, “Pinicadinho”, etc., dando à cantora o título incontestável de “rainha do chorinho”. Em 1944, levada pelo cantor Déo, Ademilde foi para a Rádio Tupi (“o cacique do ar”), apresentando-se com os regionais de Claudionor Cruz e Rogério Guimarães. Em 1952, ela seguiu para a França, junto com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo para participar de um espetáculo produzido em Paris pelo jornalista e empresário de comunicação Assis Chateaubriand, dono dos Diários e Emissoras Associados. Em 1954, transferiu-se para a então poderosa Rádio Nacional, onde se apresentou com os regionais de Canhoto (Waldomiro Frederico Tramontano), Jacob do Bandolim e Pixinguinha, e também das orquestras de dois “cracões” da emissora da Praça Mauá, Radamés Gnatalli e Chiquinho. Em 1964, a cantora fez uma excursão pela Península Ibérica (Portugal e Espanha), ao lado de nada mais nada menos que Jamelão, sendo que em Lisboa Ademilde ficou cerca de seis meses em cartaz. Após quinze anos de afastamento, em 1975, Ademilde voltou ao disco, lançando um bem cuidado LP na marca Top Tape, apresentado-se, durante essa década, em shows no Teatro Opinião, do Rio. Participou do CD coletivo ‘Café Brasil”(2001) e do espetáculo “As eternas cantoras do rádio”, ao lado de Violeta Cavalcanti, Carmélia Alves e Ellen de Lima. Nos últimos anos de vida, Ademilde vinha fazendo shows juntamente com a filha, Eymar Fonseca, mostrando que ainda estava em plena forma. Dias antes de falecer, aos 91 anos de idade, a cantora havia gravado uma entrevista para o programa “Sarau”, da emissora de TV paga Globo News. Nesta décima-sexta edição do GRB, inúmeros momentos expressivos da carreira de Ademilde Fonseca. “Tico-tico no fubá”, claro, está nesta seleção, e é a primeira faixa. Ao lado de outros chorinhos famosos, como “Apanhei-te, cavaquinho”, “Doce melodia”, “Galo garnizé”, Dinorah”, tem também samba de carnaval (“Sentenciado”), baião (“Meu Cariri”, co-autoria de Dilú Mello, também responsável pelo hit “Fiz a cama na varanda”, sendo que na época do lançamento desse baião, 1953, havia uma gravíssima seca no Nordeste), toada (a bem-feitinha “Se amar é bom”, melodia de José Maria de Abreu e letra de Antônio Domingues, o lado B do disco de “Meu Cariri”), música de festa junina (“Fogueira”, também de Abreu com Jair Amorim), e até mesmo a curiosa “Baião em Cuba”, mostrando a nítida semelhança do baião com os ritmos afro-caribenhos então em moda, tipo rumba, mambo, etc. O clássico baião “Delicado” também marca ponto, e dada a tessitura rítmica, só Ademilde poderia gravá-lo, posto ser um “baião -choro”, com a vertiginosa rapidez que lhe era peculiar. Enfim, uma riquíssima e expressiva retrospectiva da carreira desta insubstituível cantora que é Ademilde Fonseca.

Pra terminar, eu gostaria de fazer uma solicitação que nada tem a ver com esta resenha, mas que o próprio Augusto me sugeriu. Estou à procura da música “Maria da Piedade”, de Evaldo Ruy, que foi a primeira gravação do cantor Mauricy Moura (Santos, SP, 1926-São Paulo, 1977). Ela saiu pela Sinter em maio de 1952, no 78 de número 142-A (com um monte de zero antes!). Teve inclusive um blogueiro chamado Marcos Massolini, também jornalista e poeta, que administra o blog Almanaque do Malu (é o apelido dele) que comprou em um sebo da Av. Duque de Caxias, centro de São Paulo, um LP de 10 polegadas chamado “Meia-noite”, também da Sinter, claro, que reproduz a gravação do Mauricy pra “Maria da Piedade”, mostrou a capa do disco no blog, tudo, mas não o disponibilizou para download. Cheguei a escrever ao tal Malu pedindo uma cópia em mp3 do “Maria da Piedade”, ele até me respondeu dizendo que ia mandar, mas já se passaram três semanas… e nada! Talvez seja precipitação minha, mas duvido de que ele cumpra sua promessa. Por essa razão, solicito aos amigos cultos e ocultos do TM, que acompanham estas minhas resenhas do GRB, que se alguém tiver o “Maria da Piedade” com Mauricy Moura, enviem uma cópia em mp3 pro email do TM, que aí o Augusto me repassa. Combinado? Por ora, curtamos a inesquecível Ademilde…


* texto de Samuel Machado Filho



Aécio Flávio – Coletânea Toque Musical (2012)

Muito bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Como sempre, em reformulações, estou pensando aqui em deixar o sábado não apenas para as coletâneas, mas também para os compactos. Nem sempre eu estou bem disposto para ficar criando seleções e muito menos postar coletâneas prontas. Por outro lado, tem os disquinhos de sete polegadas que são mais fáceis de postar e fazem um baita sucesso por aqui. Acho que vou adotar esse esquema já na próxima semana. Hoje vai mais uma seleção exclusiva, uma coletânea de músicas do compositor e arranjador mineiro Aécio Flávio. Já postei dele alguns trabalhos, os primeiros de sua carreira, ainda na época da Bemol. Aécio é um músico consagrado, um arranjador dos mais requisitados nas décadas de 70 e 80, isso sem falar nos primórdios, nos tempos dos bailes, da Bemol e Paladium. Foi ele quem, de uma certa forma, iniciou Toninho Horta. Aproximou muita gente do que seria a turma do “Clube da Esquina”. Há um depoimento de Aécio no site do “Museu Clube da Esquina” que vale a pena dar uma linda.

Mas falando da nossa coletânea, esta nasceu de uma série de arquivos/gravações do Aécio Flávio que me chegou às mãos há algum tempo atrás, enviados pelo amigo Paulinho, de Santa Tereza, ‘testemunha molecular’, como diz ele, daqueles tempos na rua Divinópolis. Não sei bem de onde ele tirou essas gravações, mas ele me garantiu serem todos trabalhos do Aécio Flávio. Eu até tentei entrar em contato com o músico, mas mesmo estando na mesma cidade, não tive sucesso. Ele não me respondeu. Quem sabe agora, vendo aqui essa homenagem, ele, numa hora dessas, nos dê o prazer de uma visita e maiores esclarecimentos. Temos aqui 20 composições, as quais eu acredito, nunca tenham sido lançadas em discos. Vamos conhecer?
doce doce (primeira versão)
verão flash back
chico hipocondria
homenagem a elis regina
objeto da paixão
veneno
violetas imperiais
fui
por enquanto
cool
fui
tantas mulheres
confissão
chore
rubi
rita lee(nda)
irressistível
o girassol e a flor azul
quer dançar comigo
raspberry blues

Trio De Ouro, Trio Melodia, Trio Madrigal, Trio Marabá, Trio Nagô – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 14 (2012)

Encontros a três… vozes! É o que apresenta esta décima-quarta edição do Gran Record Brazil, apresentando trios vocais que marcaram época na história da música popular brasileira. Logo de saída, temos o Trio de Ouro. E em sua primeira fase, com o “rouxinol do Brasil” Dalva de Oliveira (Rio Claro, SP-1917-Rio de Janeiro, 1972), Herivelto Martins, seu fundador (Engenheiro Paulo de Frontin, RJ, 1912-Rio de Janeiro, 1992), e Nilo Chagas (Barra do Piraí, RJ-1917-Rio de Janeiro, 1973). O disco escolhido foi o Odeon 12185, gravado em 5 de junho de 1942 e lançado em agosto do mesmo ano, com acompanhamento da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro, Santa Luzia do Norte, AL, 1908-Atenas, Grécia, 1951). O lado A, matriz 6964, é simplesmente um clássico: o samba-canção “Ave Maria no morro”, uma das mais famosas obras-primas de Herivelto. Foi muitas vezes gravada, até mesmo em… esperanto! Uma joia apresentada em seu registro original, daqueles indispensáveis para quem não conhece. No verso, matriz 6965, o curioso “lamento negro” “Festa de preto”, de autoria de Humberto Porto (Salvador, BA, 1908-Rio de Janeiro, 1943), parceiro de outros dois grandes compositores, Assis Valente e Benedito Lacerda. A composição é característica da obra de Porto, que trata muito da religiosidade baiana e da história de escravidão dos negros. Porto morreu uma semana depois de seu pai… se suicidando! E o primeiro Trio de Ouro acabaria em 1949, com a ruidosa separação de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, que organizaria mais duas formações do grupo vocal: a segunda ainda com Nilo Chagas mais Noemi Cavalcanti, e a terceira com Raul Sampaio e Lurdinha Bittencourt.

