Claudia – Senhor Do Tempo (2011)

Bom dia, meus queridos amigos cultos e ocultos! Há poucas semanas atrás eu vi uma cena, uma situação, que me deixou envergonhado, a tal da vergonha alheia e mais que isso, indignado com a falta de conhecimento musical e porque não dizer também histórico de um grupo de jurados do programa The Voice +, onde se apresentou a brilhante cantora Claudia. Ela cantou “Deixa eu dizer”, música de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, sucesso que ela mesma gravou nos anos 70. Estranhamente, nenhum dos jurados a reconheceu, somente no finalzinho da música, a xará Claudia Leite virou a cadeira, dando sinal de aprovação, os demais continuaram de costas para ‘a candidata’. Eu até entendo que ninguém é obrigado a reconhecer um artista só pela voz, mas não reconhecer a performance da artista e sua interpretação é o fim da picada. Por outra, a jurada Claudia Leite, mesmo já de frente para a cantora, não a reconheceu e agiu na sua prepotência de jurada, como se estivesse na frente de uma simples caloura, até perceber sua gafe. Claudia Leite tentou consertar o rápido lapso dizendo que conhecia a história da cantora. Vergonhoso! Se conhecesse mesmo teria reconhecido antes, pela voz. É por essas e outras que eu não assisto a esses programas e faço minhas críticas a ele. A produção ao invés de colocar lá como jurados pessoas que realmente entendem de música, preferem pegar um grupo de cantores populares, celebridades do momento, apenas para dar mais ibope. Lamentável… Ainda mais com figuras como Claudia Leite(?), Daniel(?) e os outros dois que nunca vi mais gordos, a tal de Ludmilla e Mumuzinho (Mumuzinho, pode?). Pqp! Isso não é feito para se levar a sério. Parece programa do Silvio Santos. Até o Lulu Santos eu consigo entender, mas dizer que essa trupe merece ditar o que é bom ou não, sinceramente… Mas eu entendo… Acho que tudo isso faz parte desse momento cretino o qual estamos vivendo no Brasil, a começar pelo Governo. Não sei bem o que aconteceu, mas a ‘idiotocracia’ está dominando o pedaço. Realmente, lamentável…
Daí, mais que nunca é hora de levantar a bola da nossa Claudia. E nessa, hoje trazemos o cd “Senhor do Tempo”, disco gravado por ela, em 2011, uma produção de Thiago Marques Luiz e direção artística do DJ Zé Pedro e sua editora Joia Moderna. Este cd marca o retorno de Maria das Graças Rallo, a Claudia, que agora se assina com ‘y’, Claudya. “Senhor do Tempo” foi uma escolha perfeita, uma seleção de música de Caetano Veloso, músicas consideradas raras, aquelas do lado B e/ou que foram gravadas por outros artistas, ou não. Dizer o quê deste disco? Um repertório com músicas de um dos maiores artistas brasileiro, interpretadas por uma super cantora e tendo ainda essa cuidadosa produção. Legal demais! Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer este trabalho, pode agora conferir no nosso GTM…
 
maria maria
naquela estação
senhor do tempo
louco por você
amo-te mesmo muito
as várias pontas de uma estrela
o samba em paz
pele
luzes
josé
menino deus
duas manhãs
 
.
 

Claudia – Reza, Tambor E Raca (1977)