Em seguida temos o Trio Madrigal, formado na Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro, em 1946, pelo maestro Alceu Bocchino. Sua primeira formação tinha Edda Cardoso, Magda Marialba e Margarida de Oliveira (irmã de Dalva), que seis meses depois abandonou o trio para se casar, sendo substituída por Lolita Koch Freire. É esta a formação que aparece nos discos Continental aqui incluídos, com acompanhamento instrumental dirigido pelo maestro gaúcho Radamés Gnatalli, sob o pseudônimo de Vero. No primeiro, de número 16554, gravado em 10 de abril de 1952 e lançado em maio-junho do mesmo ano, elas estão junto com o Trio Melodia (integrado por Albertinho Fortuna, Nuno Roland e Paulo Tapajós e formado na lendária Rádio Nacional para apoio do programa “Um milhão de melodias”) acompanhando vocalmente o cantor Jorge Goulart, que por uma triste coincidência acaba de falecer, aos 86 anos, em sua cidade natal, Rio de Janeiro. São regravações de dois hits de João de Barro, o Braguinha, então diretor artístico da gravadora dos irmãos Byington, intimamente ligados às festas juninas. No lado A, matriz C-2836, a marchinha “Noites de junho”, parceria com Alberto Ribeiro e criação de Dalva de Oliveira em 1939, e, no verso, matriz C-2835, uma obra-prima de Braguinha sem parceiro: o samba-canção ‘Mané Fogueteiro”, originalmente lançado em 1934 por Augusto Calheiros. O segundo disco do Trio Madrigal aqui incluído, também de 1952, com lançamento em julho, leva o número 16586. No lado A, matriz C-2903, uma versão do especialista Lourival Faissal para o fox “Bom dia, mister Eco” (“Good morning, mister Echo), de Bill e Belinda Putman. Aqui, nota-se a criatividade do técnico de gravação Norival Reis, o Vavá, que até idealizou uma câmara de eco, fato que ajudou este registro, inclusive, a receber prêmio da Associação Brasileira de Discos naquele ano. No verso, matriz C-2809, a valsa “Convite ao amor”, na verdade uma versão com letra para “Sobre as ondas” (“Sobre las olas”), do uruguaio Juventino Rosas, versos de Lourival Faissal e Luiz de França. Valsa bastante gravada instrumentalmente no Brasil, e seu primeiro registro entre nós surgiu em 1910, com o rancho Ameno Resedá, sob o selo (olha só a coincidência)… Gran Record Brazil!!!

Em seguida temos os Trios Madrigal e Melodia novamente juntos no Continental 20106, lançado para os festejos natalinos de 1951, matrizes 2720 e 2721-R. Evidentemente, como diz o próprio título, é um popurri das mais expressivas”Cantigas de Natal”, de vários autores e/ou de origem folclórica, em arranjo de Paulo Tapajós e Radamés Gnatalli, com o sempre eficiente acompanhamento orquestral deste último, igualmente como Vero.

O Trio Marabá era formado por Pancho, Panchito e Cármen Duran (seriam mexicanos?). Aqui comparece com seu oitavo disco, o Copacabana 5044, lançado em março-abril de 1953, com regravações de dois hits da época: no lado A, matriz M-332, o baião “Mulher rendeira”, de origem folclórica, internacionalmente conhecido graças ao filme “O cangaceiro”, e nele interpretado pelos Demônios da Garoa. A película ganhou a Palma de Prata no festival de Cannes, França, como melhor filme de aventuras, mas quem mais se beneficiou de seu sucesso foi a distribuidora Columbia Pictures, sendo que a produtora, a lendária Vera Cruz, com estúdios em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, acabou falindo um ano depois. No verso, matriz M-333, o clássico samba-canção “Ninguém me ama”, de exclusiva autoria de Antônio Maria, mas com parceria de Fernando Lobo, por acordo que havia entre ambos. Originalmente saiu na voz de Nora Ney, em 1952.

Encerrando, vamos encontrar o Trio Nagô, integrado por Mário Alves de Almeida, Epaminondas de Souza e Evaldo Gouveia. Mário e Epaminondas cantavam na Rádio Clube do Ceará, quando conheceram o então estreante Evaldo Gouveia. Os três logo se tornaram amigos e passaram a cantar juntos na noite de Fortaleza. O grupo se chamava, a princípio, Trio Cearense, nome depois mudado para Trio Iracema e, finalmente, para Trio Nagô. Seu primeiro disco saiu em janeiro de 1953, pela Sinter, com o rasqueado “Moça bonita” e o maracatu “Paisagem sertaneja”. Eles estão aqui com o disco RCA Victor 80-1951, gravado em 24 de março de 1958 e lançado em junho do mesmo ano, com duas composições de Paulo Borges. No lado A, matriz 13-J2PB-0387, o conhecido e clássico rasqueado “Cabecinha no ombro”, lançado em fins do ano anterior por Alcides Gerardi e regravado inúmeras vezes, sendo conhecido até os dias de hoje (quem nunca ouviu?). No verso, matriz 13-J2PB-0388, o belo samba-canção “Cartão postal”. Enfim, uma edição do GRB que irá enriquecer o acervo de muitos amigos cultos e ocultos com algumas das melhores interpretações a três vozes. Divirtam-se!

* TEXTO SAMUEL MACHADO FILHO


A Música De Makely Ka (2012)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Lá vamos nós para mais uma produção especial, uma coletânea bem bacana, reunida pelo meu amigo Edu Pampani, da Discoteca Pública e com a devida permissão do artista. Estamos falando aqui de Makely Ka, compositor, poeta e editor, um dos mais brilhantes e inquietos artistas mineiros dos últimos tempos. Suas canções já atravessaram as montanhas e tem sido gravadas por diversos intérpretes, no Brasil e exterior. O trabalho musical de Makely, como vocês verão (e ouvirão, claro), está bem acima da média do que é produzido hoje em termos música popular. É música honesta, para um público honesto. Estão reunidas aqui diferentes gravações e interpretes, inclusive o próprio Makely, em produções recentes da nova safra independente mineira.

Eu penso que para se fazer uma coletânea de um determinado artista, só vale se for uma homenagem póstuma, ou se o cabra for mesmo bom de serviço, merecendo assim a atenção e o toque musical. Podem ter certeza, Makely Ka merece e vocês irão confirmar. Vamos ouvir?
andante – marina machado e regina spósito
xote polaco – kristoff silca
o chamador – titane
atemporal – pablo castro, kristoff silva e makely ka
costura – leopoldina
samba sim – julia ribas
a luz é como a água – mariana nunes
monotonia gris – maísa moura
mar deserto – kristoff silva
solstício de inverno – maísa moura
o dragão da maldade contra o santo guerreiro – malely ka e aline calixto
impagável – leonora weissmann
eu não – titante
o amor – regina spósito
uma confábula – makely ka
camara escura – sergio pererê
santuário – mestre jonas
fio descapado – juliana perdigão
queixumes – alda rezende
samba solto – alda rezende

Muraro – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 11 (2012)

E chegamos à décima-primeira edição do Gran Record Brazil. Aqui apresentamos algumas das melhores gravações do pianista, maestro e compositor Heriberto Leandro Muraro (La Plata, Argentina, 1903-Rio de Janeiro, 1968). Este ilustre “hermano” aportou em terras brasileiras em 1932, logo se apaixonando pela nossa terra. Por décadas a fio percorreu todo o país exercendo sua arte de exímio pianista, excursionando em seguida por Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Itália com repertório de música brasileira. No rádio, atuou nas emissoras cariocas Mayrink Veiga, Nacional e Globo, na Record de São Paulo e na Farroupilha de Porto Alegre. Dirigiu a lendária Nacional por 18 anos, impulsionando a carreira de nomes como Dircinha Batista, Nélson Gonçalves, Joel e Gaúcho, e as irmãs Cármen e Aurora Miranda. Gravou seu primeiro disco na Victor, em 1939, solando ao piano, em ritmo de fox, os sambas “O homem sem mulher não vale nada” e “Meu consolo é você”, hits do carnaval daquele ano na voz de Orlando Silva. Foram mais de trinta discos gravados, entre 78 rpm e Lps. Nesta edição do GRB, um pouco da arte deste talentoso pianeiro portenho-brasileiro, em doze fonogramas. Pra começar, o disco Continental 15887, gravado em 18 de março de 1948 e lançado em maio-junho do mesmo ano, com duas conhecidas marchinhas do mestre João de Barro, o Braguinha, em ritmo de fox. No lado A, matriz 1813, “A mulata é a tal”, parceria com Antônio Almeida, e no verso, matriz 1812, “Tem gato na tuba”, que Braguinha fez com Alberto Ribeiro. Em seguida, registros certamente realizados fora do país. O Odeon 2987 apresenta no lado A, matriz 14719, o fox “Dragões canadenses” (“Canadian capers”), dos americanos Gus Chandler, Bert White e Henry Cohen, composto em 1915. No verso, matriz 14466, e igualmente como fox, “Estudo em vermelho” (“Study in red”), do também americano Larry Clinton, trompetista, trombonista e bandleader. De volta ao Brasil, a interpretação de Muraro para o fox “Narcissus”, do americano Ethelbert Nevin, lançada pela Continental em agosto de 1944 com o número 15182-A, matriz 835. No verso, matriz 836, outra interpretação de Muraro em tempo de fox para “Gigolette”, trecho da opereta homônima de Franz Lehar, nascido na cidade de Komárom, no antigo Império Austro-Húngaro, e hoje situada na Eslováquia, com o nome de Komarno. Prosseguindo, mais um disco gravado no exterior, o Odeon 2947. Abrindo-o, matriz 15662, “Linda flor” (na verdade o famoso “Ai, ioiô”, de Henrique Vogeler, cuja letra mais famosa foi a de Luiz Peixoto e Marques Porto, gravada por Aracy Cortes em 1929). No verso, matriz 15578, o chorinho “Tangará na dança”, de autoria de Lina Pesce, compositora, cantora, bandolinista e pianista, lançado em 1946 pelo acordeonista George Brass. Portanto, este disco, assim como outros dois aqui incluídos, deve ser de 1947, mais ou menos. Em seguida, mais um disco de Muraro aqui gravado, o Odeon 13043, de 22 de maio de 1950, lançado em setembro do mesmo ano. De um lado, matriz 8704, o famoso “Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e no verso, matriz 8705, o célebre “Moto perpétuo”, de Paganini, que mais tarde recebeu outra ótima interpretação, a cargo de Edu da Gaita. Finalizando, mais duas gravações internacionais de Muraro, em disco Odeon 2912, apresentando dois chorinhos muito conhecidos. No lado A, matriz 14573, “Não me toques”, do mestre Zequinha de Abreu, e no verso, matriz 14465, “Bem-te-vi atrevido”, outra composição de Lina Pesce. Enfim, um resgate mais que oportuno, deste grande músico que foi o argentino-brasileiro Heriberto Muraro. Bom divertimento!

* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Pery Ribeiro – Apaixonadamente Na Memória (2012)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Eu estava pensando em manter neste fim de semana a postagens de discos mais recentes, algo mais ligado ao pop/rock nacional. Porém fui surpreendido com a triste notícia da morte do Pery Ribeiro. Deixei de lado as guitarras para prestar aqui a minha homenagem ao grande intérprete da nossa MPB. Acredito que muitos devem estar pesarosos, assim como eu. Embora eu poucas vezes tenha postado alguma coisa do Pery, sempre tive por ele uma grande admiração. Pery Ribeiro foi um cantor que marcou por diversas razões. Filho de dois outros grandes monstros sagrados da música brasileira, Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, não podia ser outra coisa senão um artista, de muito talento é bom dizer. Foi o primeiro intérprete de “Garota de Ipanema”, assim como também na Bossa Nova, foi quem estreou diversos ‘hits’, principalmente de Menescal e Boscoli. Pery foi um artista que sempre cantou o amor e a paixão. Não foi por acaso ou para rimar que Caetano Veloso cita o artista em uma de suas músicas: “…apaixonadamente como o Pery”. E foi lembrando dessa frase que eu me inspirei no título desta coletânea que montei e agora apresento a vocês. São 41 músicas que ilustram um pouco o trabalho do artista. Selecionei algumas das que eu mais gosto e que se destacaram e sua carreira. Lamentável essa perda e o pior é que não tem ninguém para ocupar o seu lugar. Vai fazer muita falta. Mas agora ele está no Céu, cantando ao lado dos pais e dos grandes amigos. Obrigado, Pery!

manhã (com o bossa três)
bola de meia, bola de gude – novo tempo
indecisão (com luiz eça)
samba do dom natural (com o bossa três)
manhã de carnaval
só quero você
eu gosto da vida
de volta
palmeira triste
de onde vens (com luiz eça)
oferenda (com luiz eça)
tristeza (com o bossa três)
canto de ossanha (com o bossa três)
noves fora nada
samba de orfeu
sangrando – ponto de interrogação
quero quero – cheiro de mato
saudosa mangueira
lamento da lavadeira
diariamente
alvorada
segredo
caminhemos
evolução
nós e o mar
rio
bossa na praia
se pelo menos você fosse minha
lamento negro
me lembro vagamente
garota de ipanema
só nos resta viver – meu amigo, meu herói
canção que morre no ar (com luiz eça)
bandeira branca
aruanda
laura
segredo (com dalva de oliveira)
ave maria (com dalva de oliveira)
ave maria do morro (herivelto martins)
réquiem

Nelson Faria, Nico Assumpção E Lincoln Cheib – Trio (2000)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Chegamos a mais uma sexta feira independente e para variar, em todos os sentidos, eu estou trazendo aqui um registro da boa música instrumental. Uma gravação que me caiu nas mãos graças aos bons amigos, que sabem bem aquilo que condiz com o perfil do blog Toque Musical. Valeu Pampani!

Embora eu tenha fugido um pouco da proposta musical que se seguiu pela semana, o que trago agora, sem comparações, é também de tirar o chapéu. Música de qualidade, instrumental e contemporânea. Tenho certeza que quem tem bons ouvidos para escutar os grandes do passado, também sabe apreciar a música dos grandes do presente.
Trago para vocês, com exclusividade, mais um ‘bootleg’ especial, com direito a capinha e tudo mais 🙂 Vamos encontrar neste registro, três grandes músicos, instrumentistas disputadíssimo pelo alto nível de suas performaces. Começamos pelo mineiro, guitarrista (e também fotógrafo!) Nelson Faria. O cara é um fera, já tocou com Deus e o mundo e continua mandando bala, tem uma dezena de discos solos gravados (incluindo este agora, hehehe…) e participação em outros de diferentes artistas. Pelo que eu li em seu site, Nelson tem atuado como professor convidado em duas universidades européias. Seu último trabalho foi um cd gravado ao vivo na Alemanha com a Hr-Bigband (Frankfurt Radio Bigband) e participação do baixista Ney Conceição e o baterista Kiko Freitas. Outro mineiro, também super requisitado, é o baterista Lincoln Cheib, que toca na banda do Milton Nascimento, filho de Dirceu Cheib, do Estúdio Bemol. Lincoln vem se despontando com um dos maiores bateristas da atualidade. Também tem uma atuação acadêmica, como professor convidado na Escola de Música da UFMG. Finalmente, temos outra fera, o saudoso baixista Nico Assumpção, este, agora toca mais para Deus do que para o mundo, mas foi um dos nossos maiores contrabaixistas, também com um currículo invejável. Infelizmente, ele se foi prematuramente. Uma grande perda para a Música Brasileira.
Juntos, em um show realizado em 17 de janeiro de 2000, na Casa de Cultura Estácio de Sá (RJ), os três músicos ‘barbarizam’, mostram uma sintonia que faz a gente ficar de boca (e ouvidos) bem abertos. Foi nesse encontro, nesse show, para um público seleto, que nasceu a ideia da produção de um cd, o “Três/Three”. Algumas das músicas apresentadas nesta gravação vieram a fazer parte do cd, lançado no final de 2000.
É interessante observar a interação dos músicos e principalmente a atuação do Nico, que toca como nunca, talvez prevendo ali seu último momento. É impressionante e comovente. Vocês precisam ouvir isso!
quartet
o barquinho
vento
modinha para juliana
buxixo
paca tatú
vera cruz
quartet (bis)

Brazilian Beat – Uma Seleção Do Toque Musical (2012)

Olá amigos, boa noite! Sem muito tempo para me dedicar um pouco mais ao blog, continuo devendo aos solicitantes cultos e ocultos alguns ‘toques renovados’. Segura aí que logo vem… 🙂

Fiquei aqui envolvido com outras emoções, quase me esqueci que hoje era dia de coletâneas. Como não havia nada preparado, fiz às pressas esta coletânea com artistas internacionais apresentando a sempre boa e velha Bossa Nova. Aliás, não é exatamente a Bossa, mas sim o espírito dela. Temos aqui vinte músicas que eu escolhi a dedo. Um seleção ótima para todos os momentos. Música para quem escuta com outros olhos. O encarte não ficou bem como eu queria, mas tá valendo. Não vou nem comentar nada, deixando que os amigos mesmo o façam. Hoje é sábado e eu estou louco para tomar um vinho. Vou nessa porque Baco me espera 😉 Fiquem a vontade 🙂
deve ser amor – herbie mann
a felicidade – bob brookmeyer
recado bossa nova – enoch light and the light brigade
copacabana – klaus doldinger quartet
desafinado – coleman hawkins
bossa nova – michel gonet
nana – cesar’s salad*
menina feia – herbie mann
meditation – elsie bianchi
samba de orfeu – enoch light and the light brigade
once again – stan getz and laurindo almeida
bossa nova u.s.a. – quincy jones
adeus pássaro preto – paul winter
manhã de carnaval – arthur lyman
tu veux ou yu veux pas – marcel zanin
vocal inventions – janko nilovic
triste – oscar peterson trio
useless landscape(inúltil paisagem) – ella fitzgerald
wave – art van damme

Milton Nascimento, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Stanley Clarke & Robertinho Silva – Select Live Special Session (2012)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Olha aí que belo toque musical eu tenho hoje para vocês. Por esta ninguém esperava (e nem eu!). Mais um presentinho do nosso amigo Chris Rousseau, o qual ele foi buscar na mesma ‘fonte sueca’ de onde veio o polêmico “João Gilberto na casa de Chico Pereira”. Chegou ainda nesta semana e eu, logo de cara, fui ouvir. Que maravilha, nem sabia dessas travessuras do Bituca. Acredito que para a maioria também deve ser novidade essa gravação, que traz o encontro de Milton Nascimento com três feras do jazz americano, os conceituadíssimos Herbie Hancock, Stanley Clarke e Wayne Shorter. Esse momento glorioso aconteceu há mais de 20 anos atrás em um megashow em Tokyo, Japão. Pelo pouco de informações que eu encontrei na rede, trata-se de um festival, o “Live Under The Sky Festival”, onde se apresentaram, além dos já citados, outros grandes, como Marcus Miller, Omar Hakim, Joe Sample, Everette Harp & La La Hathaway e Orchestre Nacional de Jazz.

Encontrei um site inglês vendendo o DVD com o Festival completo. Nele podemos ler a lista de artistas e as músicas executadas por cada um. Infelizmente só fui perceber isso depois que criei o encarte exclusivo para a postagem. Ao que parece, apenas nas músicas “Don Quixote” e “Milagre dos Peixes” há a participação dos astros internacionais ao lado de Milton. Porém, nas demais músicas percebemos a presença de teclados, cordas e sopros, que eu acho serem os gringos. Não posso também deixar de citar outra fera, o baterista Robertinho Silva, presente em todas as músicas do show. Embora tenhamos a participação estrelar dos músicos estrangeiros, podemos dizer que se isso fosse um disco, seria mesmo do Bituca, afinal, todas as músicas são do seu repertório, que por sinal ficaram ótimas! Vamos conferir?
txai
yauaretê
nós
coisas da vida
bola de meia, bola de gude
no bailes da vida
das sombras
milagre dos peixes
don quixote
parte final – apresentação – instrumental
milagre dos peixes (bonus)

Trigêmeos Vocalistas, Vocalistas Modernos, Zé Fidelis, Zé Gonzaga, Jorge Loredo – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 08 (2012)

Rir é o melhor remédio. E é o bom humor que marca a seleção desta oitava edição do Grand Record Brazil, apresentando dez fonogramas raros e, claro, bem alto astral.

Para começar, temos os Trigêmeos Vocalistas, um trio que era formado por três irmãos: Armando Carezzato, o mais velho, e os gêmeos Raul e Humberto, três anos mais novos (originalmente o nome do grupo era Trio Carezzato). Eles aqui comparecem com duas gravações Odeon: o corrido em estilo mexicano “Don Pedrito”, de Djalma Esteves (autor de rumbas como “Escandalosa”) e Célio Monteiro, gravação de 12 de maio de 1949, matriz 8491, lançada só em novembro seguinte com o nº 12958-A, matriz 8491, e o fox “Eu vou sapatear”, de Nicola Bruni, gravado em 29 de setembro de 1949 mas só lançado em maio de 1950 com o nº 12997-B, matriz 8558.
Outro grupo vocal dessa mesma época aqui comparece: os Vocalistas Tropicais. Formado na capital cearense, Fortaleza, em 1941, teve diversos componentes e, em 1946, surgiu a formação definitiva: Nilo Xavier da Motta (líder, violonista e arranjador), Raimundo Evandro Jataí de Souza (vocal, viola americana e arranjos), Artur Oliveira (percussão e vocal), Danúbio Barbosa Lima (percussão), estes quatro cearenses, e o pernambucano do Recife Arlindo Borges (violão e vocal solo). Eles aqui comparecem com dois grandes sucessos carnavalescos gravados na Odeon: as marchinhas “Jacarepaguá”, que cita no estribilho a rumba “El cumbanchero”, da folia de 1949, gravada em 21 de outubro de 48 e lançada um mês antes da folia em janeiro (12893-A, matriz 8427) e “Tomara que chova”, crítica à crônica falta d’água que acontecia no Rio de Janeiro na época, para os festejos momescos de 1951. Este é o registro original, datado de 6 de setembro de 1950 e lançado ainda em dezembro daquele ano com o nº 13066-A, matriz 8792. Pois, como se sabe, Emilinha Borba fez outra gravação, em outubro de 50, perla Continental, creio que a mais lembrada. Ambas as composições são de Paquito e Romeu Gentil, com o reforço de Marino Pinto em “Jacarepaguá”.
O comediante carioca Jorge Loredo também aqui comparece com o disco Columbia 3129, lançado em agosto de 1960. No lado A, matriz CBO-2424, ele aparece na pele de seu mais famoso personagem, Zé Bonitinho, “o perigote das mulheres”, surgido naquele mesmo ano no programa “Noites cariocas”, da extinta TV Rio. É uma composição de Fernando César (autor também de hits como “Dó-ré-mi” e “Joga a rede no mar”) e do maestro e pianista gaúcho João Leal Brito, o Britinho, que também acompanha o comediante com sua orquestra neste disco, que se completa com “Nobre colega”, de Édison Borges, matriz CBO-2425.
Outro comediante que marcou época bate ponto aqui no GRB 8: o “inimigo número um da tristeza”, Zé Fidélis (São Paulo, 1910-idem, 1985), um dos pioneiros do humor no rádio brasileiro e que, embora fizesse de papel de português, era descendente de italianos (!), tanto que sue nome verdadeiro era Gino Cortopassi. Famoso por suas paródias, ele aqui comparece com a da valsa “Alza, Manolita”, do provavelmente francês Léo Daniderff, e então sucesso na versão brasileira de Eduardo das Neves cantada por Osny Silva. Originalmente, “Manuelita” saiu pela Columbia, em junho de 1943, com o nº 55438, matrizes 10146-A/B, ocupando os dois lados do 78. Naquele ano, porém, a Byington & Cia. perdeu a representação da Columbia americana para a Odeon, e, em seu lugar, surgiu a marca Continental. Para marcar o início das atividades da nova marca, foram relançados cem discos da antiga Columbia, entre eles “Manuelita”, que voltou às lojas com o nº 15046.
Finalmente, temos Zé Gonzaga (José Januário Gonzaga do Nascimento, Exu, PE, 1921-Rio de Janeiro, 2002), que, como você já percebeu, era irmão de Luiz Gonzaga e também sanfoneiro. Ele inclusive se apresentou no exterior, substituindo o irmão famoso em uma excursão pela França, promovida pelo empresário de comunicação Assis Chateaubriand, em 1952, atuando também no Uruguai e na Argentina. Zé aqui está com um disco Copacabana de 1956, de nº 5601, sem indicação exata de mês de lançamento. No lado A, matriz M-1556, uma composição dele próprio com Amorim Roxo, o xote “O cheiro da Carolina”, uma coqueluche na época, também gravado por Carlos Antunes e pelo próprio irmão famoso, o Gonzagão (talvez o registro de maior sucesso entre os três). No verso, matriz M-1557, vem o “Xote da vovó”, também do próprio Zé Gonzaga com Nelinho, um solo de sanfona “bão da mulésta”, sô! E que encerra esta bem humorada seleção do GRB 8, com a qual você poderá desfrutar de agradáveis momentos de descontração e alegria. Bom divertimento!
* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

manuelita (parte 1) – zé fidelis
manuelita (parte 2) – zé fidelis
o cheiro da carolina – zé gonzaga
xote da vovó – zé gonzaga
nober colega – jorge loredo
zé bonitinho – jorge loredo
dom pedrito – trigemeos vocalistas
eu vou sapatear – trigemeos vocalistas
tomara que chova – vocalistas tropicais
jacarepaguá – vocalistas tropicais

Carmélia Alves, Marlene, Violeta Cavalcante, Zezé Gonzaga E Zilah Fonseca – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 07 (2012)


Amigos cultos e ocultos, já chegamos à sétima edição do Grand Record Brasil. Sete, dizem, é conta de mentiroso, mas a diversão que você vai ter aqui é cem por cento verdadeira! Aqui focalizamos cinco das mais importantes cantoras brasileiras, em fonogramas raros e autênticos itens de colecionador.