O Toque Musical põe hoje em foco uma das mais expressivas cantoras brasileiras. Estamos falando de Maria das Graças Rallo, que adotou inicialmente o nome artístico de Cláudia, e, por questões numerológicas, passou a se assinar Claudya. Ela veio ao mundo no dia 10 de maio de 1948, na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, foi criada em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde também começou a cantar, aos oito anos de idade, participando de um programa de calouros da Rádio Sociedade.  Aos treze anos, atuou como “crooner” do conjunto Meia-Noite, que atuava em bailes e festas de Juiz de Fora e cidades vizinhas. Sua carreira profissional  se inicia nos anos 1960, em São Paulo, quando participa do programa “O fino da bossa”, da antiga TV Record. Entretanto, sua apresentadora, Elis Regina, a baniu definitivamente da atração, pois Claudia foi considerada, logo de saída, uma intérprete tão boa quanto Elis, que evidentemente temia sofrer concorrência. Claudia gravou seu primeiro disco em 1965, na RGE, um compacto simples com as músicas “Deixa o morro cantar”, de Tito Madi, e “Sorri”, de Zé Kéti e Elton Medeiros. Logo no primeiro ano de carreira, foi agraciada com o Troféu Roquette Pinto de cantora-revelação e, em 1967, lançou seu primeiro LP, também pela RGE.  Mais tarde, viajou para o Japão, onde se apresentou ao lado do saxofonista Sadao Watanabe, ficando seis meses naquele  país, e lançando um LP em japonês que vendeu mais de 200 mil cópias! De volta ao Brasil, em 1969, venceu o I Festival Fluminense da Canção, defendendo a música “Razão de paz para não cantar” , de Eduardo Lages e Alézio de Barros, que também concorreu no quarto FIC (Festival Internacional da Canção), obtendo a quarta colocação e dando à nossa Claudia o prêmio de melhor intérprete.  Ela também foi marcante presença em diversos festivais de música no exterior (Japão, Espanha, Grécia, México, Venezuela…), tornando-se a cantora mais premiada fora do Brasil. E, aqui mesmo, recebeu ainda os troféus Imprensa e Globo de Ouro. Claudia tem, em sua discografia, mais de 20 álbuns, entre LPs e CDs, e alguns compactos, e entre seus principais sucessos, destacamos: “Jesus Cristo” (cuja gravação chegou a vender tanto ou mais que a do próprio Roberto Carlos!), “Com mais de trinta”, “Só que deram zero pro Bedeu”, “Deixa eu dizer” (sampleada por Marcelo D2 na música “Desabafo”), “Mudei de ideia”, “Memória livre de Leila” (homenagem póstuma à atriz Leila Diniz, morta em acidente aéreo, composta por Taiguara) e “Gosto de ser como sou”.  O grande momento da carreira de nossa Claudia viria em 1982, ao ser convidada para fazer o papel principal na versão brasileira do musical “Evita”, de autoria dos britânicos Andrew Lloyd Weber e Tim Rice. Grande sucesso de público e crítica, “Evita” permaneceu seis meses em cartaz em São Paulo, e quase dois anos no Rio de Janeiro, e Claudia ainda foi considerada a que melhor interpretou o mito político argentino entre todas as adaptações internacionais do espetáculo. Claudia (ou Claudya) é ainda, desde os 23 anos de idade, exímia tecladista, e sua filha, Graziela Medori, também segue carreira de cantora. Da extensa e bastante expressiva discografia da então Claudia, o TM oferece hoje, a seus amigos, ocultos e associados, o sexto álbum de estúdio da intérprete. É “Reza, tambor e raça”, editado no início de 1977 pela RCA Victor, depois BMG, Sony/BMG e atualmente Sony Music.  Com direção de estúdio do experiente Osmar Navarro, e arranjos e regências a cargo dos competentíssimos José Paulo Soares, Pepe Ávila e Bauru, é um trabalho muitíssimo bem cuidado, técnica e artisticamente. Nele, Claudia dá um banho de interpretação e técnica vocal, seja em regravações de hits da ocasião (“Soy latino-americano”, “O cavaleiro e os moinhos”, “Apenas um rapaz latino-americano”, “Glorioso Santo Antônio”), quanto em trabalhos até então inéditos , como a própria faixa-título, “Reza, tambor e raça”, “Poeta do medo”, “Pororoca” e ‘Ana cor de cana”. E a curiosidade deste trabalho fica por conta da releitura do tema da série de TV norte-americana “Peter Gunn”, sucesso de audiência nos anos 1950/60, composto por Henry Mancini, que ganhou letra em português com o título de “Vai, baby” e acordes brasileiríssimos de samba! Enfim, um excelente trabalho da agora Claudya, cuja voz permanece atualíssima e vibrante. E ela continua aí, na ativa, para alegria de tantos quanto apreciem o que nossa música popular tem de melhor e mais expressivo!

reza, tambor e raça

soy latino americano

glorioso santo antonio

poeta do medo

pororoca

lua negra

apenas um rapaz latino americano

o cavaleiro dos moinhos

vai baby (peter gunn)