Para início de conversa, aqui está Carmélia Alves, a “rainha do baião”. Nascida na Quarta-Feira de Cinzas de 1923 (14 de fevereiro), estreou em disco na Victor, em 1943, interpretando “Deixei de sofrer” (Popeye do Pandeiro e Dino Sete Cordas) e “Quem dorme no ponto é chofer” (Assis Valente), sendo que a própria Carmélia pagou os custos de gravação e prensagem (quatrocentos mil-réis!). O disco fez sucesso, mas Carmélia só voltaria às gravações em 1949, através da Continental. É dessa fase o disco que apresentamos aqui, de número 16413, lançado entre julho e setembro de 1951. “No mundo do baião” é um delicioso popurri que ocupa os dois lados do disco (matrizes 2607-08), no qual foram inseridas músicas dos mais variados autores desse gênero. No lado A, apenas músicas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, tipo “Asa branca“ e “Paraíba”, e no verso composições de outros autores que se dedicaram ao baião: Hervê Cordovil, Mário Vieira, e Braguinha, o “João de Barro”. Tudo com o reforço do grande acordeonista Sivuca e de seu conjunto. Outra cantora aqui apresentada também era de baião: a paulistana Vitótia de Martino Bonaiutti, aliás Marlene, tida como rival de Emilinha Borba, mas na realidade ambas eram muito, muito amigas (não é de hoje que tem marqueteiro, não é mesmo?).E eis Marlene interpretando um baião do mestre Haroldo Lobo em parceria com Rômulo Paes: a “Canção das noivas”, disco Continental 16556-B, lançado em maio-junho de 1952, matriz C-2843. Em seguida encontramos a amazonense (de Manaus) Violeta Cavalcante. E desta vez em clima de carnaval, apresentando duas músicas para a folia de 1955. Gravado na Odeon em 28 de setembro de 1954, com lançamento ainda em dezembro sob número 13741, o disco traz no lado A, matriz 10309, a “Marcha do cacoete”, de Paulo Menezes e Mílton Legey, e no verso, matriz 10308, o samba “Madrugada”, que tem como parceira a“pianeira” Carolina Cardoso de Menezes, uma das melhores que o Brasil já teve, conhecida por seu jeito brasileiríssimo de dedilhar as notas do piano, e que assina a música ao lado de Jota Leite e Orlando Reis. Bem apropriado para estes dias pré-carnavalescos atuais… Zezé Gonzaga, que já havia aparecido anteriormente na coletânea de Natal do GRB (e com uma faixa de fins de 1951 que também aqui aparece, “Um sonho que sonhei”, Sinter 10.00.114-B,matriz S-245) agora volta com dois discos, aliás dois e meio: o Sinter 265, lançado em setembro de 1953,trazendo no lado A, matriz S-575, um baião muito conhecido de Miguel Gustavo: “É sempre o papai”. Naquele ano, inclusive, o Dia dos Pais foi instituído no Brasil por iniciativa do jornal carioca “O Globo”, visando atrair anunciantes do comércio (em São Paulo só chegaria dois anos mais tarde). “É sempre o papai” foi também gravado por Marlene e Jorge Veiga. O lado B, na verdade, é um relançamento, pois originalmente foi o lado A do 78 de “Um sonho que sonhei”, matriz S-244, de 1951. E a “Valsa de aniversário”, composta por Joubert de Carvalho. Autor de clássicos da MPB como “Taí”, “De papo pro á” e “Minha casa”. Prudentemente, o selo do original de 51 está aqui reproduzido. O outro disco de Zezé aqui apresentado é o Columbia (hoje Sony Music) CB-10273,lançado em agosto de 1956. No lado A, matriz CBO-777, a versão do radialista paulista (de Sorocaba) Júlio Nagib para o beguine italiano “Arrivederci, Roma”, grande hit de Teddy Reno naquele ano. Esta mesma versão foi gravada também por Rogéria (seria o famoso travesti?), Neuza Maria e Wilson Roberto. No verso do disco, matriz CBO-778, uma simpaticíssima toada de Bruno Marnet, “Moreno que desejo”, em ambas as faces acompanhada de conjunto e coro. Finalmente, vem à nossa lembrança o nome de Zilah Fonseca (Yolanda Ribeiro Angarano, São Paulo, 1929-Rio de Janeiro, 1992). Ela aqui comparece, assim como Violeta Cavalcanti, em clima bem carnavalesco, através de um disco que lançou pela Columbia, mais tarde Continental, em janeiro de 1940, número 55197, com duas marchinhas para a folia daquele ano: o lado A, matriz 3776, tem “Pulga maldita”, de Francisco Malfitano sobre tema popular. No verso, matriz 3777, “Pigmalião”, também de Francisco Malfitano em parceria com Eratóstenes Frazão (pra quem não sabe, ele também é co-autor do clássico carnavalesco “Cordão dos puxa-saco”).Este, portanto, é o sétimo e feminino volume do GRB, que certamente irá proporcionar agradáveis momentos de recordação e entretenimento. Divirtam-se!
 
marcha do cacoete – violeta cavalcante
madrugada – violeta cavalcante
é sempre o papai – zezé gonzaga
festa de aniversário – zezé gonzaga
um sonho que eu sonhei – zezé gonzaga
moreno que desejo – zezé gonzaga
arrivederci roma – zezé gonzaga
pulga maldita – zilah fonseca
pigmalião – zilah fonseca
canção das noivas – marlene
no mundo do baião I – carmélia alves e sivuca
no mundo do baião II – carmélia alves e sivuca
 
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Banana Jazz – Brazilian Music – Seleção Exclusiva Do Toque Musical (2012)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Enquanto a chuva despenca lá fora, eu aqui dentro quero mais é ficar no chocolate, ‘pianinho’ dentro de casa, ouvindo uma boa música. Só não vou tomar um vinho porque estou no remédio, tentando curar a minha costocondrite, também conhecida como reumatismo e ainda, doença de véio, hehehe… Só rindo para não chorar, o bicho está mesmo me pegando. Diante ao quadro, quase clínico, só me restou pegar de leve, não fazer esforço e relaxar. Tô seguindo as recomendações médicas. Música boa é um santo remédio. E foi isso que eu fiz.

Selecionei quatorze artistas interpretando um repertório fino da MPB, músicas em sua maioria ‘hits’ da Bossa Nova. Modéstia a parte, ficou mesmo uma coletânea simples, mas muito boa, que agrada sem fazer força. Como vocês podem ver logo a baixo, trata-se de um time de craques, inclusive alguns já visto aqui no Toque Musical, em outras coletâneas. Dei a essa coletânea o nome de “Banana Jazz”. Vocês também não acham sugestivo?

Raul De Barros, Ruy Rey, Risadinha E Roberto Ferri – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2012)

Amigos cultos e ocultos do Toque Musical, espero que vocês tenham tido uma excelente passagem de ano. E é com muita alegria que lhes apresentamos a sexta edição do Grand Record Brasil, a primeira deste novo ano de 2012. Para começar, aqui está um músico que foi também chefe de orquestra: Roberto Ferri. Junto com o pai, Orlando Ferri, ele animava bailes por todo o Estado de São Paulo, apoiado por músicos bastante qualificados e experientes. O disco desse notável músico escolhido para esta seleção foi o Odeon 13327, gravado no dia 29 de maio de 1952 e chegado às lojas em setembro seguinte. Ferri, atuando ao solovox (instrumento considerado o primeiro sintetizador monofônico da história da música) e apoiado por regional, executa no lado A, matriz 9325, dois clássicos do inesquecível poeta do mar da Bahia, Dorival Caymmi: ”A jangada voltou só” e “É doce morrer no mar” (esta última é uma parceria com o escritor, também baiano, Jorge Amado, que às vezes, como aqui, era omitido nos selos dos discos). No lado B, matriz 9324, por conseguinte gravada antes, Ferri executa o choro “Levanta poeira”, do mestre de Santa Rita do Passa Quatro, Zequinha de Abreu (1880-1935), editado como “chorinho sapeca”, e cuja primeira gravação só se deu em 1942, na Victor, pela Orquestra do maestro Passos. Em seguida, iremos relembrar Domingos Zeminian, que ganhou a imortalidade com o pseudônimo de Ruy Rey (São Paulo, 1915-Rio de Janeiro, 1995). Ator, cantor, compositor e “band-leader”, especializou-se na interpretação de ritmos hispânico-americanos (bolero, rumba, mambo, guaracha, chá-chá-chá, etc.). E também era de carnaval (quem não se lembra, por exemplo, da marchinha “A mulata é a tal”?). Tanto que o disco apresentado aqui é o Continental 15974, gravado em outubro de 1948 e lançado em janeiro de 49, claro, um mês antes da folia, com duas marchinhas. Com acompanhamento da Orquestra Tabajara de Severino Araújo, ele interpreta no lado A, matriz 1978, gravado no dia 8, “Espanhola diferente”, composta por Nássara, autor de inúmeros êxitos carnavalescos, e pelo alagoano Peterpan, que no gênero também nos deu hits como “Apanhador de papel” e “Marcha do caracol”. No lado B, gravado no dia 6, portanto dois dias antes, matriz 1974, temos “Legionário”, de João “Braguinha” de Barro, outro nome que muito contribuiu para engrandecer nosso repertório carnavalesco, em parceria com José Maria de Abreu, paulista de Jacareí, que concebeu vários hits clássicos de nosso cancioneiro, bastando lembrar “Alguém como tu”, “E tome polca”, “Se amar é bom” e “Boa noite, amor”, o prefixo pessoal de Francisco Alves. Aliás o carnaval de 1949 foi um dos mais ricos em termos musicais, bastando lembrar, por exemplo, “Chiquita bacana”, “Pedreiro Valdemar”, “Jacarepaguá”, “A Lapa”, “Nêga maluca”, “A coroa do rei”, “Balzaqueana”… A seguir, um mestre do trombone: Raul de Machado de Barros (Rio de Janeiro, 1915-Itaboraí, RJ, 2009). Músico e maestro dos mais notáveis, ele aqui executa dois choros à frente de seu regional, gravados na Odeon em 15 de junho de 1949 e lançados em setembro seguinte no disco 12948. No lado A, matriz 8521, temos “Eu, hein!”, de autoria de Felisberto Martins, à época também diretor artístico da Odeon. E o lado B, matriz 8520, é simplesmente um dos clássicos do chamado “repertório de gafieira”: “Na Glória”, composto pelo próprio Raul em parceria com Ary dos Santos. Um sucesso inesquecível, por ele regravado em outras oportunidades com a mesma competência. Até eu estava esperando para ter este registro original em minha coleção, tenho que confessar! Encerrando, temos Francisco Ferraz Neto, aliás, Risadinha (São Paulo, 1921-Rio de Janeiro, 1976), que evidentemente ganhou esse apelido por seu temperamento alegre. Ele marcou presença sobretudo no carnaval, com hits do porte de “O doutor não gosta” e “Se eu errei”. Risadinha aqui comparece com o disco Odeon 13599, gravado logo no comecinho de 1954 (4 de janeiro) e ido para as lojas em março seguinte. Acompanhado de regional, ele regravou dois sucessos: no lado A, matriz 10017, o rojão (espécie de baião mais acelerado) “Forró em Limoeiro”, de Edgar Ferreira, lançado no final do ano anterior por Jackson do Pandeiro em seu primeiro disco. No lado B, matriz 10018, um clássico do samba: “Se acaso você chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, primeiro sucesso nacional de Lupi, originalmente lançado em 1938 pelo também estreante Ciro Monteiro. Samba esse que receberia inúmeros outros registros de sucesso, e que projetaria, em 1959, Elza Soares. Enfim, o GRB começa o ano novo com o pé direito, e faço votos que todos tenham um ótimo 2012, repleto de alegrias, realizações e conquistas!