segunda feira

homem e mulher

ana cor de cana

*Texto de Samuel Machado Filho

VI Festival Internacional Da Canção Popular – Parte Nacional – As Favoritas (1971)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Aqui vamos nós com mais um albinho da melhor qualidade. Uma seleção musical para quem gosta e se lembra dos grandes festivais de música popular. Aqui temos reunidas algumas das músicas favoritas do público (segundo a Rede Globo), no VI Festival Internacional da Canção Popular, realizado em 1971, pela Secretaria Municipal do então estado da Guanabara. Era um período onde a ditadura militar corria solta e nossos artistas passavam maus bocados, sendo sempre ‘tosados’ em suas criações. Foi também um momento onde grandes nomes da MPB estavam de volta. O cantor e compositor Gutemberg Guarabyra era o diretor musical do festival e sugeriu um plano para minar de vez os abusos da Censura. Convidou grandes artistas, como Chico Buarque, Sérgio Ricardo, Tom Jobim, Edu Lobo, Vinícius e outros para participarem como ‘convidados”, uma espécie de ‘hors concours’ . Mas a ideia era bem outra, na verdade nenhum desses artistas iram se apresentar, o negócio era fazer protesto em forma de desistência na última hora, colocando em sinuca o Governo Militar, frente aos olhos do mundo. Mesmo sem a participação desse time de estrelas, o VI Festival teve lá sua glórias. Foi nessa edição que nasceram músicas como “Desacato”, de Antônio Carlos e Jocafi, defendida por Claudia; “Você não tá com nada”, de Silvio Cesar, com Marlene; “Casa no campo”, de Zé Rodrix e Tavito e outras que vocês podem conferir neste lp. Quem faturou o primeiro lugar foi o Trio Ternura, interpretando “Kiryê”, de Paulinho Soares e Marcelo Silva. Se eu não tiver enganado, muitas dessas músicas aparecem aqui, em suas versões  primárias, exclusivamente lançadas neste álbum da Som Livre. Quer conferir? Então peça que eu mando lá para o GTM. Como eu já havia dito, os ‘toques’ só chegam por e-mail se alguém no grupo pedir 😉
lourinha – marilia pêra
américa do sol – lucinha e osmar milito
kyrie – trio ternura
desacato – claudia
julia – odylon
é proibido pisar na grama – betinho
você não tá com nada – marlene
voltar eu não – golden boys
mêdo – jacks wu
canção prá janaína
palavras perdidas – maysa
casa no campo – zé rodrix

Compactos De Cantoras II

Amigos cultos e ocultos, seguimos ainda no fim de semana com os compactos. Como eu havia mencionado, na próxima semana ainda teremos mais disquinhos, mas desta vez farei de maneira alternada, quer dizer, um dia Long Play, no outro Compacto, ok?

Bom, hoje, como se pode ver logo acima, teremos as cantoras: Brigite, Clara Nunes, Claudia e Marisa. Quatro grande vozes e intérpretes da música popular brasileira das décadas de 60 e 70.
Começamos por Irene Andrade, cujo o nome artístico era Brigite. Cantora pouco lembrada, dona de uma voz forte e impostada, ficou mais conhecida por participações na Jovem Guarda. Ela ganhou este nome pela semelhança com a atriz francesa Brigitte Bardot. Mas neste compacto, seu primeiro disco, não tem nada a ver com a turma do Roberto Carlos. Aqui ela canta “Viola Enluarada” de Marcos e Paulo Sergio Valle e “Nosso amor é bem melhor” de Léo e Gilberto Karan. Começou bem a moça, mas depois de alguns outros compactos na linha romântica, sumiu do mapa. É muito difícil achar informações sobre ela. Os discos, nem se fala…
A segunda cantora é Clara Nunes. Esta dispensa apresentações. Neste compacto duplo, lançado em 1968, ela ainda não era aquela intérprete do gênero que a consagrou. Aqui temos Clara cantando versões de temas famosos internacionais feitas por Geraldo Figueiredo. Das quatro faixas destaco “Sozinha” uma versão adaptada da Suite nº3 de Bach, muito bonita.
Seguindo, vamos com Cláudia num compacto de 1971 trazendo “Mudei de ideia”, de Antonio Carlos e Jocafi. Do outro lado ela interpreta dos irmãos Valle, “Minha voz virá do sol da América”, uma gravação que, me parece, não chegou a ser lançada em nenhum dos seus lps. Raridade!
Finalmente chegamos em Marisa, outra grande cantora em um dos seus melhores momentos. Neste disquinho ela canta o sucesso “Viagem” de João de Aquino e Paulo Cesar Pinheiro. Do outro lado vai “Samba do Estácio”, composição de Cesar Costa Filho com Jair Amorim. Também muito bom! Vamos conferir?
Brigite
viola enluarada
nosso amor é bem melhor
+
Clara Nunes
mamãe
sozinha
o amor é azul
adeus a noite
+
Claudia
minha voz virá do sol da américa
mudei de ideia
+
Marisa
viagem
samba do estácio