*SAMUEL MACHADO FILHO


Tito Madi, Juca Chaves, Jonas Silva E Baden Powell – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2011)

O Gran Record Brazil chega à sua terceira edição, e apresenta relíquias do final da década de 1950, começo da de 60, que certamente se constituem em autênticos presentes de Papai Noel para colecionadores. Para começar, um nome que dispensa qualquer tipo de apresentação: Chaiki Madi, aliás Tito Madi, paulista de Pirajuí. E ele abrilhanta a terceira edição do GRB com seu 78 rpm de estreia na gravadora Colúmbia, futura Sony Music, lançado ao apagar das luzes de 1959 (certamente em dezembro) com o número 3101, já emplacando dois sucessos estrondosos, com orquestração e regência de Lírio Panicalli (Queluz, SP, 1906-Niterói, RJ, 1984), autêntica fera do setor. Abrindo o disco, matriz CBO-2172, uma joia inspiradíssima de Luiz Antônio: “Menina-moça”, que fez parte da trilha sonora do filme “Matemática, zero… amor dez”, comédia dirigida por Carlos Hugo Christensen, filmada em cores (Agfacolor) e estrelada por Alberto Ruschel e Suzana Freire, tendo também no elenco Jayme Costa, Agildo Ribeiro, Heloísa Helena (não confundir com a política fundadora do PSOL), entre outros. E “Menina-moça” era o tema principal da película, cuja trilha sonora também saiu em LP pela Colúmbia (apenas o lado A foi disponibilizado em blogs). Teve inúmeras gravações, mas a melhor continua sendo a de Tito Madi. O lado B, gravado oito matrizes depois (CBO-2180) é outro carro-chefe do autor de “Chove lá fora”, mais um produto de sua inspiração: o belo samba “Carinho e amor”, outra pérola imperdível do cancioneiro romântico, e também regravada inúmeras vezes, inclusive pelo próprio Tito. “Carinho e amor” também fez do parte do LP de mesmo nome, que Tito dividiu com o pianista José Ribamar, e foi o primeiro álbum brasileiro da Colúmbia gravado em estéreo (esse sim esta inteiro nos blogs!). Em seguida, iremos nos encontrar com o “menestrel do Brasil”, Juca Chaves. Ele estreou em disco na Chantecler, em outubro de 1959, com dois sambas de sua autoria: “Nós, os gatos…” e “Chapéu de palha com peninha preta”. Apenas três meses depois, em janeiro de 1960, e já por outra gravadora, a RGE de José Scatena, foi para as lojas o segundo 78 do humorista, estampando no selo o número 10206, e com arranjo e regência do italiano Enrico Simonetti, então um dos maestros de plantão na gravadora. A matriz RGO-1440, no lado A, apresenta uma divertida gozação do “Juquinha” com o então chefe da nação Juscelino Kubitschek de Oliveira, a hoje clássica “Presidente bossa nova”, não faltando referências a seu característico sorriso, a suas viagens aéreas constantes, à nova capital que seria inaugurada em abril daquele ano (Brasília) e às aulas de violão que JK tinha com Dilermando Reis. Com a mesma mordacidade, o lado B, matriz RGO-1441, é o choro “Tô duro”, crítica clara à situação de miséria que vivia (e ainda vive) boa parte de nossa população. Aliás, era uma época de inflação galopante, que estava perto de 40% ao ano (diante disso, inflação de 6% ou 7% ao ano como a atual não é nada…). Ambas as músicas também constaram do primeiro LP do humorista, “As duas faces de Juca Chaves”. Outra preciosidade é o segundo e último 78 rpm do cantor Jonas Silva, sobre o qual não há informações disponíveis. Ele estreou em 1955 na Mocambo, com os sambas “Andorinha” e “Eu gosto de você”, e – um mistério! – só fez o segundo 78 seis anos mais tarde. Ele saiu pela Philips em julho de 1960, com o número P61068H e a vantagem de ser inquebrável, prensado em vinil! No lado A, uma das mais conhecidas composições de Tito Madi, o samba “Saudade querida”, hit absoluto naquele ano, gravado por inúmeros intérpretes e, claro, pelo próprio Tito. No lado B, outro samba, “Complicação”, dos mesmos Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli que nos deram, nesse mesmo ano, o samba-canção “Fim de noite”, na voz de Alaíde Costa. É a única gravação desta preciosidade, ao menos em 78 rpm, e o acompanhamento no selo diz apenas que é por conjunto. Para finalizar, temos o genial violonista Baden Powell de Aquino (Varre-Sai, RJ, 1937-Rio de Janeiro, 2000) em mais um bolachão inquebrável da Philips, com o número P61103H, lançado em julho de 1961. Abrindo o disco, uma “Lição de Baião” assinada por Jadir de Castro e Daniel Marechal. E o curioso é que o baião na época andava meio esquecido, com a bossa nova no apogeu, mas ainda com um público fiel ao gênero, particularmente a colônia nordestina, que sempre existiu nos grandes centros urbanos, São Paulo em especial. A letra é cantada por coral masculino, e começa até em francès! O lado B nos traz o belo samba instrumental “Do jeito que a vida quer”, assinado por nada mais nada menos do que o cearense de Fortaleza Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia, mais conhecido como Ed Lincoln. Ambas as músicas do 78 que encerra este volume do GRB saíram depois no segundo LP de Baden Powell, intitulado “Um violão na madrugada”. Enfim, oito joias imperdíveis para colecionadores. Não percam!

menina moça – tito madi
carinho e amor – tito madi
presidente bossa nova – juca chaves
tô duro – juca chaves
complicação – jonas silva
saudade querida – jonas silva
lição de baião – baden powell
do jeito que a gente quer – baden powell
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

João Gilberto E Antonio Carlos Jobim – Seleção De 78 RPM Do Toque Musical (2011)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Como todos já devem saber, conforme informei em postagens anteriores, nossa segunda feira será exclusiva, com as postagens do ‘selo virtual’ adotado pelo Toque Musical. Para abrilhantar ainda mais nossas postagens, eu convidei um grande comentarista musical, nosso amigo culto, Samuel Machado Filho. Caberá a ele todas as resenhas referente às postagens da segundona. E começa agora 😉

*O Gran Record Brazil nos apresenta doze preciosas gravações, todas com obras e/ou arranjos deste gênio tijucano criado em Ipanema que foi Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 1927-Nova York, EUA, 1994) cuja obra ainda hoje é reconhecida internacionalmente. Para começar, o 78 Odeon de número 14662,com João Gilberto, lançado em abril de 1961. De um lado, o clássico de Caymmi “Saudade da Bahia”, gravação de 10 de março daquele ano, matriz 14663. O outro lado foi gravado um dia antes, 9 de março, matriz 14662, e nele João revive “Bolinha de papel”, outro clássico do samba, este de Geraldo Pereira, original de 1945 na voz dos Anjos do Inferno (você pode ouvir as duas gravações originais dessas obras na coletânea “Os sambas que João Gilberto adora”, também no Toque Musical). O disco serviu de “aperitivo” para o terceiro e último LP que João Gilberto fez no Brasil, que no entanto, só terminou de ser gravado em setembro de 61, dada a ex trema mania de perfeccionismo do gênio baiano. Em seguida, recuaremos dez anos no tempo e conheceremos o primeiro disco de João: ele saiu em agosto de 1952 pela Copacabana com o número 099, e tem dois sambas-canções bem ao gosto da época: “Meia-luz”, de Hianto de Almeida e João Luiz, e “Quando ela sai”, de Hianto de Almeida e João Luiz. Prestem atenção da interpretação do futuro papa da bossa nova, muitos jamais irão notar que é João Gilberto mesmo! Em seguida temos “Manhã de carnaval”, inesquecível clássico de Luiz Bonfá e Antônio Maria incluído no filme “Orfeu negro” (nos cinemas, “Orfeu do carnaval”), produção ítalo-francesa rodada em cores no Brasil e falada em português, vencedora da Palma de Ouro em Cannes e do Oscar de filme estrangeiro. João Gilberto fez seu registro em 2 de julho de 1959, matriz 13623, com lançamento logo em seguida com o número 14495-A. A sexta faixa é a deliciosa “O pato”, de Jayme Silva e Neusa Teixceira, gravação d e 4 de abril de 1960, matriz 14147, lançada em agosto seguinte com o número 14653-A, que na verdade foi feita por João Gilberto para seu segundo LP, “O amor, o sorriso e a flor”. Na sétima faixa, um autêntico “atrevimento” do mestre Jobim ao acompanhar Agostinho dos Santos ao piano em outra música de “Orfeu negro”, “A felicidade”, sua e do poetinha Vinícius de Moraes. A RGE chegou a pôr a gravação nas lojas, em julho de 1959, com o número 10168-B, matriz RGO-1239, mas logo providenciou outro registro com Agostinho, com orquestração de Enrico Simonetti, este o que ficou mais conhecido. Temos depois “Estrada do sol”, que completa a trilogia de composições de Tom Jobim com Dolores Duran, iniciada com “Se é por falta de adeus” e continuada com “Por causa de você”. Este raríssimo registro de Maria Helena Raposo (Mocambo 15211-A, matriz R-939) parece ter sido o primeiro (talvez em março ou abril de 1958, não há indicação exata de mês), e foi incluído também no único LP da cantora, “Encantamento… na voz de Maria Helena Raposo”. A gravação mais conhecida, a de Agostinho dos Santos, é de 23 de maio do mesmo ano, na Polydor. “Frevo de Orfeu”, também do filme “Orfeu negro”, aparece em duas versões distintas, a primeira lançada pela RGE em novembro de 1960 com o nr. 10269-B, matriz RGO-1458, com a orquestra da gravadora (estranhamente não se ouve coro nenhum, apesar da indicação no selo!). A segunda é a original, a cargo de orquestra e coro dirigidos pelo próprio Tom Jobim, registrada na Odeon em 2 de julho de 1959 com lançamento a toque de caixa com o número 14495-B, matriz 13624, e também em compacto duplo intitulado “João Gilberto canta músicas de “Orfeu do Carnaval”, que também tem “Manhã de carnaval”, aqui incluída, além de outras duas não presentes aqui na voz de João, “A felicidade” e “O nosso amor”. Em seguida, uma bela demonstração de como Jobim “pintava e bordava” em termos de orquestração e regência: o samba-canção “Há um deus”, de Lupicínio Rodrigues, interpretado por Dalva de Oliveira, o eterno “rouxinol do Brasil”. Registro imortalizado na Odeon em 6 de maio de 1957, mas que só saiu em outubro seguinte com o número 14259-A, matriz 14737. Para encerrar, temos outro clássico da parceria de Jobim com o poetinha Vinícius: “Se todos fossem iguais a você”, na interpretação de nada mais nada menos que Vicente Celestino, “a voz orgulho do Brasil”, registrada na sua RCA Victor de sempre em 30 de janeiro de 1959 com lançamento em abril seguinte sob número 80-2050-A, matriz 13-K2PB-0581. Notem como Celestino está contido, interpretando a composição de forma correta. A música é do texto da peça “Orfeu da Conceição”, texto de Vinícius e música de Jobim, e saiu pela primeira vez em 1956, na voz de Roberto Paiva, em LP de dez polegadas da Odeon. Desde então, tem sido uma das mais conhecidas e regravadas composições do repertório jobiniano. Ouça , colecione e deleite-se com estes raríssimos registros!

saudades da bahia – joão gilberto
bolinha de papel – joão gilberto
meia luz – joão gilberto
quando ela sai – joão gilberto
o pato – joão gilberto**
a felicidade – agostinho dos santos e tom jobim
estrada do sol – maria helena raposo
frevo – côro e orquestra rge
frevo – tom jobim, orquestra e côro odeon
há um deus – dalva de oliveira e tom jobim
se todos fosse iguais a você – vicente celestino
* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO
** ÚNICA MÚSICA QUE NÃO FOI EXTRAÍDA DE UM DISCO DE 78 RPM (JG- REGISTROS NA CASA DE CHICO PEREIRA)

Zaccarias E Sua Orquestra – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2011)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje, sábado, é dia de coletâneas e também é um dia em que eu trago novidades. Estou inaugurando a inspirada coleção “Grand Record Brazil”, mais uma produção do Toque Musical. Gostaram do nome? Bacana, não é mesmo? Trata-se de uma série de discos em 78 rpm, de várias gravadoras, que eu agora estou recuperando. Vocês não fazem ideia de quanta coisa boa e rara estar por vir. Estarei relançando semanalmente esses discos em blocos ou separadamente, como fazia o selo Revivendo.

Inaugurando nossa série/selo, eu trago para vocês o Maestro Zaccarias e sua Orquestra em gravações feitas pela RCA Victor na década de 40. Acredito que essas gravações foram relançadas posteriormente, na década seguinte, quando o vinil de 33 rpm surgiu no mercado. O Maestro Zaccarias, também, tem diversos de seus discos publicados em blogs, inclusive aqui no TM. Mesmo assim, vale a pena ouvir os quatro discos de 78 rpm que no toque se transformaram no primeiro lançamento da ‘Grand Record Brazil’. Coincidentemente, temos aqui uma faixa, “Você faz que não sabe”, interpretada pelo Francisco Carlos (olha ele aí de volta!)
A qualidade dessas gravações não fogem muito do padrão, são boas e eu ainda mantive duas versões de cada faixa para a escolha do freguês. Apreciem e continuem comentando. Comentários são os melhores aditivos para fazerem o Augusto criar 😉
atraente
peguei um ita no norte
enquanto descanso carrego pedras
gaúcho
gostosinho
você faz que não sabe
flor de laranjeira
parabéns para você

1 É Pouco 2 É Bom 33 É Demais – Favoritas Do Augusto Vol. 1 (2011)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Tenho em meu computador uma pastinha exclusiva, onde coloco as músicas que eu mais gosto. Vez por outra, carrego ela comigo, no Ipod ou no celular e ponho para tocar no modo aleatório. Como são centenas, quase milhares de músicas, elas nem sempre se repentem, ou se repente eu também acho ótimo, afinal são aquelas músicas que verdadeiramente me tocam. As favoritas do Augusto 😉

Foi desta pasta que eu separei 33 músicas, que trazem em comum o fato de serem ótimas numa roda de violão. Basta apenas que todos na roda estejam na mesma sintonia.
Procurei selecionar um repertório variado, com canções a partir dos anos 70. Alguns artistas se repente, como é o caso do Fagner e do Péricles Cavalcanti, que aqui aparecem em mais de duas músicas. Tem certos artistas e discos que são como Bis, não dá para ficar só em um. Incluí também, na faixa final, a música “Goodbye”, de Paul McCartney, num belíssimo ‘cover’ da melhor banda ‘cover’ dos Beatles de todos os tempos, a Sgt Peppers Band, uai! 🙂
Segue assim a minha coletânea especial, que vale por um álbum triplo. Espero que a seleção despretensiosa agrade aos gregos e aos troianos. E que sirva de luz para os ‘Zé Viola’ espalhados por esse Brasil.
terral – ednardo
cretina – tom e dito
povo da montanha – sirlan
canção da américa – 14 bis
lenha – zeca baleiro
elegia – péricles cavalcanti
cabras pastando – sergio sampaio
enrosca – guilherme lamounier
serenou na madrugada – fagner
taxi lunar – geraldo azevedo
travessia – milton nascimento
canteiros – fagner
pó da estrada – sá, rodrix e guarabyra
telhados de paris – nei lisboa
pavão misterioso – ednardo
blues da passagem – péricles cavalcanti
artemanhas de lourenço, filho de serafim – rui maurity
filho único – erasmo carlos
artigo 26 – ednardo
tudo sobre eva – péricles cavalcanti
o vento, a chuva, o teu olhar – 14 bis
voarás – déo lopes
viajante – fábio
poesseu, poessua (pérnalas) – péricles cavalcanti
a palo seco – ednardo
marimbondo – sá e guarabyra
telegrama – zeca baleiro
odeio música – péricles cavalcanti
penedo – alberto rosenblit e mário adnet
a massa – raimundo sodré
coração de maça – sá e guarabyra
fim do dia – nei lisboa
goodbye – sgt. peppers band

Falam De Mim – 4 Versões (2011)

Na sequência da dobradinha, aqui vai meu desabafo em forma de canção. Quatro versões de um samba de Aníbal Silva, Éden Silva e Noel Rosa de Oliveira: “Falam de mim”. Uma delícia musical interpretada por Zé da Gilda, Nana Caymmi, Jards Macalé e Elza Soares. Gosto de todas as quatro versões. Maravilha de samba, que representa aqui o meu momento.

Para completar, vai aqui um texto, bem apropriado, que me foi enviado pelo amigo Fred, da escritora e filósofa americana Ayn Rand que diz o seguinte:
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada.”

João Gilberto – Registros Na Casa De Chico Pereira (1958) REPOST (Sempre!)

Começamos a semana ainda em tom de curiosidade. Ou melhor dizendo, em João de curiosidade (e raridade). Isso mesmo, João Gilberto. Temos para hoje um raro e lendário registro do pai da Bossa Nova. Não se trata de um disco, mas sim de uma gravação amadora feita no apartamento do fotógrafo Chico Pereira em 1958. Trata-se de um registro anterior ao disco de estréia de João Gilberto e da própria Bossa Nova. Um dado histórico e muito importante da nossa música. Vai bombar, com toda certeza.
Recebi essa preciosidade há um tempo atrás de um amigo músico, Christophe Rousseau. Ele também é um exímio engenheiro de som e durante um bom tempo passou trabalhando este áudio. O resultado ficou formidável, pois a gravação é caseira e muito antiga. Segundo ele me informou, nunca antes essas gravações vieram a púbico (e com essa qualidade).
Recentemente é que a questão voltou a baila, quando no livro “Chega de Saudade”, Ruy Castro comenta o episódio dos encontros e das gravações. Desculpe, eu não li o livro e pouco sei sobre essa história. O fato é que nesta gravação temos um registro livre e descontraido, feito na casa de Chico Pereira. Somente João e seu violão ao lado dos amigos Toninho Botelho, Astrud, Chico e sua esposa. Para este áudio histórico eu resolvi criar uma capinha (versão cd e lp), assim como sempre faço, para a apresentação. A listagem a baixo refere-se apenas às musicas identificadas, muitas delas inclusive são inéditas e nunca foram gravadas por João. Há também incluídas algumas outras músicas que até então não foram reconhecidas. Eu também não consegui identificar, mesmo ao ouvi-las várias vezes. Outro dado importante desta gravação são os momentos de conversa entre eles. Sem dúvida um documento sonoro dos mais importantes. Espero que vocês gostem 😉

um abraço no bonfá
chega de saudade
bim bom
ho ba la la
é luxo só
desafinado
saudade fez um samba
esse seu olhar
a felicidade
preconceito
caminhos cruzados
mágoa
lobo mau
brigas nunca mais
louco
trevo de quatro folhas
o pato
aos pés da cruz
rosa morena
joão valentão
chão de estrelas
nos braços de isabel
lá vem a baiana
doralice
você não sabe amar
beija-me

Elas Cantam Ao Vivo – Coletânea Toque Musical (2011)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos nós para mais um encontro com as coletâneas. Hoje eu tive mais tempo e pude preparar uma seleção musical bem interessante. A coletânea de hoje é dedicada às apresentações ao vivo, feitas por algumas de nossas grandes cantoras. A minha seleção de músicas não obedecesse a nenhuma regra além de serem gravações feitas ao vivo, extraídas de discos e outros registros não oficiais. Encontraremos aqui cantoras de épocas distintas, tanto das antigas, quanto das mais recentes. Por certo, as doze cantoras escolhidas não são as únicas ou preferidas por mim. Se pudesse, faria um selecionado maior, porém, para o começo está de bom tamanho. Vamos conferir?

gosto do que é bom – shirley e o tuca trio
samba da benção – bebel gilberto
se todos fossem iguais a você – maysa
o dinheiro que eu lhe dei – elis regina
falsa baiana – gal costa
risque – marita luisi
meditação – castigo – a banca do distinto – isaura garcia
vingança – isaura garcia
feitio de oração – helena de lima
vem ver – shirley e o tuca trio
saudade de itapoã – marita luisi
é luxo só – elizeth cardoso
hotel maravilhoso – marina machado
moça flor – leny andrade
a bela da chuva – marina machado
álibi – maria bethania
influência do jazz – leny andrade
bananeira – bebel gilberto
deixa que anoiteça – helena de lima
cai dentro – elis regina
demais – meu mundo caiu – eu preciso aprender a ser só – maysa
coração vagabundo – gal costa
mulata assanhada – elizeth cardoso
molambo – maria bethania

Blecaute – Ao Vivo Na Radio Bandeirantes (2011)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje é sexta feira, dia do disco/artista independente. Decidi, independente de qualquer coisa, fazer diferente, trazer uma produção da casa. Na verdade, apenas na embalagem. Mas, de qualquer forma, assegurando uma identidade para um registro musical dos mais interessantes. Temos aqui um programa de rádio. A gravação de um programa da Rádio Bandeirantes, onde o cantor Blecaute é o convidado especial. Aqui ele canta e nos conta fatos interessantes de sua carreira. Um registro histórico que merecia ter virado disco, ou nos dias de hoje, uma postagem como a do Toque Musical.
Esta gravação eu não me lembro mais quem foi que me enviou. Ficou guardada aqui, como tantos outros áudios, no fundo da minha gaveta 🙂 Hoje, agora a pouco, eu estava animado e folgado, daí montei o disquinho exclusivo para o deleite de vocês.
PS. Me faltou infomações sobre essa gravação. Não sei nem a data. Alguém aí assistiu ao programa?

general da banda
tristeza do jeca
gosto que me enrosco
arrasta a sandália
oh, seu oscar
leva meu samba
acertei no milhar
pedreiro waldemar
chegou a bonitona
tô aí nessa boca (samba bom)
falando de joão da baiana e heitor dos prazeres
mulher de malandro
falando sobre chico alves
eu agora sou casado
carioca bonita
relembrando nomes
o meu guarda chuva
oito mulheres
joãozinho boa pinta
dia dos namorados
natal das crianças
blecaute relembrando
maria candelária
maria escandalosa
papai adão
dona cegonha
rei zulú
quero morrer no rio
romeu e julieta

Bob Tostes, Marcelo Gaz & Convidados – Show De Lnaçamento Do CD “Horizonte” (2011)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ontem eu cheguei tarde, já no fim do dia (ou noite?), mas ainda assim marquei o ponto, fiz lá a postagem. Só me esqueci de publicá-la, hehehe… Agora cedo foi que eu percebi isso, quando me preparava para a de hoje. Como o tempo é curto, vou novamente investir nos ‘discos de gaveta’. A bem da verdade, o que tenho aqui não é exatamente um disco, mas vai encaixar bem nesta sexta feira independente e como sempre, tem tudo a ver com as postagens do Toque Musical.
Em maio deste ano aconteceu em Belo Horizonte o lançamento do novo trabalho de Bob Tostes em parceria com o cantor e compositor Marcelo Gaz, “Horizonte”, um cd nota 10! Quem ainda não o ouviu, eu aconselho. É um disco dos melhores. Atrevo até a dizer que, neste ano, este foi um dos lançamentos musicais mais bonito que eu ouvi. Para abrilhantar ainda mais a qualidade e a sensibilidade desses dois, o disco traz uma constelação de músicos e artistas de primeiríssima linha. Figuras como Affonsinho, Roberto Menescal, Fernanda Takai, Jane Duboc, Carlos Malta, Juarez Moreira, Renato Motha, BossaCucaNova, além da irmã, a cantora Suzana Tostes. Quem estiver interessado em adquirir o disco (cd), basta entrar no blog Horizonte, criado especialmente para este lançamento. Tenho certeza de que vocês não irão se arrepender 😉
Como aqui no Toque Musical ouvir é mais importante que falar, eu não poderia deixar nesta postagem a música de fora. Daí eu estou trazendo para vocês, não o disco, mas sim alguns trechos do show de lançamento, que ocorreu no Museu de Arte da Pampulha. Aqui encontramos quatro momentos interessantes do show, com participações de Jane Duboc e o saxofonista (fera) Carlos Malta, o nosso querido Célio Balona e Mister Roberto Menescal. Por certo, algumas das músicas interpretadas aqui não fazem parte do disco lançado, mas deram ainda mais força ao show. Eu tive a sorte de poder assistir e também de fotografar e gravar parte do espetáculo. A qualidade da minha gravação não é lá essas coisas, foi feita a partir da minha própria câmera fotográfica, um sonzinho médio, que não chega nem a ser estéreo. Mas de qualquer forma, vale essa produção ‘made in TM’, feita com o consentimento dos artistas e autores. Vale uma conferida…
Ah, já ia me esquecendo… no show participaram, além de alguns dos artistas convidados, os músicos da banda de apoio (todos feras!): Christiano Caldas no piano, Frederico Heliodoro no contrabaixo e Felipe Continentino.

bob tostes e jane duboc
célio balona e jane duboc
jane duboc e roberto menescal
jane duboc, marcelo gaz e bob tostes

Caetano Veloso – Ao Vivo Em Santo Amaro 1987 (2011) REPOST

Bom dia a todos! Acabei de acordar e nem café eu ainda tomei. Vim direto para o computador preparar logo a minha postagem diária, antes que eu acabe caindo na enrolação, deixando tudo para o fim de noite. Não gosto não. Fico esgotado e acabo comprometendo o ritmo e a qualidade das postagens.
Hoje eu tenho para vocês um ‘bootleg’ interessante, Caetano Veloso ao violão, cantando em praça pública em sua cidade natal, Santo Amaro da Purificação, Bahia. A gravação, possivelmente extraída da mesa de som, foi feita em 1987. Não sei de detalhes sobre ela, mas pela que podemos ouvir, encontramos um Caetano muito a vontade, só ele e o violão, despreocupado até com a interpretação. Afinal ele não imaginaria que um dia esse registro ecoasse além das fronteiras do seu quintal. Não se trata de algo especial ou excepcional, mas é acima de tudo, Caetano Veloso. E eu gosto muito desse cara, podem crer!
Esta gravação me foi enviada pelo amigo Sergio Delfino há algumas semanas atrás. Estou postando agora, depois de ter dado um ‘trato’ no som e composto a tradicional capinha. Embora não seja um disco, como todos sabem, aqui no Toque Musical, coisas como essa, acabam virando edições exclusivas. Muitos já consideram o TM como uma editora de ‘bootlegs’. Mas é bom lembrar que aqui a coisa é feita com o sentido único de ser cultural. Por amor. Minhas ‘produções’ não são para vendas ou comércio de qualquer espécie. Minha intenção é compartilhar cultura, discussões musicais e preservação da produção fonográfica brasileira (principalmente aquela que vem se perdendo com o tempo e pela falta de interesse das gravadoras). Gosto também dessas gravações ao vivo. É quando a gente tem o artista ‘in natura’. Gosto disso…

menino deus
london, london
olhar 43
terra
fado – vaca profana
luz do sol
totalmente demais
sonhos
milagres do povo
cajuína – um índio
nosso estranho amor